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Tradução e adaptação para o processo de validação transcultural da Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication (FIATS-AAC)

RESUMO

Objetivo:

apresentar os dados do processo de validação teórica e de validação de face da Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication para o contexto brasileiro.

Métodos:

as etapas incluíram tradução inicial, tradução conciliada, avaliação de conteúdo por especialistas, retrotradução e validação de face. Participaram do estudo pesquisadores, tradutores bilíngues e juízes especialistas na área da Comunicação Alternativa e Ampliada.

Resultados:

a análise das traduções e retrotradução mostrou alta fidedignidade em grande parte dos itens, com algumas discrepâncias que foram ajustadas conforme a experiência dos profissionais da área. A validação de face contou com a participação de pais/cuidadores de crianças/adolescentes usuários de Comunicação Alternativa e Ampliada, resultando em ajustes nos itens que geraram dúvidas.

Conclusão:

o estudo conclui que os objetivos da pesquisa foram alcançados, contribuindo para o seguimento do processo de validação das propriedades psicométricas da escala, a fim de contribuir com a disponibilização de uma ferramenta que possibilite avaliar o impacto do uso do recurso de comunicação alternativa sob a perspectiva da família.

Descritores:
Auxiliares de Comunicação para Pessoas com Deficiência; Avaliação de Programas e Instrumentos de Pesquisa; Estudo de Validação

ABSTRACT

Purpose:

to present data from the theoretical validation and face validation of the Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication for the Brazilian context.

Methods:

an initial translation, a reconciled translation, a content assessment by experts, a back-translation, and face validation. Researchers, bilingual translators, and judges specialized in alternative and augmented communication, participated in the study.

Results:

the analysis of the translations and back-translations showed high reliability in most items, with some discrepancies adjusted according to the experience of professionals in the area. The face validation included the participation of parents/caregivers of children/adolescents who use alternative and augmented communication, resulting in adjustments to the items that generated questions.

Conclusion:

the study concludes that the research objectives were achieved, contributing to the continuity of the validation process of the scale’s psychometric properties, thus, providing a tool that assesses the impact of using alternative communication resources from the family's perspective.

Keywords:
Communication Aids for Disabled; Evaluation of Research Programs and Tools; Validation Study

INTRODUÇÃO

Sistemas de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) têm como finalidade promover e viabilizar a interação entre pessoas que apresentam necessidades complexas de comunicação e seus parceiros. Esses instrumentos desempenham um papel essencial na ampliação das oportunidades de engajamento social, permitindo não somente a interação com seus coetâneos, mas também com diversos outros interlocutores. Nesse contexto, é possível inferir que a implementação da CAA pode ser um fator determinante para o estabelecimento de uma comunicação eficaz, almejando uma maior conexão social, o desenvolvimento linguístico, o progresso intelectual e cognitivo, assim como a simplificação das atividades rotineiras¹.

Indivíduos que apresentam necessidades complexas de comunicação podem recorrer a meios alternativos à fala para estabelecerem interações verbais, considerando que a linguagem falada pode não se mostrar abrangente ou eficaz em todas as situações em que estão inseridos. Nesse cenário, a adoção da CAA pode representar um canal para aprimorar a manifestação das suas necessidades e emoções, abrindo caminho para uma comunicação com propósito e eficiência. Para alcançar tal objetivo, é importante que uma comunicação de caráter colaborativo seja estabelecida, abrangendo todos os interlocutores. Esse princípio implica que todos adotem a CAA, contribuindo para a construção de um ambiente que fomente inclusão e prontidão para acolher as manifestações comunicativas. Isso se deve à relevância que os interlocutores desempenham no processo de modelação, contextualização e desenvolvimento de pontos de referência para a criança22. Heinrichs CNV. Implementação do PECS para uma criança com autismo e seus parceiros de comunicação na educação infantil [Dissertation]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná; 2020.,33. Bonotto RCS. Uso da Comunicação Alternativa no autismo: um estudo sobre a mediação com baixa e alta tecnologia [Dissertation]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016..

Contudo, a efetividade da CAA depende grandemente da compreensão que a família e outros participantes da comunicação possuem em relação ao propósito e funcionamento desses recursos e sistemas44. Tetzchner SV. Suporte ao desenvolvimento da comunicação suplementar alternativa. In: Deliberato D, Gonçalves MJ, Macedo EC, editors. Comunicação alternativa: teoria, prática, tecnologias e pesquisa. São Paulo: Memnon Edição Científicas; 2009. p. 14-27.. De acordo com a pesquisa conduzida por pesquisadores da área55. Manzini MG, Cruz DMC, Almeida MA, Martinez CMS. Programa de comunicação alternativa para uma criança com paralisia cerebral e seus parceiros de comunicação: um estudo de delineamento de múltiplas sondagens. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(4):553-70. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000400002
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, ficou evidente que a elevação na qualidade da interação comunicativa resultou da capacidade dos parceiros de comunicação em oferecer estímulos físicos e/ou verbais à criança, o que ressalta mais uma vez a indispensabilidade do conhecimento abrangente da CAA por parte dos interlocutores.

Considerando que a família desempenha um papel fundamental enquanto interlocutora no desenvolvimento infantil, torna-se evidente a relevância do envolvimento dos pais e/ou cuidadores nesse processo55. Manzini MG, Cruz DMC, Almeida MA, Martinez CMS. Programa de comunicação alternativa para uma criança com paralisia cerebral e seus parceiros de comunicação: um estudo de delineamento de múltiplas sondagens. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(4):553-70. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000400002
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. Nessa perspectiva, é crucial que os pais detenham o conhecimento necessário para auxiliar as crianças com as competências básicas destinadas a uma comunicação eficaz em todos os contextos nos quais estão inseridas, e como destacado por autores22. Heinrichs CNV. Implementação do PECS para uma criança com autismo e seus parceiros de comunicação na educação infantil [Dissertation]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná; 2020.,66. Ferreira-Donati GCF. Programa de educação familiar a distância em linguagem e comunicação suplementar e alternativa [Thesis]. São Paulo (SP): Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista; 2016., essa tarefa não se resume apenas à aquisição de informações, mas também requer um apoio dedicado para abordar as complexidades inerentes à educação de crianças e adolescentes com necessidades complexas de comunicação.

