Resumos
OBJETIVO:
estudar e verificar se o desvio fonológico é um continuum do atraso de linguagem, ou seja, se crianças com desenvolvimento fonológico atípico possuíam anteriormente algum atraso no desenvolvimento de linguagem.
MÉTODOS:
os dados foram coletados e organizados em dois grupos, sendo o Grupo1 composto por 10 crianças com atraso de linguagem que realizaram terapia fonoaudiológica para estimulação e evoluíram após tratamento, sendo remanejados para o grupo de fala. Já o Grupo2 foi constituído por 554 sujeitos apresentando características de desvio fonológico e assim foram diagnosticados após realização das avaliações.
RESULTADOS:
os achados deste estudo não mostram associação significante entre sexo e hipótese diagnóstica, sendo que a distribuição entre meninos e meninas foi semelhante. Na análise realizada entre idade de surgimento das primeiras palavras também não foram encontrados resultados significantes. No entanto, na comparação realizada entre idade de surgimento das primeiras palavras e hipótese diagnóstica houve resultado significante, sendo a idade de surgimento no grupo com atraso de linguagem mais tardio do que nas demais hipóteses diagnósticas.
CONCLUSÃO:
os achados deste trabalho corroboram a literatura, no sentido de que o desvio fonológico se refere a uma alteração no nível fonológico apenas, não sendo considerado como um continuum do atraso de linguagem.
Patologia da Fala e Linguagem; Distúrbios da Fala; Linguagem Infantil; Fonoterapia; Criança
PURPOSE:
to study and verify that the phonological disorder is a continuum of language delay, i.e. if children with atypical phonological development previously had some delay in language development.
METHODS:
data were collected and organized into two groups: Group 1 was comprised of 10 children with language delay, who underwent speech therapy performed for stimulation and progressed after treatment, and were then transferred to the speech sector. Group 2 consisted of 554 subjects with signs of phonological disorder; they were diagnosed with such disorder after the evaluations.
RESULTS:
the findings of this study showed no significant association between gender and diagnosis, and the distribution between boys and girls was similar. In the analysis performed for age of onset of first words, no significant results were found. However, there was a significant result in the comparison between age of onset of first words and diagnosis, and the age of onset in the group with language delay was later than that of other diagnostic hypotheses.
CONCLUSION:
the results of this study support the literature, because phonological disorder refers to a change at the phonological level only, rather than a continuum of language delay.
Speech-Language Pathology; Speech Disorders; Child Language; Speech Therapy; Child
Introdução
O desenvolvimento da linguagem ocorre de maneira gradual, dessa maneira, faz parte de um
processo evolutivo11. Keske-Soares M, Pagliarin KC, Ceron MI. Terapia fonológica
considerando as variáveis linguísticas. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2009;14(2):261-6.
2. Vieira MG, Mota HB, Keske-Soares M . Relação entre idade, grau de
severidade do desvio fonológico e consciência fonológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2004;9(3):144-50.
-
33. Mota HB . Terapia fonoaudiológica para desvios fonológicos. Rio de
Janeiro: Revinter, 2001.. Sabe-se que em uma perspectiva cognitivista, a
linguagem será construída mediante a interação da criança com o meio e dessa exploração
com o ambiente ocorre o surgimento do simbolismo, através do qual a criança consegue
representar mentalmente os seus esquemas de ação, mesmo na ausência do objeto em
questão44. Zorzi JL. Aspectos básicos para compreensão, diagnóstico e prevenção
dos distúrbios de linguagem na infância. Rev CEFAC. 2000;2(1):11-5.. Portanto, o desenvolvimento da
linguagem ocorre no período representativo, em torno dos dois anos55. Santos R. A aquisição da linguagem. In: Fiorin JL. (Org). Introdução
à Linguística I - Objetos Teóricos. Porto Alegre: Editora Contexto, 2008. P.
