RESUMO
Antecedentes:
o câncer do coto ou remanescente gástrico (CRG) se desenvolve cinco anos ou mais após a ressecção gástrica por lesão benigna ou maligna. O tratamento é realizado através da gastrectomia total complementar (GTC) com linfadenectomia. Alguns relatos consideram que esse procedimento pode estar associado a maiores taxas de morbimortalidade.
Objetivo:
avaliar os resultados cirúrgicos e a sobrevida após GTC em pacientes com CRG.
Métodos:
54 pacientes submetidos a GTC entre 2009 e 2019 foram incluídos no estudo. Como grupo de comparação, foram selecionados 215 pacientes com câncer gástrico primário (CGP) submetidos à gastrectomia total (GT) no mesmo período.
Resultados:
dentre as características iniciais, a idade média (68,0 vs. 60,5; p <0,001), os valores de hemoglobina (10,9 vs. 12,3; p <0,001) e o índice de massa corporal (22,5 vs. 24,6; p = 0,005) diferiram entre os grupos CRG e CGP, respectivamente. As complicações pós-operatórias mais frequentes foram pulmonares, infecciosas e fístulas nos dois grupos. Houve maior incidência de fístula esofagojejunal no grupo GTC (14,8% vs 6,5%, p = 0,055). A mortalidade perioperatória foi maior nos pacientes com CRG (9,3% vs. 5,1%), mas sem significância (p = 0,329). O tempo de internação hospitalar, complicações pós-operatórias (Clavien-Dindo), mortalidade aos 30 e 90 dias não foram diferentes entre os grupos. Não houve diferença significativa na sobrevida livre de doença e global entre os grupos CRG e CGP.
Conclusão:
apesar dos relatos anteriores, os resultados cirúrgicos e a sobrevida foram semelhantes entre os grupos. Maior risco de fístula esofagojejunal dever ser considerado.
Palavras chave:
Neoplasias Gástricas; Análise de Sobrevida; Complicações Pós-Operatórias; Coto Gástrico