Dentro desse cenário, é crucial buscar estratégias para capacitar e apoiar as famílias nesse processo. Isso envolve o fornecimento de ferramentas e conhecimento que lhes permitam desempenhar um papel mais eficaz na promoção da comunicação de seus filhos, de acordo com as recomendações55. Manzini MG, Cruz DMC, Almeida MA, Martinez CMS. Programa de comunicação alternativa para uma criança com paralisia cerebral e seus parceiros de comunicação: um estudo de delineamento de múltiplas sondagens. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(4):553-70. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000400002
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É comum que famílias de crianças com necessidades complexas de comunicação se deparem com a necessidade de alterações na sua dinâmica e na rotina diária. Essas mudanças muitas vezes requerem a adoção de novas estratégias para enfrentar as demandas singulares dessas situações. Dentro desse contexto, é fundamental reconhecer a relevância das variáveis parentais como um recurso para a compreensão das necessidades dessas famílias77. Azevedo TL, Cia F, Spinazola CC. Correlação entre o relacionamento conjugal, rotina familiar, suporte social, necessidades e qualidade de vida de pais e mães de crianças com deficiência. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(2):205-18. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000200002
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Isso implica que a compreensão da forma como os pais e cuidadores de crianças com necessidades complexas de comunicação lidam com as mudanças e as exigências diárias pode proporcionar informações importantes sobre as necessidades dessas crianças e as estratégias mais eficazes para apoiar essas famílias. Autores77. Azevedo TL, Cia F, Spinazola CC. Correlação entre o relacionamento conjugal, rotina familiar, suporte social, necessidades e qualidade de vida de pais e mães de crianças com deficiência. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(2):205-18. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000200002
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ressaltam que fatores parentais, como níveis de estresse e suporte social, podem ter um impacto direto sobre o bem-estar e a qualidade de vida dessas famílias.

Portanto, a partir dessa perspectiva existem dados importantes para a compreensão e apoio das necessidades das famílias desde o nascimento da criança. Isso inclui desenvolvimento de políticas e programas de apoio eficazes que sejam sensíveis às diferenças individuais, garantindo que os recursos essenciais estejam disponíveis para essas famílias. O principal objetivo dessas políticas e programas é minimizar os impactos sobre todos os membros da família88. Spinazola CC, Cia F, Azevedo TL, Gualda DS. Crianças com deficiência física, síndrome de down e autismo: comparação de características familiares na perspectiva materna na realidade brasileira. Rev. Bras. Educ. Espec. 2018;24(2):199-216. https://doi.org/10.1590/S1413-65382418000200004
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,99. Pavão MR, Gualda DS, Cia F, Santos LS, Christovam ACC. Rotina e necessidades de apoio: relato de familiares de crianças de zero a dois anos Público Alvo da Educação Especial. Rev. Educ. Espec. [journal on the internet]. 2018 [accessed 2023 nov 6]; 31(61):447-62. Available at: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/26233
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Nesse sentido, para desenvolver um trabalho eficaz com as famílias, torna-se essencial compreendê-las, reconhecendo a sua importância intrínseca para o desenvolvimento das crianças e apreciando o papel significativo desempenhado por cada um dos pais nesse processo e na execução das responsabilidades parentais. Diante desse cenário, é relevante que as investigações relacionadas às famílias de crianças com deficiência não se restrinjam à avaliação dos aspectos físicos e emocionais dos responsáveis, mas devem também abranger um suporte e assistência práticos e concretos que estejam à disposição dessas famílias77. Azevedo TL, Cia F, Spinazola CC. Correlação entre o relacionamento conjugal, rotina familiar, suporte social, necessidades e qualidade de vida de pais e mães de crianças com deficiência. Rev. Bras. Educ. Espec. 2019;25(2):205-18. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000200002
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Na busca de recursos que possam guiar o processo de implementação e acompanhamento da CAA no contexto familiar, observou-se que no Brasil existem várias pesquisas que descrevem o uso de uma variedade de instrumentos e protocolos de avaliação. A título de exemplo, um estudo1010. Coelho PSO, Valle K, Carmo GP, Santos TRM, Nascimento JS, Pelosi MB. Sistematização dos procedimentos para a implementação da comunicação alternativa e ampliada em uma UTI geral. Cad. Bras. Ter. Ocup. 2020;28(3):829-54. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1930
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detalhou a sistematização dos procedimentos para a implementação da CAA em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral. Em contrapartida, outros estudos1111. Paula KMP, Enumo SRF. Avaliação assistida e comunicação alternativa: procedimentos para a educação inclusiva. Rev. bras. educ. espec. 2007;13(1):3-26. https://doi.org/10.1590/S1413-65382007000100002
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,1212. Moreschi CL, Almeida MA. A comunicação alternativa como procedimento de desenvolvimento de habilidades comunicativas. Rev. bras. educ. espec. 2012;18(4):661-76. https://doi.org/10.1590/S1413-65382012000400009
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apresentam, respectivamente, diretrizes relacionadas à avaliação assistida e à CAA.

