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Percepção sobre o compartilhamento de conhecimento entre avaliadores sob a ótica dos editores científicos

RESUMO

Introdução/Objetivo:

Visa analisar a percepção de editores sobre a contribuição do compartilhamento de conhecimento entre avaliadores de artigos científicos, visando o aperfeiçoamento da elaboração de pareceres.

Métodos:

O estudo é do tipo exploratório, realizado por meio de pesquisa bibliográfica, associada ao questionário como técnica de coleta de dados. Para análise dos dados obtidos aplicou-se a análise de conteúdo.

Resultados:

O instrumento foi enviado via correio eletrônico e obteve o retorno de 32 editores de diversas áreas do conhecimento, sendo a maioria da área de Ciências Sociais Aplicadas e mais da metade possuem seis ou mais anos de atuação. Identificou-se que a maior parte dos respondentes acreditam que o compartilhamento de conhecimento entre avaliadores contribui para o aperfeiçoamento dos mesmos e de seus pareceres, e apesar de reconhecerem tal contribuição, 87,5% afirmam não existir, no periódico em que atuam, iniciativas que proponham a troca de conhecimentos. Por fim, quando indagados sobre ter conhecimento a respeito de iniciativas semelhantes, mesmo que em outros âmbitos, alguns respondentes afirmam conhecer e citam: as práticas propostas por editoras internacionais, que realizam webinários e disponibilizam conteúdos em seus websites, os projetos e eventos da Associação Brasileira de Editores Científicos, grupos de WhatsApp e lista de e-mails, além da interação proposta pelas práticas da avaliação por pares aberta.

Conclusão:

A partir do exposto, compreende-se que os editores percebem a relevância do compartilhamento de conhecimento entre os avaliadores, no entanto, ainda não colocaram em prática tais iniciativas nos periódicos em que atuam.

PALAVRAS-CHAVE:
Gestão do conhecimento; Editores científicos; Compartilhamento de conhecimento.

ABSTRACT

Introduction/Objective:

This work aims to analyze the editors’ perception about the contribution of knowledge sharing among reviewers of scientific articles, aiming at the improvement of the reviews elaboration.

Methods:

The study is of exploratory type, conducted through bibliographic research, associated with the questionnaire as a technique for data collection. Content analysis was applied to analyze the data obtained.

Results:

The instrument was sent via e-mail, and 32 editors from various areas of knowledge responded. Most of them are from the Applied Social Sciences areas, and more than half have six or more years of experience. It was found that most respondents believe that sharing knowledge among reviewers contributes to their improvement and to the improvement of their opinions, and although they recognize such contribution, 87.5% claim that there are no initiatives in the journal where they work that propose the exchange of knowledge. Finally, when asked about having knowledge about similar initiatives, even if in other spheres, some respondents claim to know and cite: the practices proposed by international publishers, which hold webinars and make content available on their websites; the projects and events of the Brazilian Association of Scientific Editors, WhatsApp groups and e-mail lists, and the interaction proposed by the practices of open peer review.

Conclusions:

Based on the above, it is understood that editors perceive the relevance of knowledge sharing among reviewers. However, they have not yet put into practice such initiatives in the journals in which they work.

KEYWORDS
Knowledge management; Editors; Knowledge sharing.

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento científico é resultado de pesquisas que adotam o método científico, um conjunto sistemático de procedimentos utilizados para a observação e análise de diferentes fenômenos, sendo um relevante recurso para o desenvolvimento e a evolução da vida em sociedade. Ele é o principal ativo que proporciona avanço social em diferentes aspectos: desde a criação de medicamentos que combatem enfermidades, de ferramentas para o progresso industrial e comercial, o crescimento tecnológico que facilita a rotina social e o debate para a promoção de políticas públicas, todos esses aspectos, com o objetivo de garantir o bem-estar social, como explicam Farias e Maia (2020)FARIAS, M. G. G.; MAIA, F. C. de A. Proposição de Observatório Científico para Popularização da Ciência. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 30, n. 3, p. 1-19, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n3.53866. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/53866. Acesso em: 10 jan. 2022.
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.

Antes de integrar o que se entende por ciência, esse conhecimento é avaliado seguindo os pressupostos da avaliação por pares, processo realizado por revisores, que são, ou deveriam ser pesquisadores da mesma área de conhecimento, e que avaliam as pesquisas no tocante aos métodos utilizados, rigor e boas práticas científicas, entre outros aspectos. Dessa forma, pode-se inferir que os autores, bem como os avaliadores, são fundamentais no fluxo de produção do conhecimento científico.

O processo de revisão por pares, é um dos princípios da comunicação científica, e ocorre no âmbito de diversos canais de comunicação, como livros, anais de eventos, e periódicos científicos, sendo este um dos mais relevantes veículos formais de disseminação da informação científica. Neste processo, que segundo Meadows (1999)MEADOWS, Arthur Jack. Comunicação Científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1999. 268 p. acontece há séculos e depende do escrutínio dos avaliadores, há a função de editor científico, que é responsável pela gestão, mediação e fluxo de informação e conhecimento entre autores e avaliadores no processo editorial.

Entende-se que o conhecimento é um recurso inerente aos diversos contextos humanos, sejam científicos, políticos, econômicos ou sociais, e, em razão de sua relevância e aplicação em todos esses campos, tornou-se fundamental criar práticas e processos capazes de realizar o seu gerenciamento, e um desses procedimentos é a gestão do conhecimento. A partir de um estudo bibliométrico realizado na Scopus, os autores Osinski, Roman e Selig (2015)OSINSKI, Marilei; ROMAN, Darlan José; SELIG, Paulo Mauricio. Compartilhamento de conhecimento: estudo bibliométrico das publicações acadêmicas realizadas de 1994 a 2014. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 20, n. 4, p. 149-162, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2512. Acesso em: 29 jul. 2021.
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identificaram que a gestão e o compartilhamento desse recurso são temas cujas publicações começaram a crescer, de modo expressivo, a partir do ano de 2009 e que são tópicos discutidos em diversas áreas do saber científico, mas com maior foco nas áreas de Administração e Ciência da Informação.

