Open-access Utilização de enzimas exógenas em dietas com diferentes fontes e níveis de proteína para leitões na fase de creche

Exogenous enzymes in diets with different protein levels and sources for pigs in the nursery period

Resumos

Dois experimentos foram conduzidos para avaliar a inclusão de enzimas exógenas em dietas com diferentes níveis e fontes de proteína para leitões. No experimento I, 80 leitões dos 21 aos 51 dias de idade, desmamados aos 14 dias de idade, foram distribuídos em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x2x2 (dois níveis de proteína; com ou sem farinha de carne e ossos; com ou sem enzima), com cinco repetições e dois leitões/baia, e alimentados com dietas à base de milho (M), farelo de soja (FS) e soro de leite em pó (SLP). No experimento II, 40 leitões dos 28 aos 45 dias de idade, desmamados aos 21 dias de idade, foram distribuídos em blocos casualizados, com quatro tratamentos, cinco repetições e dois animais/baia, e alimentados com uma dieta controle à base de M, FS e SLP, com 18% de proteína bruta (PB) e três rações com 0,2; 0,4 e 0,6% do complexo enzimático. No experimento I, não foi observada interação entre nível protéico, com ou sem farinha de carne e ossos e enzima. Houve diminuição do GPD e CMD, com o nível de 18% de PB na ração. Não houve efeito da inclusão de FCO e de 0,2% de enzima na ração. No experimento II, houve efeito linear crescente para GPD e CMD, com o aumento do nível de enzimas. A adição de 0,4% de enzimas exógenas proporcionou o melhor retorno econômico sobre o custo da ração. Concluiu-se que o nível de 21% de PB e a adição de níveis crescentes de enzimas exógenas em rações à base de milho e farelo de soja melhoram o desempenho dos leitões, que não é afetado pela inclusão de 5% de farinha de carne e ossos na ração.

amilase; celulase; desmame; farinha de carne e ossos; protease; suínos


Two experiments were carried out to evaluate the inclusion of exogenous enzymes in diets with different protein levels and sources for pigs during the nursery period. In the first experiment, 80 pigs from 21 to 51 days of age, weaned at 14 days of age, were assigned to a randomized blocks experimental design, in a 2x2x2 factorial (two protein levels; with or without meat and bone meal; with or without enzyme), with five replicates and two pigs/box, and fed a corn (C), soybean meal (SBM) and dried whey (DW)-based diets. In the second experiment, 40 pigs from 28 to 45 days of age, weaned at 21 days of age, were assigned to a randomized blocks, with four treatments, five replicates and two pigs/box, fed a control diet (C, SBM and DW-based diet with 18% crude protein - CP) and three diets with different levels of enzymatic complex (0.2, 0.4 and 0.6%). In the first experiment, no interaction was observed among protein level, presence or absence of meat and bone meal (MBM) and presence or absence of enzyme. Reduction of ADG and ADFI was observed at the dietary level of 18% CP. No effect of MBM inclusion and 0.2% enzyme in the diet was detected. In the experiment II, it was observed increasing linear effect for ADG and ADFI, as the enzyme level increase. The addition of 0.4% of exogenous enzymes provided the best economical return for the ration cost. It was concluded that the level of 21% CP and the addition of increasing exogenous enzyme levels in corn and soybean meal-based diets improve pig performance, that is not affected by the inclusion of 5% the meat and bone meal in the diets.

amylase; cellulase; meat and bone meal; protease; swine


MONOGÁSTRICOS

Utilização de enzimas exógenas em dietas com diferentes fontes e níveis de proteína para leitões na fase de creche1

Exogenous enzymes in diets with different protein levels and sources for pigs in the nursery period

Alexandre de Oliveira TeixeiraI; Darci Clementino LopesII; Vanusa Patrícia de Araújo FerreiraIII; Sérgio Miranda PenaIV; Eduardo Terra NogueiraV; José Aparecido MoreiraVI; Silvano BünzenIV; Lidson Ramos NeryIV

IZootecnista e doutor em Zootecnia - Assistente Técnico - Bunge Fertilizantes (alexandre.teixeira@bunge.com)

