RESUMO
Introdução:
embora seja uma doença rara, a imunodeficiência comum variável (IDCV) destaca-se como a imunodeficiência primária sintomática mais frequente. Os portadores são propensos a uma série de infecções bacterianas recorrentes, além do risco de desenvolver doenças autoimunes e neoplasias incluindo o câncer gástrico (CG). Apesar do risco reconhecido, não existem protocolos específicos padronizados para o manejo do CG nesses pacientes, de modo que os resultados oncológicos relatados são variados. Assim, esse estudo tem como objetivo descrever as características clinicopatológicas e prognóstico de pacientes com IDCV submetidos ao tratamento cirúrgico do CG.
Métodos:
foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes com CG submetidos a tratamento cirúrgico entre 2009 e 2020. Posteriormente foram identificados pacientes com diagnóstico de IDCV e esse grupo foi comparado com o restante dos pacientes sem nenhuma imunodeficiência.
Resultados:
dentre os 1101 pacientes com CG avaliados no período, 10 apresentavam algum tipo de imunodeficiência e 5 foram diagnosticados com IDCV. Os pacientes com IDCV apresentaram idade menos avançada, menor IMC e lesões com menor diâmetro em comparação aqueles sem IDCV. Quatro pacientes foram submetidos à gastrectomia curativa e um paciente realizou jejunostomia. Dois pacientes foram a óbito (1 paliativo e 1 curativo) e um paciente apresentou recidiva da doença. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação à incidência de complicações pós-operatórias e sobrevida entre os grupos avaliados.
Conclusão:
a incidência IDCV nos pacientes com CG submetidos à tratamento cirúrgico foi de 0,5% ocorrendo em idade menos avançada mas sem diferença com relação aos resultados cirúrgicos e oncológicos.
Palavras-chave:
Neoplasias Gástricas; Imunodeficiência de Variável Comum; Epidemiologia; Fatores de Risco; Oncologia Cirúrgica