Resumo
Introdução:
lacuna de 50% na identificação de fontes de transmissão do vírus da hepatite C (HCV) torna plausível suspeitar da existência de elos epidemiológicos desconsiderados entre a infecção e acidentes de trabalho.
Objetivo:
apresentar e fundamentar hipótese de existência de rotas inexploradas de transmissão ocupacional do HCV por exposição a sangue/fluidos humanos em processos e ambientes de trabalho de qualquer setor produtivo.
Métodos:
análise baseada em revisão bibliográfica e documental em busca de evidências que possam relacionar a infecção pelo HCV a acidentes de trabalho e acerca da importância da articulação entre conhecimento acadêmico e saber dos trabalhadores na sua identificação e controle.
Discussão:
dados de acidentes com exposição a agente biológico destacam ocupações não comumente consideradas em estudos do HCV. Magnitude, infecção silenciosa e de longo curso e viabilidade ambiental do HCV por 16-23 horas conferem plausibilidade à hipótese de sua propagação em acidentes com ruptura de barreira cutânea, pelo contato direto entre trabalhadores e, indireto, no compartilhamento de instrumentos/ferramentas/robôs. Análises epidemiológicas que considerem o processo de trabalho podem contribuir para melhor compreensão da transmissão ocupacional do HCV. Os trabalhadores também devem protagonizar posição estratégica no desenvolvimento de investigações, indicadores e intervenções em todos os setores produtivos.
Palavras-chave:
vigilância em saúde do trabalhador; hepatite C; acidentes de trabalho; exposição ocupacional; saúde do trabalhador