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Maquinistas ferroviários: trabalho em turnos e repercussões na saúde

Train drivers: shiftwork and health impacts

Resumos

Objetivo

descrever o impacto do trabalho em turnos na saúde, no sono e na qualidade de vida de maquinistas ferroviários.

Métodos

foram avaliados 611 maquinistas (escalas de trabalho 4 x 1 e 6 x 2), por meio de polissonografia, Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh, Índice de Gravidade de Insônia, Questionário de Qualidade de Vida SF-36, Questionário de Horne e Östberg, Capacidade de Trabalho e Escala de Sonolência de Epworth.

Resultados

os maquinistas apresentaram idade média de 36,6 ± 15,1 anos, 22% apresentaram obesidade e 38,1% risco para doenças cardiovasculares. Em relação ao sono, 64,2% dos maquinistas relataram qualidade ruim de sono, 11,6% apresentaram distúrbios do sono e 29,3% sonolência excessiva. Os resultados da polissonografia mostraram que 36,1% deles apresentaram apneia do sono e 47,2% demonstraram eficiência do sono reduzida. Além disso, os maquinistas apresentaram baixos índices de qualidade de vida, especialmente os da escala 4 x 1.

Conclusão

é possível afirmar, na população estudada, que a exposição ao trabalho em turnos, a rotatividade inversa, pouco tempo dispensado às folgas e horas extras de trabalho estão associados a danos ao bem-estar, saúde, sociabilização e ao sono de qualidade desses trabalhadores e que provavelmente os fatores relacionados aos turnos de trabalho contribuem para esses danos.

sono; saúde; qualidade de vida; maquinistas; trabalho em turnos


Objective

to describe the impact of shiftwork on the health, sleep and quality of life of railway drivers.

Methods

six hundred eleven railway drivers (schedule 4x1 and 6x2) were evaluated by polysomnography, Pittsburgh Sleep Quality Index, Insomnia Severity Index, Work Capacity Index, Quality of Life questionnaire (SF-36), Morningness-eveningness questionnaire (MEQ), and Epworth Sleepiness Scale.


Results

railway drivers assessed were 36.6 ± 15.1 years of age, 22% were obese, and 38.1% presented risks for cardiovascular disease. Poor sleep quality 64.2%, 11.6% had sleep disorders and 29.3% excessive sleepiness. The polysomnography results showed that 36.1% of them presented sleep apnea and 47.2% had significant reduction in sleep efficiency. The railway drivers showed low levels of quality of life, especially those working under the 4x1 schedule.

Conclusion

it is possible to assert that exposure to shiftwork, reverse rotation schedule, few days off, and working overtime are associated with impairment to well-being, health, sociability and workers’ sleep quality, and the factors related to shiftwork probably contribute to these findings.

sleep; health; quality of life; train drivers; shiftwork


Introdução

O setor ferroviário representa uma importante atividade socioeconômica em vários países e tem sido foco de pesquisas de avaliação relativas ao impacto do trabalho em turnos e noturno na vida desses trabalhadores (HÄRMÄ et al., 2002Härmä, M. et al. The effect of an irregular shift system on sleepiness at work in train drivers and railway traffic controllers. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 11, n. 2, p. 141-151, 2002. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2002.00294.x. PMid:12028479
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; KOYAMA et al., 2012Koyama, R. G. et al. Prevalence of and risk factors for obstructive sleep apnea syndrome in Brazilian railroad workers. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 13, n. 8, p. 1028-1032, 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleep.2012.06.017. PMid:22841037
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).

Os trabalhadores em turnos, rotineiramente, queixam-se de distúrbios do sono, fadiga e sonolência durante a jornada de trabalho, o que tem sido considerado um importante fator de erros e risco de acidentes (ÅKERSTEDT; WRIGHT, 2009; WAGSTAFF; SIGSTAD LIE, 2011Wagstaff, A. S.; Sigstad Lie, J. A. Shift and night work and long working hours: a systematic review of safety implications. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, Helsinki, v. 37, n. 3, p. 173-185, 2011. http://dx.doi.org/10.5271/sjweh.3146. PMid:21290083
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).

No estudo de Härmä et al. (2002)Härmä, M. et al. The effect of an irregular shift system on sleepiness at work in train drivers and railway traffic controllers. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 11, n. 2, p. 141-151, 2002. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2002.00294.x. PMid:12028479
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, mais da metade dos maquinistas e controladores de tráfego ferroviário avaliados relatatou fadiga grave durante o turno noturno. Além disso, o baixo desempenho devido à fadiga foi relatado por 21,0 a 37,0% dos maquinistas e 13,0 a 19,0% dos controladores.

O estudo de Folkard e Tucker (2003)Folkard, S.; Tucker, P. Shift work, safety and productivity. Occupational Medicine, London, v. 53, n. 2, p. 95-101, 2003. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/kqg047. PMid:12637593
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demonstrou que há redução da segurança e da produtividade durante o turno noturno de trabalho. E essa redução é refletida por diversos fatores como dessincronização do ritmo circadiano, problemas de saúde, distúrbios do sono e prejuízos nas relações sociais.

Diversos estudos demonstraram a alta incidência e prevalência de distúrbios do sono em trabalhadores em turnos (LOPES et al., 2008LOPES, C. et al. Relationship between the quality of life and the severity of obstructive sleep apnea syndrome. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, São Paulo, v. 41, n. 10, p. 908-913, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2008005000036. PMid:18820762
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; KOYAMA et al., 2012Koyama, R. G. et al. Prevalence of and risk factors for obstructive sleep apnea syndrome in Brazilian railroad workers. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 13, n. 8, p. 1028-1032, 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleep.2012.06.017. PMid:22841037
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). Entre os mais de 80 distúrbios classificados pela American Academy of Sleep Medicine (2005)AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE – AASM. The International classification of sleep disorders, revised: diagnostic and coding manual. Westchester: American Academy of Sleep Research; Philadelphia: WB Saunders Co., 2005., a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é o distúrbio mais comum entre os trabalhadores em turnos e noturno.