211-26.. No entanto, para que a linguagem se desenvolva normalmente e
ocorra o surgimento do período representativo, torna-se necessário que as primeiras
palavras comecem a surgir também no período adequado. Nem sempre esse desenvolvimento
adequado ocorre e, muitas vezes, os pais e responsáveis não procuram o tratamento
adequado assim que percebem o atraso no desenvolvimento. Por vezes chegam aos
profissionais, crianças com queixa de falarem errado, sendo que começaram a falar
tardiamente e quando começaram, já possuíam trocas. O desvio fonológico ocorre quando
existem alterações no desenvolvimento normal da fala, em crianças com idade superior a
quatro anos33. Mota HB . Terapia fonoaudiológica para desvios fonológicos. Rio de
Janeiro: Revinter, 2001..
Assim, justifica-se a produção deste trabalho, que surgiu de alguns questionamentos, tais como: será que a criança com desenvolvimento atípico, ou seja, com trocas na fala, possuía um atraso de linguagem anteriormente? Essa criança com trocas na fala necessitou de algum tratamento Fonoaudiológico para estimular o desenvolvimento de sua linguagem? Ou ainda, mesmo que não tenha tido intervenção fonoaudiológica, o sujeito com aquisição atípica apresentou um atraso na sua linguagem, porém essa intervenção não ocorreu e esse atraso de linguagem foi suprimido, restando algumas trocas como resíduos de uma alteração mais ampla e global já existente?
Portanto, o objetivo deste trabalho foi estudar e verificar se o desvio fonológico faz parte de um continuum do atraso de linguagem. Investigar-se-á se crianças com desenvolvimento fonológico atípico possuíam anteriormente algum atraso no desenvolvimento de linguagem e evoluíram para uma alteração apenas no nível fonológico da língua.
Métodos
O presente artigo foi realizado a partir de um levantamento de dados de crianças com alteração de fala, o qual pertence a uma clínica escola de uma instituição de ensino superior. Foram levantados dados de todos pacientes, com desenvolvimento fonológico atípico, atendidos no setor de fala dessa instituição desde 1991.
O banco de dados foi constituído pelos prontuários de pacientes triados e atendidos desde 1991, e de crianças que ainda estavam em atendimento no setor de fala. Para compor o banco de dados utilizado nesta pesquisa, os pais e /ou responsáveis assinaram um termo de autorização para utilização dos dados de terapia em pesquisas. Este estudo foi autorizado, por meio da aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, sob número 0202.0.243.000-11, sendo portanto de caráter retrospectivo.
Para o levantamento dos dados foram excluídos os sujeitos com outras alterações, como disfluência, dispraxia verbal e/ou buco-línguo-facial, fissura labiopalatina ou alterações neurológicas. Assim, durante um período de 10 meses de levantamento, de setembro de 2012 até junho de 2013 foram coletados dados de 644 crianças. Estes foram categorizados em dois grupos - G1 e G2. O G1 foi composto por 10 crianças que chegaram ao serviço com atraso de linguagem, realizaram terapia fonoaudiológica para estimulação de linguagem e evoluíram após tratamento, sendo remanejados do setor de linguagem para o setor de fala. Assim, após a evolução dos pacientes, ou seja, quando os aspectos da linguagem que antes estavam defasados (pragmática, morfologia, sintaxe, semântica) foram adequados, os pacientes foram então transferidos para o setor de fala por apresentarem ainda alteração no nível fonológico, ou seja, com desvio fonológico. Já o G2 foi constituído por 554 sujeitos que já chegaram ao serviço com desvio fonológico. Nesse grupo, foram excluídos 80 sujeitos do G2, pois não preencheram os critérios de inclusão, informações sobre a idade de surgimento das primeiras palavras.
O G2 dividido em:
-
G2A - Desvio fonológico;
-
G2B - Desvio fonético e fonológico;
-
G2C - Desvio fonológico associado a fatores ambientais/emocionais;
Já o G1 foi composto por sujeitos com atraso de linguagem, identificado como HD 4.
