Resumo
We report a rare cause of pyloric stenosis caused by migration of surgical clips into a duodenal ulcer following laparoscopic cholecystectomy. Even after endoscopic removal of the clips the inflammatory reaction during the healing process caused a stenosis of the pylorus that eventually required a truncal vagotomy and gastroenterostomy.
Pyloric stenosis; Complication of laparoscopic cholecystectomy; Surgical clip migration
Pyloric stenosis; Complication of laparoscopic cholecystectomy; Surgical clip migration
RELATOS DE CASOS
Migração de clipe metálico para úlcera duodenal após colecistectomia videolaparoscópica
Ligaclip migration into a duodenal ulcer following laparoscopic cholecystectomy
Luciano Dias de Oliveira Reis TCBC-PRI; Júlio Cezar Uili Coelho TCBC-PRII; Celso Augusto Milani Cardoso FilhoIII
ICirurgião do Hospital Nossa Senhora da Saúde de Santo Antonio da Platina, Paraná
IIProfessor Titular e Coordenador da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Universidade Federal do Paraná
IIIAcadêmico de Medicina
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Dr. Júlio Coelho R. Bento Viana, 1140, ap. 2.202 80240-110 Curitiba-PR
ABSTRACT
We report a rare cause of pyloric stenosis caused by migration of surgical clips into a duodenal ulcer following laparoscopic cholecystectomy. Even after endoscopic removal of the clips the inflammatory reaction during the healing process caused a stenosis of the pylorus that eventually required a truncal vagotomy and gastroenterostomy.
Key words: Pyloric stenosis; Complication of laparoscopic cholecystectomy; Surgical clip migration.
INTRODUÇÃO
A colecistectomia laparoscópica é hoje o método cirúrgico de eleição para a remoção da vesícula biliar, sendo uma técnica segura, eficiente, com rápida recuperação pós-operatória e baixo índice de complicações. A migração de clipes metálicos após este procedimento é extremamente rara1-5. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de migração de clipe metálico para o interior de uma úlcera duodenal após colecistectomia laparoscópica.
RELATO DO CASO
Paciente feminina de 58 anos apresentou, em julho de 1998, dor epigástrica intensa, dispepsia, vômitos e emagrecimento. Relatava que tinha sido submetida à colecistectomia laparoscópica sem intercorrências seis meses antes e que após melhora transitória foi internada com epigastralgia e vômitos. Naquela ocasião tinha sido diagnosticada úlcera duodenal através de uma endoscopia digestiva alta. Os sintomas tinham melhorado temporariamente com o tratamento clínico.
Ao exame físico apresentava arritmia cardíaca (extra-sístoles freqüentes), sinais de emagrecimento e edema de membros inferiores. A pressão arterial era de 130/80mm de Hg, a temperatura de 36,5ºC e o peso de 52 quilogramas.
Uma outra endoscopia digestiva alta identificou dois clipes metálicos no assoalho de uma grande úlcera duodenal crônica em atividade (Figura 1). A paciente foi inicialmente tratada com omeprazol e cisaprida, com bom resultado, mas os sintomas recidivaram após a retirada dos medicamentos. O exame contrastado do trato gastrointestinal alto confirmou a posição dos clipes metálicos (Figura 2).
Os clipes metálicos foram retirados por via endoscópica. Posteriormente, a paciente foi reinternada com síndrome de estenose pilórica e submetida à vagotomia troncular com gastrojejunostomia.
DISCUSSÃO
É clássica a afirmação de que material de sutura inabsorvível não deve ser usado para ligar o ducto cístico, pois pode migrar para a via biliar e ser responsável pela formação de cálculos biliares. Tal fato pode acontecer com clipes metálicos usados na ligadura do ducto e artéria cística durante a colecistectomia laparoscópica.
Migração de clipes para o interior da via biliar tem sido relatada após colecistectomia laparoscópica1,2,5. Há também relato de migração de clipe para o interior de úlcera duodenal após colecistectomia laparoscópica tecnicamente difícil seguida de fístula biliar no primeiro dia do pós-operatório3. O clipe provavelmente migrou diretamente através da primeira porção do duodeno que foi lesada durante a dissecção difícil, resultando em ulceração do duodeno. Endoscopia realizada seis meses mais tarde revelou cura da úlcera com expulsão espontânea do corpo estranho metálico.
Neste caso, nos foi relatado que a colecistectomia transcorreu sem dificuldades. É possível que a paciente já fosse portadora de úlcera duodenal e que, no pós-operatório, a parede duodenal ficou aderida aos clipes do pedículo biliar e ao leito hepático como resultado do processo normal de cicatrização. Mais tarde os clipes migraram para dentro da ulcera duodenal. Com a irritação crônica causada pela úlcera, agravada pela presença do corpo estranho firmemente aderido no assoalho da mesma, necessitando de extração endoscópica traumática, esse processo cicatricial exacerbou-se causando estenose pilórica.
Para prevenir esse tipo de complicação recomenda-se muito cuidado na dissecção do duodeno durante a colecistectomia laparoscópica e que a colocação dos clipes seja muito cuidadosa. Em caso de má colocação de clipes na artéria e ducto cístico, os mesmos devem ser removidos e outros clipes deverão ser tecnicamente bem recolocados.
Recebido em 14/08/2001
Aceito para publicação em 26/03/2002
Trabalho realizado no Hospital Nossa Senhora da Saúde de Santo Antonio da Platina, Paraná.
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- 4. Reis LDO. Surgical clips Incorporated into a duodenal ulcer: A rare complication after elective laparoscopic cholecystectomy. Endoscopy 2000, 32:S3
- 5. Enns R, Bronw JA, Tiwari P and Amar J. Mirizzi's Syndrome after Cholecystectomy. Gastrointest Endoscopy 2001, 53:629.
Endereço para correspondência:
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Out 2008 -
Data do Fascículo
Ago 2002
Histórico
-
Recebido
14 Ago 2001 -
Aceito
26 Mar 2002