Nena et al. (2008)Nena, E. et al. Sleep-disordered breathing and quality of life of railway drivers in Greece. Chest, Chicago, v. 134, n. 1, p. 79-86, 2008. http://dx.doi.org/10.1378/chest.07-2849. PMid:18347205
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encontraram elevados índices de obesidade e SAOS em maquinistas gregos comparados à população em geral. No Brasil, a prevalência de SAOS na população da cidade de São Paulo é de 32,9% (TUFIK et al., 2010Tufik, S. et al. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 11, n. 5, p. 441-446, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005. PMid:20362502
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). A SAOS está associada a constantes dessaturações da oxi-hemoglobina e resulta em fragmentação do sono e aumento do número de despertares devido ao esforço respiratório e, muitas vezes, é acompanhada de sonolência excessiva (GURUBHAGAVATULA, 2010Gurubhagavatula, I. Consequences of obstructive sleep apnoea. The Indian Journal of Medical Research, New Delhi, v. 131, p. 188-195, 2010. PMid:20308744.; MANNARINO; DI FILIPPO; PIRRO, 2012Mannarino, M. R.; Di Filippo, F.; Pirro, M. Obstructive sleep apnea syndrome. European Journal of Internal Medicine, Basingstoke, v. 23, n. 7, p. 586-593, 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.ejim.2012.05.013. PMid:22939801
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).

Para Buysse et al. (2010)Buysse, D. J. et al. Can an improvement in sleep positively impact on health? Sleep Medicine Reviews, London, v. 14, n. 6, p. 405-410, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.smrv.2010.02.001. PMid:20427212
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e Grandner et al. (2010)Grandner, M. A. et al. Problems associated with short sleep: bridging the gap between laboratory and epidemiological studies. Sleep Medicine Reviews, London, v. 14, n. 4, p. 239-247, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.smrv.2009.08.001. PMid:19896872
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, dormir pouco está relacionado às doenças cardiovasculares, câncer, acidente vascular cerebral, distúrbios gastrintestinais, diabetes, hipertensão arterial, além de depressão e distúrbios do sono.

Ku e Smith (2010)Ku, C. H.; Smith, M. J. Organisational factors and scheduling in locomotive engineers and conductors: effects on fatigue, health and social well-being. Applied Ergonomics, Oxford, v. 41, n. 1, p. 62-71, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.apergo.2009.04.006. PMid:19447381
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relataram que uma das principais causas de acidentes ferroviários é a fadiga relacionada às escalas de trabalho e aos fatores organizacionais, visto que existe uma influência da fadiga e da escala de trabalho no bem-estar, saúde e qualidade de vida dos ferroviários.

Nesse contexto, torna-se importante analisar fatores relacionados à saúde e bem-estar que são passíveis de influenciar a qualidade de vida e o desempenho no trabalho de trabalhadores em turnos, especialmente os maquinistas ferroviários. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi descrever o impacto do trabalho em turnos na saúde, no sono e na qualidade de vida de maquinistas ferroviários brasileiros.

Métodos

Amostra

O presente estudo foi realizado com uma amostra de maquinistas ferroviários de uma empresa de mineração, avaliados entre fevereiro de 2004 e fevereiro de 2005. De 712 maquinistas convidados a participar do estudo, 48 se recusaram a participar, 10 não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e 43 deles não completaram todas as avaliações. Dessa forma, a amostra consistiu de 611 maquinistas de trem e manobristas de trem de pátio, todos do gênero masculino, que trabalhavam em turnos, em escalas rotativas 4 x 1 e 6 x 2.

A escala 4 x 1 é uma escala rotativa inversa destinada aos maquinistas que trabalhavam exclusivamente com manobras de trens de pátio, sendo quatro dias consecutivos de trabalho (jornadas com duração de 8 horas) e um dia de folga (duração de 24 horas). A escala 6 x 2 é uma escala rotativa direta realizada por maquinistas que trabalhavam exclusivamente nos deslocamentos dos trens (viagens), sendo seis dias consecutivos de trabalho (jornadas com duração de seis horas) e dois dias de folga (duração de 48 horas). A escala de rotação direta ou de sentido horário acompanha o sentido da rotação do relógio, ou seja, os horários se modificam da seguinte forma: turno matutino, vespertino e noturno. Já na escala de rotação inversa ou de sentido anti-horário os horários se modificam nesse sentido: turno noturno, vespertino e matutino.

Todos os maquinistas foram informados sobre os procedimentos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo aprovou o protocolo do presente estudo (n. 1597-1503).

Desenho do estudo, instrumentos e técnicas de coleta de dados

Este estudo observacional e transversal abrangeu maquinistas, trabalhadores em turnos, de uma empresa de mineração que realiza suas atividades no Brasil. Ao todo, foram avaliados 381 maquinistas da escala 6 x 2 e 230 maquinistas da escala 4 x 1, assim como foram comparadas as escalas de trabalho desses trabalhadores. Para tanto, os maquinistas foram convidados a comparecer ao laboratório do sono, montado em um hotel, usualmente utilizado para descanso entre as jornadas de trabalho.

Todos os maquinistas realizaram individualmente o exame de polissonografia (PSG) para avaliar o padrão de sono. A massa corporal, estatura e circunferências da cintura, quadril e pescoço foram coletadas para determinar o índice de massa corporal (IMC) e o risco para doenças cardiovasculares. Ademais, todos os participantes responderam os questionários gerais para avaliação dos aspectos sociodemográficos, do estilo de vida e da rotina de trabalho. Questionários específicos foram utilizados na avaliação do padrão e qualidade do sono, qualidade de vida e capacidade de trabalho. Os instrumentos e técnicas de coleta são descritos a seguir.

Exame de Polissonografia (PSG)

A PSG foi realizada no período da noite, após a jornada de trabalho do turno da tarde (segundo dia de jornada), o mais próximo possível do horário habitual de sono de cada maquinista.