Para avaliação da linguagem foi realizada aplicação do Protocolo de Observação Comportamental - PROC66. Zorzi JL, Hage S. PROC - Protocolo de Observação Comportamental: avaliação da linguagem e aspectos cognitivos infantis. Pulso Editorial, 2004., bem como a avaliação observacional da linguagem. Já as amostras de fala foram coletadas utilizando o instrumento "Avaliação Fonológica da Criança - AFC" 77. Yavas M, Hernandorena CLM, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991., no qual se utiliza a nomeação espontânea de 125 palavras representadas por meio de cinco desenhos temáticos. A amostra de fala de cada criança foi transcrita, posteriormente, e revisada.
Para analisar os dados utilizou-se o software Statistics 9.1 com nível de significância de p menor ou igual a 0,05. Foram realizados os testes não-paramétricos Kruskal-wallis e U de Mann-Witney, bem como o teste Qui-quadrado. Foram realizados os cruzamentos das seguintes variáveis: sexo e hipótese diagnóstica; idade e hipótese diagnóstica; idade e sexo.
Resultados
O gráfico abaixo demonstra a distribuição dos sujeitos em cada grupo. Foi possível constatar que no grupo G1, com atraso de linguagem, somente 10 sujeitos participaram dessa amostra. Já no G2, sujeitos com desvio fonológico, o surgimento das primeiras palavras até os dois anos de idade ocorreu em 359 crianças, enquanto o surgimento das primeiras palavras entre 2 e 3 anos em 107 sujeitos. Já o surgimento após os 3 anos ocorreu em 88 crianças.
Gráfico da distribuição dos sujeitos pela idade do surgimento das primeiras palavras no grupo 1 e no grupo 2
Ao analisar a variável sexo com os dois grupos analisados, constatou-se que não houve associação significante para os dados desse trabalho.
Embora não tenha ocorrido associação significante entre sexo e os diferentes grupos, pode-se observar na Figura 2 que o sexo masculino é mais frequente do que o feminino em todos os grupos.
O resultado obtido mediante o teste U de Mann-Whitney constatou que não existe diferença significante entre o desempenho de crianças do sexo feminino e masculino em relação à idade de surgimento das primeiras palavras.
Por meio da Figura 3, foi possível constatar que não houve resultado significante entre o desempenho das crianças do sexo masculino e feminino em relação à idade de surgimento das primeiras palavras, pois a distribuição foi bastante semelhante entre os sujeitos.
Gráfico da distribuição dos sujeitos de acordo com a idade de surgimento das primeiras palavras e o sexo
Na Tabela 3 observa-se que houve diferença significante ao comparar a idade de surgimento das primeiras palavras das crianças nos diferentes grupos estudados (desvio fonológico; desvio fonético e fonológico; desvio fonológico associado a fatores ambientais/emocionais e atraso de linguagem).
Além disso, a idade de surgimento das primeiras palavras no grupo com atraso de linguagem foi bastante tardia se comparada aos demais grupos, como é possível observar na Figura 4. Ainda, ao analisar a mediana, constatou-se que essa distribuição dos dados não é uniforme, tornando-se evidente esse surgimento tardio das primeiras palavras no grupo com atraso de linguagem.
Gráfico da distribuição dos sujeitos de acordo com a idade de surgimento das primeiras palavras e os grupos
Discussão
A hipótese inicial desta investigação era a de que se houvessem mais casos com atraso de
linguagem, e que esses ao realizarem terapia fonoaudiológica, se adequassem os outros
níveis de linguagem poderia permanecer com alteração no nível fonológico. Esse dado, não
foi observado nesse artigo, visto que somente 10 sujeitos do setor de fala tinham
história de atraso de linguagem. Assim, os resultados não mostraram significância entre
os diferentes grupos. No entanto, esse achado concorda com a literatura na qual refere
que o desvio fonológico se refere a uma alteração somente no nível da fonologia, sem
alteração nos outros níveis linguísticos, sem alteração mecânica da produção da fala, ou
seja, existe uma organização falha no sistema dos sons da língua, mesmo na ausência de
alterações orgânicas detectáveis88. Backes FT, Pegoraro S, Costa VP, Wiethan FM, Melo RM, Mota HB . A
influência da gravidade do desvio fonológico na determinação da alta fonoaudiológica.