Destarte, esta pesquisa teve como objetivo analisar a percepção dos editores-científicos sobre as potencialidades e contribuições do compartilhamento de conhecimento entre avaliadores, com vistas ao aperfeiçoamento dos pareceres de artigos científicos. Para tal, foi realizada revisão de literatura, associada à aplicação de um questionário na plataforma Formulários Google para coleta dos dados.

2 GESTÃO E COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

A gestão do conhecimento envolve uma série de processos e etapas que visam tornar o conhecimento um recurso ativo e gerenciável. No entanto, é relevante atentar-se ao fato de que o conceito de conhecimento é plural e diversificado, abrangendo desde noções do conhecimento científico, ao conhecimento popular, filosófico, religioso, artístico, entre outros. Na visão de Takeuchi e Nonaka (2008TAKEUCHI, Hirotaka.; NONAKA, Ikujiro. Criação e dialética do conhecimento. In: TAKEUCHI; NONAKA. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. p. 17-38., p. 19) o conhecimento é constituído por dois componentes, o tácito e o explícito, sendo que o primeiro é dificilmente perceptível e explicável, altamente subjetivo e árduo de formalizar, pois “está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora.” Já o explícito é passível de ser registrado e expresso mediante palavras, números, símbolos e outras representações, sejam visuais, sonoras etc., e tem como principal característica ser facilmente disseminado.

No que diz respeito a um contexto informacional e colaborativo, Farias, Almeida e Vasconcelos (2020)FARIAS, G. B.; ALMEIDA, L. M; VASCONCELOS, M. C. N. Efetividade da Competência em Informação no Compartilhamento e Visibilidade da Ciência. In: FARIAS, M. G. G.; PINTO, V. B. (org.). Ciência da informação em contextos. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2020. 252 p. p. 77-95. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/54841.
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reiteram que a construção do conhecimento ocorre a partir de experiências individuais, de modo que torna-se relevante refletir sobre as singularidades inerentes a cada sujeito no processo de aplicação do conhecimento, uma vez que por ser um recurso significativo para os diversos âmbitos da sociedade, faz-se necessário desenvolver mecanismos e processos capazes de gerenciar o conhecimento, tendo em vista a sua melhor obtenção, disseminação e uso, e um desses mecanismos é a gestão do conhecimento, a qual ocupa-se do “planejamento e controle de ações (políticas, mecanismos, ferramentas, estratégias e outros) que governam o fluxo do conhecimento [...]”, como explicam Leite e Costa (2007LEITE, Fernando César Lima; COSTA, Sely Maria de Souza. Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 36, n. 1, 2007. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1189. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, p. 95).

Em outra definição, de modo simplificado, Tonet e Paz (2006)TONET, Helena Correa; PAZ, Maria das Graças Torres da. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 75-94, jun. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-65552006000200005. Acesso em: 30 ago. 2021.
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conceituam a gestão do conhecimento como um processo que visa otimizar o uso desse recurso. Neste sentido, a gestão do conhecimento tem como uma de suas ações o compartilhamento desse importante ativo nas diversas esferas da sociedade, inclusive, no âmbito acadêmico. Conforme as autoras, o compartilhamento do conhecimento pode ser compreendido como a atitude do sujeito de partilhar suas percepções com os demais colaboradores e, concomitantemente, receber o conhecimento que os outros possuem. Este comportamento, ainda segundo Tonet e Paz (2006)TONET, Helena Correa; PAZ, Maria das Graças Torres da. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 75-94, jun. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-65552006000200005. Acesso em: 30 ago. 2021.
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, resulta em uma assimilação mútua de conhecimento partilhado entre fonte e emissor. Em uma perspectiva semelhante, Bartol (2002BARTOL, Kathryn. Encouraging Knowledge Sharing: The Role of Organizational Reward Systems. Journal of Leadership and Organization Studies, [S. l.], v. 9, n. 1, 2002. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/107179190200900105. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, p. 92, tradução nossa) destaca o compartilhamento de conhecimento como a ação de “indivíduos que compartilham informações, ideias, sugestões e experiência organizacionalmente relevantes uns com os outros.”

O conhecimento é uma forma de ajudar a suprir a necessidade contínua do aprendizado, que é imposta a todos os profissionais que objetivam se manter sempre atualizados e qualificados para sua função, no entanto, é um processo de difícil concretização, como explicam Tonet e Paz (2006)TONET, Helena Correa; PAZ, Maria das Graças Torres da. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 75-94, jun. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-65552006000200005. Acesso em: 30 ago. 2021.
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. Para contribuir com as ações e iniciativas em prol da gestão do conhecimento, as autoras elaboraram um modelo de compartilhamento que está representado na figura 1 a seguir:

Figura 1
Modelo de compartilhamento de conhecimento

O modelo proposto considera que o processo de compartilhamento de conhecimento é composto por quatro etapas: iniciação, implementação, apoio e incorporação. A iniciação está relacionada à análise das necessidades e oportunidades de conhecimento, que resultará na localização das fontes para atender a esta demanda. De acordo com as autoras, um exemplo interessante é a entrada de um novo membro no grupo:

O ingresso de um novo membro no grupo de trabalho, por exemplo, sugere de pronto, a necessidade de repasse de conhecimento; é prudente, entretanto, que seja feita uma análise de quais conhecimentos deverão ser repassados ao novo elemento, e localizadas as fontes que melhor poderão atender a essa demanda; pode ocorrer que o novato já domine pelo menos parte do conjunto de conhecimentos que deverá possuir, para compreender bem o que ocorre na unidade; e repassar-lhe aquilo que já domina, além de tedioso, seria perda de tempo (TONET; PAZ, 2006, p. 81, grifo nosso).

Ou seja, é preciso avaliar, antes da execução de qualquer atividade de compartilhamento, quais conhecimentos serão partilhados, para inclusive, poupar recursos, sejam humanos, materiais ou financeiros. No caso do ingresso de novos avaliadores em periódicos científicos, considera-se que eles já possuam os conhecimentos básicos sobre como realizar a avaliação de um manuscrito, mas, como os periódicos possuem diferentes escopos e critérios, torna-se essencial o compartilhamento dos procedimentos adotados aos avaliadores.