IIProfessor do Departamento de Zootecnia - UFV - 36.571-000 - Viçosa - MG

IIIZootecnista e professora titular da FEAD - Belo Horizonte - MG

IVZootecnista, mestrando em Zootecnia - UFV - 36571-000 - Viçosa - MG

VMédico Veterinário, Doutor em Zootecnia - UFV - 36571-000 - Viçosa - MG

VIPesquisador CENA/USP - Piracicaba - SP

RESUMO

Dois experimentos foram conduzidos para avaliar a inclusão de enzimas exógenas em dietas com diferentes níveis e fontes de proteína para leitões. No experimento I, 80 leitões dos 21 aos 51 dias de idade, desmamados aos 14 dias de idade, foram distribuídos em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x2x2 (dois níveis de proteína; com ou sem farinha de carne e ossos; com ou sem enzima), com cinco repetições e dois leitões/baia, e alimentados com dietas à base de milho (M), farelo de soja (FS) e soro de leite em pó (SLP). No experimento II, 40 leitões dos 28 aos 45 dias de idade, desmamados aos 21 dias de idade, foram distribuídos em blocos casualizados, com quatro tratamentos, cinco repetições e dois animais/baia, e alimentados com uma dieta controle à base de M, FS e SLP, com 18% de proteína bruta (PB) e três rações com 0,2; 0,4 e 0,6% do complexo enzimático. No experimento I, não foi observada interação entre nível protéico, com ou sem farinha de carne e ossos e enzima. Houve diminuição do GPD e CMD, com o nível de 18% de PB na ração. Não houve efeito da inclusão de FCO e de 0,2% de enzima na ração. No experimento II, houve efeito linear crescente para GPD e CMD, com o aumento do nível de enzimas. A adição de 0,4% de enzimas exógenas proporcionou o melhor retorno econômico sobre o custo da ração. Concluiu-se que o nível de 21% de PB e a adição de níveis crescentes de enzimas exógenas em rações à base de milho e farelo de soja melhoram o desempenho dos leitões, que não é afetado pela inclusão de 5% de farinha de carne e ossos na ração.

Palavras-chave: amilase, celulase, desmame, farinha de carne e ossos, protease, suínos

ABSTRACT

Two experiments were carried out to evaluate the inclusion of exogenous enzymes in diets with different protein levels and sources for pigs during the nursery period. In the first experiment, 80 pigs from 21 to 51 days of age, weaned at 14 days of age, were assigned to a randomized blocks experimental design, in a 2x2x2 factorial (two protein levels; with or without meat and bone meal; with or without enzyme), with five replicates and two pigs/box, and fed a corn (C), soybean meal (SBM) and dried whey (DW)-based diets. In the second experiment, 40 pigs from 28 to 45 days of age, weaned at 21 days of age, were assigned to a randomized blocks, with four treatments, five replicates and two pigs/box, fed a control diet (C, SBM and DW-based diet with 18% crude protein - CP) and three diets with different levels of enzymatic complex (0.2, 0.4 and 0.6%). In the first experiment, no interaction was observed among protein level, presence or absence of meat and bone meal (MBM) and presence or absence of enzyme. Reduction of ADG and ADFI was observed at the dietary level of 18% CP. No effect of MBM inclusion and 0.2% enzyme in the diet was detected. In the experiment II, it was observed increasing linear effect for ADG and ADFI, as the enzyme level increase. The addition of 0.4% of exogenous enzymes provided the best economical return for the ration cost. It was concluded that the level of 21% CP and the addition of increasing exogenous enzyme levels in corn and soybean meal-based diets improve pig performance, that is not affected by the inclusion of 5% the meat and bone meal in the diets.

Key Words: amylase, cellulase, meat and bone meal, protease, swine

Introdução

A alimentação dos suínos, principalmente na fase pós-desmame, requer atenção especial dos pesquisadores, uma vez que, nesta fase, existe a necessidade do fornecimento de uma ração que substitua o leite da mãe, fornecendo, a baixo custo, quantidade significativa de nutrientes em proporções adequadas para reduzir o estresse e aumentar a taxa de crescimento, diminuindo a mobilização de reservas de lipídeos. Logo, torna-se necessária a avaliação do nível e da fonte de proteína para substituição de produtos à base de leite, que são caros e nem sempre disponíveis (Trindade Neto et al., 1994).

A utilização de enzimas exógenas (amilase, protease, lipase, xilanase, fitase etc) surgiu como uma alternativa para aumentar o valor nutritivo de ingredientes alimentares que possuem baixos coeficientes de digestibilidade e apresentam significativa fração de polissacarídeos não-amiláceos estruturais e/ou fatores antinutricionais, que não são hidrolisados pelas enzimas digestivas dos suínos (Furlan et al., 1997), diminuindo, assim, a viscosidade da dieta (Graham, 1996).

