Síndrome da ressecção anterior do reto: fatores preditivos.

estudo de coorte retrospectivo de pacientes submetidos à ressecção anterior do reto entre 2007 e 2017 no Serviço de Coloproctologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Foram realizadas análises de curva ROC (Receiver Operating Characteristic Curve Analysis) ou COR (Característica de Operação do Receptor) para identificar os fatores preditivos da SRAR.

Resultados:

foram incluídos 64 pacientes com dados completos. A idade dos homens foi de 60,1±11,4 anos e 37,10% eram do sexo masculino. Vinte pacientes (32,26%) apresentaram SRAR. Os sintomas mais relatados foram evacuação incompleta (60%) e urgência (55%). Na análise univariada, a distância da anastomose à margem anal (p<0,001), terapia neoadjuvante (p=0,0014) e confecção de ileostomia no momento da ressecção (p=0,0023) foram preditivos da SRAR. Análise da curva ROC mostrou um ponto de corte de 6,5cm na distância da anastomose à margem anal como preditor da SRAR.

Conclusão:

distância entre anastomose e margem anal, história de terapia neoajuvante e confecção de estoma são condições que podem ajudar a predizer o desenvolvimento da SRAR. A orientação e o envolvimento na educação do paciente, bem como, o manejo precoce podem reduzir potencialmente o impacto desses sintomas na qualidade de vida dos pacientes.

Descritores:
Cirurgia Colorretal; Complicações Pós-Operatórias; Neoplasias Retais; Anastomose Cirúrgica; Estomas Cirúrgicos.

Variável
Idade (anos), média ± desvio padrão	60,1±11,4
Sexo^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Masculino	23 (37,10%)
Feminino	39 (62,90%)
Tabagismo^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Ex	14 (22,58%)
Atual	9 (14,52%)
Nunca	39 (62,90%)
Etilismo^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Ex	5 (8,06%)
Atual	1 (1,61%)
Nunca	56 (90,32%)
Pontos CCI^ CCI: Charlson comorbidity index;
0	2 (3,22%)
1	5 (8,06%)
2	16 (25,81%)
3	15 (24,19%)
4	5 (8,06%)
5	11 (17,74%)
6	6 (9,68%)
7	1 (1,61%)
8	1 (1,61%)
Cirurgia pélvica prévia^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	13 (20,97%)
Não	49 (79,03%)
Diagnóstico para indicação cirúrgica^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Neoplasia	42 (66,13%)
Patologia não maligna	20 (32,26%)
Local do tumor, se neoplasia^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Reto distal	1 (2,44%)
Reto médio	14 (34,15%)
Reto proximal	9 (21,95%)
Junção retossigmoide	4 (9,76%)
Cólon sigmoide	13 (31,71%)
Estadiamento TNM, se neoplasia^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
T0	3 (7,32%)
T1	4 (9,76%)
T2	14 (34,15%)
T3	15 (36,58%)
T4	5 (12,19%)
Neoadjuvância, se neoplasia^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	13 (31,71%)
Não	28 (68,29%)
Tipo de anastomose^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Manual	20 (32,26%)
Grampeada	42 (67,74%)
Distância anastomose à margem anal (cm)^† † Mediana (intervalo interquartil 25%-75%).	10,00 (6,25-12,00)
Confecção de estoma protetor^* * Frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	31 (50%)
Não	31 (50%)
Tempo pós-retossigmoidectomia para fechamento do estoma (meses)^† † Mediana (intervalo interquartil 25%-75%).	7,36 (4,70-10,92)