A implementação trata do processo de interação entre a fonte e o destinatário do conhecimento segundo Tonet e Paz (2006)TONET, Helena Correa; PAZ, Maria das Graças Torres da. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 75-94, jun. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-65552006000200005. Acesso em: 30 ago. 2021.
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, e esta etapa pode enfrentar barreiras em sua execução, que estão comumente associadas:

(a) com as habilidades da fonte para repassar aquilo que sabe, e do destinatário, para compreender e conseguir manejar o conhecimento que está sendo compartilhado; (b) com as atitudes e traços pessoais de ambos, que poderão facilitar ou dificultar o processo, a depender de como se coloquem diante do compartilhamento de conhecimento; e (c) com aspectos do contexto organizacional, como disponibilidade de tempo e condições estruturais adequadas para o compartilhamento; como, por exemplo, situações formais e informais para encontros e conversas entre as pessoas, e locais e equipamentos adequados para o repasse de conhecimentos que exigem demonstrações. (TONET; PAZ, 2006, p. 83, grifo nosso).

As autoras acreditam que as barreiras podem ser originadas a partir de diferentes ordens, sejam relacionadas às competências da fonte e do destinatário para repassar, receber e processar o conhecimento, ou aspectos subjetivos e pessoais dos sujeitos, que podem facilitar ou entravar e dificultar o compartilhamento, e, por fim, o contexto organizacional, no que diz respeito à disponibilidade e flexibilidade de tempo, bem como os requisitos estruturais apropriados para o compartilhamento, seja por vias formais ou informais.

O apoio é a terceira etapa do modelo e reside na necessidade de oferecer suporte para esclarecer ou corrigir conhecimentos que tenham sido repassados, mas que estejam sendo utilizados de modo inadequado. As autoras afirmam que essa etapa é fundamental, uma vez que podem surgir contratempos na aplicação do conhecimento, e, neste caso, faz-se necessário propor soluções rapidamente, tendo em vista que “[...] devido ao agravamento a que podem ser levados; práticas incorretas, quando se tornam arraigadas, são mais difíceis de serem removidas.” (TONET; PAZ, 2006, p. 86). A última etapa, incorporação, está relacionada aos esforços para possibilitar a aplicação e o fluxo livre do conhecimento compartilhado entre aqueles que precisam usá-lo, de modo a evitar obstáculos em sua utilização. Para as autoras, os empecilhos que podem surgir nesta etapa estão relacionados com diversos fatores, tais quais:

As pessoas podem divergir nas rotinas de aplicação do conhecimento compartilhado, devido a: (a) diferenças nos mecanismos de percepção dos benefícios e das ameaças que poderão advir do seu uso rotineiro; (b) falta de habilidades para redirecionar ações e rever as rotinas, quando ocorrem obstáculos ou dificultadores ao emprego do conhecimento de forma rotinizada; (c) resistência ou indisponibilidade das pessoas para mudanças que se tornam necessárias, à medida que as práticas decorrentes do novo conhecimento começam a se consolidar; (d) descrédito, e consequente pressão contrária, das chefias e pares sobre as vantagens e benefícios do uso do novo conhecimento (TONET; PAZ, 2006, p. 87, grifo nosso).

Cada sujeito na organização é um ser único e pode assumir diferentes perspectivas sobre um mesmo processo. A depender de sua percepção sobre a incorporação de conhecimento em um procedimento já consolidado, o sujeito pode mostrar-se indisponível para as mudanças e dificultar o ciclo, o compartilhamento e a implementação de novas concepções, mesmo que o intuito seja otimizar o processo.

O conhecimento é um ativo de estimada importância em todos os níveis e contextos, atuando, especialmente, no que diz respeito à inovação e inteligência competitiva, de modo que as organizações devem preocupar-se de antemão com o compartilhamento de tal recurso, bem comum estimular a criação de espaços favoráveis à sua circulação e propícios para que indivíduos se encontrem, conversem e atuem como fonte e receptores de conhecimento, segundo Tonet e Paz (2006)TONET, Helena Correa; PAZ, Maria das Graças Torres da. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 75-94, jun. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-65552006000200005. Acesso em: 30 ago. 2021.
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. Ainda conforme as autoras, a criação de tais oportunidades tornam-se importantes e justificam o investimento, uma vez que desenvolverá espaços para que as pessoas possam relatar soluções encontradas para adversidades da rotina do trabalho, e, no sentido deste estudo, na rotina da avaliação científica.

Como já explicado anteriormente, por ser um processo mútuo, o compartilhamento de conhecimento pode se deparar com obstáculos que dificultem esse processo. No estudo de Moresi e Mendes (2010MORESI, Eduardo Amadeu Dutra; MENDES, Sérgio Peixoto. Compartilhamento do conhecimento em portais corporativos. Transinformação, Campinas, SP, v. 22, n. 1, p. 19-32, abr. 2010. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-37862010000100002. Acesso em: 29 jul. 2021.
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, p. 27) as principais dificuldades para o processo residem na falta de tempo para o compartilhamento, e, inclusive, o interesse das pessoas no conhecimento que se pretende compartilhar. Para a superação destes empecilhos, os autores sugerem “criar o ‘momento do compartilhamento’ e ter identificado os tipos de conhecimento que realmente interessam às pessoas e à organização é fator crítico de sucesso para a superação dos dois obstáculos apontados pelo estudo.”

O compartilhamento do conhecimento depende da criação de uma cultura organizacional que propicie e estimule o processo, sendo, a criação da cultura do compartilhamento e o exemplo das “lideranças”, neste âmbito, do editor científico, os principais fatores que favorecerão a troca de conhecimentos, como ressaltam Moresi e Mendes (2010)MORESI, Eduardo Amadeu Dutra; MENDES, Sérgio Peixoto. Compartilhamento do conhecimento em portais corporativos. Transinformação, Campinas, SP, v. 22, n. 1, p. 19-32, abr. 2010. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-37862010000100002. Acesso em: 29 jul. 2021.
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. Além disso, a criação desse espaço oportuno pode, segundo os autores, estimular a produtividade e aprimorar os processos operacionais. No tópico a seguir apresenta-se as relações entre o compartilhamento do conhecimento com os processos da comunicação científica, mais especificamente, da revisão por pares.

