Resumos
Neste trabalho é apresentada uma chave dicotômica de identificação de pupas de Simuliidae com registro de ocorrência para o Sudeste do Brasil. Nós incluímos as 49 espécies que apresentam a pupa descrita. Na chave, além de caracteres comumente usados (e.g. número dos filamentos branquiais, forma do ápice e forma do casulo), foram usados caracteres não usuais (largura e comprimento relativos dos filamentos branquiais; disposição espacial das brânquias; proporção entre comprimento da brânquia e comprimento do casulo; presença e posição do assoalho do casulo). É possível diferenciar 70% das espécies de Simuliidae do Sudeste do Brasil usando apenas caracteres da pupa. Este estágio, muitas vezes, é o único do qual se obtém uma identificação precisa.
Casulo; morfologia; neotropical; simulídeos; taxonomia
In this work is given a dichotomic identification key to pupae of Simuliidae recorded from Southeastern Region of Brazil. We included the 49 species which already have their pupae described. In the key, besides characters commonly used (e.g. number of gill filaments, shape of apex and shape of cocoon), we used unusual characters (relative width and length of gill filaments; spacial configuration of gills; proportion of gill length to cocoon length; presence and position of cocoon floor). It is possible to recognize 70% of Simuliidae species from Southeastern Region of Brazil only using pupae characters. Often, this is the unique stage which one can access a precise identification of the species.
Cocoon; morfology; Neotropical; simuliid; taxonomy
Chave de identificação de pupas de Simuliidae (Diptera) do sudeste do Brasil
Identification key to pupae of Simuliidae (Diptera) from Southeastern of Brazil
Leonardo H. Gil-AzevedoI, III; Nelson Ferreira Jr.II; Marilza Maia-HerzogI
ILaboratório de Simulídeos e Oncocercose, Departamento de Entomologia, Instituto Oswaldo Cruz. Avenida Brasil 4365, Manguinhos, Caixa Postal 926, 21045-900 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
IILaboratório de Entomologia, Departamento de Zoologia Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Caixa Postal 68044, 21944-970 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
IIIAutor para correspondência. E-mail: lhgazevedo@yahoo.com.br
RESUMO
Neste trabalho é apresentada uma chave dicotômica de identificação de pupas de Simuliidae com registro de ocorrência para o Sudeste do Brasil. Nós incluímos as 49 espécies que apresentam a pupa descrita. Na chave, além de caracteres comumente usados (e.g. número dos filamentos branquiais, forma do ápice e forma do casulo), foram usados caracteres não usuais (largura e comprimento relativos dos filamentos branquiais; disposição espacial das brânquias; proporção entre comprimento da brânquia e comprimento do casulo; presença e posição do assoalho do casulo). É possível diferenciar 70% das espécies de Simuliidae do Sudeste do Brasil usando apenas caracteres da pupa. Este estágio, muitas vezes, é o único do qual se obtém uma identificação precisa.
Palavras chave: Casulo, morfologia, neotropical, simulídeos, taxonomia.
ABSTRACT
In this work is given a dichotomic identification key to pupae of Simuliidae recorded from Southeastern Region of Brazil. We included the 49 species which already have their pupae described. In the key, besides characters commonly used (e.g. number of gill filaments, shape of apex and shape of cocoon), we used unusual characters (relative width and length of gill filaments; spacial configuration of gills; proportion of gill length to cocoon length; presence and position of cocoon floor). It is possible to recognize 70% of Simuliidae species from Southeastern Region of Brazil only using pupae characters. Often, this is the unique stage which one can access a precise identification of the species.
Key words: Cocoon, morfology, Neotropical, simuliid, taxonomy.
Os Simuliidae são objetos de diversos estudos sobre controle (ARAÚJO-COUTINHO et al.1988, REGIS et al. 2000), epidemiologia (SHELLEY et al. 1997, EATON et al. 1998) e ecologia de ambientes lóticos (BAPTISTA et al. 1998). Das 87 espécies de Simuliidae registradas no Brasil, 54 ocorrem na Região Sudeste (COSCARÓN 1991, CROSSKEY & HOWARD 1997, PEPINELLI et al. 2003, GIL-AZEVEDO & MAIA-HERZOG 2004, HAMADA & PEPINELLI 2004, GIL-AZEVEDO et al. 2005). Grande parte destas espécies foi bem descrita e ilustrada (D'ANDREATTA & D'ANDREATTA 1950, PY-DANIEL & COSCARÓN 1982, COSCARÓN, 1991). Entretanto, são escassas as chaves para identificação das espécies dessa família no Brasil (COSCARÓN 1991, SHELLEY et al. 1997, HAMADA & ADLER 2001), não havendo chaves para as espécies da Região Sudeste.
