O peixe Antártico Notothenia coriiceps Richardson, 1844 habita meios com variações fóticas diária e anual e as células da retina se adaptam morfologicamente a esta luminosidade ambiental. Dois grupos de peixes foram aclimatados durante sete dias à luz constante ou ao escuro constante. Após secção medular, as retinas foram extraídas e processadas para microscopia de luz e microscopia eletrônica de transmissão. No epitélio pigmentar da retina adaptado sete dias ao escuro, os pigmentos de melanina agregam-se na base coroidal das células epiteliais pigmentares e macrófagos são encontrados no interior do processos apicais entre as células fotorreceptoras. No epitélio adaptado sete dias à luz os pigmentos de melanina se dispõem ao longo das projeções apicais das células epiteliais pigmentares e os macrófagos são ausentes. A região supranuclear dos cones adaptados sete dias à luz possui um citoplasma menos elétron denso devido a presença de canais do retículo endoplasmático que se dilatam aumentando o seu lúmen. As mitocôndrias existentes no segmento interno dos cones adaptados à luz são maiores, e menos elétron densas. As diferenças na morfologia dos cones e nas células epiteliais pigmentares indicam que N. coriiceps possui mecanismos celulares de ajustes na retina provavelmente otimizando a capacidade visual em diferentes situações de luz.
Fotorreceptor; movimento retinomotor; variação fótica