2. 1 Compartilhamento de conhecimento no contexto científico

Entre os diversos tipos de conhecimento, há o científico, originado a partir de uma série de procedimentos metodológicos e sistemáticos que visam responder questões e problemas identificadas por pesquisadores em diferentes áreas do saber. Por ser considerado como um conjunto de noções construídas em uma perspectiva colaborativa, torna-se pertinente o desenvolvimento de processos e mecanismos que visem o seu gerenciamento e compartilhamento do pensamento científico. Segundo Leite e Costa (2007)LEITE, Fernando César Lima; COSTA, Sely Maria de Souza. Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 36, n. 1, 2007. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1189. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, a comunicação deste conhecimento tem relação direta com a gestão do conhecimento por estarem envolvidos pelo contexto acadêmico e a cultura de compartilhamento no meio científico. Contudo, apesar dessa relação latente, segundo os autores, poucas são as iniciativas, estudos ou propostas que visam investigar o processo de gestão e compartilhamento do conhecimento no âmbito acadêmico e científico.

Para os autores, o ambiente científico e acadêmico possui características culturais únicas que o torna diferente dos demais contextos, a exemplos de contextos de organizações comerciais, sociais ou governamentais. Para Leite e Costa (2007LEITE, Fernando César Lima; COSTA, Sely Maria de Souza. Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 36, n. 1, 2007. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1189. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, p. 95), essas características estão vinculadas a “valores, pressupostos e crenças que são partilhados entre os indivíduos que vivem no ambiente e são reafirmados cotidianamente por estarem embrenhados em suas atividades e relações sociais.”. Ou seja, essas características, de acordo com os autores, que compõem o que se pode entender como uma cultura organizacional científica, moldam as interações, os processos e as perspectivas no meio acadêmico.

No que diz respeito ao compartilhamento do conhecimento científico, Leite e Costa (2007)LEITE, Fernando César Lima; COSTA, Sely Maria de Souza. Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 36, n. 1, 2007. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1189. Acesso em: 17 ago. 2021.
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definem que a troca do conhecimento explícito acontece por canais formais de comunicação, a exemplo de livros e publicações periódicas, e o conhecimento tácito por meio de canais informais, por exemplo, palestras em eventos, conversas e debates. Ou seja, pesquisadores e cientistas têm acesso a diferentes formas e canais de compartilhamento de conhecimento no âmbito de sua atuação. Neste sentido, faz-se importante compreender se o compartilhamento, a troca de conhecimentos e a interação entre avaliadores científicos, independente dos canais e meios utilizados, sejam formais ou informais, contribuem com o aperfeiçoamento dos mesmos e de seus pareceres.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo caracteriza-se como exploratório, pois busca proporcionar novas informações sobre o assunto a ser investigado, de modo a possibilitar seu delineamento temático e orientar para a formulação de hipóteses e novas perspectivas de pesquisas, segundo Prodanov e Freitas (2013)PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.. Quanto aos procedimentos, é do tipo bibliográfico uma vez que o pesquisador atua, conforme Severino (2016SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 24. ed. São Paulo: Cortez, 2016., p. 131) a partir das “[...] contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos”.

A construção do repertório teórico e bibliográfico desta investigação ocorreu mediante consultas nas bases de dados SciELO e BRAPCI, com a busca realizada pelos termos “gestão e compartilhamento do conhecimento”, “compartilhamento do conhecimento” e “gestão do conhecimento em periódicos científicos”. Como técnica de coleta de dados utilizou-se o questionário, considerado como por Severino (2016SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 24. ed. São Paulo: Cortez, 2016., p. 134) como “um conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião destes sobre os assuntos em estudo.” Desta forma, o objetivo das perguntas, apresentadas no quadro 1 a seguir, é compor um diagnóstico da percepção dos editores sobre o compartilhamento de conhecimento entre os avaliadores:

Quadro 1
Questões apresentadas no formulário “Percepções dos editores científicos sobre o compartilhamento de conhecimentos entre avaliadores”

O instrumento de coleta foi elaborado na plataforma Formulários Google, contendo nove questões. Dentre as nove, seis que estão indicadas com asterisco no quadro 1 eram obrigatórias, e as demais, optativas. O formulário foi compartilhado via correio eletrônico individual. Os endereços de correio eletrônico caracterizam-se como dados de livre acesso, uma vez que foram obtidos mediante pesquisa em portais de periódicos1 1 Portais de periódicos são plataformas institucionais que agregam e facilitam o acesso às publicações e produção científicas das revistas da instituição na qual o portal está vinculado. . Dessa forma, consultou-se os portais de periódicos das respectivas instituições: Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal de Santa Catarina. A escolha por estas instituições que compõem a amostra aconteceu de modo aleatório e os periódicos selecionados foram aqueles considerados ativos, que tinham pelo menos uma publicação no ano de 2021. Destarte, o link do questionário foi enviado para 86 editores de periódicos científicos.