Para os Simuliidae o estágio pupal é de grande valor taxonômico (CROSSKEY 1990). Caracteres como o número e o formato dos filamentos branquiais e a forma do casulo são usados largamente para definição das espécies. Além disso, a exúvia pupal auxilia na identificação de adultos obtidos por emersão. A identificação das larvas de último estádio também é possível através da comparação entre os filamentos branquiais das pupas e das larvas dissecadas.
Neste trabalho foi elaborada uma chave de identificação de pupas das espécies de Simuliidae do Sudeste do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Neste estudo foram usadas pupas das 49 espécies de Simuliidae com registro de ocorrência para o Sudeste do Brasil que apresentam o estágio pupal descrito (COSCARÓN 1991, CROSSKEY & HOWARD 1997, PEPINELLI et al. 2003, GIL-AZEVEDO & MAIA-HERZOG 2004, HAMADA & PEPINELLI 2004, GIL-AZEVEDO et al. 2005).
Foi examinado material depositado nas Coleções de Simulídeos do Departamento de Entomologia, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCruz, Rio de Janeiro, Brasil (IOC; Lutz-IOC); na Coleção de Entomologia do Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (DZRJ); na Coleção Entomológica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil (INPA); na Coleção de Simulídeos do Museo Nacional de La Plata, La Plata, Argentina (MLP). Não foi possível examinar material de Simulium (Chirostilbia) friedlanderi Py-Daniel, 1987 e Simulium (Psilopelmia) shewellianum Coscarón, 1985. Estas espécies foram analisadas através de dados da literatura.
As pupas foram observadas em microscópio estereoscópio e, quando necessário, dissecadas e montadas entre lâmina e lamínula (CALVÃO-BRITO & MAIA-HERZOG, 2003), para observação em microscópio óptico. Foi usada a terminologia básica para morfologia de pupas (CROSSKEY 1990, STUART & HUNTER 1998).
Material examinado
Lutzsimulium flavopubescens (Lutz, 1910): Lutz-IOC: 5 pupas [em lâmina] (12.112, 12.133, 12.134, 12.136, 12.141) [Brasil, RJ, Itatiaia].
Lutzsimulium hirticosta (Lutz, 1909): IOC: 2 pupas (352-1; 352-2) [Brasil, SP, Serra da Bocaina]. 1 pupa [Brasil, RJ, Xerém (21/II/1979, Shelley leg.)]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RJ, Angra dos Reis (29/VIII/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, rota 101, Deseado (10/VII/1972, Coscarón leg.)].
Lutzsimulium pernigrum (Lutz, 1910): IOC: 7 pupas (343-7; 344-1; 344-11; 344-13; 347-37; 349-4; 349-7) [Brasil, SP, Serra da Bocaina]. 1 pupa (488-1) [Brasil, SP, Campos de Jordão]. MLP: 2 pupas [em lâmina] [Brasil, RS, Canela (07/XI/1981, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RJ, Itatiaia, 1.800m (24/I/1948, d'Andretta leg.)].
Simulium (Chirostilbia) acarayense Coscarón, 1972: MLP: 1 pupa [Brasil, RS, São Lourenço (24/XI/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Paraguai, R. Acaray (12/VII/1971, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Iguazú (10/VIII/1997, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, S.J. do Barreiro (30/VIII/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Barra do Turvo (30/VIII/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Chirostilbia) bifenestratum Hamada & Pepinelli, 2004: INPA: 9 pupas [4 em lâmina] [Brasil, SP, São José do Barreiro (16/V/2003, Hamada & Pepinelli leg.)].