Distúrb Comum. 2013;25(1):65-72.
9. Mezzomo CL, Giacchini V, Dias RF, Luiz SW, Lopes SG. Aquisição da
coda simples e complexa com /s/ em crianças com desvio fonológico Rev CEFAC.
2013;15(1):17-24.
10. Oliveira MMF, Wertzner HF. Estudo do distúrbio fonológico em
crianças. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2000;7(5):68-75.
11. Zorzi JL . A intervenção Fonoaudiológica nas Alterações da Linguagem
Infantil. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.
-
1212. Lamprecht RR . Diferenças no ranqueamento de restrições com origem
de diferenças na aquisição fonológica. Letras de Hoje.
1999;34(3):65-82..
Entretanto, apesar de haver poucos sujeitos com atraso de linguagem, muitas crianças do presente estudo iniciaram suas primeiras palavras tardiamente, após os dois anos de idade, como é possível observar no gráfico de frequência (Figura 1). Diante disso, torna-se válido ressaltar a importância dos pais estarem atentos ao surgimento da linguagem dos seus filhos, haja visto que durante os primeiros anos de vida, ocorrem importantes aquisições. Assim, o quanto antes ocorrer a intervenção precoce, mais efetiva esta será para o desenvolvimento adequado da criança44. Zorzi JL. Aspectos básicos para compreensão, diagnóstico e prevenção dos distúrbios de linguagem na infância. Rev CEFAC. 2000;2(1):11-5. , 1313. Crestani AH, Oliveira LD, Vendruscolo JF, Souza APR. Distúrbio específico de linguagem: a relevância do diagnóstico inicial. Rev CEFAC. 2013;15(1):228-37. , 1414. Crestani AH, Rosa FFM, Souza APR, Pretto JP, Moro MP, Dias L. A experiência da maternidade e a dialogia mãe-filho com distúrbio de linguagem. Rev CEFAC. 2012;14(2):350-60..
Deve ser destacado ainda que esse número de sujeitos com atraso de linguagem (G1) e alteração fonológica poderia ser bem mais frequente se as famílias das 195 crianças, (cujo surgimento das primeiras palavras ocorreu após os 2 anos, o que pode ser considerado tardio), tivessem buscado tratamento mais precocemente, pois quando iniciassem a terapia fonoaudiológica, provavelmente, já tinham superado o atraso de linguagem restando como déficit a alteração fonológica.
No que se refere à comparação do desempenho entre meninos e meninas e os diferentes
grupos a foi possível observar que também não ocorreu associação significante. Fato esse
que discorda da literatura1515. Cavalheiro LG, Brancalioni AR, Keske-Soares M . Prevalência do
desvio fonológico em crianças da cidade de Salvador, Bahia. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2012;17(4):441-6.
,
1616. Indrusiak CS, Rockenbach SP. Prevalência de desvio fonológico em
crianças de 4 a 6 anos de escolas municipais de educação infantil de Canoas RS. Rev
CEFAC. 2012; 14(5):943-51. a qual aponta que entre os meninos o desvio
fonológico acontece de maneira mais frequente, ou ainda, em estudos em que as meninas
demonstram resultados superiores aos meninos no que se refere a tarefas que envolvem
habilidades linguísticas1717. Vargas DZ, Mezzomo CL . Estratégias de reparo e distintas variantes
dialetais do /R/ em coda utilizadas em dois municípios do sul do Brasil. Distúrb
Comum. 2012;24(2):199-213.
18. Mezzomo CL, Mota HB, Dias RF, Giacchini V . Fatores relevantes para
aquisição da coda lexical e morfológica no português brasileiro. Rev CEFAC.
2010;12(3):412-20.
19. Moura SRS, Mezzomo CL, Cielo CA. Estimulação em consciência fonêmica
e seus efeitos em relação à variável sexo. Pró-Fono R Atual Cient.
2009;21(1):51-6.
