rbz
Revista Brasileira de Zootecnia
R. Bras. Zootec.
1516-3598
1806-9290
Sociedade Brasileira de Zootecnia
Viçosa, MG, Brazil
The experiment was conducted to evaluate protein sources and levels in the initial diets, for piglets weaned at 21 days of age. The animals were allotted in a completely randomized design in a factorial 2 x 2 x 2, with type of diets ( dried whey and fish meal + lactose), levels of crude protein (20 and 24%) and piglet weight at weaning (<6,0 and > 6,0kg), in a total of 8 treatments and four replications each. In the experimental conditions, it can be concluded that among the protein sources tested, the performance of 21 day-age weaned piglets was better for the animals fed fish meal + lactose compared to dried whey. The level of 24% crude protein was more efficient, mainly in the fish meal + lactose diets. It was concluded that the type of diets studied did not influence the histologycal parameters and the villous height is a direct funcion of piglets weight.
MONOGÁSTRICOS
Fontes e níveis de proteína em rações iniciais para leitões desmamados aos 21 dias de idade1
Protein sources and levels in the initial diets for piglets weaned at 21 days of age
Eurípedes Laurindo LopesI; Otto Mack JunqueiraII; Lúcio Francelino AraújoIII; Romão da Cunha NunesI; Karina Ferreira DuarteIV
IDocentes Departamento de Produção Animal EV/UFG. E.mail: ellopes@vet.ufg.br, romao@vet.ufg.br
IIDocente Departamento de Zootecnia FCAVJ/UNESP. E.mail: ottomack@fcav.unesp.br
IIIDocente Departamento de Zootecnia FZEA/USP. E.mail: lfaraujo@usp.br
IVMestranda Departamento de Zootecnia FCAVJ/UNESP. E.mail: kafedu@hotmail.com
RESUMO
Foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar fontes e níveis de proteína em rações iniciais para leitões desmamados aos 21 dias de idade. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 2 x 2, onde foram estudados os fatores: tipos de dieta (soro de leite em pó e farinha de peixe + lactose), níveis de proteína bruta (20,0% e 24,0%) e pesos dos leitões ao desmame (< 6,0 e > 6,0 kg), totalizando oito tratamentos com quatro repetições cada. O desempenho de leitões desmamados aos 21 dias de idade alimentados com rações contendo farinha de peixe + lactose foi superior ao dos leitões que consumiram apenas o soro de leite em pó. O nível de 24% de proteína bruta nas rações foi mais eficiente, sobretudo com a combinação farinha de peixe + lactose. Concluiu-se que os tipos de dietas estudados não exerceram efeito sobre os parâmetros histológicos e que a altura das vilosidades é uma função direta do peso do leitão.
Palavras-chave: farinha de peixe, lactose, leitões, nível de proteína, soro de leite em pó
ABSTRACT
The experiment was conducted to evaluate protein sources and levels in the initial diets, for piglets weaned at 21 days of age. The animals were allotted in a completely randomized design in a factorial 2 x 2 x 2, with type of diets ( dried whey and fish meal + lactose), levels of crude protein (20 and 24%) and piglet weight at weaning (<6,0 and > 6,0kg), in a total of 8 treatments and four replications each. In the experimental conditions, it can be concluded that among the protein sources tested, the performance of 21 day-age weaned piglets was better for the animals fed fish meal + lactose compared to dried whey. The level of 24% crude protein was more efficient, mainly in the fish meal + lactose diets. It was concluded that the type of diets studied did not influence the histologycal parameters and the villous height is a direct funcion of piglets weight.
Key Words: dried whey, fish meal, lactose, piglets, protein levels
Introdução
Visando aumentar o número de leitões terminados por porca/ano, atualmente, há tendência de se reduzir a idade de desmame dos leitões. Nos últimos 25 anos, a idade de desmame foi reduzida de oito para cerca de três semanas, acarretando uma série de problemas fisiológicos e nutricionais para estes animais, Conseqüentemente, a alimentação adequada de leitões na fase pós-desmame é um desafio para o nutricionista e um problema para o suinocultor, em decorrência dos distúrbios que ocorrem na fase de criação.