Simulium (Chirostilbia) distinctum Lutz, 1910: IOC: 1 pupa (336-1) [Brasil, SP, Serra da Bocaina]. 5 pupas (441-1; 441-2; 441-5; 441-7; 442-3) [Brasil, MG, Pedralva]. 2 pupas (623) [Brasil, RJ, Rio de Janeiro, PN Tijuca]. MLP: 3 pupas (como S. pruimirimense) [Brasil, SP, Rio Pruimirim (24/V/1979, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa (como S. pruimirimense) [em lâmina] [Brasil, SP, Rio Pruimirim (29/V/1979, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa (como S. pruimirimense) [em lâmina] [Brasil, SP, Capivari, Est. Emílio Ribas (20/I/1952, M. Vulcano leg.)].
Simulium (Chirostilbia) empascae Py-Daniel & Moreira, 1988: DZRJ: 7 pupas [Brasil, RJ, Guapimirim, Rio Iconha (02/VIII/2001, Huamantinco & Nessimian leg.)]. IOC: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RJ, Rio de Janeiro, PN da Tijuca, Represa dos Ciganos (03/III/1983, Maia-Herzog & Carvalho leg.)]. MLP: 4 pupas [1 pupa em lâmina] [Brasil, SC, Joinville (11/VI/1986, Moreira, Sato & Seidel leg.)].
Simulium (Chirostilbia) laneportoi Vargas, 1941: MLP: 10 pupas [Brasil, RJ, Petrópolis (12/V/1979, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, AM Monjolinho, Durinhos (18/X/1986, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, MG, Serra do Cipó, Córrego Vitalino (X/1979, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, DF, Córrego Cachoeirinha (15/III/1975, A. Shelley leg.)].
Simulium (Chirostilbia) obesum Vulcano, 1959: MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Campos do Jordão].
Simulium (Chirostilbia) papaveroi Coscarón, 1982: MLP: 4 pupas [3 pupas em lâmina] [Brasil, MG, Jaboticatuba (28/IV/1973, Coscarón leg.)].
Simulium (Chirostilbia) pertinax Kollar, 1832 [in Pohl]: IOC: 23 pupas (622; 636; 638) [Brasil, RJ, Rio de Janeiro, PN Tijuca]. 8 pupas (637) [Brasil, MG, Carangola]. 7 pupas (257) [Brasil, DF, Brasília]. 3 pupas (466) [Brasil, MG, Delfim Moreira]. 1 pupa (454-12) [Brasil, SP, BR139]. 1 pupa (730-2) [Brasil, PR, Iguaranduva]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RS, Santana da Boa Vista (25/XI/2000, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Morangaba (14/20/V/1994, J. Campos leg.)].
Simulium (Chirostilbia) riograndense Py-Daniel, Souza & Caldas, 1988: MLP: 20 pupas [Brasil, RS, Vale dos Sinos (22/XI/2000, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa (como S. distinctum) [Brasil, SP, Itu, Pau d'Alho (06/IV/1979)]. 2 pupas [em lâmina] [Brasil, RS, Sarapiranga (28/VIII/1988, V. Py-Daniel leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RS, Ouro Fino (19/IV/1984, A. Lozovei leg.)].
Simulium (Chirostilbia) serranum Coscarón, 1981: MLP: 34 pupas [Brasil, MG, Jaboticatuba (28/IV/1975, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, MG, Jaboticatuba (28/IV/1973, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, MT, Chapada (05/II/1986, S. Coscarón leg.)].
Simulium (Chirostilbia) spinibranchium Lutz, 1910: IOC: 11 pupas (201) [Brasil, GO, Cristalina]. 21 pupas (223; 243) [Brasil, DF, Brasília]. 6 pupas (227; 234) [Brasil, GO, Niquelândia]. MLP: 4 pupas [Brasil, SC, São Bento do Sul (24/X/1979, S. Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, DF, Rio Descoberto (8/VI/1976, A. Shelley leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Botucatu (19/V/1986, S. Coscarón leg.)].
Simulium (Chirostilbia) subpallidum Lutz, 1910: IOC: 1 pupa (584) [Brasil, RJ, Teresópolis, Parque Nacional da Serra dos Orgãos]. 1 pupa (711-6) [Brasil, MG, Buritizeiro]. 1 pupa (732-1) [Brasil, PR, Foz do Iguaçú]. 2 pupas (1414) [Brasil, RN, Natal]. MLP: 1 pupa [Argentina, Misiones, San Ignácio (07/IV/1999, Coscarón leg.)]. 1 pupa [Argentina, Corrientes, Galarsa (02/VI/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, PR, Cambará (26/V/1984, Dellome leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Assis (10/IX/1983, Dellome leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, S.J. do Barreiro (30/VIII/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Hemicnetha) brachycladum Lutz & Pinto, 1932 [in Pinto]: IOC: 2 pupas (402) [Brasil, SP, Bananal]. 8 pupas (451) [Brasil, SP, BR139]. 1 pupa (453) [Brasil, MG, BR139]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, BR139 (15/V/1979, Shelley & Luna Dias leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, BA, Itabuna (07/VIII/1986, Coscarón leg.)].