20. Moura SRS, Cielo CA, Mezzomo CL . Consciência fonêmica em meninos e
meninas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):205-11.
-
2121. Mezzomo CL . Aquisição dos fonemas na posição de coda medial do
português brasileiro, em crianças com desenvolvimento fonológico normal. Letras de
Hoje. 2001;36(125):707-14.. No entanto, embora não tenha ocorrido
associação significante, foi possível constatar um predomínio de indivíduos do sexo
masculino com desvio fonológico; desvio fonético fonológico; desvio fonológico associado
a fatores ambientais/emocionais e atraso/distúrbio de linguagem (Figura 2).
Da mesma forma, no presente artigo, não foi encontrada correlação estatística entre as
variáveis "idade" e "sexo". Os resultados obtidos foram semelhantes, entre os meninos e
as meninas, no que se refere ao surgimento das primeiras palavras. Esse resultado não
concorda com a literatura, pois, geralmente, as meninas se sobressaem em atividades que
envolvem habilidades linguísticas1717. Vargas DZ, Mezzomo CL . Estratégias de reparo e distintas variantes
dialetais do /R/ em coda utilizadas em dois municípios do sul do Brasil. Distúrb
Comum. 2012;24(2):199-213.
18. Mezzomo CL, Mota HB, Dias RF, Giacchini V . Fatores relevantes para
aquisição da coda lexical e morfológica no português brasileiro. Rev CEFAC.
2010;12(3):412-20.
19. Moura SRS, Mezzomo CL, Cielo CA. Estimulação em consciência fonêmica
e seus efeitos em relação à variável sexo. Pró-Fono R Atual Cient.
2009;21(1):51-6.
20. Moura SRS, Cielo CA, Mezzomo CL . Consciência fonêmica em meninos e
meninas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):205-11.
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2121. Mezzomo CL . Aquisição dos fonemas na posição de coda medial do
português brasileiro, em crianças com desenvolvimento fonológico normal. Letras de
Hoje. 2001;36(125):707-14.. Portanto, se esperava que, nesse trabalho, o
surgimento das primeiras palavras nas meninas fosse mais precoce e dos meninos mais
tardio. No entanto, os resultados concordam com um estudo no qual não houve diferença
significante em relação à variável sexo no que se refere à aquisição fonológica2222. Ferrante C, Borsel JV, Pereira MMB. Aquisição fonológica de crianças
de classe sócio econômica alta. Rev CEFAC. 2008;10(4):452-60..
Já quanto à comparação entre idade de surgimento das primeiras palavras e hipótese diagnóstica o resultado mostrou que houve diferença significante na comparação, uma vez que as crianças com atraso de linguagem possuíam idades de surgimento das primeiras palavras mais tardio do que as idades das crianças com desvio fonológico. Esse achado é compatível com a patologia do atraso de linguagem, uma vez que o surgimento da linguagem é tardio e no desvio fonológico o desenvolvimento da linguagem inicia dentro do período esperado, porém com trocas no sistema fonológico33. Mota HB . Terapia fonoaudiológica para desvios fonológicos. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. , 1313. Crestani AH, Oliveira LD, Vendruscolo JF, Souza APR. Distúrbio específico de linguagem: a relevância do diagnóstico inicial. Rev CEFAC. 2013;15(1):228-37. , 2323. Hage SRV, Cendes F, Montenegro MA, Abramides D, Guimarães CA, Guerreiro MM. Specific language impairment: linguistic and neurobiological aspects. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2006;64(2a):173-80..
Conclusão
Conforme os resultados apresentados nesse estudo, foi possível constatar que o desvio fonológico não se refere a um continuum da alteração de linguagem, ou seja, não é identificado como etapa final de superação da dificuldade linguística. Assim, os achados deste trabalho corroboram a literatura, pois o desvio fonológico se refere a uma alteração no nível fonológico apenas, estando os demais níveis linguísticos adequados, não sendo portanto decorrente de um atraso de linguagem.
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1Keske-Soares M, Pagliarin KC, Ceron MI. Terapia fonológica considerando as variáveis linguísticas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):261-6.