Adicionalmente, pesquisadores1313. Aquino AB, Cavalcante TCF. Avaliação da linguagem em crianças com deficiência intelectual no contexto de escolarização formal. Rev. Educ. Espec. [journal on the internet]. 2020 [accessed 2023 nov 6]; 33(11):1-24. Available at: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/39733
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,1414. Quiterio PL, Gerk E, Nunes LROP. Avaliação multimodal das habilidades sociais de estudantes com paralisia cerebral usuários de comunicação alternativa. Rev. Educ. Espec [journal on the internet]. 2017 [accessed 2023 nov 6]; 30(58):455-70. Available at: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/24735
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empregaram instrumentos de avaliação voltados para a linguagem e habilidades sociais em crianças com deficiência intelectual e paralisia cerebral, respectivamente, como parte de suas investigações. Destaca-se também o Questionário de Necessidades de Informação em Linguagem e Comunicação Alternativa (QNILCA-F), como uma ferramenta voltada para avaliar as necessidades de informação das famílias em relação à CAA1515. Ferreira-Donati GC, Deliberato D. Questionário de Necessidades de Informação em Linguagem e Comunicação Alternativa (QNILCA-F) - Versão para família. Rev. bras. educ. espec. 2017;23(1):53-66. https://doi.org/10.1590/S1413-65382317000100005
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Um recurso importante é o Protocolo de Avaliação Neurofuncional para Comunicação Alternativa e Ampliada, que tem como objetivo a mensuração do tônus muscular e da funcionalidade em crianças e adolescentes com dificuldades motoras1616. Queiroz IP, Menezes EC, Santos IMB, Goes UM, Givigi RCN. Validation of the Neurofunctional Evaluation Protocol for Alternative and Augmentative Communication. Rev. CEFAC. 2018;20(3):291-303. https://doi.org/10.1590/1982-0216201820318017
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. Outro trabalho relevante foi o estudo que desenvolveu e validou um instrumento de avaliação de linguagem sob a perspectiva da CAA1717. Wolff LMG, Cunha MC. Script for language assessment on Augmentative and Alternative Communication perspective: Construction and content validation. Audiol., Commun. Res. 2018;23(2044):1-8. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2044
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. Este instrumento abrange uma série de itens que avaliam as habilidades comunicativas em diversos níveis, englobando tanto as habilidades de compreensão como as de produção de linguagem, bem como as estratégias de comunicação e os recursos que os usuários da CAA estão fazendo uso1717. Wolff LMG, Cunha MC. Script for language assessment on Augmentative and Alternative Communication perspective: Construction and content validation. Audiol., Commun. Res. 2018;23(2044):1-8. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2044
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No entanto, ainda não foram encontrados no contexto do Brasil instrumentos que abordassem o impacto da implementação do recurso de CAA sob a perspectiva dos familiares ou responsáveis.

A escala Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication (FIATS-AAC) foi estruturada com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), por uma equipe de pesquisadores e profissionais ligados ao Holland Bloorview Kids Rehabilitation Hospital e à Universidade de Toronto, situados no Canadá1818. Delarosa E, Horner S, Eisenberg C, Ball L, Renzoni AM, Ryan SE. Family impact of Assistive Technology Scale: Development of a measurement scale for parents of children with complex communication needs. Augment. Altern. Commun. 2012;28(3):171-80. https://doi.org/10.3109/07434618.2012.704525 PMID: 22946992.
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. A finalidade de sua criação é entender como a dinâmica funciona tanto na família quanto na vida da criança, em áreas diretamente afetadas pela implementação bem-sucedida da CAA. Além disso, a escala visa traçar um panorama abrangente do impacto derivado da incorporação de sistemas de CAA no cotidiano familiar. É importante ressaltar que o envolvimento da família no processo de implementação de recursos de CAA desempenha um papel de destaque, dado que os membros familiares desempenham o papel de interlocutores primários. Eles possuem uma compreensão íntima dos cenários em que a criança está inserida e, portanto, estão capacitados a contribuir significativamente na seleção do vocabulário a ser adotado na CAA, de acordo com as experiências vivenciadas em sua rotina diária.

O instrumento de avaliação é constituído por um questionário destinado à participação dos responsáveis, o qual tem como finalidade avaliar os elementos contextuais e funcionais que envolvem tanto a criança (comportamento, satisfação, realização de atividades, educação, comunicação face a face, autoconfiança e versatilidade social) quanto à unidade familiar (alívio do cuidador, energia, papéis familiares, finanças, segurança e supervisão), os quais exercem influência na rotina diária das crianças que utilizam de meios alternativos de comunicação. Este instrumento destina-se ao público infantojuvenil, variando entre 3 e 18 anos de idade. O questionário compreende um total de 13 dimensões, das quais sete competem à criança e as restantes seis se referem aos familiares, sendo avaliados por meio de 89 itens. As dimensões que serão alvo de mensuração e avaliação são classificadas e graduadas mediante a aplicação de uma escala Likert composta por sete níveis (variando de 7 para "concordo totalmente" até 1 para "discordo totalmente"). A avaliação global resulta da agregação das médias das pontuações atribuídas às 13 categorias, com uma variação possível entre 13 e 91. Quanto mais elevada for a pontuação alcançada, mais elevado é o nível de funcionalidade e adaptação do sistema de CAA no âmbito familiar.

Além disso, derivadas da FIATS-AAC, já foram validadas as versões simplificadas FIATS-AAC38, reduzida a 38 itens e a Face-to-Face (F2FC), reduzida a 8 itens. Ambas foram desenvolvidas destinadas a servir como indicadores funcionais em serviços e pesquisas de grande escala, onde não seria viável a aplicação da versão completa com os 89 itens.

O desenvolvimento da FIATS-AAC contou com a participação de mais de trezentos pais de crianças ou adolescentes com necessidades complexas de comunicação, conforme detalhado no Manual do instrumento, versão 2.0, da FIATS-AAC1919. Ryan SE, Renzoni AM. FIATS-AAC Manual (Version 2.0). Toronto: Bloorview Research Institute; 2019. Available at: https://hollandbloorview.flintbox.com/technologies/ae1ef6f8-878b-4dd8-a45b-9f7f73894fee
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. A contribuição dos interlocutores é considerada um fator de extrema importância, pois, de acordo como destacado por autores2020. Manzini MG, Martinez CMS, Lourenço GF, Oliveira BB. Formação de interlocutores de uma criança com paralisia cerebral para o uso da comunicação alternativa. Cad. Bras. Ter. Ocup. [journal on the internet]. 2017 [accessed 2023 nov 6]; 25(3):553-64. Available at: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/1872
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, esse tipo de envolvimento possibilita que o público-alvo da intervenção pudesse estabelecer uma comunicação adequada, apoiando-se no conhecimento que seus interlocutores detêm em relação ao recurso de CAA implementado e aos objetivos que almejam em função de suas necessidades pré-estabelecidas.