O desmame aos 21 dias de idade tem mostrado resultados bastante variáveis e exige alternativas para alimentação dos leitões nesta fase. A diarréia após o desmame, o baixo índice de crescimento e o baixo consumo de ração foram citados por Tardin (1985) como os problemas básicos decorrentes do desmame de leitões aos 21 dias de idade.
Os níveis de proteína utilizados nesta fase, além dos tipos de ingredientes para formular dietas para leitões desmamados com três semanas de idade, são bastante discutidos entre os pesquisadores. O baixo desempenho após o desmame, mesmo quando os animais são criados em boas condições sanitárias, é atribuído ao baixo consumo de ração.
Pesquisando o efeito de dietas contendo 25% de soro de leite em pó, ou 15% de leite desnatado em pó, comparadas a uma dieta basal composta de milho, aveia, farelo de soja e solúveis de peixe, Graham et al. (1981) mostraram que, mantendo o nível de 20% de proteína bruta nas dietas e avaliando os leitões com quatro e seis semanas de idade, as rações com produtos lácteos, sobretudo aquelas com soro seco, melhoraram o desempenho no período de duas semanas pós-desmame; entretanto, os resultados foram semelhantes quando os animais receberam as mesmas dietas por 42 dias.
Crenshaw et al. (1986), ao estudarem dietas simples (milho, farelo de soja) e complexas (milho, farelo de soja, soro de leite em pó, leite desnatado em pó, farinha de peixe e gordura), não verificaram diferenças significativas entre os tipos de dietas para ganho, consumo e conversão alimentar, no período de 24 dias após o desmame aos 21 dias de idade (peso médio de 6,4 kg).
O efeito de dietas contendo 22% de proteína bruta à base de milho, farelo de soja e farinha de peixe em comparação com dietas incluindo 16,2% e 33,7% de soro de leite sem a farinha de peixe foi avaliado por Cinq-Mars et al. (1986). Os leitões desmamados com três semanas de idade (5,0 kg de peso vivo) que receberam dietas contendo 33,7% de soro apresentaram melhor desempenho que aqueles alimentados com as demais dietas experimentais, a partir da segunda semana do experimento.
Mahan & Lepine (1991) realizaram experimento em que tentaram recuperar leitões que, por ocasião do desmame, com idade de 21 a 28 dias, apresentaram atraso no crescimento, principalmente em razão da menor ingestão de leite, graças a um manejo nutricional diferenciado durante a fase inicial. Os animais desmamados com baixo peso (4,1 kg a 5,0 kg) responderam melhor às dietas complexas contendo farelo de soja e soro de leite em pó com suplementação de aminoácidos e dextrose. Os autores sugeriram que as rações dos leitões mais pesados por ocasião do desmame (7,3 kg a 8,6 kg) podem conter menores teores de produtos lácteos e propiciar bom desempenho a esses animais.
Segundo Cline (1992), os leitões nascem com o trato gastrointestinal relativamente imaturo, mas conseguem digerir eficientemente os nutrientes presentes no leite. No desmame, ocorrem mudanças na histologia e morfologia intestinal, tornando a digestão aparentemente comprometida; entretanto, os animais recuperam-se rapidamente, em decorrência dos processos normais de maturação e indução da produção enzimática em resposta aos componentes da dieta. O fornecimento de dietas contendo lactose e proteínas de origem animal reduz a severidade do desafio nutricional imposto pelo desmame precoce.
Efird et al. (1982) avaliaram os efeitos de vários tipos de dieta inicial sobre o desenvolvimento do sistema digestivo de leitões após o desmame aos 21 dias. Os animais que receberam dieta contendo proteína de soja apresentaram maior crescimento do pâncreas, em relação ao peso corporal, que aqueles alimentados com dietas à base de proteínas do leite, o que pode ter decorrido da presença de fatores antinutricionais da soja.
