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ELEMENTOS EPISTEMOLÓGICOS NA CONSTRUÇÃO DA ESTRUTURA CURRICULAR DO NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL DOS CURSOS DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DA UFSC

RESUMO

A relação entre epistemologia e estrutura curricular se estabelece a partir dos estudos nos quais a obtenção do conhecimento é preservada. Na Ciência da Informação alguns elementos são amplamente discutidos, tais como: a interdisciplinaridade, a relação com a tecnologia da informação e a inserção social. O presente estudo se propõe a analisar a estrutura curricular do Núcleo de Formação Geral, comum aos cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação que são ofertados pelo Departamento de Ciência da Informação da UFSC, sob a perspectiva da tecnologia da informação. Utiliza a pesquisa qualitativa como forma de abordagem do problema, uma vez que os dados foram coletados diretamente dos documentos existentes e classificados para uma análise interpretativa do pesquisador, do ponto de vista dos procedimentos técnicos se apoia na pesquisa bibliográfica para levantamento dos referenciais teóricos que foram escolhidos de forma intencional pela relevância já consagrada na área e, do ponto de vista dos objetivos, se caracteriza como uma pesquisa exploratória e descritiva. Como resultado foi possível identificar que a relação epistemológica dessas áreas se mantém preservada.

PALAVRAS-CHAVE:
Currículo acadêmico; Epistemologia; Tecnologia da informação

ABSTRACT

The relationship between epistemology and curricular structure is established from studies in which the attainment of knowledge is preserved. In Information Science, some elements are widely discussed, such as: interdisciplinarity, the relation with the information technology and the social insertion. The present study intends to analyze the curricular structure of the General Training Syllabus, common to the courses of Archival Studies, Librarianship and Information Science that are offered by the Department of Information Science of UFSC, from the perspective of information technology. It uses qualitative research as a way of approaching the problem, once the data were collected directly from the existing documents and classified for an interpretative analysis by the researcher; concerning technical procedures, this study is supported by a bibliographical research in order to gather theoretical references, which were chosen intentionally for their already renowned relevance to the field of study; concerning the objectives, it is characterized as an exploratory and descriptive research. As a result, it was possible to identify that the epistemological relationship of these areas remains preserved.

KEYWORDS:
Academic curriculum; Epistemology; Information technology

Introdução

A educação formal cumpre papel fundamental na sociedade uma vez que as unidades de ensino precisam, atender às expectativas e necessidades do mercado em que estão inseridas e com quem interagem diretamente.

O grande desafio é aproximar esta formação do ideal esperado para garantir adequação ao mercado de trabalho com competência competitividade, sendo os profissionais aptos a entenderem e colaborarem nos caminhos estratégicos traçados. Do ponto de vista acadêmico, segundo a Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI, a formação deve se aproximar da sociedade e reconhecer suas demandas. Em seu Art.7º, o documento da UNESCO propõe: “Reforçar a cooperação com o mundo do trabalho, analisar e prevenir as necessidades da sociedade”. (UNESCO, 1998).

As universidades brasileiras não têm uma longa tradição, considerando que os registros mostram que as primeiras instituições de ensino superior foram instaladas com a chegada da Família Real, em 1808. Nesta trajetória, várias interferências fizeram estas instituições oscilarem nos seus propósitos, com condução dos seus processos de gestão e objetivos de formação muito específicos que buscavam se alinhar ao tratado nas instituições portuguesas. Entretanto, estes modelos não atenderam plenamente às necessidades da sociedade brasileira (BRASIL, 1999BRASIL, W. Epistemologia e currículo no ensino superior, reflexões. Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, São Paulo, n. 15, v. III, mar. 1999.).

A pluralidade cultural e a diversidade econômica, apoiadas em apropriação de conhecimento cada vez mais explicitado, têm mudado os cenários de formação e atuação profissional. Conforme Silva e Cunha (2002SILVA, E. L. da; CUNHA, M. V. da. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, 2002. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ci/v31n3/a08v31n3.pdf. Acesso em: 6 ago. 2017.), as mudanças exigem profissionais afinados com as expectativas de mercado, porém, com condição crítica suficiente para entender a realidade, atuar nela e se adaptar a ela. Segundo Queiroz (2016QUEIROZ, A. D. Oportunidades e desafios do empreendedorismo no cenário catarinense. In: Aula Magna do Bacharelado em Ciência da Informação. 2016. Florianópolis, UFSC.), a universidade tem a responsabilidade social de alimentar continuamente com novos conhecimentos o processo de desenvolvimento econômico e social de um país.

As grades curriculares da graduação são estudadas e elaboradas nas universidades com o objetivo de proporcionar ao discente um rol de disciplinas que envolvam todos os aspectos que o corpo pedagógico composto por pesquisadores docentes, alinhado às estratégias da universidade, entende ser importantes para a formação. Estas matrizes curriculares são, tradicionalmente, discutidas à exaustão onde todos os vieses são colocados e a opção final recai sob o rol de disciplinas que garantam os conteúdos básicos ou fundamentais para a formação do profissional. Norteia estas discussões a relação epistemológica entre as disciplinas, nas quais os conteúdos e metodologias se ligam e interligam e o que representam no contexto do desenvolvimento curricular proposto (BRASIL, 1999BRASIL, W. Epistemologia e currículo no ensino superior, reflexões. Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, São Paulo, n. 15, v. III, mar. 1999.).

