Open-access Editorial II

EDITORIAL II

O gerenciamento de carreira, o marketing e sua importância para a fonoaudiologia

O que esperar do mercado de trabalho para o fonoaudiólogo nos próximos anos? Como construir uma carreira sólida em um mundo cujas mudanças são cada vez mais rápidas? Se você acha que manter os mesmos moldes do passado é garantia de sucesso no futuro, é melhor rever os seus conceitos.

O conhecimento contínuo e a auto-suficiência são algumas das características do profissional bem-sucedido de amanhã. O gerenciamento da carreira é um fator primordial para que o profissional consiga ocupar a posição que deseja, integralmente de acordo com o seu perfil. É um conjunto de atitudes cuja metodologia o aproxima de uma ciência exata, ou seja, um conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, neste caso, a carreira profissional, especialmente os obtidos mediante observação, experiência dos fatos e um método próprio. O caminho do sucesso é seguir a lógica da vitória.

Este é um trabalho com métodos, regras e sistemas. É o encaminhamento ao desenvolvimento e crescimento profissional. Desenvolvido a partir de suas experiências, habilidades, estilo pessoal, interesses, valores e ideais, define seu posicionamento e sua bandeira, traçando as metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazo.

O processo deve ocorrer independentemente da empresa para qual o profissional trabalha, ou seja, ele é quem deve gerenciar a sua carreira, e não ficar somente à mercê das possibilidades oferecidas pelas empresas. Os profissionais sempre terão oportunidades de mudar o rumo e ganhar com isso. E, mesmo os profissionais que desempenham funções, podem ampliar seus horizontes, caso foquem outra função.

Em outras palavras, o gerenciamento da carreira depende do perfil de cada pessoal e profissional de cada um, e este perfil é que determina o caminho a ser seguido. Gerenciar a carreira é efetuar um planejamento estratégico. Em primeiro lugar, é preciso saber o ponto inicial, ou seja, o perfil pessoal e profissional. Em seguida, deve-se projetar o que se quer em função não só do desejo, mas também da análise do cenário externo, das oportunidades e das tendências do mercado. O passo seguinte é definir as ações necessárias para alcançar os objetivos traçados, dentre as quais podemos citar cursos de especializações, mestrado, doutorado e um novo emprego; aqui também se inicia um processo constante de auto-avaliação de competências inter-pessoais, como: negociação, motivação de equipes e liderança, e também, intra-pessoais, como criatividade, flexibilidade e motivação.

O gerenciamento de carreira propicia menos desperdício de tempo e de recursos e maior objetividade nos projetos pessoal e profissional. Os fatores que deverão ser avaliados durante o GC são: perfil pessoal, perfil profissional, cenário externo, tendências futuras, objetivos financeiros, o que se gosta de fazer e os objetivos pessoais a médio e longo prazo.

Um bom currículo é muito importante, principalmente se ele representar uma conseqüência de passos corretos dados anteriormente, ou seja, o planejamento ou gerenciamento de carreira deve preceder a isso tudo, e ser iniciado ainda na faculdade. Já a boa apresentação durante a entrevista de emprego é fundamental, e deve ser motivo de cuidados constantes, incluindo aspectos como modos, educação, conhecimentos gerais e específicos e o desenvolvimento de atitudes e comportamentos que geram empatia.

A atualização é fundamental, especialmente pela velocidade com que os cenários e as condições mudam em todo o mundo. Um dos principais itens dentro deste tópico é desenvolver a capacidade de flexibilização para permitir a adequação constante a estas mudanças. Esta flexibilização leva à facilidade em se atualizar em relação a aspectos novos, em todos os sentidos.

Os profissionais que alcançam o sucesso têm alguns comportamentos comuns, destacando-se entre eles: determinação, auto-motivação, capacidade empreendedora, de planejamento e visão periférica. A receita para atingir esse padrão de excelência é bastante simples: "descubra o que você faz muito bem feito e aprimore-se. Cada um de nós possui algo que faz melhor do que os outros". Portanto, destaque-se em algum aspecto que já possua competência.

Vivemos no presente momento um verdadeiro paradoxo. Pela primeira vez, na história da Fonoaudiologia deste país duas fonoaudiólogas brasileiras destacam-se no cenário mundial, ao assumirem respectivamente a presidência da International Association of Logopedics and Phoniatrics (IALP) e da International Society of Audiology (ISA). Por outro lado, a baixa procura pelos cursos de Fonoaudiologia, principalmente na região sudeste, tem motivado a não abertura de vagas e o encerramento de sua oferta nos vestibulares!

Será o caos? O que fizemos de errado? Como resolver este problema? Que estratégias devem ser desenvolvidas para aumentar a procura pelos excelentes cursos de graduação oferecidos pelas universidades brasileiras?

Desculpem-me, mas não acredito que a Fonoaudiologia não vença esta crise, enquanto não aumentar a auto-estima e valorização dos seus profissionais. Se o mundo reconhece que somos tão bons, que merecemos liderar Sociedades Internacionais, o Brasil não sabe ou não acredita! Não basta sermos bons naquilo que fazemos; temos que divulgá-lo em todos os veículos da mídia nacional, pois nestes 35 anos de profissão, nunca tive tanto orgulho do verde-amarelo-azul e branco de minha Bandeira e da excelência da formação que obtive nas Universidades deste país.

Falta investirmos no marketing, ou seja, um conjunto de atividades destinadas a promover relações de troca entre um emissor e um receptor, no momento certo, por meio de canais adequados e mensagens apropriadas que atinjam o foco de interesses dos segmentos alvo.

Onde está o nosso famoso otimismo, que nos faz um povo único que consegue fazer piada em meio de eventos trágicos? Apostemos em nossa criatividade, inteligência e habilidade comunicativa. De nada adianta sermos profissionais que priorizam a aquisição, desenvolvimento e manutenção da melhores habilidades comunicativas em nosso próprio benefício.

"As pessoas existem pela virtude do auxílio que dão às demais. Nisso é que eu acredito.

Ajudar pessoas melhora a vida de quem foi auxiliado e mantêm a pessoa que auxiliou humana".

Chaim Potok

Profa. Dra. Iêda Chaves Pacheco Russo

Fonoaudióloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).

Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP/EPM.

Professora Titular do Departamento de Clínica Fonoaudiológica e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUCSP.

Professora Adjunto do curso de graduação em Fonoaudiologia, membro da Comissão Própria de Avaliação (CPA) e da Comissão Científica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Diretora do Centro de Estudos dos Distúrbios da Audição – CEDIAU.

Vice Presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – SBFa

Sócia Fundadora e Membro da Academia Brasileira de Audiologia - ABA

Presidente eleita da International Society of Audiology (ISA).

Redatora da Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Editora da área de Audiologia da Revista CEFAC e Editor-at-Large da revista International Journal of Audiology (IJA).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Abr 2008
  • Data do Fascículo
    Mar 2008
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