Miller et al. (1986) estudaram a morfologia intestinal em leitões e verificaram que o desmame ocasionou redução na altura das vilosidades e aumento na profundidade das criptas do intestino delgado em leitões desmamados com quatro semanas de idade.
Cera et al. (1988) analisaram as alterações no jejuno de leitões desmamados aos 21 dias de idade e verificaram acentuada redução na altura das vilosidades no terceiro e sétimo dias pós-desmame e que a superfície das vilosidades do intestino delgado foi drasticamente alterada por um período de 7 a 14 dias após o desmame. Por isso, recomendaram o fornecimento de uma dieta de elevado valor nutricional e altamente digestível para os leitões durante os primeiros 14 dias pós desmame, para minimizar os efeitos das alterações digestivas que normalmente ocorrem nesse período.
Dunsford et al. (1989), trabalhando com leitões desmamados aos 21 dias de idade, observaram que os leitões que receberam ração à base de milho e farelo de soja apresentaram vilosidades deformadas, enquanto aqueles que receberam ração à base de farelo de soja, além das vilosidades deformadas, apresentaram também maior espessura da lâmina própria, sugerindo que a inclusão de altas concentrações de farelo de soja (32% ou 44%) na ração inicial de leitões acentua as alterações sobre o intestino delgado dos animais.
A escassez de informações de cunho prático que possam resolver os problemas de alimentação, que sérios prejuízos têm causado ao suinocultor, resultou na idéia de se desenvolver o presente trabalho, com o objetivo de avaliar fontes e níveis de proteína em rações iniciais para leitões desmamados aos 21 dias de idade.
Material e Métodos
Foram utilizados 416 leitões da linhagem Agroceres, desmamados com 21 dias de idade, distribuídos em 32 baias (unidades experimentais), compostas por 13 leitões cada, sendo sete machos e seis fêmeas.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado em um arranjo fatorial 2 x 2 x 2, onde foram estudados os fatores: tipos de dietas (soro de leite em pó e farinha de peixe+lactose), níveis de proteína bruta (20,0% e 24,0%) e pesos dos leitões ao desmame (< 6,0 e >6,0 kg), totalizando oito tratamentos com quatro repetições cada.
As rações utilizadas foram formuladas à base de milho e farelo de soja, segundo as recomendações de Easter et al. (1994), e a composição dos alimentos, segundo NRC (1998). A composição percentual e os níveis nutricionais calculados das rações experimentais encontram-se nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. A ração foi fornecida quatro vezes ao dia, de modo que não houvesse falta, nem fornecimento em excesso, evitando-se o desperdício e estimulando os animais a se alimentarem, com o fornecimento de ração nova, periodicamente.
Para desempenho, as características avaliadas foram o ganho de peso (kg), o consumo de ração (kg) e o índice de conversão alimentar (kg de ração/kg de ganho de peso). Todos os animais foram pesados no início do experimento (21 dias de idade) e no final (42 dias de idade), ocasião em que era realizado o controle do consumo das rações experimentais.
Com relação à morfologia intestinal, avaliaram-se a altura das vilosidades do duodeno (HVILOS), a profundidade das criptas (PCRIP) e a relação vilo:cripta (HVILOS/PCRIP), bem como a relação peso do pâncreas/peso carcaça. Para avaliação destas características foram abatidos aleatoriamente três animais por tratamento, no final do período experimental (42 dias de idade). Após o abate, o pâncreas foi retirado e pesado. Amostras da porção proximal do duodeno, com aproximadamente 1,0 cm de comprimento, foram colhidas de cada animal. Estas amostras foram abertas em sua borda mesentérica, lavadas, estendidas pela túnica serosa e fixadas em solução de Bouin. Do abate ao início da fixação, o tempo gasto não ultrapassou cinco minutos.
Depois de 24 horas na solução fixadora de Bouin, as amostras foram lavadas em álcool etílico a 70°GL e, a seguir, desidratadas em séries crescentes de alcoóis. Após a desidratação, foram recortadas, diafanizadas em benzol e incluídas em parafina, de modo que se obtivessem cortes longitudinais da mucosa intestinal.