O fornecimento de enzimas exógenas em forma de coquetel também é feita em rações de leitões em situações que debilitam a produção de enzimas endógenas, como estresse do desmame, vacinação, castração e desconforto térmico (Ferket, 1996). Geralmente, o coquetel é formado por protease, amilase e lipase, pois os níveis destas enzimas endógenas diminuem por várias semanas, causando problemas de digestão e resultando em redução na absorção e em diarréia (Wenk, 1993).

Soto (1996) afirma que estas enzimas já estão no mercado, com resultados iniciais promissores, e que sua adição em rações pode se tornar prática rotineira e com boa relação custo/benefício, como é o caso de dietas à base de trigo e cevada.

A utilização de enzimas em dietas de baixa viscosidade (milho, sorgo e farelo de soja) e outros ingredientes produzidos no Brasil possui intuito mais econômico que ambiental (Firemen et al., 1998).

É importante resaltar que nem sempre a suplementação com enzimas digestivas proporciona resposta positiva. Para as enzimas atuarem, são necessários substratos específicos na dieta, dosagem correta de enzimas, capacidade das enzimas para ultrapassar barreiras no estômago, como pH baixo, ação de enzimas proteolíticas, como a pepsina, e processamento a que o alimento é submetido (Penz Jr., 1998).

Para que se possa reduzir efetivamente o custo das rações com adição de complexo de enzimas exógenas, fatores como a relação entre as enzimas utilizadas e os substratos da ração, os aumentos da digestibilidade dos nutrientes e os aspectos de formulação das rações devem ser considerados (Hannas & Pupa, 2003).

Easter et al. (1988) comprovaram que produtos enzimáticos contendo amilases e proteases em dietas à base de milho e farelo de soja durante as três primeiras semanas após a desmama aumentam a capacidade digestiva do animal, a digestibilidade de matéria seca e nitrogênio. Entretanto, Nery et al. (1997a,b) e Nery et al. (2000) não encontraram variação no desempenho de leitões, ao fornecerem o complexo enzimático na proporção recomendada pela indústria.

Este trabalho foi conduzido com o objetivo de se avaliar a utilização do complexo enzimático exógeno em rações com dois níveis de proteína; com ou sem farinha de carne e ossos para leitões na fase de 21 a 51 dias de idade.

Material e Métodos

Foram realizados dois experimentos no setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG, Brasil, no período de junho a novembro de 1999.

Os experimentos foram realizados em salas de creche construídas em alvenaria, com piso de concreto, forro de madeira, janelas de vidro tipo basculante, contendo gaiolas metálicas suspensas, medindo 1,60 x 1,0 x 0,56m, providas de piso em plástico expandido, laterais em tela metálica, lâmpadas de aquecimento, comedouros semi-automático e bebedouros tipo chupeta, onde as dietas e a água foram fornecidas à vontade.

As dietas experimentais foram formuladas para atender às exigências nutricionais dos leitões na fase, conforme recomendações de Rostagno et al. (1992). A composição centesimal e os valores nutricionais das dietas experimentais são apresentados na Tabela 1.

No primeiro experimento, foram utilizados 80 leitões mestiços (Landrace x Large White x Duroc), machos castrados e fêmeas, desmamados aos 14 dias de idade e distribuídos nos tratamentos aos 21 dias de idade. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com oito tratamentos, em esquema fatorial 2x2x2 (dois níveis de proteína, inclusão ou não de farinha de carne e ossos; suplementação ou não com complexo enzimático composto por protease, amilase e celulase - Allzyme Vegpro®, na proporção de 2 kg/ton, segundo recomendações do fabricante (Alltech do Brasil), cinco repetições e dois leitões (um macho e uma fêmea) por unidade experimental.

As sobras de ração caídas dos cochos foram varridas e coletadas diariamente para determinação do consumo. Durante o período experimentoal (30 dias), os leitões foram pesados a cada 15 dias, calculando-se o consumo de ração e a conversão alimentar (CA).

No experimento II, foram utilizados 40 leitões mestiços (Landrace x Large White x Duroc), machos castrados e fêmeas, desmamados aos 21 dias de idade. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro tratamentos, cinco repetições e dois animais/baia (um macho e uma fêmea). Os tratamentos consistiram de uma dieta controle (Tabela 1), representando o nível zero de enzima e mais três dietas contendo 0,2; 0,4 e 0,6% do complexo enzimático Allzyme Vegpro®.

