Acessibilidade / Reportar erro

Proposta de questionário para a investigação das habilidades de comunicação social de crianças com desenvolvimento típico e com distúrbios de comunicação

RESUMO

Objetivo:

verificar a possibilidade de uso de um questionário simples, aplicado a interlocutores familiares da criança, para identificar as características funcionais de comunicação de crianças com diferentes manifestações do desenvolvimento da linguagem.

Métodos:

foram realizadas 95 entrevistas individualmente com os responsáveis de crianças posteriormente diagnosticadas com Distúrbio de Linguagem (DL), com Distúrbio de Produção da Fala (DPF), com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e com Desenvolvimento Típico (DT). Nas entrevistas foi aplicado o Questionário de Habilidades Comunicativas para caracterização do desempenho pragmático. Foram utilizados o teste t de Student e a Análise de Componentes Principais para análise estatística, considerando-se como significante p-valor<0,05.

Resultados:

as análises estatísticas evidenciam que o uso do questionário desenvolvido permitiu a diferenciação entre os grupos de crianças com diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo e Distúrbio de Linguagem e o grupo de crianças com diagnóstico de Distúrbios de Produção da Fala e com desenvolvimento típico.

Conclusão:

o questionário proposto mostrou-se capaz de diferenciar e caracterizar, do ponto de vista pragmático, as crianças com diferentes manifestações do desenvolvimento de comunicação, evidenciando o comprometimento das habilidades pragmáticas de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo e com Distúrbios de Linguagem.

Descritores:
Fonoaudiologia; Linguagem; Crianças; Comunicação Social

ABSTRACT

Purpose:

to verify the possibility of administering a simple questionnaire to family members who communicate with their children to identify communication functional characteristics of children with different manifestations of language development.

Methods:

95 parents/guardians were individually interviewed. Their children were afterwards diagnosed with language disorder (LD), speech production disorder (SPD), autism spectrum disorder (ASD), and typical development (TD). The interviews were conducted with the Communicative Skills Questionnaire to characterize the pragmatic performance. The Student’s t-test and the principal component analysis were used in statistical analysis, considering significant p-values < 0.05.

Results:

the statistical analyses reveal that the questionnaire distinguished the groups of children diagnosed with autism spectrum disorder and language disorder from the groups of children with speech production disorders and typical development.

Conclusion:

the questionnaire proved to be capable of distinguishing and characterizing, from the pragmatic standpoint, the children with different manifestations of communication development, revealing the impaired pragmatic skills of children with autism spectrum disorders and language disorders.

Keywords:
Speech, Language and Hearing Sciences; Language; Child; Social Communication

Introdução

A linguagem é um sistema de regras e princípios que tornam os interlocutores capazes de codificar significados em sons e os ouvintes capazes de decodificá-los em significados11. Yamashiro A, Vouloumanos A. Are linguistic and social-pragmatic abilities separable in neurotypical infants and infants later diagnosed with ASD? Dev Psychol. 2019;55(5):920-33.. Contudo, a linguagem também é infinitamente criativa, possibilitando ao interlocutor e ao ouvinte a criar, entender e modificar um conjunto infinito de enunciados novos. A linguagem é um instrumento de comunicação e elaboração de pensamento11. Yamashiro A, Vouloumanos A. Are linguistic and social-pragmatic abilities separable in neurotypical infants and infants later diagnosed with ASD? Dev Psychol. 2019;55(5):920-33.,22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46..

A partir da pragmática é possível observar o uso das capacidades linguísticas e não linguísticas com a finalidade de se comunicar¹, resultado da interação entre processos linguísticos, cognitivos e sensoriais individuais e a sua forma de se relacionar com o próximo, compreendendo os aspectos formais que definem os ajustes e variações realizados em função do contexto de comunicação que, por sua vez, implicam no uso da linguagem em função das características do interlocutor e da situação22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.

3. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.

4. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.

5. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.
-66. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018..

O estudo da pragmática relaciona os aspectos fonológicos, semânticos e sintáticos da linguagem com o contexto no qual ela ocorre, estudando seus diferentes usos 22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.,33. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.. Conhecendo-se o contexto onde ocorre a linguagem, é possível compartilhar o tema sem necessariamente verbalizar a intenção do indivíduo44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16..