No que tange ao aspecto ético da pesquisa, a Resolução nº 510, de 2016, emitida pelo Conselho Nacional de Saúde reitera que estudos que objetivam o “aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional” (BRASIL, 2016BRASIL. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Brasília, DF: 07 abr. 2016. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: 13 jan. 2022.
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...
) e que não possuam mecanismos que identifiquem os sujeitos respondentes, no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, são isentas de avaliação por Comitê de Ética desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito. Destarte, para resguardar a pesquisa foi anexado ao formulário um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

O período de coleta de dados teve a duração de quinze dias, com início no dia 5 de agosto e encerramento no dia 20 de agosto de 2021. Neste período, o questionário obteve o retorno de 32 editores de periódicos científicos, alcançando uma taxa de resposta de 37%. É importante ressaltar que, ao concordar em participar da pesquisa, o editor assinala que consente com o proposto no TCLE, que assegura o caráter voluntário de sua participação, que sua identidade permanecerá anônima e que os dados obtidos pelo questionário serão utilizados apenas para fins estritamente acadêmicos e científicos. A análise dos dados seguiu os pressupostos teóricos da análise de conteúdo de Bardin (2011)BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70, 2011. 279 p. a partir do estabelecimento de categorias, a saber: a) atividades e práticas de qualificação; b) compartilhamento das avaliações, ideias e experiências; c) padronização e estruturação dos itens avaliados; d) revisão por pares aberta.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Durante a compilação dos dados coletados, as respostas dos editores, sujeitos da pesquisa, foram apresentadas mediante código alfanumérico, por exemplo, E17, que corresponde a ordem de resposta do questionário. As três primeiras questões visavam caracterizar o grupo respondente e serão apresentadas a seguir. Sobre o tempo de atuação como editor, obteve-se as seguintes respostas:

Quadro 2
Tempo de atuação como editor

Essa questão objetivou identificar há quanto tempo o respondente atua na função de editor do periódico científico, a qual possuía os seguintes itens para marcar: “6 meses - 2 anos”, “2 - 4 anos”, “4 - 6 anos” e “6 anos ou mais”. A fim de abranger outros intervalos de tempo, definiu-se o campo “Outros”. De acordo com os dados do quadro 1, pode-se identificar que mais da metade dos respondentes (18=56,25%), atua como editor há mais de seis anos, incluindo casos de participantes com 17 e 22 anos de atuação, o que indica um período considerável de experiência na função. A respeito da área de conhecimento do periódico em que o editor atua, obteve-se os seguintes dados:

Quadro 3
Área de conhecimento do periódico científico

As áreas do conhecimento no quadro 3 seguiram a classificação proposta pela Tabela de Áreas de Conhecimento da Capes. De acordo com o exposto, a área do conhecimento com a maior quantidade de representantes foi a Ciências Sociais Aplicadas com catorze, em seguida a área de Ciências Humanas, com oito respondentes e a Linguística, com seis. Com uma menor representatividade, vem a área de Ciências da Saúde, com dois editores, e a área de Ciências Agrárias, Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, cada uma com apenas um editor respondente. Apesar de proporcionarem uma representação pequena, as respostas desses editores contribuem sobremaneira para ampliar as perspectivas e a visão da amostra sobre a temática, de modo a evitar vieses ou discussões atreladas a apenas um espectro do conhecimento científico.

A terceira questão identificou que 29 dos 32 editores respondentes são avaliadores em outro periódico. Esse número reflete o fato de que os editores, enquanto respondentes e responsáveis pela gestão e mediação do fluxo editorial, têm ciência e conhecimento desses processos, tanto na função de editor, quanto na função de avaliador.

As questões analisadas adiante tratam do entendimento do editor sobre o compartilhamento de conhecimento. A quarta questão identificou que, na percepção de 29 editores, o compartilhamento e a troca dos conhecimentos entre os avaliadores pode contribuir tanto para o aperfeiçoamento de seu desempenho enquanto revisor e de seus pareceres. Devido à amplitude e abrangência das respostas obtidas com a quinta pergunta, que visava entender a percepção dos editores sobre como pode acontecer essa contribuição, estabeleceu-se as seguintes categorias para nortear a discussão, a saber: a) atividades e práticas de qualificação; b) compartilhamento das avaliações, ideias e experiências; c) padronização e estruturação dos itens avaliados; d) revisão por pares aberta. Além destas categorias de análise citadas, ainda nessa questão, alguns editores citaram os benefícios do compartilhamento do conhecimento, que será apresentado como tópico complementar.

Entre as respostas, quatro editores afirmaram que a contribuição do compartilhamento pode ocorrer por meio de atividades e práticas que visam a qualificação enquanto profissional, como cursos, citados pelos respondentes E1 e E32, formação continuada remota e boletins informativos, também citados por E1, a criação de fóruns de discussão, sugestão dado por E12 e painel em eventos da área, proposto por E4. Ainda sobre qualificações, E32, ressalta que o trabalho do parecerista também deveria ser parte da formação dos cientistas. Ou seja, a avaliação por pares é um processo que poderia ser mais discutido e aprofundado na formação acadêmica, uma vez que com o crescimento da comunidade científica (MEADOWS, 1999MEADOWS, Arthur Jack. Comunicação Científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1999. 268 p.) há a expansão da literatura científica, o que para Jenal et al. (2012)JENAL, Sabine et al. O processo de revisão por pares: uma revisão integrativa de literatura. Acta Paulista de Enfermagem, [S. l.], v. 25, n. 5, p. 802-808, 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-21002012000500024. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, demanda um processo cada vez mais eficiente, no que diz respeito à qualidade dos manuscritos publicados, à rapidez e ao fomento às boas práticas científicas, e esse fato requer a existência de mais pesquisadores qualificados para o processo, de modo que não haja sobrecarga de trabalho para quem atua na revisão.

Uma outra forma citada para ocorrer a troca de conhecimentos foi por meio do compartilhamento das avaliações, ideias e experiências, onde E2 cita que ela pode acontecer com os avaliadores “tomando conhecimento da avaliação do outro sem que o anonimato dos revisores seja quebrado no processo. Haverá a troca de conhecimento a partir da avaliação, bem como se preservará a impessoalidade dela.” Destarte, infere-se que para o editor, o simples compartilhamento dos pareceres já proporciona a troca de conhecimentos e o aperfeiçoamento dos avaliadores. Outrossim, o compartilhamento das avaliações atribui maior valor e reconhecimento ao avaliador e ao tempo investido na elaboração do parecer, contribuindo para que a avaliação não seja apenas um documento arquivado no sistema e que adquira também um caráter educativo na comunidade acadêmica.