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2Vieira MG, Mota HB, Keske-Soares M . Relação entre idade, grau de severidade do desvio fonológico e consciência fonológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2004;9(3):144-50.
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3Mota HB . Terapia fonoaudiológica para desvios fonológicos. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
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4Zorzi JL. Aspectos básicos para compreensão, diagnóstico e prevenção dos distúrbios de linguagem na infância. Rev CEFAC. 2000;2(1):11-5.
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5Santos R. A aquisição da linguagem. In: Fiorin JL. (Org). Introdução à Linguística I - Objetos Teóricos. Porto Alegre: Editora Contexto, 2008. P. 211-26.
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6Zorzi JL, Hage S. PROC - Protocolo de Observação Comportamental: avaliação da linguagem e aspectos cognitivos infantis. Pulso Editorial, 2004.
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7Yavas M, Hernandorena CLM, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
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8Backes FT, Pegoraro S, Costa VP, Wiethan FM, Melo RM, Mota HB . A influência da gravidade do desvio fonológico na determinação da alta fonoaudiológica. Distúrb Comum. 2013;25(1):65-72.
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9Mezzomo CL, Giacchini V, Dias RF, Luiz SW, Lopes SG. Aquisição da coda simples e complexa com /s/ em crianças com desvio fonológico Rev CEFAC. 2013;15(1):17-24.
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10Oliveira MMF, Wertzner HF. Estudo do distúrbio fonológico em crianças. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2000;7(5):68-75.
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11Zorzi JL . A intervenção Fonoaudiológica nas Alterações da Linguagem Infantil. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.
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12Lamprecht RR . Diferenças no ranqueamento de restrições com origem de diferenças na aquisição fonológica. Letras de Hoje. 1999;34(3):65-82.
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13Crestani AH, Oliveira LD, Vendruscolo JF, Souza APR. Distúrbio específico de linguagem: a relevância do diagnóstico inicial. Rev CEFAC. 2013;15(1):228-37.
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14Crestani AH, Rosa FFM, Souza APR, Pretto JP, Moro MP, Dias L. A experiência da maternidade e a dialogia mãe-filho com distúrbio de linguagem. Rev CEFAC. 2012;14(2):350-60.
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15Cavalheiro LG, Brancalioni AR, Keske-Soares M . Prevalência do desvio fonológico em crianças da cidade de Salvador, Bahia. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(4):441-6.
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16Indrusiak CS, Rockenbach SP. Prevalência de desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de escolas municipais de educação infantil de Canoas RS. Rev CEFAC. 2012; 14(5):943-51.
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17Vargas DZ, Mezzomo CL . Estratégias de reparo e distintas variantes dialetais do /R/ em coda utilizadas em dois municípios do sul do Brasil. Distúrb Comum. 2012;24(2):199-213.
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18Mezzomo CL, Mota HB, Dias RF, Giacchini V . Fatores relevantes para aquisição da coda lexical e morfológica no português brasileiro. Rev CEFAC. 2010;12(3):412-20.
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19Moura SRS, Mezzomo CL, Cielo CA. Estimulação em consciência fonêmica e seus efeitos em relação à variável sexo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):51-6.
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20Moura SRS, Cielo CA, Mezzomo CL . Consciência fonêmica em meninos e meninas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):205-11.
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21Mezzomo CL . Aquisição dos fonemas na posição de coda medial do português brasileiro, em crianças com desenvolvimento fonológico normal. Letras de Hoje. 2001;36(125):707-14.
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22Ferrante C, Borsel JV, Pereira MMB. Aquisição fonológica de crianças de classe sócio econômica alta. Rev CEFAC. 2008;10(4):452-60.
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23Hage SRV, Cendes F, Montenegro MA, Abramides D, Guimarães CA, Guerreiro MM. Specific language impairment: linguistic and neurobiological aspects. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2006;64(2a):173-80.
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Fontes de auxilio à pesquisa: bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jun 2015
Histórico
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Recebido
29 Jan 2014 -
Aceito
25 Set 2014