No desenvolvimento típico da linguagem é possível observar a emergência precoce das habilidades pragmáticas. Antes mesmo de emitir palavras, a criança é capaz de responder às iniciativas sociais de outros através de formas não verbais. Com o desenvolvimento da linguagem, a interação vai sendo aprimorado, tornando a criança cada vez mais ativa na comunicação, utilizando funções comunicativas mais interativas 22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.

3. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.
-44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16..

Em alguns casos, a aquisição típica das habilidades pragmáticas não é observada. A quebra ou a falha no caráter intencional da comunicação é a principal característica observada nos distúrbios pragmáticos. As alterações desse aspecto linguístico são manifestadas por dificuldades em interpretar corretamente as ações dos outros e/ou em expressar adequadamente seus desejos e intenções22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.

3. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.

4. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.

5. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.

6. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.

7. Thapar A, Cooper M, Rutter M. Neurodevelopmental disorders. Lancet Psychiatry. 2017;4(4):339-46.
-88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9..

Pesquisas recentes concluíram que a aquisição e o desenvolvimento da linguagem são essenciais na vida de uma criança, especialmente porque a linguagem possibilita a socialização com o mundo. Uma criança com dificuldade na linguagem pode ter várias consequências no campo pessoal-social, dificultando então sua interação com o meio22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.,44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16..

A socialização requer habilidades de comunicação efetivas22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.

3. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.

4. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.

5. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.

6. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.

7. Thapar A, Cooper M, Rutter M. Neurodevelopmental disorders. Lancet Psychiatry. 2017;4(4):339-46.

8. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.
-99. Vissers C, Koolen S. Theory of mind deficits and social emotional functioning in preschoolers with specific language impairment. Front Psychol. 2016;7:1734., englobando comunicação não-verbal e compreensão de expressões faciais, esta última sendo fundamental para o comportamento social33. Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.,1010. Andrade CR, Befi-Lopes DM, Fernandes FD, Wertzner HF. ABFW- Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: PróFono; 2000..

Um instrumento que possibilite verificar as características funcionais da comunicação de crianças com diferentes quadros de distúrbios de fala e linguagem, identificando características específicas relacionadas aos diferentes quadros, pode facilitar os processos de diagnóstico e, dessa forma, o encaminhamento a serviços e processos de intervenção adequados de forma eficiente.

Este estudo tem como objetivo verificar a possibilidade de uso de um questionário simples, aplicado aos interlocutores familiares da criança, para a identificação inicial das características funcionais de comunicação de crianças com diferentes manifestações do desenvolvimento da linguagem.

Métodos

Esta pesquisa foi encaminhada à Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP, Brasil, e aprovada sob protocolo número 1818136. Os participantes só foram incluídos na pesquisa depois que um de seus responsáveis assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O instrumento foi criado visando mapear o desempenho em habilidades pragmáticas como iniciativa de comunicação; interatividade da comunicação; meios comunicativos utilizados; diversidade funcional, habilidades discursivas e adaptação sócio-comunicativa de crianças com distúrbios de linguagem. As questões que compõem o questionário foram baseadas em protocolos já existentes, principalmente o Perfil Funcional da comunicação 1010. Andrade CR, Befi-Lopes DM, Fernandes FD, Wertzner HF. ABFW- Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: PróFono; 2000.,1111. Neubauer MA, Fernandes FD. Functional communication profile and speech-language diagnosis in children of the autism spectrum: checklist use. CoDAS. 2013;25(6):605-9. e o Autism Behavior Checklist1212. Krug D, Arick J, Almond P. Autism Behavior Checklist - ABC. In: Krug DA, Arick J, Almond P, editors. Autism Screening Instrument for Educational Planning- ASIEP-2. Austin, Texas: PRO-ED; 1993. p. 37-58..