Os estudos de avaliação psicométrica da escala2121. Ryan SE, Shepherd TA, Renzoni AM, Servais M, Kingsnorth S, Laskey C et al. Responsiveness of a parent-reported outcome measure to evaluate AAC interventions for children and youth with complex communication needs. Augment. Altern. Commun. 2018;34(4):348-58. https://doi.org/10.1080/07434618.2018.1520296 PMID: 30369273.
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,2222. Kron AT, Kingsnorth S, Wright FV, Ryan SE. Construct validity of the family impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication. Augment. Altern. Commun. 2018;34(4):335-47. https://doi.org/10.1080/07434618.2018.1518993 PMID: 30369255.
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apontam para uma validade interna e confiabilidade adequadas, tanto da FIATS-AAC quanto de suas derivações, a FIATS-AAC38 e a F2FC. É importante ressaltar que a escala e suas versões simplificadas foram sujeitas a processos de validação e estão acessíveis em diversos idiomas, incluindo as versões turca2323. Simsek TT, Simsek IE, Ryan SE, Yakut Y, Uygur F. The Turkish version of the family impact of Assistive Technology Scale: A validity and reliability study. Scand. J. Occup. Ther. 2012;19(6):515-20. https://doi.org/10.3109/11038128.2012.696141 PMID: 22774875.
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, italiana2424. Carloni J, Magni R, Veglio E, Ryan SE, Gherardini A, Desideri LF. Translation and preliminary validation of the Italian version of the Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication (FIATS-AAC.it). Technol. Disabil. 2020;32(2):129-35. http://dx.doi.org/10.3233/TAD-200261
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e norueguesa2525. Fjeldvang RT, Nordaas MG. Norsk tilpasning av kartleggingsverktøyet Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication [Dissertation]. Kongsberg (NO): Universidade do Sudeste da Noruega, 2020.,2626. Fjeldvang RT, Nordaas MG, Von Tetzchner S, Stadskleiv K. Measuring impact of augmentative and alternative communication interventions: Adapting the Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication (FIATS-AAC-No) for use in Norway. Augment. Altern. Commun. 2023;39(3):170-80. http://dx.doi.org/10.1080/07434618.2023.2170276 PMID: 37539681.
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, evidenciando a contribuição deste instrumento para o campo da CAA.

O acesso a um instrumento padronizado e confiável desempenha um papel importante para profissionais que utilizam a CAA em sua prática, pois ele pode ter a função de orientar a atuação e identificar áreas que necessitam de atenção no contexto familiar. Isso possibilita intervenções mais eficazes e direcionadas às necessidades reais da família, conforme indicado na FIATS-AAC. Além disso, a utilização de instrumentos reconhecidos internacionalmente promove a criação de um vocabulário comum entre profissionais e pesquisadores, o que permite a comparação de resultados e a busca por melhores práticas2727. Almohalha L. Tradução, adaptação cultural e validação do Infant Sensory Profile 2 e do Toddler Sensory Profile 2 para crianças brasileiras de 0 a 35 meses [Thesis]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2018.,2828. Coster WJ, Mancini MC. Recomendações para a tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a pesquisa e a prática em Terapia Ocupacional. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. [Journal on the internet]. 2015 [accessed 2023 nov 6]; 26(1):50-7. Available at: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/85280
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Seguindo princípios da psicometria, destaca-se a importância de garantir a validade e a legitimidade do conteúdo traduzido, exigindo métodos teóricos e empíricos para assegurar a validade e a confiabilidade do instrumento em contextos culturais diversos2929. Pasquali L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2003.. Esse processo demanda a aplicação de procedimentos tanto teóricos quanto empíricos para assegurar que o instrumento seja válido e confiável em contextos culturais distintos. Durante o processo de tradução transcultural, é essencial considerar as diferenças linguísticas, culturais e conceituais para garantir a compreensão e a aplicabilidade3030. Nunes AC. Adaptação transcultural e validação da escala Evaluación de las necesidades familiares para uso com famílias brasileiras de crianças e adolescentes com deficiência [Thesis]. São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos; 2019..

Para garantir que o resultado da avaliação seja confiável, é fundamental abordar esses aspectos, considerando a diversidade cultural entre o país de origem e o país onde o instrumento será utilizado2727. Almohalha L. Tradução, adaptação cultural e validação do Infant Sensory Profile 2 e do Toddler Sensory Profile 2 para crianças brasileiras de 0 a 35 meses [Thesis]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2018.,2828. Coster WJ, Mancini MC. Recomendações para a tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a pesquisa e a prática em Terapia Ocupacional. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. [Journal on the internet]. 2015 [accessed 2023 nov 6]; 26(1):50-7. Available at: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/85280
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. Além disso, é importante considerar não apenas os itens já incluídos na escala, mas também possíveis necessidades específicas da população-alvo que podem não estar cobertas no instrumento original3030. Nunes AC. Adaptação transcultural e validação da escala Evaluación de las necesidades familiares para uso com famílias brasileiras de crianças e adolescentes com deficiência [Thesis]. São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos; 2019..

O procedimento inicial realizado na validação transcultural de um instrumento é a adaptação cultural do mesmo, envolvendo tradução e adaptação para a cultura-alvo, mantendo a equivalência conceitual, semântica, idiomática e cultural2929. Pasquali L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2003.. Para orientar esse processo, autores3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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,3232. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
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propõem diretrizes amplamente aceitas, incluindo traduções independentes e comparações para criar uma versão de consenso. A validade de face, que avalia a aparência apropriada e relevante do instrumento para a população-alvo, é parte integrante desse processo3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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As diretrizes, sugeridas por alguns autores2828. Coster WJ, Mancini MC. Recomendações para a tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a pesquisa e a prática em Terapia Ocupacional. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. [Journal on the internet]. 2015 [accessed 2023 nov 6]; 26(1):50-7. Available at: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/85280
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,3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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32. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
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-3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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, podem orientar o processo de adaptação e validação. Essas etapas envolvem tradução inicial, tradução conciliada, avaliação por especialistas, retrotradução e pré-teste, garantindo que o instrumento seja válido e confiável em diferentes contextos culturais3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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.

Para iniciar o processo de validação de face, é essencial entender que este é um procedimento contínuo, podendo ser conduzido paralelamente a outras etapas da adaptação transcultural, como a validade de conteúdo e de construto3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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,3434. Gudmundsson E. Guidelines for translating and adapting psychological instruments. Nord. Psychol. 2009;61(2):29-45. http://dx.doi.org/10.1027/1901-2276.61.2.29
http://dx.doi.org/10.1027/1901-2276.61.2...
. A realização de um estudo inicial com uma amostra limitada da população-alvo desempenha um papel fundamental na avaliação da compreensão e clareza dos itens, bem como das instruções de aplicação. Essa abordagem auxilia na identificação de possíveis problemas relacionados à adaptação cultural e na melhoria da elaboração dos itens3232. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
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,3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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.