Além disso, o respondente E16 afirma que o compartilhamento pode acontecer por meio do diálogo e da troca de dicas sobre o processo de avaliação, boas práticas, normas das revistas etc. E9 respondeu que a troca de conhecimentos pode acontecer por meio do compartilhamento das dificuldades que normalmente surgem e as possíveis soluções para o processo, no entanto, ele afirma que esse compartilhamento seria de maior utilidade entre os editores. De modo semelhante, E28 acredita que a troca de informação e de diferentes ideias sobre um mesmo texto resulta no aprimoramento da avaliação e E29 reitera que as vezes os avaliadores apontam questões nas quais ele ainda não havia pensado. As ideias apresentadas pelos respondentes estão em consonância com o proposto por Queiroz, Silva e Almeida (2017)QUEIROZ, Fernanda Cristina Barbosa Pereira; SILVA, Helena de Fátima Nunes; ALMEIDA, Paulo Henrique de. Determinantes do compartilhamento do conhecimento visando a cooperação internacional em ciência e tecnologia no Brasil. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte v. 22, n. 1, p. 133-150, mar. 2017. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2748. Acesso em 15 ago. 2021
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, ao assegurarem que o compartilhamento de conhecimento entre pesquisadores permite tanto a criação de recursos, uma vez que a troca de conhecimentos atua como uma adição, que resulta em novas parcelas deste importante ativo, e como também propicia a geração de inovações. Sobre a troca e compartilhamento de ideias e experiências, o respondente E3 reitera que essa pode acontecer do seguinte modo:

Compartilhar experiências; citar casos (no caso de avaliação cega não citar os nomes), porque isso colabora para a melhora de futuras avaliações dependendo a área de atuação do editor; buscar parcerias, focando na constituição de um banco de avaliadores especialistas para temáticas com grau de dificuldades de avaliação, etc.; construir redes sociais para trocas de ideias e experiências, por exemplo grupo de WhatsApp ou mesmo por e-mail.

O respondente reconhece que o compartilhamento de experiências e de casos colabora para a melhoria das futuras avaliações. Além disso, o editor afirma ser importante buscar parceria em vistas a estabelecer uma espécie de banco de dados de avaliadores e suas respectivas especialidades. Ademais, reitera ser relevante a construção de redes sociais, justamente com o intuito de trocar ideias e experiências, a exemplos de grupos de WhatsApp ou e-mail, uma vez que, sob a ótica de Moreno, Cavazotte e Dutra (2020)MORENO, Valter; CAVAZOTTE, Flávia; DUTRA, Janicélio Pereira. Antecedentes Psicossociais e Organizacionais do Compartilhamento de Conhecimento no Ambiente de Trabalho. Revista de Administração Contemporânea, [S. l.], v. 24, n. 4, p. 283-299, jul. 2020. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-7849rac2020190239. Acesso em 05 jul. 2021.
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a troca de conhecimento acontece por meio de interações entre sujeitos sociais.

O respondente E18 alega que seria proveitoso a realização de rodas de conversas para discussão dos temas mais relevantes, por exemplo: falhas na metodologia, análise de dados, e outros pontos cruciais. Porém, o editor afirma que o ideal é que a revista oriente o avaliador sobre os pontos que devem ser analisados no estudo, e que apresente um formulário de avaliação objetivo e claro. Tal afirmação leva a crer que uma orientação objetiva e prática da revista otimiza o trabalho do avaliador e, consequentemente, do seu parecer, que poderá resultar, direta ou indiretamente, na melhoria do manuscrito. Consolidando com a ideia de uma avaliação objetiva, o estudo integrativo de Jenal et al. (2012JENAL, Sabine et al. O processo de revisão por pares: uma revisão integrativa de literatura. Acta Paulista de Enfermagem, [S. l.], v. 25, n. 5, p. 802-808, 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-21002012000500024. Acesso em: 17 ago. 2021.
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, p. 808) apontou sugestões para aprimorar a avaliação por pares, que incluem itens citados na resposta, a exemplos de “[...] utilização de instrumentos do tipo ‘checklist’ e capacitação dos revisores.

A padronização e estruturação dos itens avaliados ou definição de um modelo foi apontado por quatro editores como uma possível contribuição ao aperfeiçoamento dos avaliadores, como exposto por E22:

Penso que cada revista e seus respectivos recortes (público-alvo, objetivos etc.) produzem critérios e efeitos específicos para as avaliações. Não é a mesma coisa ser avaliador de uma revista Qualis A1, com vocação internacional, por exemplo, e ser avaliador de uma revista discente que estimula a publicação de pesquisadores em início de percurso - ainda que um mesmo avaliador possa eventualmente desempenhar ambas essas funções. Entendo que as trocas entre avaliadores podem ajudar a elaborar os diferentes níveis de exigência entre pareceres de cada modalidade de revista, bem como operar como um importante meio para troca de experiências em avaliação.

Segundo o respondente, a troca entre avaliadores pode proporcionar a elaboração e o estabelecimento de diferentes níveis de exigências, tendo em vista os variados requisitos que cada periódico pode estabelecer para seus autores. Para justificar essa ideia, E26 afirma que essa contribuição poderia ocorrer “por meio minimamente de uma orientação aperfeiçoada por escrito, sugerido no próprio OJS.” E destaca que, no periódico em que atua, há como anexo um “formulário básico para orientar os avaliadores.”

Ratificando com a afirmativa do respondente E26, Moresi e Mendes (2010)MORESI, Eduardo Amadeu Dutra; MENDES, Sérgio Peixoto. Compartilhamento do conhecimento em portais corporativos. Transinformação, Campinas, SP, v. 22, n. 1, p. 19-32, abr. 2010. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-37862010000100002. Acesso em: 29 jul. 2021.
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reiteram que as organizações devem aprender com suas experiências, e no sentido deste estudo, aplicando-se ao contexto do periódico científico, é preciso ter em mente que as experiências e as melhores práticas vivenciadas pelos editores e avaliadores devem ser registradas e compartilhadas, uma vez que o conhecimento essencial deve-se tornar propriedade comum, e no caso do respondente, a sugestão de institucionalização do conhecimento se dá por meio do estabelecimento de um formulário básico orientando os avaliadores sobre os pontos a serem analisados no estudo.