Simulium (Hemicnetha) rubrithorax Lutz, 1909: IOC: 7 pupas (135) [Brasil, GO, Formosa]. 1 pupa (227) [Brasil, GO, Niquelândia]. 5 pupas (163) [Brasil, DF]. 4 pupas (443) [Brasil, MG, Pedralva]. 1 pupa (453) [Brasil, SP, Serra da Bocaina]. 1 pupa (402) [Brasil, SP, Bananal]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, S.J. do Barreiro (30/VIII/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, PR, Bairro dos França (II/1983)].
Simulium (Inaequalium) botulibranchium Lutz, 1910: IOC: 2 pupas (484) [Brasil, MG, Pedralva]. MLP: 2 pupas [em lâmina] [Argentina, Misiones, Oberá (07/II/1966, Bachmam leg.); 1115].
Simulium (Inaequalium) clavibranchium Lutz, 1910: IOC: 7 pupas (484; 582) [Brasil, MG, Pedralva]. 1 pupa (463) [Brasil, MG, BR459]. 1 pupa (462) [Brasil, SP, BR459]. 1 pupa (344) [Brasil, SP, Serra da Bocaina, Faz. do Bonito]. 1 pupa (586) [Brasil, RJ, Teresópolis, PNSO]. MLP: 1 pupa [Brasil, SP, Boracéia (30/X/1979, Coscarón leg.)]. 2 pupas [em lâmina] [121-10; 95.98].
Simulium (Inaequalium) diversibranchium Lutz, 1910: MLP: 1 pupa [Brasil, SP, Boracéia (31/X/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [Brasil, SP, Casagrande (25/VII/1979, Coscarón leg.)]. 3 pupas [em lâmina] [Argentina, Misiones, Campiña (21/VIII/1972, Coscarón leg.); 151.38].
Simulium (Inaequalium) inaequale (Paterson & Shannon, 1927): IOC: 7 pupas [Brasil, RJ, Rio Claro, Córrego Pouso Seco (15/V/1979, Shelley & Luna Dias leg.)]. MLP: 1 pupa [Argentina, Corrientes, Galaza (06/IV/2002, Coscarón leg.). 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones (Coscarón)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SC (G.Moreira leg.)].
Simulium (Inaequalium) mariavulcanoae Coscarón & Wygodzinsky, 1984: IOC: 2 pupas [Brasil, MG, Itamonte (07/VI/2004, Gil-Azevedo & Figueiró leg.)]. MLP: 3 pupas [em lâmina] [Brasil, SP, Boracéia, Salesópolis (13/X/1947, Travassos Filho leg.); 148-24; 147-30].
Simulium (Inaequalium) noguerai d'Andretta & Dolores González, 1964: MLP: 1 pupa [Brasil, RS, Santana da Boa Vista (25/XI/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Ao. Guaraypo (09/VIII/1997, Coscarón leg.)].
Simulium (Inaequalium) petropoliense Coscarón, 1981: MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RJ, Petrópolis (12/V/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Inaequalium) rappae Py-Daniel & Coscarón, 1981: IOC: 2 pupas (483) [Brasil, RJ, Itatiaia]. 1 pupa (472) [Brasil, MG, BR354]. MLP: 1 pupa [Brasil, SP, S.J. do Barreiro (30/VIII/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Boracéia, Rio Claro (25/VIII/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Inaequalium) souzalopesi Coscarón, 1981: MLP: 3 pupas [2 pupas em lâmina] [Brasil, RJ, Petrópolis (12/V/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Inaequalium) subclavibranchium Lutz, 1910: IOC: 7 pupas (484; 582) [Brasil, MG, Pedralva]. 1 pupa (463) [Brasil, MG, BR459]. 1 pupa (462) [Brasil, SP, BR459]. 1pupa (344) [Brasil, SP, Serra da Bocaina, Faz. do Bonito]. 1 pupa (586) [Brasil, RJ, Teresópolis, PNSO]. MLP: 1 pupa [Brasil, SP, Boracéia (30/X/1979, Coscarón leg.)]. 2 pupas [em lâmina] [121-10; 95.98].