Para a realização da PSG foi utilizado o sistema digital portátil Embla® titanium. O exame foi realizado de acordo com Rechtschaffen e Kales (1968)Rechtschaffen, A.; Kales, A. A manual of standardized terminology, techniques, and scoring system for sleep stages of human subjects. Washington: Public Health Service, U.S. Government Printing Office, 1968. e os eletrodos foram colocados de acordo com o sistema 10-20 (JASPER, 1958Jasper, H. H. The ten twenty electrode system of the international federation. Eletroencephalography and Clinical Neurophysiology, Netherlands, v. 110, p. 371-375, 1958.; IBER et al., 2007Iber, C. et al. The AASM manual for the scoring of sleep and associated events: rules, terminology and technical specifications. Westchester: American Academy of Sleep Medicine, 2007.). A sala utilizada para a gravação do exame tinha uma cama confortável, luz e temperatura controladas. Os seguintes canais foram incluídos: EEG (C3-A2, C4-A1, O2-A1), EOG e EMG de tibial anterior e do queixo, ECG, fluxo de ar (sensor térmico), cinta tóraco-abdominal para movimentos respiratórios, microfone na lateral do pescoço para detectar o ronco, oximetria de pulso e um sensor de posição do corpo. As 32 épocas do sono foram estageadas de acordo com critérios padronizados e visualmente inspecionadas pelo especialista do sono. Os seguintes parâmetros foram analisados: (a) o Tempo Total de Sono (TTS, em minutos), definido como o tempo de duração do sono, (b) a latência do sono (em minutos), definido como o tempo de luz apagada até o início de 3 épocas consecutivas de fase 1 do sono de ondas lentas ou sono mais profundo, (c) a eficiência do sono, definida como a porcentagem do tempo total de duração do sono durante a gravação do exame, (d) tempo de vigília após o início do sono (Waso, em minutos), definido como o tempo total entre a vigília pontuada como o início do sono e despertar final, (e) as fases 1, 2 ,3 e REM do sono, assim como a porcentagem de TTS e, (f) a latência do sono REM, definida como o tempo desde o início do sono até a primeira época de sono REM. O diagnóstico de SAOS e o Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) foram estabelecidos de acordo com os padrões da American Academy of Sleep Medicine (2005)AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE – AASM. The International classification of sleep disorders, revised: diagnostic and coding manual. Westchester: American Academy of Sleep Research; Philadelphia: WB Saunders Co., 2005.. A gravidade SAOS é definida como leve para IAH ≥ 5 e <15, moderado para IAH ≥ 15 e ≤ 30 e grave para IAH > 30/hora (IBER et al., 2007Iber, C. et al. The AASM manual for the scoring of sleep and associated events: rules, terminology and technical specifications. Westchester: American Academy of Sleep Medicine, 2007.).

Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP)

O IQSP foi utilizado como instrumento para avaliação subjetiva da qualidade do sono (CEOLIM; MENNA-BARRETO, 2000Ceolim, M. F.; Menna-Barreto, L. Sleep/wake cycle and physical activity in healthy elderly people. Sleep Research Online, Los Angeles, v. 3, n. 3, p. 87-95, 2000. PMid:11382906.). O questionário é composto por 19 itens pontuados em uma escala de 0 a 3. Os itens são alocados em sete grupos, sendo: (1) qualidade subjetiva do sono; (2) latência do sono; (3) duração do sono; (4) eficiência habitual do sono; (5) alterações do sono; (6) uso de medicações do sono; (7) disfunção diurna. A partir do somatório dos escores dos sete grupos é determinado o IQSP. O resultado do IQSP varia entre 0 e 21, sendo classificado respectivamente como qualidade de sono boa (0 a 4), qualidade de sono ruim (5 a 10) e indicação de distúrbio do sono (acima de 10).

Índice de Gravidade de Insônia (IGI)

Escala autoaplicável, especificamente desenvolvida para a avaliação da percepção do paciente em relação a sua insônia. Avalia especificamente os sintomas subjetivos da insônia, bem como o grau de preocupação e as dificuldades geradas ao paciente. É composta por sete itens classificados em uma escala entre 0 e 4 cujo somatório determina a classificação da gravidade de insônia como não significativa (entre 0 e 7), limite inferior (entre 8 e 14), moderada (entre 15 e 21) e grave (acima de 22) (BASTIEN; VALLIÈRES; MORIN, 2001Bastien, C. H.; Vallières, A.; Morin, C. M. Validation of the Insomnia Severity Index as an outcome measure for insomnia research. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 2, n. 4, p. 297-307, 2001. http://dx.doi.org/10.1016/S1389-9457(00)00065-4. PMid:11438246
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).

Questionário de Qualidade de Vida (SF-36)

O questionário SF-36 é de fácil administração e compreensão para a avaliação subjetiva da qualidade de vida. Trata-se de um instrumento multidimensional composto por 36 itens que avaliam oito fatores: capacidade funcional (10 itens); aspecto físico (quatro itens); dor (dois itens); estado geral de saúde (cinco itens); vitalidade (quatro itens); aspectos sociais (dois itens); aspectos emocionais (três itens); saúde mental (cinco itens) e uma questão para a avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e de um ano atrás. Para avaliar os resultados, é determinado um escore para cada uma das questões que, posteriormente, são transformadas em escalas de 0 a 100, nas quais 0 corresponde a um pior estado de saúde e 100 a um melhor estado, onde cada fator é analisado separadamente (CICONELLI et al., 1999Ciconelli, R. et al. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 39, n. 3, p. 143-150, 1999.).

Escala de Sonolência de Epworth (ESE)

Atualmente, Epworth é a escala mais utilizada para a avaliação subjetiva da sonolência diurna e é capaz de diferenciar as pessoas com e sem sonolência daquelas com sonolência excessiva. Ela consiste em oito questões que descrevem situações cotidianas que podem induzir à sonolência. Cada questão é graduada de 0 a 3 pontos, sendo que escores acima de 10 indicam sonolência diurna significativa e acima de 15 estão associados à sonolência patológica presente em condições específicas, tais como apneia obstrutiva do sono e narcolepsia (JOHNS, 1991Johns, M. W. A new method for measuring daytime sleepiness: the Epworth sleepiness scale. Sleep, New York, v. 14, n. 6, p. 540-545, 1991. PMid:1798888.).