Nesse sentido, realizar um estudo preliminar com a população-alvo é essencial para o processo de validação transcultural, pois auxilia na identificação e correção de possíveis intercorrências na adaptação do instrumento, garantindo que ele seja compreensível e aceitável para o público-alvo.

Frente a essa perspectiva, o presente artigo tem como objetivo apresentar os dados do processo de validação teórica3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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e de validação de face3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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,3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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da Family Impact of Assistive Technology Scale for Augmentative and Alternative Communication para o contexto brasileiro.

MÉTODOS

A pesquisa conta com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (CEP-UFSCar), Brasil, sob o número de protocolo CAAE: 40037420.2.0000.5504 e número do parecer do CEP: 5.121.479. Os participantes foram devidamente informados sobre os objetivos da pesquisa e forneceram seu consentimento mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas cópias. É relevante destacar que o grupo de pesquisa recebeu a devida autorização da instituição que detém os direitos autorais, bem como dos autores responsáveis pela escala FIATS-AAC original, a fim de conduzir o presente estudo. O uso integral do instrumento, em total conformidade com as diretrizes estabelecidas, foi consentido, acatando todas as orientações acordadas para o decorrer do processo.

Este estudo se configura dentro de uma investigação metodológica de natureza transversal, adotando uma abordagem quantitativa. A pesquisa está embasada na literatura referente às boas práticas vinculadas ao processo de tradução e validação de instrumentos, visando assegurar a confiabilidade e a equivalência cultural. Para atingir este propósito, o processo de tradução, adaptação cultural3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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e verificação das propriedades psicométricas necessita ser conduzido com rigor metodológico, de forma a garantir a adequação semântica, de conteúdo, técnica, de critério e cultural3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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32. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
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-3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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.

Validação Teórica

Participantes

Nesta etapa do estudo participaram um membro do grupo de pesquisa que possui proficiência no idioma inglês e familiaridade com a temática da pesquisa, juntamente com um tradutor bilíngue, cujo idioma nativo é o português do Brasil, responsáveis pela fase inicial de tradução. Adicionalmente, foram envolvidos três especialistas da área, selecionados com base em seus perfis curriculares registrados na Plataforma Lattes, com o propósito de avaliar o conteúdo. Para a fase de retrotradução, contou-se com a contribuição de um segundo tradutor bilíngue, cuja língua materna é o inglês.

Materiais

No estudo, os materiais utilizados foram a escala FIATS-AAC, composta por 89 itens, e suas versões reduzidas: a FIATS-AAC38, compreendendo 38 itens, e a Face-to-Face, com um conjunto de 8 itens.

Adicionalmente, com o propósito de documentar tanto os elementos de concordância quanto os de discordância identificados nas versões traduzidas, bem como as decisões adotadas para a redação final, foi empregado o Protocolo para a Tradução Conciliada. Também foi elaborado e compartilhado um Protocolo de Avaliação de Equivalência Semântica, Idiomática, Experiencial e Conceitual. Este protocolo foi apresentado aos juízes com o intuito de coletar suas perspectivas quanto à concordância ou discordância com a sugestão traduzida em relação ao conteúdo original da escala, possibilitando também que sugerissem alterações caso divergissem da tradução proposta.

Procedimentos

Os seguintes procedimentos foram conduzidos de acordo com a abordagem delineada por autores da área3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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. Estas etapas referem-se à tradução inicial e conciliada para o português do Brasil, retrotradução do instrumento e análise de equivalência dos itens do instrumento relacionados ao conteúdo.

a) Tradução inicial:

A FIATS-AAC foi originalmente desenvolvida em inglês por pesquisadores do Canadá. Portanto, para dar início à adaptação e utilização deste instrumento no contexto brasileiro, o primeiro passo envolveu a realização da tradução inicial. Esse processo foi conduzido por uma integrante do grupo de pesquisa em conjunto com uma linguista, ambas trabalhando de maneira independente. A linguista, que foi previamente contatada, recebeu o FIATS-AAC por e-mail para realizar a tradução. Posteriormente, o instrumento traduzido foi devolvido para ser incorporado à pesquisa.

Nesta fase, procedeu-se com a tradução de todos os 89 itens inclusos no instrumento, tendo em vista sua posterior análise durante a etapa de tradução conciliada. Notou-se que tanto a versão reduzida FIATS-AAC38 quanto a Face-to-Face foram originadas a partir da escala completa composta por 89 itens. Portanto, foi requerida a tradução somente da FIATS-AAC.

b) Tradução conciliada:

Posteriormente às duas traduções realizadas na etapa anterior, foi conduzida a fase de tradução conciliada. As pesquisadoras pertencentes ao grupo de pesquisa, que detinham proficiência na língua inglesa e familiaridade com o tópico abordado pelo instrumento, procederam à análise das traduções de todos os itens. O objetivo foi identificar os pontos de convergência e divergência entre as traduções. Para tal análise, adotou-se o Protocolo de Tradução Conciliada, desenvolvido especificamente para este estudo.

c) Avaliação de conteúdo por especialistas:

Nesta fase, três juízes experts na área foram selecionados como participantes, referenciados como J1, J2 e J3, após suas competências terem sido validadas por meio de suas realizações registradas na Plataforma Lattes. Estes três especialistas possuíam um domínio do idioma inglês e desempenhavam funções docentes e de pesquisa em universidades públicas brasileiras, dois deles no estado de São Paulo e um no estado do Rio Grande do Norte, todos com mais de 20 anos de experiência no campo da CAA.

Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi desenvolvido e compartilhado com os especialistas, fornecendo uma breve contextualização sobre a escala, sua finalidade, bem como um convite para analisar os itens traduzidos do instrumento. Após aceitarem a participação, aos especialistas foi disponibilizado um Protocolo de Avaliação de Equivalência Semântica, Idiomática, Experiencial e Conceitual, contendo as opções escolhidas para a tradução conciliada.