Em cada lâmina histológica foram colocados seis cortes semi-seriados com 5 mm de espessura, sendo que de um corte ao subseqüente foram desprezados seis cortes. Foram feitas três lâminas de cada animal, onde os cortes foram corados segundo a técnica da hematoxilina de Harris-eosina.
Com as lâminas prontas, foram efetuadas 30 medidas de alturas de vilosidades (mm) e 30 de profundidade de criptas (mm) para cada segmento do duodeno coletado, o que possibilitou a obtenção da relação HVILOS/PCRIP do duodeno de cada animal.
As medidas de HVILOS foram tomadas a partir da região basal, que coincide com a porção superior das criptas, percorrendo-a longitudinalmente até seu ápice, e as criptas, da sua base até a região de transição cripta-vilosidade.
A análise morfométrica foi realizada em um sistema analisador de imagem da KONTRON ELEKTRONIK (Vídeo Plan), por meio de microscopia de luz, com um aumento de 230 vezes.
Os dados foram analisados utilizando o programa ESTAT (Sistema de Análises Estatísticas, 1994), desenvolvido pelo Departamento de Ciências Exatas da UNESP/FCAV. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, segundo as recomendações de Steel & Torrie (1980).
Resultados e Discussão
Os valores relativos ao desempenho de leitões desmamados alimentados com diferentes fontes e níveis protéicos no período de 21 a 42 dias são apresentados na Tabela 3. O menor peso dos leitões ao desmame (< 6,0 kg) resultou em animais com menor ganho de peso e consumo de ração comparado àqueles desmamados com peso acima de 6,0 kg. Isto foi observado por Mahan & Lepine (1991), que verificaram que os menores pesos ao desmame foram determinantes sobre o desempenho das fases subseqüentes, principalmente quando o desmame ocorreu com pesos entre 4,1 e 5,0 kg em comparação aos leitões que começaram a fase inicial com 5,5 a 6,8 kg ou 7,3 a 8,6 kg de peso. Esses dados são semelhantes àqueles encontrados por Bruininx et al. (2001) que trabalharam com três grupos de leitões cujos pesos iniciais foram de 6,7; 7,9 e 9,3 kg e ganhos de peso diário aos 34 dias de idade de 298, 320 e 345 g, respectivamente. Mahan et al. (1998) também constataram que o ganho de peso, independentemente da idade dos animais, é uma função direta do seu peso inicial.
Houve interação significativa (P<0,05) para ganho de peso entre os fatores tipos de dieta e níveis de proteína bruta. O respectivo desdobramento dos tratamentos evidenciou que a melhor dieta é a associação de farinha de peixe + lactose e 24% de proteína bruta (Tabela 4). O consumo de ração entre os leitões com peso ao desmame > 6,0 kg foi superior (P<0,05) ao dos leitões com menor peso ao desmame. Entretanto não houve diferença (P>0,05) para este parâmetro entre os tipos de dieta e entre os níveis de 20,0 e 24,0% de PB. A conversão alimentar foi melhor (P<0,05) para os animais que receberam ração contendo farinha de peixe mais lactose em relação aos alimentados com soro de leite em pó, ocorrendo o mesmo para os que receberam a dieta com 24,0% de PB, comparados aos que receberam dieta com 20,0%. Os melhores resultados foram observados para a combinação de farinha de peixe com lactose, que proporcionou os maiores ganhos de peso quando formuladas com 24% de PB e melhor conversão alimentar que a ração com soro de leite.
Robles (1993) ponderou que identificar os melhores ingredientes para as dietas dos leitões desmamados deve ser prioridade em qualquer programa de alimentação, considerando-se o preço, a disponibilidade e o valor nutritivo dos alimentos. No entanto, esses autores sugeriram que as dietas dos leitões devem conter ingredientes de maior digestibilidade, como são os produtos lácteos e os derivados de peixe.