Para alcançar este objetivo, o questionário foi adaptado após a aplicação em estudo piloto1111. Neubauer MA, Fernandes FD. Functional communication profile and speech-language diagnosis in children of the autism spectrum: checklist use. CoDAS. 2013;25(6):605-9. visando a um maior detalhamento das características comunicativas; desta forma o questionário (Anexo 1 Anexo 1 Questionário de Habilidades Comunicativas PERGUNTAS Nunca De vez em quando Frequen temente Quase sempre 1 A criança interage com os pais/cuidadores? 2 A criança interage com outros adultos ou crianças mais velhas? 3 A criança brinca com crianças da sua idade? 4 A criança olha para os pais quando a chamam? 5 A criança olha para os pais quando estão conversando? 6 A criança inicia conversas/brincadeiras? 7 A criança apresenta movimentos repetitivos? 8 A criança faz movimentos repetitivos quando se estressa? 9 A criança repete frase ou expressões ouvidas? 10 Quando se estressa grita, repete frases ou expressões ouvidas? 11 A criança agradece ou cumprimenta? 12 A criança demonstra gostar ou desgostar de algo? 13 A criança consegue mostrar por que está descontente? 14 A criança brinca com diversos brinquedos? 15 A criança tem algum brinquedo ou objeto pelo qual demonstra preferência ou afeto? (p.ex. Busca quando está triste, estressado ou para dormir) 16 A criança solicita brinquedos? 17 A criança brinca de formas diferentes com a mãe e o pai? 18 A criança brinca de formas diferentes com pessoas conhecidas e desconhecidas? 19 A criança aceita abraços, contato físico? 20 A criança tem interesse excessivo por algo? 21 A criança entende piadas? 22 A criança conta sobre o seu dia na escola? 23 A criança reage a estímulos ambientais? (p.ex. cócegas, barulhos altos) 24 A criança faz amizades? 25 A criança participa de conversas respeitando a vez do outro e falando na sua vez? 26 A criança compreende/atende ordens? 27 A criança brinca com jogos de faz de conta? 28 Pessoas não familiares entendem o que a criança fala? 29 A criança nomeia objetos e figuras? 30 A criança se recusa a participar de atividades? ) é composto por 30 questões.

Para esse estudo foi utilizada uma escala de tipo Likert para a estruturação formal do questionário. Essa escala possibilitou que os interlocutores optassem dentre as alternativas “Nunca”, “De vez em quando”, “Frequentemente” e “Quase sempre”.

Os grupos de estudo foram divididos em consonância com a American Speech-Language-Hearing Association (1993)1414. ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. Definitions of communication disorders and variations. 1993. [cited 2020 Dec 14]. Available from: http://www.asha.org/policy
http://www.asha.org/policy...
, que divide os distúrbios de comunicação em impedimentos na habilidade para receber e/ou processar um sistema simbólico, linguagem (forma, conteúdo e função comunicativa); e processos de fala (articulação, voz e fluência). Além do grupo de crianças com TEA que foi selecionado devido ao déficit primário em habilidades pragmáticas.

Para verificar a aplicabilidade do questionário construído e sua utilidade na caracterização do desempenho pragmático foram considerados critérios de inclusão a faixa etária entre 2 e 12 anos completos e hipótese diagnóstica de Distúrbio de Linguagem (DL), Distúrbio de Produção da Fala (DPF), Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) ou crianças com Desenvolvimento Típico (DT). Foram considerados critérios de exclusão a falta de dados completos, a recusa em participar e diagnósticos de perdas auditivas moderadas a profundas ou múltiplas deficiências. As entrevistas com os responsáveis pelas 95 crianças foram realizadas individualmente e os participantes foram divididos em quatro grupos:

  • Grupo DT - Pais ou cuidadores de 45 crianças sem queixas fonoaudiológicas que frequentam escola comum, com média de idade de 4 anos e 9 meses.

  • Grupo TEA - Pais ou cuidadores de 28 crianças com diagnóstico clínico incluído no espectro do autismo, em processo de terapia fonoaudiológica no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica nos Distúrbios do Espectro do Autismo (LIF - DEA) do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP. Com média de idade de 4 anos e 8 meses.

  • Grupo DL - Pais ou cuidadores de 14 crianças com distúrbios de comunicação relacionados aos processamentos da linguagem, que foram atendidos no serviço de triagem fonoaudiológica do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP. Com média de idade de 6 anos e 5 meses.

  • Grupo DPF - Pais ou cuidadores de 8 crianças com distúrbios de comunicação relacionados a produção da fala, que foram atendidos no serviço de triagem fonoaudiológica do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP. Com média de idade de 6 anos e 10 meses.

A escolha desses sujeitos teve como intenção identificar as habilidades comunicativas nas diferentes manifestações do desenvolvimento da comunicação.