Questionário de Horne e Östberg (HO)

Questionário autoaplicável que foi utilizado para caracterizar a matutinidade/vespertinidade dos trabalhadores. Ele é amplamente utilizado nos estudos do ciclo vigília-sono e composto dos seguintes critérios: horários preferenciais de acordar e dormir; horários de maior disposição para atividades físicas e intelectuais; grau de dificuldade com que a pessoa executa determinadas tarefas em determinados horários e a autoclassificação da pessoa em um dos cinco tipos de cronotipo (matutino, matutino moderado, indiferente, vespertino moderado e vespertino) (HORNE; OSTBERG, 1976Horne, J. A.; Ostberg, O. A self-assessment questionnaire to determine morningness-eveningness in human circadian rhythms. International Journal of Chronobiology, London, v. 4, n. 2, p. 97-110, 1976. PMid:1027738.; BENEDITO-SILVA et al., 1990Benedito-Silva, A. A. et al. A self-assessment questionnaire for the determination of morningness-eveningness types in Brazil. Progress in Clinical and Biological Research, New York, v. 341B, p. 89-98, 1990. PMid:2217379.).

Índice de Capacidade de Trabalho (ICT)

Um dos métodos de autoavaliação realizado para determinar-se a capacidade do trabalho dos maquinistas foi o Índice de Capacidade de Trabalho. O ICT diagnostica de forma confiável as mudanças na capacidade para o trabalho nos diferentes grupos ocupacionais. Ele mostra efetividade em razão do acelerado envelhecimento da população e das consequências negativas observadas tanto na inserção quanto na manutenção, assim como nas condições de saúde dos brasileiros com mais de 30 anos (TUOMI et al., 2005Tuomi, K. et al. Índice de capacidade para o trabalho. São Carlos: EdUFSCar, 2005.).

Análise estatística

A análise estatística foi realizada por meio do Statistical Software Package (SPSS Statistics for Windows, versão 18.0; SPSS Inc., Chicago, IL). O teste de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para avaliar a normalidade dos dados. As variáveis com distribuição não normal foram transformadas usando um Z-score. Na estatística descritiva, os dados contínuos foram apresentados em média ± DP (desvio padrão) e, os categóricos, demonstrados por meio da frequência relativa (%).

Para a comparação das variáveis de natureza contínua (gerais, antropométricas, cronotipo e de trabalho) entre os grupos, foi utilizado o teste de Análise de Variância (ANOVA). A comparação entre os parâmetros do sono e os questionários entre as escalas de trabalho (4 x 1 e 6 x 2) foi realizada pela Análise de Covariância (ANCOVA) com o ajuste para as variáveis confundidoras: idade, IMC e IAH. O teste de ANCOVA foi utilizado também na comparação da qualidade de vida entre as escalas de trabalho, ajustado para as variáveis confundidoras: idade, IMC, IAH e anos de escolaridade.

Para a comparação das variáveis categóricas foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson. O nível de significância considerado foi de 5%.

Resultados

Na Tabela 1 são mostradas as características gerais, antropométricas, de trabalho e de sono dos 611 maquinistas avaliados nas duas escalas 6 x 2 e 4 x 1. A média etária da amostra foi de 36,6 ± 15,1 anos, sendo os maquinistas da escala 6 x 2 mais velhos (38,6 ± 17,6 anos). Ao comparar os grupos, vimos que os maquinistas da escala 6 x 2 eram de cronotipo matutino (62,5%), apresentavam maior escolaridade, tinham mais tempo de trabalho em turnos (14,5 anos) e a maioria deles realizava horas extras (96,3%). Já os maquinistas da escala 4 x 1 tinham 9,4 anos de trabalho em turnos, 41,1% apresentavam cronotipo indiferente, 13,6% realizavam horas extras de trabalho e gastavam mais tempo de deslocamento do trabalho-residência (41,1 ± 22,6 minutos), quando comparados aos da escala 6 x 2 (24,1 ± 24,4 minutos). A maioria dos maquinistas de ambas as escalas (64,6%) era de casados e tinha filhos dependentes (75,5%).

Tabela 1
Comparação de grupos de trabalho em turnos dos maquinistas ferroviários da empresa estudada, segundo características sociodemográficas, antropométricas, de trabalho, de cronotipo e prevalência de uso de tabaco e álcool (2004-2005)

Nas avaliações do IMC, das circunferências da cintura e do pescoço dos maquinistas foram observados fatores de risco para a obesidade, doenças cardiovasculares e para a apneia obstrutiva do sono (Tabelas 1 e 2).

Tabela 2
Parâmetros da arquitetura do sono aferidos por polissonografia nos maquinistas ferroviários – amostra total e comparação entre os grupos de estudo (escala 6 x 2 e escala 4 x 1)

No geral, 69,5% da amostra apresentaram sobrepeso (69,5%) e obesidade (22,0%); 13,0% eram fumantes, 33,6% ingeriam bebidas alcoólicas e 38,1% apresentavam risco de doenças cardiovasculares (dados não apresentados em tabela). Diante disso, os maquinistas da escala 6 x 2 fumavam mais, tinham maior IMC e ganharam mais massa corporal em 6 meses. Contudo, os maquinistas da escala 4 x 1 apresentaram maior circunferência da cintura e do pescoço.

Em relação à avaliação subjetiva do sono, 64,2% da amostra total relataram qualidade ruim de sono e 11,6% apresentaram distúrbios do sono (Tabela 3). Observou-se nos valores médios da arquitetura do sono (avaliação por meio da PSG), dos maquinistas de ambas as escalas de trabalho, que 36,1% deles apresentaram SAOS (Tabela 2). E, ainda, 47,2% da amostra total mostraram eficiência do sono reduzida e 29,3% sonolência excessiva (dados não apresentados em tabela).

Tabela 3
Comparação de grupos de trabalho em turnos dos maquinistas ferroviários da empresa estudada, segundo a avaliação subjetiva do sono

Ao comparar os resultados do padrão de sono aos valores de referência descritos por Carskadon e Dement (1994)Carskadon, M. A.; Dement, W. C. Normal human sleep: an overview. In: KRYGER, M. H.; ROTH, T.; DEMENT, W. C. (Ed.). Principles and practice of sleep disorders medicine. Philadelphia: W.B. Saunders, 1994. p. 16-25., verificamos que a latência do sono REM apresentou-se reduzida em 25,9% de toda a amostra, o N1 estava reduzido em 39,0% e aumentado em 16,7% dos maquinistas, 34,4% apresentaram N2 reduzido e 21,9% aumentado, 67,0% deles estavam com o estágio N3 aumentado e 42,4% do estágio REM apresentaram-se reduzido. SAOS foi diagnosticada em 36,1% dos maquinistas, destes, 53,7% apresentaram SAOS leve, 26,4% moderada e 19,9% grave.