Esse protocolo também incluiu campos para coletar informações dos especialistas, como nome, idade, formação, principal área de atuação, tempo de experiência em CAA e competência no idioma inglês. O protocolo foi enriquecido com definições legíveis para cada forma de equivalência a ser avaliada, juntamente com sete diretrizes sobre como preencher o quadro de comparação. Esse documento foi compartilhado por meio de correio eletrônico com os três especialistas, que, por sua vez, revisaram os itens e remeteram suas concordâncias, discordâncias e sugestões também via e-mail. Posteriormente, todos os itens foram reexaminados e ajustados conforme as orientações dos mesmos.

d) Retrotradução:

Após a etapa de avaliação de conteúdo por especialistas e adaptação dos itens, a escala traduzida para a língua portuguesa foi encaminhada a um tradutor independente cuja língua materna é o inglês e que não tinha conhecimento prévio do conteúdo da mesma. Esse tradutor então refez a tradução do instrumento de volta para o inglês, permitindo-nos examinar possíveis discrepâncias que pudessem surgir durante a retrotradução para a língua original.

Após a conclusão da retrotradução, a escala foi reenviada por e-mail às pesquisadoras, agora na versão em inglês. Os termos que se apresentaram diferentes na retrotradução em relação ao texto original foram comparados, e a equipe de pesquisadoras, em colaboração com a linguista, definiu as adaptações necessárias para garantir a melhor correspondência entre as versões.

Validação de Face

Para conduzir o processo de validação de face3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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,3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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, foi executado um estudo inicial que envolveu a aplicação da primeira versão da FIATS-AAC-Br.

Participantes

A seleção dessas famílias foi realizada por meio de recomendações de profissionais atuantes na área, vinculados a ISAAC-Brasil, o capítulo brasileiro da International Society for Augmentative and Alternative Communication (ISAAC). Além disso, alguns participantes foram identificados por meio de contatos estabelecidos na rede social Instagram.

Esta etapa contou com a participação de cinco familiares que representam a população-alvo da escala. Compreendiam-se quatro mães e um pai de crianças com necessidades complexas de comunicação, que utilizam sistemas alternativos de comunicação, identificados como P1 a P5, e seus filhos, denominados F1 a F5. O Quadro 1 apresenta os dados coletados por meio do Roteiro de caracterização dos participantes.

Quadro 1
Caracterização dos participantes

Materiais e instrumentos

Foi desenvolvido o Roteiro de Caracterização dos Participantes, um instrumento específico para este estudo, destinado a coletar informações sociodemográficas dos participantes respondentes e de seus filhos (Quadro 1).

A versão inicial e completa, traduzida para o português do Brasil, da FIATS-AAC-Br foi utilizada na avaliação dos participantes para verificar a adequabilidade semântica e compreensão dos itens.

Ademais, o Roteiro para Análise Semântica também foi criado para este estudo. Sua finalidade foi orientar a observação da pesquisadora em relação aos pontos em que os participantes poderiam ter dificuldade na compreensão dos itens.

Procedimentos

O contato com os participantes foi realizado por comunicação telefônica, e-mails e plataformas de redes sociais. Após terem dado seu consentimento por meio da concordância com os termos da pesquisa, o Roteiro de Caracterização dos Participantes foi enviado por e-mail. Em continuidade, foi realizado o agendamento para a aplicação da versão traduzida da FIATS-AAC-Br, que aconteceu por meio de entrevistas por chamada de vídeo utilizando o aplicativo Google Meet. Essa programação ocorreu de acordo com a disponibilidade e preferência de cada participante. É relevante destacar que, durante a aplicação da escala, os pais ou responsáveis também foram questionados sobre a clareza e a compreensão dos itens.

As entrevistas foram registradas, e o Roteiro para Análise Semântica foi empregado para avaliar a equivalência semântica, a compreensão das instruções e a clareza dos termos utilizados. Isso incluiu a verificação da equivalência das expressões e a conformidade com a realidade, bem como a qualidade da redação3333. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014
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.

Em relação aos dados referentes ao Roteiro para Análise Semântica, estes foram organizados em uma descrição detalhada e passaram por uma análise semântica comparativa. Quando foram identificados itens que não alcançaram a compreensão esperada pelos participantes, eles foram submetidos novamente aos três juízes que haviam participado anteriormente da etapa de análise de conteúdo realizada na primeira fase do estudo.

Em continuidade, após a revisão pelos juízes, a linguagem do instrumento foi ajustada de acordo com as novas sugestões. Posteriormente, uma segunda versão da escala foi criada e enviada aos autores da versão original no Canadá.

Com a finalidade de assegurar a equivalência conceitual e cultural em relação à versão original, as recomendações dos juízes foram enviadas aos criadores da FIATS-AAC para realizarem uma revisão da versão traduzida da escala. Eles responderam com suas primeiras observações, nas quais solicitaram algumas modificações na versão.

Para dar continuidade a essas modificações, foi retomado o contato com a mesma profissional linguista que havia desempenhado o papel de tradutora no estágio inicial da tradução do instrumento, e foram apresentadas a ela as considerações relativas aos itens. Em colaboração com outro membro da equipe de pesquisa, realizaram-se os ajustes nesses itens e, posteriormente, os mesmos foram encaminhados ao segundo tradutor, cuja língua materna é o idioma original da escala. Este segundo tradutor realizou a retrotradução cega dos itens, após as devidas modificações.

Após a revisão dos itens com as últimas modificações, as novas versões foram submetidas aos autores da escala original. Com a sua aprovação, foi alcançada uma versão atualizada da FIATS-AAC-Br, concluindo assim a fase de Validação de Face.

RESULTADOS

Tradução inicial e conciliada

A primeira etapa consistiu na tradução inicial, conduzida por uma pesquisadora do grupo de pesquisa e pela linguista que havia sido previamente contatada. Posteriormente, foi realizada a tradução conciliada, visando identificar as convergências e divergências entre as duas traduções. Para esse processo, foi seguido um protocolo detalhado descrito nos procedimentos. Esse protocolo desempenhou um papel fundamental na compilação clara e visual das duas traduções, destacando as divergências. Sua análise ocorreu a partir da análise do item original em inglês da FIATS-AAC, a tradução realizada pela pesquisadora do grupo de pesquisa, destacada como Tradução 1, e a tradução realizada pela linguista, destacada como Tradução 2.

Após uma análise criteriosa baseada no protocolo, optou-se por dar prioridade à tradução da linguista devido à sua maior familiaridade com a língua inglesa. A Tradução 1 foi mantida somente nos itens 10, 13, 16, 18, 29, 42, 61, 67 e 78. Contudo, ajustes foram feitos nos itens 12, 28, 30, 45, 69 e 81 para refletir termos mais amplamente utilizados por profissionais que atuam na área da CAA.