Na análise estatística foram realizados o teste T-student e Análise de Componentes Principais, considerando-se como significante p-valor<0,05.

Resultados

Foram realizadas 95 entrevistas com responsáveis por crianças com média de idade de 5 anos e 2 meses. A análise estatística, a partir do teste T-student, demonstrou que não há diferença estatística entre o gênero dos grupos estudados.

Os participantes foram divididos em quatro grupos, como demonstrado na Figura 1: DT com 45 (47,36%) participantes e média de idade de 4 anos e 9 meses; TEA com 28 (29,47%) crianças e média de idade de 4 anos e 8 meses; DL com 14 (15,78%) sujeitos e média de idade de 6 anos e 5 meses; e DPF com 8 (7,39%) crianças e média de idade de 6 anos e 10 meses.

Figura 1:
Caracterização da amostra

A Análise de Componentes Principais para as respostas referentes ao grupo de estudo, como observado na Figura 2, identificou a relevância quantitativa de grupos com hipóteses diagnósticas de Distúrbio de Linguagem, Transtorno do Espectro do Autismo e Distúrbios de Produção da fala (como distúrbios de fluência, motricidade orofacial, com representação numérica muito menor). As questões identificadas como mais relevantes para a distinção entre esses grupos foram as de números: 1, 2, 4, 7, 8, 11, 12, 19, 20, 24, 26 e 29. Estão descritas as questões e os grupos que se diferem no Quadro 1.

Figura 2:
Análise de Componentes Principais para as respostas referentes aos sujeitos com Transtorno do Espectro do Autismo, Distúrbio de Linguagem e Distúrbio de Produção de Fala

Quadro 1:
Questões identificadas como mais relevantes para a distinção entre esses grupos

A Análise de Componentes Principais (Fig. 2) evidencia a possibilidade de uso dos resultados do questionário desenvolvido para a identificação de crianças com quadros compatíveis com o Espectro do Autismo, além de apontar que os sujeitos com DL apresentam comportamentos comunicativos mais semelhantes às crianças com TEA do que as crianças com DPF.

Onze das 30 questões mostraram alta sensibilidade para diferenciar as crianças com TEA de um dos outros três grupos, sendo que na maioria das questões os pais utilizaram as extremidades da escala, demonstrando comportamentos comunicativos mais enrijecidos.

Os responsáveis pelas crianças com TEA e DL indicaram comportamentos pragmáticos similares entre os dois grupos em nove questões. Nestas mesmas questões, o grupo das crianças com DPF e DT também se assemelham, mas distinguindo-se dos grupos antes ditos.

Em sete questões as crianças com DT e DPF não apresentaram diferenças, todavia o grupo das crianças com TEA e DL se diferenciam entre si e entre o grupo das crianças de DT e DPF.

Duas questões mostraram semelhança entre o grupo das crianças com TEA e DPF e apenas uma questão diferenciou todos os grupos.

Discussão

As questões “A criança interage com os pais/cuidadores?”, “A criança interage com outros adultos ou crianças mais velhas?” e “A criança olha para os pais quando a chamam?” apresentaram alto índice de diferenciação do grupo das crianças com TEA dos demais. Essas três questões abordam aspectos sociais como amizade e interação social, manifestações que em geral distinguem as crianças com TEA em relação às crianças com outros distúrbios de comunicação88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.,1313. Lagus S, Fernandes FDM. Investigação das habilidades comunicativas de crianças com desenvolvimento típico e com autismo. In: Castro LHA, Pereira TT, Moreto FVC, editors. Propostas, Recursos e Resultados nas Ciências da Saúde 8. Ponta Grossa: Atena Editora; 2020. p. 72-80.

14. ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. Definitions of communication disorders and variations. 1993. [cited 2020 Dec 14]. Available from: http://www.asha.org/policy
http://www.asha.org/policy...

15. American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
-1616. Parmeggiani A, Corinaldesi A, Posar A. Early features of autism spectrum disorder: a cross-sectional study. Ital J Pediatr. 2019;45:144..