Simulium (Inaequalium) subnigrum Lutz, 1910: IOC: 5 pupas (438; 440; 442) [Brasil, MG, Pedralva]. MLP: 1 pupa [Brasil, RS, Vale dos Sinos, Ao. Cascatinha (22/X/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Pto. Leoni (07/VII/2002, Coscarón leg.)].
Simulium (Inaequalium) travassosi d'Andretta & d'Andretta, 1947: MLP: 1 pupa [Brasil, SP, Bragança Paulista (08/V/1949, d'Andretta & d'Andretta leg.)]. 1 pupa [Brasil, SP, estrada velha de Santos (12/VI/1986, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Obiá (07/II/1966, Bachmam leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Boracéia (25/VII/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [1.107].
Simulium (Notolepria) paraguayense Schrottky, 1909: MLP: 1 pupa [Argentina, Misiones, Rio San Pedro (Coscarón, 08/IV/2002)]. 2 pupas [em lâmina] [Argentina, Misiones, Rio Uruguai (Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Cataratas Iguazú (Coscarón leg.)].
Simulium (Psaroniocompsa) anamariae Vulcano, 1962: IOC: 1 pupa [Brasil, RJ, Rio de Janeiro, PN Tijuca (21/II/1979, Shelley leg.)]. MLP: 1 pupa [Brasil, SP, Boracéia (03/X/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Boracéia (22/VI/1957, S. Medeiros leg.)].
Simulium (Psaroniocompsa) angrense Pinto, 1932: IOC: 1 pupa (737) [Brasil, SC, São Bento]. 5 pupas (728; 729) [Brasil, PR, Guararuva]. 1 pupa (734) [Brasil, PR, Clevelândia]. MLP: 1 pupa [Brasil, RJ, Angra dos Reis, Córrego da Gloria (29/VIII/1979)]. 2 pupas [em lâmina] [SP, S.J. do Barreiro (30/VIII/1979, Coscarón leg.)].
Simulium (Psaroniocompsa) auripellitum Enderlein, 1934: IOC: 1 pupa (736-3) [Brasil, PR, Mafranegrinho]. MLP: 1 pupa [Brasil, MG, Serra do Cipó, Córrego Vitalino (06/XI/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Uruguai, Calpica (03/V/1984, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [182.1].
Simulium (Psaroniocompsa) auristriatum Lutz, 1910: MLP: 1 pupa [Brasil, MG, Serra do Cipó, Córrego Vitalino (6/XI/1979, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Boracéia, Salesópolis (13/X/1947, d'Andretta leg.)].
Simulium (Psaroniocompsa) brevifurcatum Lutz, 1910: IOC: 1 pupa (352-1) [Brasil, SP, Serra da Bocainam Faz. do Bonito (06/IV/1978, Shelley & Luna Dias leg.)]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Itú].
Simulium (Psaroniocompsa) incrustatum Lutz, 1910: IOC: 1 pupa [Brasil, PR, Foz do Iguaçu (731-2)]. 1 pupa [Brasil, PR, Guararuva (730-3)]. 1 pupa [Brasil, SC, São Bento (738-1)]. 1 pupa [Brasil, SP, Serra da Bocaina, Faz. do Bonito (350)]. 1 pupa [Brasil, MG, Delfim Moreira (466-1)]. 1 pupa [Brasil, RJ, Itaguaí (622-2)]. MLP: 1 pupa [Brasil, RS, Rio dos Sinos (22/XI/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa. [em lâmina] [Argentina, Corrientes, San Tomé (17/VII/1972, Coscarón leg.)]. 1 pupa. [em lâmina] [Equador, Mindo (08/VII/2001, Coscarón leg.)].
Simulium (Psaroniocompsa) minusculum Lutz, 1910: IOC: 1 pupa (535-4) [Brasil, RR, Cachoeira do Bem Querer (19/XI/1980, Luna Dias & Shelley leg.)]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RR, Rio Surumu (28/X/1987)].