Os leitões foram distribuídos nos tratamentos aos 28 dias de idade (7,09 ± 1,12 kg) e pesados aos 45 dias de idade, quando também foram estimados o de ração e a conversão alimentar durante a fase experimental (17 dias).

A análise econômica foi feita utilizando-se o conceito de índice de rentabilidade (IR) ou rentabilidade simples (Buarque, 1991), que determina a taxa de retorno sobre os custos, isto é, demonstra o retorno líquido de cada unidade monetária gasta nas despesas incorridas na produção.

O IR foi determinado de acordo com a seguinte expressão:

em que IR = índice de rentabilidade; Yi = peso do animal no tratamento i; P = preço por kg do animal; CONRi = consumo de ração no tratamento i; e Pri = preço da ração no tratamento i.

A determinação dos custos das rações foi realizada com base nos preços dos ingredientes em setembro de 2003 e os preços dos suínos, a partir do preço pago ao produtor na granja, no período de agosto a setembro de 2003.

As análises estatísticas das variáveis de desempenho foram realizadas pelo Sistema de Análises Estatísticas e Genética (SAEG), desenvolvido na UFV (1998). A comparação entre as médias foi feita pelo teste de Student Newman-Keuls, empregando-se regressão para observar o comportamento dos parâmetros, em função dos níveis enzimáticos no segundo experimento.

Resultados e Discussão

Os resultados de peso (P), ganho de peso médio diário (GPD), consumo médio diário (CMD) e conversão alimentar (CA) dos animais, no experimento I, encontram-se na Tabela 2.

Não foi observada interação (P>0,05) entre os níveis com ou sem inclusão de farinha de carne e ossos nem com ou sem a utilização de enzimas.

Nenhuma diferença (P>0,05) com relação ao nível de proteína foi constatada no período de 21 a 36 e de 21 a 51 dias de idade para os parâmetros estudados. Entretanto, houve diferença (P<0,06) no período de 36 a 51 dias de idade, em que o tratamento com 21% de PB apresentou melhores resultados de GPD e maior CMD. Por outro lado, a inclusão de FCO a 5% não afetou (P>0,05) o desempenho dos leitões.

Mead et al. (1969) utilizaram rações à base milho e soja para leitões e observaram que níveis de 12 e 15% de proteína bruta resultaram em pior desempenho dos 5,9 aos 23,5kg que rações com níveis de proteína maiores. Campbell (1977) estudou níveis de proteína bruta (15 a 23%) e observou que a taxa de deposição de proteína elevou, enquanto a de gordura diminuiu, com o aumento dos níveis de proteína.

Embora não tenham sido encontradas diferenças estatísticas significativas, animais que consumiram a ração à base de milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos apresentaram redução numérica de 2,08% no GPD e de 3,29% na CA no período de 21 a 51 dias de idade. Os resultados obtidos por Peo & Hudman (1962), em três experimentos com suínos, somente demonstraram redução significativa na taxa de crescimento nos animais alimentados com rações contendo 10% de farinha de carne e ossos.

Também não houve diferença (P>0,05) entre o P, GPD, CMD e CA dos leitões em todas as fases, para os tratamentos com ou sem a utilização de enzimas. Apesar disso, animais que consumiram a ração à base de milho e farelo de soja apresentaram melhora de 2,27% no GPD e de 4,25% na CMD, com a adição do complexo enzimático no período de 21 a 36 dias de idade, corroborando os dados observados por Nery et al. (2000), que não verificaram melhora significativa (P>0,05) no GPD de animais que consumiram dietas à base de milho e farelo de soja suplementadas com 0,075% de um complexo enzimático.

Resultados semelhantes foram obtidos por Soto (1996), em suínos com 7 a 23 kg de peso vivo, alimentados com rações à base de milho e farelo de soja adicionadas de um complexo enzimático comercial contendo amilase, protease e xilanase. Estes resultados são similares aos encontrados por Officer (1995), que adicionou b-glucanase, hemicelulase, pentosanase, amilase, proteinase e lipase na ração e não verificou influência sobre o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar de leitões, durante as cinco semanas pós-desmama. Costa et al. (1979), utilizando complexo enzimático com amilase, protease e celulase em rações à base de milho, farelo de soja, farelo de trigo e farinha de carne, verificaram que a adição de níveis de 0,01 e 0,02% do complexo enzimático não proporcionou diferença significativa no ganho de peso e na conversão alimentar nas fases de crescimento e terminação.