Avaliação de conteúdo por especialistas

Após a fase de tradução conciliada, procedeu-se com a etapa de avaliação de conteúdo por especialistas, na qual os juízes receberam o Protocolo de Avaliação de Equivalência Semântica, Idiomática, Experiencial e Conceitual. Entre os três juízes envolvidos, dois demonstraram um alto nível de proficiência em língua inglesa, enquanto um apresentou habilidades de compreensão razoáveis. Além disso, todos os juízes possuíam mais de 20 anos de experiência na área da CAA.

Com os feedbacks dos juízes por e-mail sobre a tradução do instrumento, procedeu-se à análise de concordância entre eles. Esta análise teve como objetivo identificar quais itens apresentaram concordância e discordância em relação às quatro dimensões de equivalência avaliadas. Em casos onde houve discordância, esses itens foram considerados para possíveis ajustes com base nas sugestões dos juízes. O Índice de Concordância3535. Fagundes AJFM. Descrição, definição e registro do comportamento. 6a ed. São Paulo: Edicon; 1985. foi calculado conforme a fórmula exemplificada abaixo:

Í n d i c e d e C o n c o r d â n c i a = C o n c o r d â n c i a s C o n c o r d â n c i a s + D i s c o r d â n c i a s x 100

Com base nesse procedimento, identificaram-se quais itens apresentavam alta fidedignidade, denotada por índices superiores a 90%, e fidedignidade aceitável, situada na faixa de 66% a 79%. Valores inferiores a esses parâmetros indicaram a necessidade de readequação dos itens, considerando as sugestões fornecidas pelos juízes. Portanto, com o objetivo de analisar tais sugestões, foi criado um novo quadro, desta vez, focando exclusivamente nos itens que receberam discordâncias e suas respectivas observações.

Após a análise dos 89 itens da FIATS-AAC, verificou-se que 63 deles alcançaram uma alta fidedignidade, atingindo uma taxa de 100% e 13 itens apresentaram uma fidedignidade aceitável, situando-se na faixa de 66,6%. No entanto, 13 itens demonstraram uma fidedignidade considerada baixa, com índices variando entre 0% e 33,3%. Entre os 26 itens que apresentaram discordâncias, 13 foram identificados como discordantes na equivalência semântica, 8 na equivalência semântica e experiencial, quatro somente na equivalência experiencial e um na equivalência semântica e idiomática.

Com base nas sugestões dos juízes, a equipe do projeto concordou em realizar as seguintes alterações:

  • Item 9: substituir “Se meu filho se perder, ele consegue (...)” por “Se meu filho se perdesse, ele conseguiria (...)”;

  • Item 11: substituir “(...) me fala sobre como foi o dia” por “(...) me conta sobre como foi seu dia”;

  • Item 13: substituir “É difícil para mim fazer qualquer outra coisa (...)” por “É difícil para eu fazer qualquer outra coisa (...)”;

  • Item 20: substituir “Minha família precisa renunciar a muitos outros luxos (...)” por “Minha família precisa abrir mão de muitos outros luxos (...)”;

  • Item 53: substituir “Meu filho pode passar muito tempo (...)” por “Meu filho consegue passar muito tempo (...)”;

  • Item 60: substituir “(...) com as exigências de cuidar de meu filho” por “(...) com as demandas para cuidar de meu filho”;

  • Item 65: substituir “Eu gostaria de ter mais pausas (...)” por “Eu gostaria de ter mais tempo livre (...)”;

  • Item 69: substituir “(...) participar de jogos” por “(...) jogar jogos”;

  • Item 76: substituir “Meu filho pode usar (...)” por “Meu filho consegue usar (...)”;

  • Item 85: substituir “(...) consegue estar feliz (...)” por “(...) consegue se sentir feliz (...).

Durante o desenvolvimento desse processo, foi mantido contato com todos os juízes para esclarecer dúvidas relacionadas aos seus comentários e para confirmar as sugestões que eles forneceram no Protocolo. Importante ressaltar que nenhum dos juízes especialistas sugeriu a remoção ou a adição de itens, o que reforça a relevância da apresentação do instrumento conforme proposto.

Retrotradução

Seguindo as etapas mencionadas anteriormente e as adaptações dos itens após a avaliação de conteúdo, uma versão atualizada da FIATS-AAC foi submetida a um tradutor bilíngue de língua materna inglesa, que realizou a retrotradução do instrumento e nos reenviou por e-mail. A comparação entre os itens originais e os retrotraduzidos pode ser observada no Quadro 2.

Quadro 2
Comparação entre os itens originais e retrotraduzidos

Validação de face

Após a administração da escala traduzida aos cinco familiares participantes, identificou-se que, entre os 89 itens da escala, cinco deles geraram dúvidas entre os respondentes: itens 16, 22, 41, 72 e 80. O tempo médio necessário para completar a aplicação da escala foi de 19,5 minutos.

Diante desses resultados, o grupo de pesquisadores elaborou um novo quadro (Quadro 3) para comparar os itens originais com suas respectivas versões traduzidas. Os juízes especializados foram consultados novamente para obter suas opiniões sobre quais ajustes e correções eram necessários nesses itens selecionados.

Diante a análise dos juízes em relação a esses itens e a subsequente adequação deles, conforme apresentado no Quadro 3, foi possível identificar que três dos cinco itens em questão precisavam de modificações. A pesquisadora responsável pelas alterações procedeu conforme as sugestões dos juízes. É importante mencionar que a maior parte das sugestões dos juízes estava relacionada a aspectos específicos ou à estrutura de partes das afirmações. No entanto, os juízes consideraram que os itens 22 e 72 não necessitavam de alterações, apesar das observações da pesquisadora.

Após as modificações nos itens, uma nova versão da escala foi criada. Esta versão revisada foi então retrotraduzida e encaminhada aos autores da FIATS-AAC original no Canadá, assegurando assim que a nova versão permanecesse alinhada com o conteúdo e o significado da versão original.