Ao comparar a arquitetura do sono entre os maquinistas pertencentes às escalas de trabalho 4 x 1 e 6 x 2, houve redução significativa do TTS, da latência para o início do sono e para início do sono REM, assim como do estágio N2 do sono dos maquinistas da escala 4 x 1, ajustado pelos fatores confundidores: idade, IAH e IMC. E, ainda, houve maior presença de insônia e um aumento do número de despertares durante o sono dos maquinistas da escala 4 x 1. Porém, os maquinistas da escala 6 x 2 apresentaram redução significativa da eficiência do sono (81,1 ± 15,9) em comparação aos maquinistas da escala 4 x 1 (83,4 ± 20,6).

A Tabela 4 mostra os valores médios da qualidade de vida da amostra, sendo que o domínio vitalidade apresentou baixo escore na amostra total. Contudo, os maquinistas pertencentes à escala 4 x 1 apresentaram um maior comprometimento dos domínios do questionário de qualidade de vida, com diferença estatisticamente significativa (p≤0,05).

Tabela 4
Comparação de grupos de trabalho em turnos dos maquinistas ferroviários da empresa estudada, segundo os escores dos domínios do questionário SF-36 (qualidade de vida)

Discussão

No presente estudo, foi descrito o impacto do trabalho em turnos na saúde, no sono e na qualidade de vida de maquinistas ferroviários trabalhadores em turnos.

Em relação ao sono, os maquinistas apresentaram eficiência reduzida e qualidade ruim do sono, assim como distúrbios do sono. Desse modo, esses resultados podem estar relacionados à curta duração do sono prevalente entre os maquinistas do presente estudo. Adicionalmente, a arquitetura do sono dos maquinistas pertencentes à escala de trabalho 4 x 1 apresentou redução significativa do TTS, latência do sono REM, latência do sono e de N2, além de aumento do número de despertares e presença de insônia, comparados aos maquinistas da escala 6 x 2, apesar destes últimos terem apresentado menor eficiência do sono. Esses achados podem ser explicados pelo conhecido desajuste do ritmo biológico, causado pela inversão do ciclo vigília-sono, pelo acúmulo de débito de sono. No caso da escala 4 x 1, ocorre maior tempo de exposição ao trabalho (8 horas), maior número de deslocamentos trabalho-residência e, pelo fato de se ter somente um dia de folga, resta pouco tempo para o lazer, o convívio sociofamiliar e, principalmente, para o descanso restaurador (ÅKERSTEDT, 2003Åkerstedt, T. Shift work and disturbed sleep/wakefulness. Occupational Medicine, London, v. 53, n. 2, p. 89-94, 2003. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/kqg046. PMid:12637592
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; OHAYON; SMOLENSKY; ROTH, 2010Ohayon, M. M.; Smolensky, M. H.; Roth, T. Consequences of shiftworking on sleep duration, sleepiness, and sleep attacks. Chronobiology International, London, v. 27, n. 3, p. 575-589, 2010. http://dx.doi.org/10.3109/07420521003749956. PMid:20524802
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). E ainda, com o avançar da idade e maior tempo de exposição ao trabalho em turnos, há uma diminuição da qualidade do sono devido às alterações do ritmo da temperatura central, do cortisol e da melatonina, o que pode explicar a menor eficiência do sono relacionada aos maquinistas da escala 6 x 2 e às alterações no padrão de sono dos maquinistas da escala 4 x 1 (KRIPKE et al., 2007Kripke, D. F. et al. Circadian phase response curves to light in older and young women and men. Journal of Circadian Rhythms, London, v. 5, n. 4, p. 4, 2007. http://dx.doi.org/10.1186/1740-3391-5-4. PMid:17623102
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; COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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). Por outro lado, a presença de filhos dependentes pode influenciar na qualidade do sono e no tempo dispensado ao lazer e descanso (HÄRMÄ et al., 2002Härmä, M. et al. The effect of an irregular shift system on sleepiness at work in train drivers and railway traffic controllers. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 11, n. 2, p. 141-151, 2002. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2002.00294.x. PMid:12028479
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; OHAYON; SMOLENSKY; ROTH, 2010Ohayon, M. M.; Smolensky, M. H.; Roth, T. Consequences of shiftworking on sleep duration, sleepiness, and sleep attacks. Chronobiology International, London, v. 27, n. 3, p. 575-589, 2010. http://dx.doi.org/10.3109/07420521003749956. PMid:20524802
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).

O estudo de Lopes et al. (2008)LOPES, C. et al. Relationship between the quality of life and the severity of obstructive sleep apnea syndrome. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, São Paulo, v. 41, n. 10, p. 908-913, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2008005000036. PMid:18820762
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reportou que as alterações na qualidade do sono podem repercutir nos aspectos cognitivos e nas relações interpessoais. Do mesmo modo, o trabalho em turnos pode interferir nas atividades domésticas, na vida familiar e social (BARNES-FARRELL et al., 2008Barnes-Farrell, J. L. et al. What aspects of shiftwork influence off-shift well-being of healthcare workers? Applied Ergonomics, London, v. 39, n. 5, p. 589-596, 2008. http://dx.doi.org/10.1016/j.apergo.2008.02.019. PMid:18423559
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).

Além disso, a curta duração do sono, a presença de distúrbios do sono, o trabalho noturno e o excesso de horas trabalhadas podem alterar a arquitetura do sono, o ritmo vigília-sono, aumentar a fadiga física e mental, assim como afetar o estado de humor dos trabalhadores em turnos (HÄRMÄ et al., 2002Härmä, M. et al. The effect of an irregular shift system on sleepiness at work in train drivers and railway traffic controllers. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 11, n. 2, p. 141-151, 2002. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2002.00294.x. PMid:12028479
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; COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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).