Variável
Sintomas SRAR^* * SRAR: síndrome de ressecção anterior do reto;
Sim	20 (32,26%)
Não	42 (67,74%)
Tipo de sintoma relatado^ frequência absoluta (frequência relativa);
Incontinência fecal	7 (35%)
Urgência fecal	11 (55%)
Evacuação incompleta	12 (60%)
Diarreia	9 (45%)
Constipação/Evacuação obstruída	9 (45%)
Queixas sexuais	1 (5%)
Sintomas urinários	4 (20%)
Tempo pós-operatório até início dos sintomas (meses)^† † mediana (intervalo interquartil 25%-75%).	3.35 (2,22-5,75)
Diagnóstico de SRAR^ frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	15 (24,19%)
Não	47 (75,81%)
Forma de diagnóstico^ frequência absoluta (frequência relativa);
Clínico	13 (86,67%)
Clínico associado a exames complementares	2 (13,33%)
Tipo de tratamento^ frequência absoluta (frequência relativa);
Fisioterapia pélvica apenas	1 (6,67%)
Tratamento farmacológico apenas	12 (80%)
Fisioterapia e tratamento farmacológico	2 (13,33%)
Relato de melhora dos sintomas^ frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	11 (73,33%)
Não	3 (20%)
Não relatado	1 (6,67%)
Relato de melhora completa dos sintomas^ frequência absoluta (frequência relativa);
Sim	6 (40%)
Não	8 (53,33%)
Não relatado	1 (6,67%)

Variável	Com SRAR^* * SRAR: síndrome de ressecção anterior do reto; (N=20)	Sem SRAR^* * SRAR: síndrome de ressecção anterior do reto; (N=42)	p
Sexo masculino^ frequência absoluta (frequência relativa);	5 (25%)	18 (42,86%)	0,2804
Idade (em anos), média±DP	61,86±11,32	59,31±11,51	0,4143
Tabagismo^ frequência absoluta (frequência relativa);			1,00
Ex	4 (20%)	10 (23,81%)
Atual	3 (15%)	6 (14,29%)
Nunca	13 (65%)	26 (61,9%)
Etilismo^ frequência absoluta (frequência relativa);			1,00
Ex	2 (10%)	3 (7,14%)
Atual	0 (0%)	1 (2,38%)
Nunca	18 (90%)	38 (90,48%)
História de cirurgia pélvica prévia^ frequência absoluta (frequência relativa);	7 (35%)	6 (14,29%)	0,1237
CCI^* ***** CCI: Charlson comorbidity index;	3 (2,5-5)	3 (2-5)	0,2789
Estadiamento TNM, se neoplasia^ frequência absoluta (frequência relativa);			0,0773
T0	3 (18,75%)	0 (0%)
T1	1 (6,25%)	3 (12%)
T2	6 (37,5%)	8 (32%)
T3	6 (37,5%)	9 (36%)
T4	0 (0%)	5 (20%)
Realização de neoajduvância, se neoplasia^ frequência absoluta (frequência relativa);	10 (62,5%)	3 (12%)	0,0014
Tipo de anastomose^ frequência absoluta (frequência relativa);			1,00
Manual	6 (30%)	14 (33,34%)
Grampeada	14 (70%)	28 (66,66%)
Distância anastomose - margem anal (cm)^† † mediana (intervalo interquartil 25%-75%);	5 (3-10)	12 (9-15)	<0,001^§ § análises nas quais foi observada significância estatística (p<0,05).
Distância anastomose - margem anal (cm)^ frequência absoluta (frequência relativa);			<0,001^§ § análises nas quais foi observada significância estatística (p<0,05).
<8cm	14 (73,68%)	9 (23,08%)
>8cm	5 (26,32%)	30 (76,92%)
Confecção de estoma protetor^ frequência absoluta (frequência relativa);	16 (80%)	15 (35,71%)	0,0023^§ § análises nas quais foi observada significância estatística (p<0,05).
Tempo até fechamento do estoma (meses)^† † mediana (intervalo interquartil 25%-75%);	7,61 (5,93-8,86)	7,36 (4-11,83)	0,9213
Local do tumor, se neoplasia^ frequência absoluta (frequência relativa);			0,0056^§ § análises nas quais foi observada significância estatística (p<0,05).
Reto distal	0 (0%)	1 (4%)
Reto médio	10 (62,5%)	4 (16%)
Reto proximal	4 (25%)	5 (20%)
Junção retossigmoide	1 (6,25%)	3 (12%)
Cólon sigmoide	1 (6,25%)	12 (48%)

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[1] Endereço para correspondência: Paula Heroso Moreira E-mail: paulaheroso@gmail.com / fernanda.miacci@gmail.com