As questões “A criança apresenta movimentos repetitivos?” e “A criança faz movimentos repetitivos quando se estressa?” diferenciam todos os grupos. Todavia, a maioria das respostas afirmativas a estas questões são referentes às crianças do grupo com TEA; na literatura estes comportamentos são característicos dos TEA, sendo utilizados como critério diagnóstico para o distúrbio1414. ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. Definitions of communication disorders and variations. 1993. [cited 2020 Dec 14]. Available from: http://www.asha.org/policy
http://www.asha.org/policy...
,1515. American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.. Um aspecto a ser considerado na interpretação desse achado é a diferença etária entre o grupo das crianças com TEA e com as outras manifestações do desenvolvimento da linguagem 22. Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46., visto que crianças com desenvolvimento não incluso no espectro do autismo apresentam importante progresso na forma de se expressar 44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.,55. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.,66. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.,99. Vissers C, Koolen S. Theory of mind deficits and social emotional functioning in preschoolers with specific language impairment. Front Psychol. 2016;7:1734.,1313. Lagus S, Fernandes FDM. Investigação das habilidades comunicativas de crianças com desenvolvimento típico e com autismo. In: Castro LHA, Pereira TT, Moreto FVC, editors. Propostas, Recursos e Resultados nas Ciências da Saúde 8. Ponta Grossa: Atena Editora; 2020. p. 72-80.,1717. Simoni SN, Leidow IC, Britz DL, Moraes DAO, Keske-Soares M. Impact of the speech sound disorders: family and child perception. Rev. CEFAC. 2019;21(3):e10718.

18. Shriberg LD, Strand EA, Jakielski KJ, Mabie HL. Estimates of the prevalence of speech and motor speech disorders in persons with complex neurodevelopmental disorders. Clin Linguist Phon. 2019;33(8):707-36.
-1919. Burnside K, Wright K, Poulin-Dubois D. Social motivation and implicit theory of mind in children with autism spectrum disorder. Autism Res. 2017;10(11):1834-44..

A questão “A criança agradece ou cumprimenta?” discrimina o grupo de crianças com TEA do grupo com DL e também dos grupos com DPF e com DT1616. Parmeggiani A, Corinaldesi A, Posar A. Early features of autism spectrum disorder: a cross-sectional study. Ital J Pediatr. 2019;45:144.,1717. Simoni SN, Leidow IC, Britz DL, Moraes DAO, Keske-Soares M. Impact of the speech sound disorders: family and child perception. Rev. CEFAC. 2019;21(3):e10718.. Crianças com TEA e DL apresentaram déficits discursivos esperados, devido às questões linguísticas que transpassam tais distúrbios88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.,1919. Burnside K, Wright K, Poulin-Dubois D. Social motivation and implicit theory of mind in children with autism spectrum disorder. Autism Res. 2017;10(11):1834-44.,2020. Rodrigues VA, Santana GMR, Expósito SH. Executive functions and language in children with different subtypes of specific language impairment. Neurologia. 2017;32(6):355-62.. Esta questão diz respeito às habilidades discursivas o que remete ao estudo de Sawasaki (2018)66. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018. em que as crianças com distúrbio específico de linguagem apresentaram maior quantidade de respostas inadequadas do que as crianças com DT, especialmente nas elaborações mais complexas e nas habilidades de estruturar suas respostas. Os autores consideram que isso ocorre porque tais habilidades necessitam de maior desenvolvimento discursivo.

A questão “A criança faz amizades?” aborda habilidades pragmáticas e sociais e agrupa as crianças com TEA e DL, este achado também foi observado em pesquisas internacionais, como Bishop, Havdahl, Huerta (2016)44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16. e Helland & Helland (2017)88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.. Os dois estudos concluem que a dificuldade pragmática, de causas diferentes, em ambos os grupos, gera questões emocionais e comportamentais que influenciam nas habilidades sociais com seus pares desenvolvimentais.

As questões “A criança demonstra gostar ou desgostar de algo?”, “A criança tem interesse excessivo por algo?” e “A criança nomeia objetos e figuras?” agruparam as crianças com TEA e DL, fato interessante e consoante com a literatura, visto que tais crianças apresentam déficits de linguagem que restringem os campos semânticos, seja por dificuldades linguísticas ou questões secundárias, como nas crianças com TEA44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.

5. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.

6. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.
-77. Thapar A, Cooper M, Rutter M. Neurodevelopmental disorders. Lancet Psychiatry. 2017;4(4):339-46.,1515. American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013..