Pesquisas envolvendo a utilização de complexos enzimáticos em rações têm comprovado melhora significativa na conversão alimentar de suínos nas diferentes fases de produção e, em algumas situações, verificou-se aumento do ganho de peso dos animais, como nos trabalhos de Lindeman et al. (1997); Inborr & Ogle (1988) e Collier & Hard (1986). Em outros trabalhos, a adição de enzimas em rações com amilase, protease e polissacaridase para leitões recém-desmamados reduziu a incidência de diarréia nos animais (Inborr & Ogle, 1988; Chesson, 1993). A suplementação de amilase em rações para leitões melhorou a digestibilidade de amido contido nos cereais (Officer, 1995; Acamovic & McCleary, 1966), enquanto a adição de protease melhorou a digestibilidade de proteína (Corring et al., 1978).

Os resultados indicam que a suplementação das enzimas na forma de complexo não tem efeitos significativos sobre o GPD e CMD dos suínos, o que provavelmente se deve ao fato de o tipo e/ou a concentração das enzimas utilizadas nos tratamentos terem sido inadequados para confirmar as respostas esperadas.

Os resultados de P, GPD, CMD e de CA dos animais do experimento II encontram-se na Tabela 3.

A elevação dos níveis de inclusão de enzimas exógenas na ração proporcionou aumento linear no GPD (P<0,01; = 0,29504 + 0,47152X; R2 = 91%) e no CMD (P<0,01; = 0,472602+0,43765X; R2 = 77%). Entretanto, não houve diferença (P>0,05) para CA em função dos tratamentos.

Pelo teste de Newman-Keuls, observou-se diferença (P<0,05) somente no peso final, GPD e CMD entre o tratamento controle e a dieta contendo 0,6% de enzima.

Constatou-se que o nível de 0,2% recomendado pela indústria não foi diferente do tratamento sem enzima pelo teste de Newman-Keuls, de modo semelhante ao primeiro experimento, o que está de acordo com os resultrados observados por Nery et al. (2000), que não encontraram diferença para GPD e CMD entre a ração testemunha e a ração contendo 0,2% do complexo enzimático. Os resultados indicam que a suplementação do complexo enzimático no nível recomendado pela indústria não tem efeito sobre os parâmetros estudados, provavelmente em razão do nível de suplementação das enzimas ter sido insuficiente para confirmar as respostas esperadas e também pelo fato de a maioria das pesquisas ter sido realizada com rações à base de alimentos com altas concentrações de polisacarídeos não-amiláceos (Furlan, 1997), o que justificaria a obtenção de resultados significativos com nível de inclusão do complexo enzimático inferior a 0,2%. Entretanto, em dietas à base de milho e farelo de soja, este nível de suplementação parece não ser adequado.

Os resultados da análise econômica (índice de rentabilidade) dos tratamentos são apresentados na Tabela 4. É importante salientar que o índice de rentabilidade adotado indica somente o retorno sobre os gastos associados à formulação da ração. Os demais componentes do custo de produção não foram incluídos na análise, o que não interfere na comparação entre as rações, uma vez que idênticos para todas as fases. Também foi considerado o preço (1,65 R$/kg) do suíno adulto, não considerando o preço dos animais após a fase de creche.

O estudo da análise econômica indicou que os animais que consumiram a ração com 0,4% de enzima exógena apresentaram o melhor índice de rentabilidade, de modo que, para cada R$1,00 gasto na compra dessa ração, obteve-se receita líquida de R$0,586, desconsiderando os demais custos de produção. O retorno sobre o custo da ração obtido com esse tratamento (0,4% de enzimas exógenas) foi de, aproximadamente, 11; 9; e 10 centavos de real, respectivamente, superior ao retorno observado para os níveis de 0; 0,2; e 0,6% de enzimas exógenas.

Conclusões

O nível de 21% de proteína bruta e a adição de níveis crescentes de enzimas exógenas em rações à base de milho e farelo de soja para suínos na fase de creche melhoram o desempenho, que não é afetado pela inclusão de 5% de farinha de carne e ossos na ração.

Literatura Citada

Recebido em: 22/04/03

Aceito em: 14/04/05

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  • 1
    Projeto parcialmente financiado pela Alltech do Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Set 2005
    • Data do Fascículo
      Jun 2005

    Histórico

    • Recebido
      22 Abr 2003
    • Aceito
      14 Abr 2005
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