Ainda nesta questão, a revisão por pares aberta foi citada por dois respondentes, que discorreram sobre como ela pode contribuir com as práticas de compartilhamento de conhecimento. E30 afirma que nos periódicos adeptos a este modelo de avaliação, esta colaboração já se mostra presente sendo, muitas vezes realizada, mas o editor reitera que no caso das revistas adeptas ao modelo cego, é necessário “planejamento e a implementação de espaços e estratégias dedicados à discussão das temáticas de interesse dos pareceristas, respeitando as políticas editoriais de cada periódico.” Já o respondente E31 indica que:

A troca de conhecimentos sempre é benéfica para o aprendizado. No entanto, é necessário extremo cuidado para não ferir o sigilo da avaliação cega. As revistas que disponibilizam avaliação aberta podem ser uma fonte de aprendizado, já que, ao ler comentários e argumentação emitidos pelos pares podemos aprender.

O editor afirma que a discussão e interação proporcionada pela avaliação aberta atua como uma fonte de aprendizado, uma vez que outros podem consultar o parecer e aprender com o exposto. Destarte, percebe-se na fala dos dois respondentes E30 e E31 o cuidado e a atenção em buscar seguir as diretrizes e políticas editoriais adotadas por cada revista para a troca de conhecimentos, seja ela adepta da avaliação aberta ou fechada.

Sobre os benefícios do compartilhamento citado pelos respondentes, E5 acredita que “tornaria o processo mais ágil, pois saberíamos com mais facilidade as pesquisas dos colegas e suas áreas de interesse”, como apontado por Moresi e Mendes (2010)MORESI, Eduardo Amadeu Dutra; MENDES, Sérgio Peixoto. Compartilhamento do conhecimento em portais corporativos. Transinformação, Campinas, SP, v. 22, n. 1, p. 19-32, abr. 2010. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-37862010000100002. Acesso em: 29 jul. 2021.
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, que asseguram que a criação de espaços de troca de conhecimento pode melhorar os processos operacionais, ou seja, no sentido deste estudo, a criação destes ambientes de compartilhamento seria capaz de aprimorar o processo de avaliação científica. Já E8 ressalta que o compartilhamento é capaz de contribuir para o aperfeiçoamento do artigo, e E10 afirma que tal processo proporciona maior cooperação entre os avaliadores. Destarte, para além desses benefícios, faz-se necessário observar o apontado por E7, ao afirmar que “muitos avaliadores iniciantes se sentem inseguros sobre como fazer um parecer.” Deste modo, compartilhar do conhecimento entre avaliadores, a depender da forma como ocorra, pode contribuir para reduzir tal insegurança.

Em relação ao escopo da sexta questão, que trata sobre a existência de ações que proporcionam o compartilhamento entre avaliadores nos periódicos, 28 respondentes afirmam que não há ações deste tipo no periódico em que atua, e quatro afirmaram que há ações que possibilitam esse compartilhamento. Já sobre a forma como essas ações ocorrem, no âmbito da sétima questão, o respondente E2 citou que essa troca de conhecimentos no periódico acontece por meio do compartilhamento das avaliações não identificadas entre os revisores, possivelmente para apresentar um “modelo” de avaliação, e E29 afirmou que quando os avaliadores possuem dúvidas, há uma troca de ideias. E3 citou que o compartilhamento acontece por meio de canais como a rede social de mensagens instantâneas WhatsApp e e-mail. A partir dessas respostas, podemos inferir que os editores e avaliadores fazem uso, preponderante, de canais de comunicação formais, como o e-mail, e informais, como o WhatsApp, possivelmente por possuir uma ampla escala de divulgação e rapidez no compartilhamento. Sobre a experiência do periódico em que atua, o respondente E21 afirma que:

Estamos fazendo esse movimento de diálogo a partir dos fóruns de open peer review, alinhados às políticas de ciência aberta propostas pelo sistema SciELO. É um movimento ainda tímido, mas que tem gerado desdobramentos interessantes para essas discussões, envolvendo não apenas os avaliadores entre si, mas também autores e editores.

O periódico e o editor em questão demonstram estar cientes das vantagens propostas pela revisão por pares aberta (open peer review), uma vez que uma de suas características é a interação aberta, conforme Ross-Hellauer (2017)ROSS-HELLAUER, Tony. What is open peer review? A systematic review. F1000Research, [S. l.], v. 6, p. 1-31, 27 abr. 2017. Version 1. F1000 Research Ltd. Disponível em: https://f1000research.com/articles/6-588/v1. Acesso em: 02 ago. 2021
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, que visa proporcionar discussões e diálogos diretos entre avaliadores, autores e editores, com o objetivo de colaborar para uma construção mais participativa do manuscrito, impactando também, na qualidade do manuscrito.

Sobre conhecer iniciativas ou espaços de discussão que promovam o compartilhamento de conhecimento e de experiências entre avaliadores, no contexto da oitava pergunta, 27 dos respondentes afirmaram não saber de iniciativas e espaços de discussão, e cinco declararam conhecer. Sobre a última questão, que indaga sobre quais são esses espaços e iniciativas de discussão conhecidos por eles, E1 afirma que editoras internacionais têm disponibilizado conteúdo em seus sites e realizado webinários para discutir a temática. Pode-se citar como exemplo a Web of Science Academy2 2 Disponível em: https://webofscienceacademy.clarivate.com/learn/signin que oferece minicursos online sobre as temáticas de avaliação por pares e integridade na pesquisa, e a Springer Nature3 3 Disponível em: https://www.springernature.com/br/authors/campaigns/how-to-peer-review , que possui treinamentos e tutoriais sobre como funciona o processo de avaliação científica, além de abordar também iniciativas como Open Researcher and Contributor ID (ORCiD), um código alfanumérico único atribuído para pesquisadores e a Plataforma Publons, uma iniciativa que visa oferecer reconhecimento para os avaliadores, que podem cadastrar e divulgar em seu perfil suas avaliações realizadas.