As questões “A criança aceita abraços, contato físico?” e “A criança compreende/atende ordens?” diferenciam o grupo TEA dos demais grupos, este achado apresenta concordância com a literatura mais atual44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.

5. Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.

6. Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.

7. Thapar A, Cooper M, Rutter M. Neurodevelopmental disorders. Lancet Psychiatry. 2017;4(4):339-46.
-88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.,1616. Parmeggiani A, Corinaldesi A, Posar A. Early features of autism spectrum disorder: a cross-sectional study. Ital J Pediatr. 2019;45:144.. A análise qualitativa das respostas apresenta um dado interessante, estas perguntas dividem também os responsáveis pelas crianças autistas, visto que a maioria das respostas foi heterogênea. A heterogeneidade nas crianças do espectro é algo relatado por pesquisadores como Bishop, Havdahl, Huerta (2016)44. Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16. e Helland & Helland (2017)88. Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9..

A maioria das questões mostrou similaridade entre o grupo de crianças com desenvolvimento típico e com DPF, este achado pode ser explicado devido ao número reduzido de sujeitos do grupo DPF. Mas também pelas características de comunicação social das crianças com DPF, estas crianças apresentam déficits discursivos devido à sua dificuldade de produção de fala, diferente das crianças que apresentam distúrbios de cunho cognitivo-linguístico.

Conclusão

O estudo concluiu que as crianças com distúrbios de comunicação apresentam déficits nas habilidades pragmáticas comparadas as crianças com desenvolvimento típico, mas dentro do grupo das crianças com distúrbios de comunicação, o grupo que está mais próximo ao DT são o das crianças com DPF, enquanto as crianças com TEA e DL se aproximam, por serem diferentes manifestações do desenvolvimento de comunicação, mas as crianças com TEA apresentam déficit significante nas habilidades pragmáticas de comunicação social, devido as características acerca deste diagnostico.

O questionário proposto mostrou-se capaz de diferenciar e caracterizar, do ponto de vista pragmático, as crianças com diferentes manifestações do desenvolvimento de comunicação, especialmente as crianças com TEA e DL que são distúrbios específicos de linguagem. Todavia são necessárias novas pesquisas com grupos maiores de participantes para verificar a possibilidade de delinear características específicas de cada um dos diferentes grupos.

Agradecimentos

Agradecimento a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (2017/25704 -1)

Anexo 1 Questionário de Habilidades Comunicativas

PERGUNTAS Nunca De vez em quando Frequen temente Quase sempre 1 A criança interage com os pais/cuidadores? 2 A criança interage com outros adultos ou crianças mais velhas? 3 A criança brinca com crianças da sua idade? 4 A criança olha para os pais quando a chamam? 5 A criança olha para os pais quando estão conversando? 6 A criança inicia conversas/brincadeiras? 7 A criança apresenta movimentos repetitivos? 8 A criança faz movimentos repetitivos quando se estressa? 9 A criança repete frase ou expressões ouvidas? 10 Quando se estressa grita, repete frases ou expressões ouvidas? 11 A criança agradece ou cumprimenta? 12 A criança demonstra gostar ou desgostar de algo? 13 A criança consegue mostrar por que está descontente? 14 A criança brinca com diversos brinquedos? 15 A criança tem algum brinquedo ou objeto pelo qual demonstra preferência ou afeto? (p.ex. Busca quando está triste, estressado ou para dormir) 16 A criança solicita brinquedos? 17 A criança brinca de formas diferentes com a mãe e o pai? 18 A criança brinca de formas diferentes com pessoas conhecidas e desconhecidas? 19 A criança aceita abraços, contato físico? 20 A criança tem interesse excessivo por algo? 21 A criança entende piadas? 22 A criança conta sobre o seu dia na escola? 23 A criança reage a estímulos ambientais? (p.ex. cócegas, barulhos altos) 24 A criança faz amizades? 25 A criança participa de conversas respeitando a vez do outro e falando na sua vez? 26 A criança compreende/atende ordens? 27 A criança brinca com jogos de faz de conta? 28 Pessoas não familiares entendem o que a criança fala? 29 A criança nomeia objetos e figuras? 30 A criança se recusa a participar de atividades?

