0-12 meses |
• Entre o primeiro dia e primeiro mês de vida apresenta o choro como reação à dor e à fome; acorda e assusta-se com sons intensos; • Entre os 2 e 3 meses de vida o choro se torna diferente para cada situação (fome, dor ou “manha”); as vocalizações e risos parecem estar relacionados a sensações de bem estar; reage à fala humana: sorri, olha, vocaliza; • Até os 5 meses surgem os “jogos vocais” quando o bebê brinca com os sons que emite, fazendo repetição da mesma sílaba (ex.: /papapa/, /mamama/) • Aos 8 até os 9 meses surgem os comportamentos comunicativos intencionais; Repete sons emitidos pelos outros; • As primeiras palavras surgem em torno dos 10 aos 15 meses, sendo que as palavras curtas são adquiridas primeiro do que as mais extensas; • Pode repetir palavras ditas pelos outros, porém, a repetição não tem o mesmo padrão fonológico (ex.: vai dormi... - a criança: [mimi]) |
13-24 meses |
• 18 meses: expansão do sistema fonológico, aumento do inventário fonético; período caracterizado pela ocorrência de substituições e omissões de sons. • Apresenta uma linguagem funcional, ou seja, comunica-se para expressar suas necessidades, chamar a atenção, informar, perguntar. • Emite palavras isoladas ou frases produzidas em bloco. (ex.: [aboveti] - “acabou o sorvete”). • Produz onomatopeias (ex.: [auau] para cachorro), palavras idiossincráticas, ou seja, palavras próprias da criança (ex.:[lianu] para ônibus), palavras contextuais (ex.: [kabo] - quando acaba o alimento do prato) e palavras de uso social (ex.: [óya] - para dirigir a atenção de alguém para algo. • Entre 18 e 22 meses produz cerca de 20 palavras e entende cerca de 50. • Mantém diálogo por meio de especularidade e complementaridade. • Compreende perguntas, imperativos e afirmações rotineiras e situacionais (ex.: “é hora de comer!” - a criança dirige-se a cozinha). • A partir dos 18 meses observa-se a produção de orações com dois e três vocábulos (ex.: [may leti] para “dá mais leite”). • Compreende ordens rotineiras e situacionais com duas ações (ex.: “Pega a chave e põe na gaveta” - a criança o faz). • Ao final deste 2° ano de vida ocorre a chamada explosão do vocabulário. |
2:1-3:0 anos |
• Todas as simplificações fonológicas são esperadas. • Eliminação dos processos de apagamento de sílaba, assimilação, plosivização de fricativas, posteriorização e anteriorização de velares e simplificação de líquidas (até 3:6). • /s/ é adquirido aos 2:6 anos de idade e a substituição mais comum do /s/ é por /ʃ/. • Aos dois anos de idade as crianças são capazes de produzir mais de 200 palavras, e aos dois anos e seis meses, mais de 500 palavras. • Entre 2 e 2:6 as frases apresentam de 3 a 4 palavras, com desvios de flexionamento nominal e verbal (ex.: “esse meu bola”; “eu comeu tudo bolacha”). • Não utiliza adequadamente o gênero de pronomes pessoais (você, eu, ele/ela), possessivo (meu) e demonstrativo (esse) (ex.: “sapato minha pai”). • Perto dos 3 anos observa-se períodos coordenados (ex.: “essa boneca chóia e fazi xixi” (essa boneca chora e faz xixi)). • Faz uso de muitos substantivos: nomes de brinquedos, objetos da casa, pessoas do convívio diário, partes do corpo (pelo menos 4), alimentos, animais, bebidas, roupas, de algumas categorias (brinquedo, comida, animal). Usa diversos verbos para representar as ações e alguns adjetivos (grande/pequeno, limpo/sujo, feio/bonito, quente/frio). São frequentes os desvios semânticos nas palavras com sentido lexical (superextensão, subextensão, antonísia). • Surge a preposição “de” indicando posse, “para” indicando beneficiário (ex.: “sapato da mamãe”). • Fala e entende alguns advérbios de lugar (ali, aqui, dentro, lá, perto de) e pronomes (eu, você, mim, meu, ele, esse). Faz referência ao tempo com alguns advérbios como “agora” e “ontem”, mas os utiliza de forma instável. • Compreende e responde verbalmente a perguntas com os pronomes onde, quem, o que (ex.: “Onde está a boneca?”). • Faz uso da linguagem oral para pedir (satisfazer as necessidades físicas e psicológicas), informar, perguntar, interagir. • Narra com auxílio de perguntas do outro sobre o lugar (onde), os acontecimentos (o que) e pessoas (quem). Fase da protonarrativa. • Conversa com as pessoas, em contextos conhecidos, sobre temas concretos e referentes presentes, com turnos simples (uma oração com informação mínima necessária para não interromper a conversação). |
3:1-4:0 anos |
• O adulto fornece um modelo para as narrativas posteriores da criança em desenvolvimento. • Aos três anos as crianças são capazes de classificar os mesmos objetos em diferentes categorias, demonstrando a mesma flexibilidade que adultos no uso dessas categorias para inferências indutivas. • Observa-se o uso de períodos simples e compostos com 6 palavras (coordenados e subordinados com “porque” e “mas”) (ex.: “eu não vou vô come porque é ruim”). • Surgem as orações interrogativas com os pronomes “quem” e “qual” (ex.: “qual você qué?”). • Faz uso de tempos verbais no presente, passado e futuro composto, mas há desvios de flexionamento verbal por generalização de regras (ex.: “papai vai comprar pra mim” - futuro composto; “eu que comei o doce” - eu que comi o doce). • Utiliza os artigos determinados, respeitando as regras de flexionamento de gênero (as de número podem ser utilizadas por influência cultural) (ex.: “dá a bola e o palhaço). • Aos 3:6 desaparecem: Simplificação de líquida não lateral /R/ seja por redução (ex.: [opa] - roupa; [maéco] - marreco), substituição (ex.: [lede] - rede; [kalo] - carro) ou semivocalização (ex: [kachoyo] - cachorro). • Aos 4 desaparecem: Simplificação de consoante final (liquida final /r/) seja por redução (ex.: [ma] - mar; [mekado] - mercado) ou semivocalização (ex: [kayne] - carne; [kaloy] - calor). • Léxico: entre 500 e 1000 palavras. • Aumento de significado de nomes, verbos e adjetivos, entre eles: palavras que significam sentimentos (medo, triste, alegre), partes do corpo (pelo menos 6), termos de comparação (igual/diferente). Muito frequentes todos os tipos de desvios semânticos (ex.: “o lobo soprou grande” - forte). • Adquire preposição “em”, “sobre” indicando lugar, “com” indicando acompanhamento. • Faz referência a diversos advérbios de lugar (em cima/embaixo, atrás/na frente, dentro/fora, perto/longe), mas erra ao distinguir os opostos. Usa e compreende os advérbios de tempo “agora/depois”, mas utiliza os outros advérbios de forma instável (ex.: “agora eu vou dormir” “depois eu vou brincar”). • Compreende duas ordens não relacionadas (ex.: “fecha o armário e traz a bola). • Compreende e responde verbalmente perguntas com os pronomes “como” e “quando” (ex.: “como faz para tomar banho?”). • Pede, protesta, nomeia, faz perguntas sobre referentes ausentes, usa expressões sociais para interagir. Função predominante: informativa. • Relata experiências imediatas, ou seja, aquelas que estão ocorrendo no momento em que a questão é feita. Na narrativa de histórias, há dificuldades em manter a coerência e coesão, omite elementos secundários, insere fatos não verdadeiros. Fase da narrativa primitiva. • Quanto as habilidades conversacionais, os turnos são inteligíveis e coerentes com o turno anterior. Mais mantêm do que iniciam, apresentam mais turnos simples do que expansivos (turnos com mais de uma oração, com mais informação do que o necessário, para não interromper a conversação). Se não entendidas, não se autocorrigem, repetem exatamente o que disseram. |
4:1-6:0 anos |
• Aos 4:6 anos ocorre a eliminação dos processos de posteriorização para palatal (ex.: [ʃapo] - sapo; [meʃa] - mesa), anteriorização de palatal (ex.: [sapéw] - chapéu; [zelo] - gelo) e simplificação de liquida lateral /r/ seja por redução (ex: [kaeta] - careta), substituição (ex.: [molãgo] - morango) ou semivocalização (ex.: [peya] - pera) • Aos 5 anos desaparecem: Simplificação de grupo consonantal, especificamente redução (ex.: [peto] - preto; [buza] -blusa). • Léxico: entre 1500 e 3000 palavras. • Aumento significativo dos significados de nomes, verbos e adjetivos. Os desvios semânticos diminuem, mas ainda são observados, sendo comuns a superextensão (ex.: “esse vestido está pequeno aqui” (referindo-se ao comprimento - curto.)) e a relação por contiguidade. • Usa e compreende vários pronomes indefinidos: outro, ninguém, alguém (ex.: “alguém fez essa sujeira aí e não fui eu”). • Obedece uma sequência de três ordens (ex.: “pegue a bola, coloque sobre a cadeira e me traga o caminhão”). • Narra uma história conhecida sem ajuda do outro ou de figuras. Os elementos coesivos na narração ainda são falhos. • Passa a haver um equilíbrio maior entre manter e iniciar a conversação e entre turnos simples e expansivos. |
4:1-6 anos |
• Uso de período simples e compostos, incluindo subordinados com “pois” e “para que” (ex.: “Vamos desenhar esse, pois é o mais bonito!”). • Uso de tempos verbais: pretérito mais que perfeito e condicional (ex.: “Eu já tinha feito esse desenho antes de você chegar”). • Uso correto dos verbos irregulares mais utilizados. • Até os 5:6 desaparecem: Simplificação de grupo consonantal, silabificações (ex.: [tarator] - trator; [folor] - flor; [plego] - prego) e substituições (ex.: [bisikreta] - bicicleta; [brusa] - blusa). • Aos 6:0 eventualmente pode ainda aparecer: Omissão de silaba átona em palavras polissílabas com mais de cinco silabas (ex.: [lidifikador] - liquidificador); Migração de grupo consonantal e de consoante final (liquida final) (ex.: [trige] - tigre; [pegro] - prego; [kardeno] - caderno). • Léxico: em torno de 6.000 palavras. • Aumento do significado lexical de nomes, verbos e adjetivos. • Usa e compreende os advérbios/preposições de lugar por oposição (em cima/embaixo; dentro/fora; atrás/na frente/do lado; perto/longe). Domina termos opostos como “alguns/muitos”; “mais/menos”. Os advérbios de tempo ainda podem ser usados de forma instável, mas estão frequentemente presentes no vocabulário da criança (ex.: “ontem eu fui ao circo”). • Faz perguntas sobre o tempo (ex.: “quando vai chegar o natal?”). • Descreve um objeto ou local. Demonstra habilidades metalinguísticas (define palavras, pergunta o significado delas, identifica e faz rimas). • Ao narrar mantém a organização temporal dos fatos, mesmo omitindo alguns fatos secundários, que não prejudicam o entendimento da narrativa. Não insere mais fatos não verdadeiros só para manter a narrativa: se não lembra, diz que não lembra. • Conversa com mais de um interlocutor ao mesmo tempo sobre referentes ausentes e abstratos, com turnos expansivos. |