Para Lourenço (2016LOURENÇO, K. R. C. Epistemologia e currículo: reflexões e contribuições à educação. Revista Ciências Humanas-Educação e Desenvolvimento Humano, UNITAU, Taubaté, São Paulo, v. 9, n. 1, ed. 16, p. 21-33, 2016.),

A tarefa do currículo é potencializar o desejo de aprender, oferecendo novas possibilidades e oportunidades de ampliar o conhecimento e capacitando cada um a aplicá-los nos múltiplos e diversos contextos de vida. (LOURENÇO, 2016LOURENÇO, K. R. C. Epistemologia e currículo: reflexões e contribuições à educação. Revista Ciências Humanas-Educação e Desenvolvimento Humano, UNITAU, Taubaté, São Paulo, v. 9, n. 1, ed. 16, p. 21-33, 2016., p. 32).

Partindo do entendimento de Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.) de que a Ciência da Informação é interdisciplinar, o objetivo deste artigo é apresentar uma análise do currículo de Formação Geral dos cursos que integram o Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sendo que o objeto principal a ligação epistemológica. Para entender a relação epistemológica entre as disciplinas, o estudo de alguns aspectos da Ciência da Informação se dará a partir de autores como Saracevic, Borko, Shera e LeCoadic. Especificamente, o estudo pretende apresentar os conceitos e características da CI e identificar qual o elemento principal de ligação, além de demonstrar esta ligação nos conteúdos propostos nas ementas.

De acordo com as características apresentadas por Creswell (2010CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.), a pesquisa se caracteriza como qualitativa, uma vez que os dados foram coletados diretamente dos documentos existentes e classificados para uma análise interpretativa do pesquisador. Também se apoia na pesquisa bibliográfica para levantamento dos referenciais teóricos que foram escolhidos de forma intencional pela relevância já consagrada na área.

1 Ciência da Informação e Algumas Bases Epistemológicas

Partimos do entendimento de que não existe uma ciência única na qual todos os conhecimentos nela se encaixam perfeitamente ou ainda, que caso dela divirjam não serão ciência. Também, não seria possível adotar ou prescrever uma caracterização generalista para ciência da mesma forma que se apresenta imprecisa a condição de reconhecimento de critérios ou requisitos suficientes para definir o que é ou não aceitável como ciência. Se assim é, então cada área precisa ser analisada por sua representação e desenvolvimento, seus objetivos e suas metodologias (CHALMERS, 1993CHALMERS, A.F. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.).

A Ciência da Informação (CI) busca se desenvolver dentro desses elementos, porém, ainda é vista como uma ciência que vem se consolidando, que ainda não encontra unicidade na sua definição e no conceito do seu campo de estudo que é a informação. A importância da informação na contemporaneidade é incontestável, e a Ciência da Informação tem colocado suas expertises a serviço do desenvolvimento social e econômico. O conhecimento desenvolvido na área tem contribuído para questões relacionadas à busca, recuperação e tratamento da informação (SANTA ANNA, 2018SANTA ANNA, J. Aspectos epistemológicos da ciência da informação e o comportamento informacional: diálogos com Borko, Le Coadic e Saracevic. RDBCI: Rev. Digit. Bibliotecon. Cienc. Inf. Campinas, SP, v. 16, n. 2, maio/ago. 2018.).

Na tentativa de construção de entendimento das bases epistemológicas da CI, partimos do conceito de Epistemologia apresentado por Japiassu (1977JAPIASSU, H. Introdução ao pensamento epistemológico. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977., p. 16) que considera, no sentido amplo do termo, [...] “o estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais”. Também, do que sugere Ziles (2005ZILES, U. Teoria do conhecimento e teoria da ciência. São Paulo: Paulus, 2005., p. 34), quando menciona que a epistemologia “estuda, não o conteúdo, mas a forma da ciência”, trazendo Galileu e seu entendimento que “a ciência se restringe ao campo do fenômeno, buscando suas leis”.

Historicamente a Ciência da Informação se construiu a partir de discussões que trataram da interdisciplinaridade, da informação como seu objeto de estudo e a importância social como campo de estudo.

Para Borko (1968BORKO, H. Information science: what is it? American Documentation, Washington, v. 19, n. 1, p. 3-5, jan. 1968. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2532327/ mod_resource/content/1/Oque%C3%A9CI.pdf. Acesso em mar. 2017.
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) se trata de uma disciplina voltada para a investigação da informação, suas características, comportamento, fluxos e meios de tratamento e acesso. Por sua vez, Shera (1973SHERA, J.H. Toward a theory of librarianship and information science. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 87-97, 1973.) defende ser uma ciência social pelas características e busca das representações humanas e a interdisciplinaridade que estas representações exigem.