Quadro 3
Adequação dos itens de acordo com a análise dos juízes

No Quadro 4 são exibidas as primeiras considerações feitas pelos autores da escala original em relação à versão atualizada do instrumento. Eles identificaram possíveis inconsistências em apenas três dos 89 itens (itens 22, 65 e 72) e fizeram observações para contribuir com o aprimoramento da escala retrotraduzida, sugerindo ajustes e melhorias nessa nova versão.

É relevante apontar que dois dos três itens destacados pelos autores da escala original (itens 22 e 72) coincidiram com aqueles que os juízes não consideraram necessários de alteração, conforme descrito no Quadro 4.

Quadro 4
Primeiras considerações dos autores da escala original do Canadá diante da primeira versão da Impacto Familiar da Tecnologia Assistiva: Escala para Comunicação Alternativa (FIATS-AAC-BR)

Considerando essas observações, esses itens passaram por modificações, que incluíram a complementação da frase ou a revisão para uma versão mais fiel à uma tradução mais literal. Esta versão revisada foi, então, submetida ao segundo tradutor para a realização de uma retrotradução às cegas para o inglês (conforme apresentado na Quadro 5) e enviada novamente aos autores da escala original. Após esse novo envio, obteve-se concordância por parte dos autores da escala, culminando na conclusão da etapa de Validação de Face da FIATS-AAC-Br.

Quadro 5
Comparação dos itens com a segunda retrotradução

DISCUSSÃO

Os juízes selecionados para contribuir com a pesquisa na etapa de validação teórica possuíam um profundo conhecimento e expertise sobre o uso de recursos de CAA, o que os habilitou a oferecer considerações valiosas sobre a FIATS-AAC. Cada juiz realizou uma análise minuciosa de cada item da escala, utilizando o Protocolo de Avaliação de Equivalência Semântica, Idiomática, Experiencial e Conceitual, conforme detalhado nos procedimentos, expressando suas concordâncias ou discordâncias e fornecendo sugestões.

A equivalência idiomática diz respeito a expressões idiomáticas e coloquiais, as quais, embora difíceis de traduzir para outro idioma, devem transmitir ideias semelhantes, mesmo que algumas palavras precisem ser substituídas3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)901...
. A equivalência experiencial foca na adaptação das sentenças do instrumento original ao contexto cultural no qual está sendo traduzido, reconhecendo que palavras ou frases mesmo quando facilmente traduzidas podem não ser culturalmente adequadas em outro país3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)901...
,3232. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
. Por fim, a equivalência conceitual envolve a equiparação de conceitos, levando em conta que as sentenças podem ter significados diferentes em diferentes culturas, o que pode exigir a substituição ou adaptação de itens3131. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-n PMID: 8263569.
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,3232. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014 PMID: 11124735.
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
.

Após uma análise das retrotraduções, foram identificadas algumas diferenças em comparação com o instrumento original. No entanto, essas diferenças não afetaram o significado nem a compreensão das frases; eram simplesmente maneiras alternativas de construir as sentenças. A linguista envolvida na primeira etapa de tradução também confirmou que essas diferenças não eram relevantes o suficiente para alterar o propósito das questões do instrumento.

O processo de validação de face é uma etapa importante na adaptação de instrumentos de medição, pois visa determinar se as questões ou itens do instrumento parecem estar medindo o que se propõem a medir. Esse procedimento é fundamental, pois permite avaliar se os itens do instrumento são apropriados e pertinentes, auxiliando na identificação e correção de eventuais problemas de compreensão ou interpretação das questões pelo público-alvo2929. Pasquali L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2003..

Conforme descrito nos resultados, na versão brasileira, a escala foi aplicada a cinco participantes, dos quais cinco dos 89 itens suscitaram dúvidas. Esses itens foram então submetidos a um grupo de juízes especialistas, que realizou ajustes e adaptações necessárias em sua redação. Em contraponto, na versão original, sete pais de crianças com necessidades complexas de comunicação que usavam CAA se reuniram para revisar os itens da escala. Nesse processo, itens pouco claros foram reformulados ou eliminados por consenso do grupo. Os pais revisaram independentemente a lista de itens revisados e identificaram aqueles que ainda permaneciam questionáveis1919. Ryan SE, Renzoni AM. FIATS-AAC Manual (Version 2.0). Toronto: Bloorview Research Institute; 2019. Available at: https://hollandbloorview.flintbox.com/technologies/ae1ef6f8-878b-4dd8-a45b-9f7f73894fee
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.

Nesse sentido, ao comparar a versão brasileira com a original, fica claro que a versão brasileira da escala empregou um método específico para avaliação da validade de face, envolvendo a participação de um grupo de juízes especialistas na revisão de itens questionáveis. Adicionalmente, o processo de retrotradução da escala foi executado para assegurar a equivalência semântica entre a versão original e a traduzida. Dessa forma, os procedimentos visavam garantir que a escala fosse clara e relevante para o público-alvo do instrumento.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, fica evidente que os objetivos do presente estudo foram atingidos, possibilitando o início do processo de validação transcultural da escala FIATS-AAC para o contexto brasileiro. As fases de tradução inicial, tradução conciliada, retrotradução, avaliação de conteúdo por especialistas e validação de face foram concluídas. Adicionalmente, todos os itens foram minuciosamente analisados, com algumas adaptações baseadas nas sugestões dos juízes, garantindo a pertinência e a fidedignidade dos resultados após a aplicação do instrumento em contexto nacional.

Esse desdobramento nos permitirá seguir com o processo de validação empírica, realizando os procedimentos para avaliar as propriedades psicométricas. Isso incluirá a análise da confiabilidade interna, confiabilidade teste-reteste, validade convergente e outros testes que poderão ser aplicados. Dessa forma, a pesquisa continuará em direção ao seu objetivo final, contribuindo para a adaptação e validação da escala FIATS-AAC para o contexto brasileiro e enriquecendo o campo da CAA.

AGRADECIMENTOS

A Holland Bloorview Kids Rehabilitation Hospital por ceder os direitos da tradução do instrumento, e o conjunto de juízes especialistas que auxiliaram no processo, como também as famílias participantes. Agradecemos também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo financiamento e suporte para a realização deste estudo.

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  • Fonte de financiamento: CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/ Processo nº 131369/2021-0
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Disponibilidade de dados

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    03 Fev 2024
  • Revisado
    22 Maio 2024
  • Aceito
    27 Jul 2024
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