Simulium (Psaroniocompsa) stellatum Gil-Azevedo et al. 2005: IOC: 10 pupas [5 em lâmina] [Brasil, MG, Itamonte (07/VI/2004, Gil-Azevedo & Figueiró leg.)].
Simulium (Psilopelmia) dinellii (Joan, 1912): MLP: 1 pupa [Argentina, Jujuy, Normento (20/I/1998, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SC, Joinville (01/X/1986, Moreira e Seidel leg.)].
Simulium (Psilopelmia) perflavum (Roubaud, 1906): IOC: 2 pupas (586) [Brasil, MG, Pedralva]. 1 pupa (397-20) [Brasil, RO, Igarapé Bate Estaca]. 1 pupa (115A) [Brasil, GO, Mambai]. 1 pupa (158A) [Brasil, DF]. 2 pupa (345) [Brasil, SP, Serra da Bocaina, Faz. do Bonito]. 1 pupa (315) [Brasil, RR, Igarapé Carana]. 1 pupa (863-1) [Brasil, SC, Lontra]. MLP: 1 pupa [Argentina, Corrientes, Galarza (01/VI/2000, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Ao. Del Valle (08/IV/2002, Coscarón leg.)].
Simulium (Psilopelmia) lutzianum Pinto, 1932: MLP: 1 pupa [Equador, Cañer Sacramento (31/XI/1986, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Peru, Tingo Maria (02/X/1983, Coscarón leg.)].
Simulium (Trichodagmia) guianense Wise, 1911: IOC: 1 pupa (908). MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RR, Missão Mucajaí (05/VII/77, Shelley leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, RR, Rio Uraricoera (23/X/1987, Coscarón leg.)].
Simulium (Trichodagmia) hirtipupa Lutz, 1910: IOC: 3 pupas (453) [Brasil, MG, BR139, Faz. Barra do Turvo]. 2 pupas (714) [Brasil, MG, Buritizeiro]. MLP: 1 pupa [em lâmina].
Simulium (Trichodagmia) itaunense d'Andretta & Dolores González, 1964: MLP: 2 pupas [1 pupa em lâmina] [Brasil, RS, Canela, Caracol (16/I/1999, Coscarón leg.)].
Simulium (Trichodagmia) nigrimanum Macquart, 1838: IOC: 4 pupas (243) [Brasil, DF]. MLP: 1 pupa [em lâmina] [Brasil, DF, Rio descoberto (08/VI/1976, Shelley leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Brasil, SP, Chavantes (Coscarón leg.)].
Simulium (Trichodagmia) orbitale Lutz, 1910: MLP: 1 pupa [Brasil, RS, São Nicolau (09/I/1999, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Oberá (30/X/1981, Coscarón leg.)]. 1 pupa [em lâmina] [Argentina, Misiones, Cataratas (17/X/1974, Coscarón leg.)].
Simulium (Trichodagmia) scutstriatum Lutz, 1909: MLP: 3 pupas [2 pupas em lâmina] [Brasil, MG, Serra do Cipó, Jaboticabal (04/VII/74, Sozima leg.)].
Morfologia do estágio pupal e do casulo
A pupa de Simuliidae apresenta duas regiões distintas, cefalotórax e abdome. O cefalotórax é dividido em uma cápsula cefálica e uma cápsula torácica. A cápsula torácica apresenta um par de brânquias arborescentes. Cada brânquia é ramificada em filamentos branquiais, que variam em número, forma, textura e configuração. No cefalotórax são encontrados tricomas (estruturas sensoriais, semelhantes a cerdas longas), que podem variar de simples a ramificados. Utilizando microscópio é possível observar estruturas do tegumento, denominadas tubérculos. (CROSSKEY 1990, STUART & HUNTER 1998) (Figs 1 e 2).
O casulo apresenta forma de sapato ou de chinelo, com teto (região principal do casulo e que cobre a pupa) e assoalho (região ventral do casulo, em algumas espécies ausente). O conjunto de tramas de seda compactamente organizadas que dá forma ao teto é denominado matriz. O casulo possui uma abertura na região anterior, que pode apresentar uma borda definida ou não. Esta borda pode apresentar estruturas de proteção, como reforço na borda (trama mais densa e endurecida), colar (borda formando um círculo completo fusionada ventralmente), projeção ântero-dorsal e cesto (várias projeções originadas na borda que se entrelaçam). A fixação do casulo ao substrato ocorre de duas formas: por expansões laterais (se fixa com a parte interna do teto do casulo) ou por abas de adesão (se fixa com a parte externa do teto do casulo) (CROSSKEY 1990, STUART & HUNTER 1998). (Figs 1 e 2).