Como proposto por Mahan et al. (1993), a lactose seria o dissacarídeo mais limitante para uma ração formulada à base de milho e farelo de soja. Portanto, parece que a combinação destes alimentos tem oferecido os melhores resultados, observando-se neste experimento o melhor ganho de peso pelo efeito do maior nível protéico da ração associado à combinação da farinha de peixe com lactose.
Estudando os melhores níveis de proteína bruta para leitões de 5 a 15 kg de peso vivo, recebendo rações à base de milho, farelo de soja e leite em pó, Donzele et al. (1992) obtiveram, para esta fase, exigências de 18,63% PB. Lima et al. (1990) verificaram que os níveis mais adequados foram de 22% PB para leitões do desmame aos 15 kg de peso vivo recebendo rações à base de milho e farelo de soja, cujo valor foi exatamente a média entre os níveis protéicos estudados. Embora não fosse realizada análise estatística para o peso final, e sim para o ganho de peso, observou-se média de ganho de peso final (14,45 kg) bastante semelhante àquela obtida por Lima et al. (1990).
As recomendações das principais tabelas de exigências nutricionais ainda oferecem diversas sugestões quanto às necessidades em proteína para a fase pós-desmame. Rostagno et al. (2000) sugerem que os níveis utilizados sejam de 21% para o período que compreende os pesos entre 6 e 15 kg de peso, enquanto o NRC (1998) recomenda níveis de 23,7% de PB, para o intervalo de 5 a 10 kg de peso, e de 20,9% de PB, de 10 a 20 kg. Baker (1998), por sua vez, comentando resultados de experimentos desenvolvidos na Universidade de Illinois, sugere para esta fase um esquema de alimentação dividido em três etapas, que compreenderiam os períodos de 7, 14 e 21 dias após o desmame, sendo recomendados pelos autores os níveis de 22, 20 e 18% de PB, respectivamente.
Com relação às características morfológicas do duodeno (Tabela 5), a maior média de VILOS foi encontrada em leitões de maior peso ao desmame e naqueles que receberam a dieta com farinha de peixe + lactose, o mesmo não ocorrendo com os leitões que receberam as rações com os mesmos níveis de proteína bruta. Não houve diferença entre a profundidade das criptas do duodeno dos leitões de diferentes pesos ao desmame, assim como entre os níveis de PB (P>0,05). Entretanto, os animais que receberam a ração com farinha de peixe + lactose tiveram maior PCRIP (P<0,05) que os que receberam a ração contendo soro de leite em pó.
A HVILOS e a PCRIP são afetados diretamente pela qualidade dos ingredientes da ração na fase pós-desmame, principalmente pela sua relação com a quantidade de ração consumida (Cline, 1992). Dunsford et al. (1989) consideraram que os melhores resultados para a digestibilidade dos nutrientes com rações contendo leite ou derivados lácteos, se deve ao equilíbrio da composição do leite, seja pela presença da lactose seja pela seqüência de aminoácidos em sua proteína. Pluske et al. (1996), estudando rações contendo leite de vaca, comprovaram que a atividade enzimática e a capacidade de absorção de nutrientes influenciam os parâmetros morfométricos, sendo que o leite de vaca melhorou o desempenho do animal comparado a rações formuladas apenas à base de proteína da soja.
Observou-se melhor estrutura da mucosa duodenal nos leitões do grupo mais pesado, o que evidencia relação direta entre este parâmetro e o peso do animal.
Embora não tenha sido observado efeito significativo da relação HVILOS/PCRIP, verificou-se tendência de maior relação quando os leitões consumiram a dieta contendo farinha de peixe +l actose, evidenciando melhor combinação da fonte protéica de origem animal com o dissacarídeo em estudo.
Quando os leitões mais pesados consumiram a ração contendo farinha de peixe+lactose, observou-se aumento estatisticamente significativo (P<0,05) da HVILOS, porém, torna-se difícil discutir o fato de a PCRIP também se apresentar estatisticamente superior (P<0,05), levando, por essa razão, a resultados semelhantes da relação entre esses dois parâmetros.
