RESUMO
Objetivo:
caracterizar o desempenho cognitivo-linguístico de escolares no ciclo de alfabetização, a fim de identificar escolares em risco para os transtornos de aprendizagem no contexto da escola pública.
Métodos:
participaram do estudo 88 escolares, com faixa etária de 6 a 8 anos de idade, matriculados no 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental I, de duas escolas na cidade de Recife, PE, Brasil. Como procedimento foi utilizado o Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-Linguísticas. Este protocolo possui uma versão coletiva e individual e ambas foram aplicadas. A análise dos grupos foi realizada por meio de estatística não-paramétrica de Kruskal-Wallis com p <0,05.
Resultados:
todos os escolares foram submetidos à versão individual por apresentarem desempenho inferior na versão coletiva do protocolo. Assim, a aplicação da versão coletiva não foi suficiente para identificar os escolares em risco para os transtornos de aprendizagem, sendo indicada a avaliação individual. Na versão individual, os escolares do 1º ano apresentaram desempenho inferior na maioria dos subtestes que compõem o instrumento, já o 2º e o 3º ano apresentaram desempenho médio, que também merece atenção de acordo com o instrumento da avaliação. Estes resultados, aquém do esperado para a idade e série, podem ser uma consequência de más oportunidades de aprendizagem dentro e fora da escola. Além disso, foram observadas diferenças significantes em função do avanço da escolaridade, revelando que as habilidades cognitivo-linguísticas, que são precursoras do processo de aprendizagem da leitura e escrita, só estão tendo um maior salto de desenvolvimento ao final do ciclo de alfabetização, no 3º ano, o que revela um atraso importante em termos de aprendizagem.
Conclusão:
o baixo desempenho nas habilidades cognitivo-linguísticas observado nos escolares dificulta a identificação precoce de escolares em risco para os transtornos de aprendizagem e questiona a qualidade das oportunidades socioeducativas vivenciadas pelos escolares dentro e fora da escola pública. Outros fatores linguísticos, como diferenças regionais e contexto linguístico, necessitam ser considerados na interpretação de testes que avaliam habilidades cognitivo-linguísticas.
Descritores:
Aprendizagem; Cognição; Linguagem; Transtorno de Aprendizagem