Similarmente, no estudo de Sallinen et al. (2003)Sallinen, M. et al. Sleep-wake rhythm in an irregular shift system. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 12, n. 2, p. 103-112, 2003. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2003.00346.x. PMid:12753347
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houve uma diminuição da duração do TTS, especialmente antes do início do turno manhã e noite, assim como aumento da sonolência em maquinistas trabalhadores em turnos de escalas rotativas irregulares. O estudo epidemiológico de Ohayon, Smolensky e Roth (2010)Ohayon, M. M.; Smolensky, M. H.; Roth, T. Consequences of shiftworking on sleep duration, sleepiness, and sleep attacks. Chronobiology International, London, v. 27, n. 3, p. 575-589, 2010. http://dx.doi.org/10.3109/07420521003749956. PMid:20524802
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com trabalhadores do estado de Nova Iorque (EUA) observou que a duração do sono principal entre os trabalhadores com escalas rotativas e noturnas foi inferior a 6,5 horas.

Além desses resultados, os dados da PSG do presente estudo mostraram uma prevalência de 36,1% e 34,1% de SAOS entre os maquinistas das escalas 6 x 2 e 4 x 1, respectivamente, similar ao estudo epidemiológico realizado com a população da cidade de São Paulo (32,9%) (TUFIK et al., 2010Tufik, S. et al. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 11, n. 5, p. 441-446, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005. PMid:20362502
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), porém apresentou-se mais elevada em relação a outros estudos realizados com motoristas (15,8%), maquinistas (22%) e trabalhadores em turnos (20%) (HOWARD et al., 2004Howard, M. E. et al. Sleepiness, sleep-disordered breathing, and accident risk factors in commercial vehicle drivers. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, New York, v. 170, n. 9, p. 1014-1021, 2004. http://dx.doi.org/10.1164/rccm.200312-1782OC. PMid:15317672
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; NENA et al., 2008Nena, E. et al. Sleep-disordered breathing and quality of life of railway drivers in Greece. Chest, Chicago, v. 134, n. 1, p. 79-86, 2008. http://dx.doi.org/10.1378/chest.07-2849. PMid:18347205
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). Sabe-se que a incidência e prevalência dos distúrbios respiratórios do sono e do débito de sono estão intimamente relacionadas ao estilo de vida e às condições alteradas de saúde dos trabalhadores (HÄRMÄ et al., 2002Härmä, M. et al. The effect of an irregular shift system on sleepiness at work in train drivers and railway traffic controllers. Journal of Sleep Research, Oxford, v. 11, n. 2, p. 141-151, 2002. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-2869.2002.00294.x. PMid:12028479
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; COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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).

Nesse aspecto de saúde e estilo de vida, vimos que os maquinistas apresentaram altos índices de IMC, fumavam e grande parte deles ingeria bebidas alcoólicas. Semelhante ao presente estudo, Koyama et al. (2012)Koyama, R. G. et al. Prevalence of and risk factors for obstructive sleep apnea syndrome in Brazilian railroad workers. Sleep Medicine, Amsterdam, v. 13, n. 8, p. 1028-1032, 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleep.2012.06.017. PMid:22841037
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reportaram que 9,5% dos maquinistas ferroviários avaliados eram fumantes, 54,7% relataram uso de álcool e 77,0% eram obesos (27,7 ± 4,4). Outros estudos que avaliaram motoristas e maquinistas apresentaram uma prevalência de 40,0% a 52,0% de excesso de peso, 20,0% a 65,0% de obesidade, 25,0% a 60,0% de fumantes entre maquinistas e motoristas trabalhadores em turnos avaliados (MINA; CASOLIN, 2007Mina, R.; Casolin, A. National standard for health assessment of rail safety workers: the first year. Medical Journal of Australia, Sydney, v. 187, n. 7, p. 394-397, 2007. PMid:17908002.; BENVEGNÚ et al., 2008Benvegnú, L. A. et al. Prevalência de hipertensão arterial entre motoristas de ônibus em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 33, n. 118, p. 32-39, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572008000200004.
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; NENA et al., 2008Nena, E. et al. Sleep-disordered breathing and quality of life of railway drivers in Greece. Chest, Chicago, v. 134, n. 1, p. 79-86, 2008. http://dx.doi.org/10.1378/chest.07-2849. PMid:18347205
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). É conhecido na literatura que todas essas condições possibilitam a instalação de doenças físicas e mentais, assim como de distúrbios do sono, especialmente a SAOS.

Contudo, a literatura demonstra que a falta de sono pode provocar distúrbios hormonais e metabólicos. Por exemplo, a redução da sensibilidade à insulina, o aumento da grelina e a diminuição da leptina estão diretamente relacionados com a falta de sono e ganhos de massa corporal, contribuindo, assim, para a obesidade, distúrbios do sono e doenças cardiovasculares (MORGAN et al., 2003Morgan, L. et al. Circadian aspects of postprandial metabolism. Chronobiology International, London, v. 20, n. 5, p. 795-808, 2003. http://dx.doi.org/10.1081/CBI-120024218. PMid:14535354
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; SPIEGEL et al., 2004Spiegel, K. et al. Leptin levels are dependent on sleep duration: relationships with sympathovagal balance, carbohydrate regulation, cortisol, and thyrotropin. The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, Springfield, v. 89, n. 11, p. 5762-5771, 2004. http://dx.doi.org/10.1210/jc.2004-1003. PMid:15531540
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). No geral, os trabalhadores em turnos alteram a função circadiana metabólica, assim o horário e conteúdo das refeições tornam-se inapropriados e, dessa forma, há aumento da preferência por alimentos mais gordurosos, podendo levar às doenças como obesidade, diabetes e hipertensão arterial (COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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).