Para a característica relação peso do pâncreas/peso corporal (Tabela 5), não foram observadas diferenças estatísticas significativas (P>0,05). Registrou-se ainda que a relação peso pâncreas/peso carcaça foi numericamente maior nos leitões do grupo de menor peso ao desmame. Vale salientar que os trabalhos desenvolvidos por diferentes autores mostram que os efeitos são observados principalmente três dias após o desmame. Kelly et al. (1991) constataram que a relação entre o peso do pâncreas e o peso vivo aumenta quando medida aos 3, 5 e 7 dias após o desmame (1,60; 1,93 e 1,99 g de pâncreas/kg de peso vivo, respectivamente). Makkink et al. (1994) verificaram que esta relação foi de 1,53; 1,66; 1,59 e 1,27 g/kg em leitões abatidos aos 3 dias após o desmame quando receberam leite em pó, proteína isolada de soja, farinha de peixe e farelo de soja, respectivamente, observando que este grupo apresentou valores significativamente menores, porém aos seis dias essas diferenças desapareceram.
Não foram verificadas interações significativas dos dados referentes à morfologia intestinal do duodeno, tampouco para a relação peso do pâncreas/peso da carcaça.
Outras combinações de ingredientes, sobretudo daqueles de alta digestibilidade e elevado valor nutricional, precisam ser avaliadas para a alimentação dos leitões no período pós-desmame. Desenvolver outros estudos com alternativas nutricionais, seus níveis de inclusão e suas limitações constitui importante linha de pesquisa para nutrição e alimentação de suínos.
Conclusões
O ganho de peso diário é uma função direta do peso inicial dos animais. A conversão alimentar de leitões desmamados aos 21 dias de idade foi melhor nos leitões que receberam a ração contendo farinha de peixe + lactose que naqueles que consumiram a ração contendo apenas o soro de leite em pó. Para os níveis de proteína, observou-se que 24% PB nas rações foi mais eficiente, sobretudo com a combinação farinha de peixe + lactose.
Literatura Citada
Recebido em: 10/02/03
Aceito em: 23/09/04
1
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Authorship
Eurípedes Laurindo Lopes
Universidade Federal de Goiás, EV , Departamento de Produção Animal, Goiás, BrazilUniversidade Federal de GoiásBrazilGoiás, BrazilUniversidade Federal de Goiás, EV , Departamento de Produção Animal, Goiás, Brazil
Otto Mack Junqueira
UNESP, FCAVJ , Departamento de ZootecniaUNESPUNESP, FCAVJ , Departamento de Zootecnia
Lúcio Francelino Araújo
USP, FZEA , Departamento de ZootecniaUSPUSP, FZEA , Departamento de Zootecnia
Romão da Cunha Nunes
Universidade Federal de Goiás, EV , Departamento de Produção Animal, Goiás, BrazilUniversidade Federal de GoiásBrazilGoiás, BrazilUniversidade Federal de Goiás, EV , Departamento de Produção Animal, Goiás, Brazil
Karina Ferreira Duarte
UNESP, FCAVJ , Departamento de ZootecniaUNESPUNESP, FCAVJ , Departamento de Zootecnia
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UNESP, FCAVJ , Departamento de ZootecniaUNESPUNESP, FCAVJ , Departamento de Zootecnia
UNESP, FCAVJ , Departamento de ZootecniaUNESPUNESP, FCAVJ , Departamento de Zootecnia
Lopes, Eurípedes Laurindo et al. Protein sources and levels in the initial diets for piglets weaned at 21 days of age. Revista Brasileira de Zootecnia [online]. 2004, v. 33, n. 6 suppl 3 [Accessed 7 April 2025], pp. 2292-2299. Available from: <https://doi.org/10.1590/S1516-35982004000900015>. Epub 21 Sept 2010. ISSN 1806-9290. https://doi.org/10.1590/S1516-35982004000900015.
Sociedade Brasileira de ZootecniaUniversidade Federal de Viçosa / Departamento de Zootecnia, 36570-900 Viçosa MG Brazil, Tel.: +55 31 3612-4602, +55 31 3612-4612 -
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