RESUMO
Objetivo:
identificar os fatores preditivos de letalidade e complicações associados às infecções dos espaços fasciais profundos do pescoço, com intuito de estabelecer tratamento mais precoce antes de evolução para a mediastinite.
Métodos:
estudo retrospectivo de 133 casos, tratados na Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Por meio da análise de regressão logística, estes dados foram estudados para a predição de letalidade e complicações graves (mediastinite, choque séptico, empiema pleural, pneumonia e necrose de pele).
Resultados:
a taxa de letalidade identificada foi de 9% e, de complicações de 50,3%. Identificou-se como fator preditivo de letalidade, a presença de choque séptico (p<0,001) e, para o ocorrência de complicações, a idade (p=0,017) e o acometimento de mais de dois espaços anatômicos (p<0,001). A ocorrência de mediastinite descendente necrosante esteve associada à presença de fasciíte necrosante (p=0,012) e empiema pleural (p<0,001).
Conclusão:
o fator preditivo de letalidade foi a presença de choque séptico e, para ocorrência de complicações graves, a idade e/ou a presença de mais de dois espaços anatômicos acometidos pela infecção. A fasciíte necrosante é fator importante para ocorrência de complicações e morte. Nestes casos, a conduta cirúrgica deve ser mais agressiva. A mediastinite descendente apresenta taxa de letalidade alta e o sucesso no tratamento está no diagnóstico precoce e na intervenção cirúrgica agressiva.
Palavras chave:
Infecção; Pescoço; Fasciíte Necrosante; Mortalidade; Mediastinite