Segundo Mina e Casolin (2007),Mina, R.; Casolin, A. National standard for health assessment of rail safety workers: the first year. Medical Journal of Australia, Sydney, v. 187, n. 7, p. 394-397, 2007. PMid:17908002. existe uma relação entre os distúrbios respiratórios do sono, hipertensão e obesidade, fatores estes que podem maximizar o processo de fadiga, reduzir a qualidade de vida e aumentar o risco para os acidentes. Assim, Padilha et al. (2010)Padilha, H. G. et al. Metabolic responses on the early shift. Chronobiology International, London, v. 27, n. 5, p. 1080-1092, 2010. http://dx.doi.org/10.3109/07420528.2010.489883. PMid:20636217
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reportaram que trabalhadores em turnos apresentam alta propensão em desenvolver distúrbios metabólicos e obesidade. Por outro lado, alterações do padrão de sono e do estilo de vida são também consideradas como fatores de risco para aumento de massa corporal e de massa gordurosa, perda de massa magra e aparecimento de distúrbios do metabolismo da glicose e gordura (CRISPIM et al., 2007Crispim, C. A. et al. The influence of sleep and sleep loss upon food intake and metabolism. Nutrition Research Reviews, Cambridge, v. 20, n. 2, p. 195-212, 2007. http://dx.doi.org/10.1017/S0954422407810651. PMid:19079870
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; NEDELTCHEVA et al., 2010Nedeltcheva, A. V. et al. Insufficient sleep undermines dietary efforts to reduce adiposity. Annals of Internal Medicine, Philadelphia, v. 153, n. 7, p. 435-441, 2010. http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-153-7-201010050-00006. PMid:20921542
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).

Contudo, a obesidade, o fumo e a ingestão de bebida alcóolica prevalentes entre os trabalhadores em turnos podem estar associados com a alteração do ritmo vigília-sono, presença de sonolência e alterações na arquitetura do sono (KAGEYAMA et al., 2005Kageyama, T. et al. Associations of sleep problems and recent life events with smoking behaviors among female staff nurses in Japanese hospitals. Industrial Health, Kawasaki, v. 43, n. 1, p. 133-141, 2005. http://dx.doi.org/10.2486/indhealth.43.133. PMid:15732316
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; ZHANG et al., 2006Zhang, L. et al. Cigarette smoking and nocturnal sleep architecture. American Journal of Epidemiology, Baltimore, v. 164, n. 6, p. 529-537, 2006. http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwj231. PMid:16829553
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), além de apresentarem risco para doenças crônicas não transmissíveis e contribuírem para redução do desempenho psicomotor e da qualidade de vida (COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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; OLIVEIRA e SILVA et al., 2012OLIVEIRA E SILVA, L. et al. Mood, sleep patterns and the effect of physical activity on the life quality of brazilian train operators. Sleep Science, São Paulo, v. 5, n. 4, p. 113-119, 2012.).

Nesse contexto, os maquinistas da escala de trabalho 4 x 1 apresentaram baixo índice de qualidade de vida quando comparados aos maquinistas da escala 6 x 2, principalmente nos domínios dor, aspectos físicos, vitalidade, estado geral da saúde, aspectos emocionais e de saúde mental. Como visto, os escores de vitalidade e de saúde mental apresentaram-se ainda mais baixos, o que pode inferir um prejuízo no desempenho psicomotor e o desenvolvimento de cansaço e/ou fadiga nessa primeira amostra. Esses prejuízos da qualidade de vida dessa população podem estar diretamente relacionados à duração do turno, sentido de rotação da escala de trabalho (rotativo inverso), tempo gasto no deslocamento trabalho-residência, assim como pouco tempo livre dispensado com lazer, família e descanso durante a folga. A literatura mostra que esses fatores podem alterar os padrões de sono, induzir ou favorecer distúrbios metabólicos, diminuir o desempenho físico e mental, assim como interferir negativamente na vida pessoal e na tolerância ao trabalho em turnos (ÅKERSTEDT; WRIGHT, 2009; COSTA, 2010Costa, G. Shift work and health: current problems and preventive actions. Safety and Health at Work, Korea, v. 1, n. 2, p. 112-123, 2010. http://dx.doi.org/10.5491/SHAW.2010.1.2.112. PMid:22953171
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; ASAOKA et al., 2013Asaoka, S. et al. Factors associated with shift work disorder in nurses working with rapid-rotation schedules in Japan: the nurses’ sleep health project. Chronobiology International, London, v. 30, n. 4, p. 628-636, 2013. http://dx.doi.org/10.3109/07420528.2012.762010. PMid:23445510
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).

Semelhante ao nosso estudo, Nena et al. (2008)Nena, E. et al. Sleep-disordered breathing and quality of life of railway drivers in Greece. Chest, Chicago, v. 134, n. 1, p. 79-86, 2008. http://dx.doi.org/10.1378/chest.07-2849. PMid:18347205
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avaliaram 226 maquinistas ferroviários gregos que apresentaram sobrepeso (28,7 ± 3,7 kg/m2), 59,7% deles eram fumantes e 11,5% tinham apneia obstrutiva do sono. O índice de apneia e hipopneia do sono foi de 11-14 eventos por hora, 7,1% deles relataram sonolência, os quais apresentaram escores do questionário SF-36 diminuídos nos domínios aspectos físicos e emocionais, dor e vitalidade, comparados com os maquinistas não sonolentos. No entanto, a qualidade de vida dos maquinistas em geral, assim como do presente estudo, não foi diferente da população grega e dos maquinistas brasileiros do estudo de Oliveira e Silva et al. (2012)OLIVEIRA E SILVA, L. et al. Mood, sleep patterns and the effect of physical activity on the life quality of brazilian train operators. Sleep Science, São Paulo, v. 5, n. 4, p. 113-119, 2012., exceto no aspecto vitalidade, no qual a nossa amostra apresentou baixos escores relevantes e diferentes das outras duas populações.

Ilmarinen, Tuomi e Klockars (1997)Ilmarinen, J.; Tuomi, K.; Klockars, M. Changes in the work ability of active employees over an 11-year period. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, Helsinki, v. 23, n. 1, p. 49-57, 1997. Supplement 1.PMid:9247995. e Tuomi et al. (1997)Tuomi, K. et al. Aging, work, life-style and work ability among Finnish municipal workers in 1981-1992. Scandinavian Journal of Work Environment & Health, Helsinki, v. 23, n. 1, p. 58-65, 1997. Supplement 1. PMid:9247996. relataram que o estilo de vida, as condições de saúde e características sociodemográficas são fatores que podem interferir na capacidade para o trabalho.