REFERENCES

  • 1
    Yamashiro A, Vouloumanos A. Are linguistic and social-pragmatic abilities separable in neurotypical infants and infants later diagnosed with ASD? Dev Psychol. 2019;55(5):920-33.
  • 2
    Topal Z, Demir Samurcu N, Taskiran S, Tufan AE, Semerci B. Social communication disorder: a narrative review on current insights. Neuropsychiatr Dis Treat. 2018;14:2039-46.
  • 3
    Ochs-Keenan E. Conversational competence in children. In: Ochs-Keenan E, Schieffelin B, editors. Acquiring conversational competence. London: Routledge & Kegan Paul, 1983. p. 3-25.
  • 4
    Bishop SL, Havdahl KA, Huerta M. Subdimensions of social-communication impairment in autism spectrum disorder. J Child Psychol Psychiatry. 2016;57(8):909-16.
  • 5
    Zheng S, Kaat A, Farmer C, Kanne S, Georgiades S, Lord C et al. Extracting latent subdimensions of social communication: a cross-measure factor analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020;S0890-8567(20)31952-3.
  • 6
    Sawasaki LY. Identificação pragmática da linguagem e comunicação social: estudo comparativo entre crianças com transtornos de comunicação [Dissertation]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018.
  • 7
    Thapar A, Cooper M, Rutter M. Neurodevelopmental disorders. Lancet Psychiatry. 2017;4(4):339-46.
  • 8
    Helland WA, Helland Tl. Emotional and behavioural needs in children with specific language impairment and in children with autism spectrum disorder: The importance of pragmatic language impairment. Res Dev Disabil. 2017;70:33-9.
  • 9
    Vissers C, Koolen S. Theory of mind deficits and social emotional functioning in preschoolers with specific language impairment. Front Psychol. 2016;7:1734.
  • 10
    Andrade CR, Befi-Lopes DM, Fernandes FD, Wertzner HF. ABFW- Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: PróFono; 2000.
  • 11
    Neubauer MA, Fernandes FD. Functional communication profile and speech-language diagnosis in children of the autism spectrum: checklist use. CoDAS. 2013;25(6):605-9.
  • 12
    Krug D, Arick J, Almond P. Autism Behavior Checklist - ABC. In: Krug DA, Arick J, Almond P, editors. Autism Screening Instrument for Educational Planning- ASIEP-2. Austin, Texas: PRO-ED; 1993. p. 37-58.
  • 13
    Lagus S, Fernandes FDM. Investigação das habilidades comunicativas de crianças com desenvolvimento típico e com autismo. In: Castro LHA, Pereira TT, Moreto FVC, editors. Propostas, Recursos e Resultados nas Ciências da Saúde 8. Ponta Grossa: Atena Editora; 2020. p. 72-80.
  • 14
    ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. Definitions of communication disorders and variations. 1993. [cited 2020 Dec 14]. Available from: http://www.asha.org/policy
    » http://www.asha.org/policy
  • 15
    American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
  • 16
    Parmeggiani A, Corinaldesi A, Posar A. Early features of autism spectrum disorder: a cross-sectional study. Ital J Pediatr. 2019;45:144.
  • 17
    Simoni SN, Leidow IC, Britz DL, Moraes DAO, Keske-Soares M. Impact of the speech sound disorders: family and child perception. Rev. CEFAC. 2019;21(3):e10718.
  • 18
    Shriberg LD, Strand EA, Jakielski KJ, Mabie HL. Estimates of the prevalence of speech and motor speech disorders in persons with complex neurodevelopmental disorders. Clin Linguist Phon. 2019;33(8):707-36.
  • 19
    Burnside K, Wright K, Poulin-Dubois D. Social motivation and implicit theory of mind in children with autism spectrum disorder. Autism Res. 2017;10(11):1834-44.
  • 20
    Rodrigues VA, Santana GMR, Expósito SH. Executive functions and language in children with different subtypes of specific language impairment. Neurologia. 2017;32(6):355-62.
  • Fonte de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (2017/25704 -1).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    14 Dez 2020
  • Aceito
    22 Abr 2021
ABRAMO Associação Brasileira de Motricidade Orofacial Rua Uruguaiana, 516, Cep 13026-001 Campinas SP Brasil, Tel.: +55 19 3254-0342 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistacefac@cefac.br