Chave de identificação para pupas do sudeste do Brasil
12'. Casulo transparente (não denso) (Fig. 4); sem reforço na borda (Fig. 4); cápsulas cefálica e torácica com poucos tubérculos agrupados em algumas regiões ................................................................................... S. (T.) guianense
14. Filamentos branquiais expostos; 6 ou 8 filamentos branquiais terminais se 8 filamentos, casulo escuro (denso) (Figs 5 e 16) e com cesto (Fig. 16) ........................................................S. (Hemicnetha) .......................... 15
22'. Filamentos branquiais de calibre uniforme .................................................. 23
DISCUSSÃO
Caracteres da pupa e do casulo são largamente utilizados na taxonomia dos Simulídeos neotropicais, dentre os quais: número, forma do ápice e superfície dos filamentos branquiais; tipo e distribuição dos tubérculos do cefalotórax; forma do casulo, organização das tramas do teto, aspecto da borda anterior e presença de projeção ântero-dorsal (COSCARÓN 1991, SHELLEY et al. 1997, HAMADA & ADLER 2001). Neste trabalho foram acrescentados caracteres não usuais, como: largura e comprimento relativos dos filamentos branquiais; disposição espacial das brânquias; proporção entre comprimento da brânquia e comprimento do casulo; presença e posição do assoalho do casulo.
Usando apenas caracteres do estágio pupal é possível diferenciar facilmente 36 das 49 espécies de Simuliidae do Sudeste do Brasil. Além disso, muitas vezes, este é o único estágio através do qual se obtém uma identificação mais precisa.
Simulium (Psilopelmia) é uma exceção dentre os subgêneros neotropicais, pois não é possível diferenciar grande parte das espécies do subgênero apenas usando caracteres da pupa. Não foi possível diferenciar, através das pupas, as quatro espécies do subgênero encontradas na Região Sudeste. Entretanto, é possível diferenciá-las usando fêmeas adultas.
Não foi possível diferenciar com caracteres da pupa as espécies do grupo S. incrustatum (S. angrense, S. auripellitum e S. incrustatum) e duas das espécies do grupo S. subpallidum (S. acarayense e S. subpallidum). Além disso, dois conjuntos de espécies dentro do grupo S. inaequale (S. clavibranchium e S. subclavibranchium) e (S. noguerai e S. subnigrum) apresentam diferenças sutis entre si, o que gera problemas na identificação. No entanto, essas dificuldades não são amenizadas utilizando-se qualquer dos outros estágios. Sugerimos que as espécies dos grupos S. inaequale, S. incrustatum e S. subpallidum sejam revisadas.
AGRADECIMENTOS
Aos Doutores Sixto Coscarón (MLP) e Neusa Hamada (INPA) que gentilmente permitiram o acesso às suas respectivas coleções. Ao Dr. Guilherme Muricy (MNRJ-UFRJ) pelo auxílio na redação do trabalho e revisão. Aos Doutores Jorge Nessimian (IB-UFRJ), Cátia Mello-Patiu (MNRJ-UFRJ) e Carlos Coutinho (IOC-FIOCRUZ) pela revisão. A Amanda Mendes (MNRJ-UFRJ) pela revisão do inglês e auxílio na edição das figuras. A Viviane Alecrim (IB-UFRJ), André dos Santos (IB-UFRJ), Arion Aranda (IOC-FIOCRUZ) e Dr. Alcimar Carvalho (MNRJ-UFRJ) por testarem a chave de identificação. Este trabalho foi apresentado pelo primeiro autor, no Departamento de Zoologia, IB, UFRJ, como requisito para conclusão do curso de Ciências Biológicas, Modalidade Zoologia. Este trabalho teve apoio financeiro do PIBIC/CNPq.
Recebido em 10.I.2005; aceito em 21.VIII.2005.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
01 Nov 2005 -
Data do Fascículo
Set 2005
Histórico
-
Aceito
21 Ago 2005 -
Recebido
10 Jan 2005