Para Chiu et al. (2007)Chiu, M. C. et al. Evaluating work ability and quality of life for clinical nurses in Taiwan. Nursing Outlook, New York, v. 55, n. 6, p. 318-326, 2007. http://dx.doi.org/10.1016/j.outlook.2007.07.002. PMid:18061017
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e Milosevic et al. (2011)Milosevic, M.et al. Work ability as a major determinant of clinical nurses’ quality of life.Journal of Clinical Nursing, Oxford, v. 20, n. 19-20, p. 2931-2938, 2011. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2702.2011.03703.x. PMid:21323781
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, existe uma alta associação entre qualidade de vida e capacidade de trabalho em trabalhadores em turnos.

O estudo de Oliveira e Silva et al. (2012)OLIVEIRA E SILVA, L. et al. Mood, sleep patterns and the effect of physical activity on the life quality of brazilian train operators. Sleep Science, São Paulo, v. 5, n. 4, p. 113-119, 2012. reportou que baixa capacidade de trabalho, sobrepeso, ansiedade, depressão e sonolência apresentaram impacto negativo na qualidade de vida global de maquinistas, assim como as alterações no sono REM e de humor impactaram negativamente na capacidade funcional desses trabalhadores. Em relação à arquitetura do sono, o tempo total do sono REM dos maquinistas daquele estudo não diferiu da nossa amostra; entretanto, os maquinistas de ambas as escalas de trabalho do presente estudo demonstraram menor eficiência do sono. Sabe-se que essas condições de sono, saúde e os aspectos socioemocionais podem afetar a qualidade de vida, o que foi demonstrado no presente estudo com os maquinistas da escala 4 x 1.

No entanto, em geral, os maquinistas da nossa amostra (48,5%) referiram ótima capacidade de trabalho (41,9%) similarmente aos estudos com trabalhadores em turnos de Metzner e Fischer (2001)Metzner, R. J.; Fischer, F. M. Fadiga e capacidade para o trabalho em turnos fixos de doze horas. Revista de Saude Publica, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 548-553, 2001. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102001000600008.
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e Oliveira e Silva et al. (2012)OLIVEIRA E SILVA, L. et al. Mood, sleep patterns and the effect of physical activity on the life quality of brazilian train operators. Sleep Science, São Paulo, v. 5, n. 4, p. 113-119, 2012.. E, apesar dos maquinistas da escala 4 x 1 terem apresentado maior comprometimento dos domínios de qualidade de vida e redução da qualidade do sono, 46,8% deles referiu ótima capacidade de trabalho. Entre as possíveis explicações para esse resultado encontrado, podemos destacar a presença do efeito do trabalhador saudável, que descreve um processo de seleção continuada de tal forma que aqueles que permanecem empregados tendem a ser mais saudáveis do que aqueles que deixam o emprego (ARRIGHI; HERTZ-PICCIOTTO, 1994Arrighi, H. M.; Hertz-Picciotto, I. The evolving concept of the healthy worker survivor effect. Epidemiology, Cambridge, v. 5, n. 2, p. 189-196, 1994. http://dx.doi.org/10.1097/00001648-199403000-00009. PMid:8172994
http://dx.doi.org/10.1097/00001648-19940...
; RICHARDSON et al., 2004Richardson, D. et al. Time-related aspects of the healthy worker survivor effect. Annals of Epidemiology, New York, v. 14, n. 9, p. 633-639, 2004. http://dx.doi.org/10.1016/j.annepidem.2003.09.019. PMid:15380793
http://dx.doi.org/10.1016/j.annepidem.20...
). Como os maquinistas estudados já têm um tempo de exposição ao trabalho em turnos relativamente longos (9,4 ± 6,9 anos) é possível que o ICT esteja refletindo tanto o efeito do trabalhador saudável quanto as prováveis estratégias de enfrentamento desenvolvidas por esses maquinistas em relação às condições do trabalho em turnos, como relatado por Metzner e Fischer (2001)Metzner, R. J.; Fischer, F. M. Fadiga e capacidade para o trabalho em turnos fixos de doze horas. Revista de Saude Publica, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 548-553, 2001. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102001000600008.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102001...
.

Portanto, observamos em nosso estudo que os maquinistas, em geral, especialmente os pertencentes à escala 4 x 1, apresentaram condições preocupantes de saúde e qualidade do sono, assim como maus hábitos de vida (fumo, uso de álcool, sobrepeso e obesidade) e condições ruins de trabalho (pouco tempo de folga e excesso de horas extras). Como bem relatado na literatura, a associação desses fatores pode levar a um aumento do cansaço, disfunção cognitiva, alterações emocionais e sono não restaurador, o que pode desencadear o processo de fadiga crônica e, consequentemente, uma possibilidade maior para a ocorrência de acidentes de trabalho.

As limitações do presente estudo compreendem a falta de um grupo controle de maquinistas que não trabalhavam em turnos, bem como o fato das avaliações não terem permitido comparações no período de férias dos trabalhadores alvo do estudo. Além disso, não foram obtidas informações sobre a renda mensal dos maquinistas, as quais poderiam ter influenciado as diferenças ocorridas nos domínios do questionário de qualidade de vida (SF-36). Outra limitação é que o estudo de corte transversal não permite estabelecer relação de causalidade, apenas associações, o que torna impossível afirmar de forma categórica que a rotatividade inversa, a exposição ao trabalho em turnos e pouco tempo para folgas apresentam maiores danos ao bem-estar, saúde e vida social na população estudada.

Entretanto, é possível afirmar, na população estudada, que a exposição ao trabalho em turnos, a rotatividade inversa, pouco tempo dispensado às folgas e horas extras de trabalho estão associados a maiores danos ao bem-estar, saúde, sociabilização e ao sono de qualidade e que provavelmente os fatores relacionados aos turnos de trabalho contribuem para esses danos.

Dessa forma, requerem-se mais estudos nessa área de transportes no Brasil, que abordem esses fatores relacionados à saúde mental e física do trabalhador, os quais podem estar associados a importantes prejuízos de natureza socioeconômica e de saúde pública.

Agradecimentos

AFIP: Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa; CEPE: Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício; CEMSA: Centro Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes; CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

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  • A pesquisa recebeu apoio (espaço físico e realização de exames) da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa e do Centro Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    21 Ago 2013
  • Revisado
    07 Jul 2014
  • Aceito
    08 Jul 2014
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