Além disso, outros sujeitos da pesquisa citaram iniciativas, como cursos e eventos, e canais de comunicação informal, como grupos de WhatsApp¸ compostos por editores e avaliadores que utilizam esse espaço para trocar informações. As vantagens de grupos de comunicação informal residem na rápida disseminação e compartilhamento de informações, de modo a atingir facilmente um público mais amplo e sem barreiras geográficas.

Novamente no espectro da Ciência Aberta, E9 avaliou que a revisão aberta permite o diálogo entre os avaliadores, autores e editores, possibilitando, deste modo, o compartilhamento de conhecimento e experiências. Esta modalidade de avaliação vem sendo discutida na literatura brasileira por pesquisadores de diferentes áreas, mas, no escopo da Ciência da Informação, existem autores como Targino, Garcia e Silva (2020)TARGINO, Maria das Graças.; GARCIA, Joana Coeli Ribeiro; SILVA, Kleisson Lainnon Nascimento. da. Avaliadores da área de ciência da informação frente à open peer review. Revista Interamericana de Bibliotecología, v. 43, n. 1, 2020. Disponível em: http://eprints.rclis.org/39954/. Acesso em: 30 ago. 2021.
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, Araújo e Pedri (2021)ARAÚJO, Ronaldo; PEDRI, Patrícia. Revisão por pares aberta. AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento, Curitiba, v. 10, n. 1, V-VIII, jan./abr. 2021. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/atoz/article/view/78747. Acesso em: 15 jul. 2021.
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e Shintaku et al. (2020)SHINTAKU, Milton et al. AVALIAÇÃO ABERTA PELOS PARES NO ÂMBITO DA CIÊNCIA ABERTA: revisão e reflexão. Biblos, Rio Grande, v. 34, n. 1, p. 161-175, 15 set. 2020. Disponível em: https://BRAPCI.inf.br/index.php/res/v/146042. Acesso em: 05 ago. 2021.
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, que avaliam que a revisão aberta, em consonância com os princípios da Ciência Aberta, pode proporcionar mais transparência e lisura ao processo de avaliação científica.

Como pode-se observar a partir dos dados coletados e analisados, a maioria dos respondentes desta investigação tem seis anos ou mais de experiência na função de editor científico (56,25%) e de modo semelhante, a maioria dos editores, independente do período de experiência (90,63%) asseguram que o compartilhamento entre avaliadores contribui para o aperfeiçoamento dos avaliadores e de seus pareceres, e que esse compartilhamento pode acontecer das mais distintas formas, e por vias formais e informais.

Apesar de a maioria dos respondentes assumir que o compartilhamento e a troca de conhecimento contribui para o aperfeiçoamento dos avaliadores, um sujeito da pesquisa, E13, afirmou não ter certeza sobre como poderia ocorrer essa contribuição “visto que não explica qual conhecimento.” A partir dessa observação de E13, ressalta-se que o conhecimento é um recurso plural e diversificado, de modo que, o intuito da pesquisa foi captar a percepção dos respondentes sobre o compartilhamento de conhecimento no âmbito científico, sem restringir ou delimitar a algum específico.

Além disso, é elementar ressaltar que entre as respostas coletadas, houve menções à modalidade de avaliação aberta como uma possibilidade de colaborar com o processo de compartilhamento de conhecimentos e contribuir com o aperfeiçoamento dos avaliadores. Tais respostas indicam que os editores científicos estão cada vez mais cientes do potencial da avaliação e da ciência aberta, o que possibilita novos debates sobre esta modalidade no contexto acadêmico brasileiro.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Independente do contexto organizacional analisado, seja acadêmico, científico, industrial, comercial ou social, o conhecimento é um ativo inestimável para o desenvolvimento de suas operações, uma vez que atua como recurso basilar para proporcionar o planejamento, a análise e a execução de processos. E por desempenhar uma atribuição de tal magnitude, o seu compartilhamento torna-se um procedimento essencial para a manutenção do funcionamento das organizações.

A pesquisa buscou identificar a percepção de editores de periódicos científicos sobre o compartilhamento de conhecimento entre os avaliadores. Destarte, mais de 90% dos editores confirmam que essa prática pode contribuir tanto para o seu aperfeiçoamento e de seus pareceres enquanto revisor, e, além disso, apontam uma série de iniciativas que, em seu entendimento, podem colaborar com esse processo. E, com base nas respostas dos editores, ilustra-se recomendações que propiciam ações de compartilhamento de conhecimento em periódicos científicos para avaliadores, a saber:

  • → Criar e divulgar boletins informativos com indicações de cursos, palestras, mesas redondas e outras iniciativas;

  • → Disponibilizar e propiciar a troca de pareceres não identificados entre os avaliadores do periódico;

  • → Elencar o nome dos avaliadores permanentes e ad hoc na seção de equipe editorial do periódico;

  • → Definir a padronização de critérios de avaliação, de acordo com o escopo de cada periódico;

  • → Criar banco de dados de avaliadores com suas respectivas especialidades;

  • → Criar canais e redes de interação social para troca de ideias e compartilhamento de experiências entre os avaliadores, como grupos no WhatsApp, listas de discussão no e-mail, fóruns etc.

Faz-se importante refletir sobre a criação dessas práticas, uma vez que, aproximadamente 85% dos respondentes afirmam não conhecer iniciativas e espaços de discussão que propiciem o compartilhamento do conhecimento, que podem ser ações relativamente simples, mas como apontado pelos próprios sujeitos da pesquisa, proporcionam diversas vantagens e benefícios, tanto para o periódico, como para os demais participantes do processo editorial, como editores, avaliadores, autores, e inclusive, para a sociedade civil, pois quando a ciência e seus procedimentos metodológicos evoluem, o conhecimento científico avança, e esse progresso pode estar associado direta ou indiretamente com o desenvolvimento social.

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Disponibilidade de dados

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    04 Nov 2021
  • Aceito
    07 Jan 2022
  • Publicado
    16 Jan 2022
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