A discussão de Le Coadic (2004) se direciona aos aspectos que envolvem a informação, seus registros e comunicação,

[...] a ciência da informação identificou e delimitou seu objeto de estudo e problemas fundamentais de pesquisa: estudo das propriedades gerais [...] dos processos e sistemas de construção, comunicação e uso da informação. (LE COADIC, 2004Le COADIC, Y.F. A ciência da informação. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004., p. 55).

A natureza interdisciplinar proposta se deve à contribuição mútua de experiências de áreas que buscam a solução de problemas a partir da informação. Assim, Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.) se concentra nos campos da biblioteconomia, ciência da computação, ciência cognitiva e comunicação, indicando serem os mais significativos para representação da interdisciplinaridade. O autor entende ser necessário compartilhamento de experiências, no que tange a compreensão da informação e às melhores formas de uso e compartilhamento. Também indica ser necessário o desenvolvimento de soluções tecnológicas compatíveis para a resolução destas questões e, assim, desenha a ligação da Ciência da Informação com as tecnologias da informação.

O autor trata da importância da recuperação da informação e como estes estudos foram determinantes. Esta inter-relação mostra que a CI participa ativamente na sociedade da informação contribuindo na construção e emprego dessas tecnologias necessárias.

Para efeito desta pesquisa, a opção de análise foi pelo elemento epistemológico de Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.) que trata da tecnologia da informação. O caráter interdisciplinar norteia a discussão, aproximando as áreas de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação. Como interdisciplinaridade, adotamos o entendimento de Pombo (1993POMBO, O. A interdisciplinaridade: conceitos, problemas e perspectivas. In: POMBO, O.; LEVY, T.; GUIMARÃES, H. A interdisciplinaridade: reflexão e experiência. 2. ed. Lisboa: Texto, 1993.), que indica a cooperação e integração de disciplinas que buscam um objeto comum.

2 Os Cursos de Ciência da Informação e a Construção Curricular

O Departamento de Ciência da Informação da UFSC abriga os cursos de bacharelado de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação. Estes integram a base epistemológica da Ciência da Informação, no que tange a interdisciplinaridade.

Esta interdisciplinaridade se concretiza nas “premissas teórico-epistemológicas” apresentadas por Silva (2013SILVA, J. L. de C. Das concepções disciplinares na Ciência da Informação e/ou de suas configurações epistemológicas: o desiderato percepcionado da interdisciplinaridade. Investigación Bibliotecológica, Ciudad de México, v. 27, n. 59, 2013., p. 76) que indica, “a) como processos de integração interna entre disciplinas; b) como modificações de estruturais disciplinares, contemplando as particularidades e generalidades das disciplinas”.

A implantação dos cursos seguiu objetivos voltados à formação profissional específica na área a partir das diretrizes de seus campos de conhecimento e pesquisa, de acordo com os Planos Pedagógicos dos Cursos (2016).

Quadro 1
Construção Pedagógica dos Cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação da UFSC

O curso de Bacharelado em Ciência da Informação foi implantado em 2016 e fez parte do processo de alterações curriculares dos demais cursos e atendeu a uma construção em torno da necessidade de formação profissional para atendimento às especificidades do universo inovador e empreendedor com forte vocação tecnológica do estado de Santa Catarina, mais especificamente da cidade de Florianópolis e região.

A formação curricular dos cursos conta na sua construção pedagógica com um Núcleo de Formação Geral Comum que pretende sedimentar as bases de conhecimento da área no que tange aos saberes fundamentais da Ciência da Informação: identificação da informação, captura, tratamento, representação e recuperação, culminando com o uso especializado. Estas bases consolidam o que é esperado para formação de arquivistas, bibliotecários e bacharéis em tratamento da informação.

Quadro 2
Disciplinas do Núcleo de Formação Geral distribuídos por fase

O desenvolvimento conjunto destas disciplinas segue princípios norteadores propostos para articulação curricular dos três cursos, sendo uma “perspectiva metodológica capaz de sustentar a formação de pessoal focalizado no desenvolvimento e crescimento material da sociedade”, conforme estabelecido em seus PPCs: flexibilidade e transversalidade, organicidade, equilíbrio entre a teoria e a prática, interação do estudante com a comunidade, globalidade na especificidade, atualidade, criticidade, autoridade e adaptabilidade.

3 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa se caracteriza como descritiva e exploratória, a partir do que retrata Gil (2007GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007., p. 41), quando menciona que as pesquisas exploratórias têm o “[...]objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Por sua vez, as descritivas “[...] têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis”. (GIL, 2007GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007., p. 42).

O estudo partiu de construção bibliográfica de referenciais para entendimento das bases epistemológicas da Ciência da Informação, a partir de autores selecionados intencionalmente. A adoção de técnicas pertinentes à pesquisa qualitativa, permitiu a coleta de dados, por meio dos documentos constantes nos PPCs dos cursos. A pesquisa qualitativa, segundo Merriam (1998MERRIAM, S. B. Qualitative research and case study applications in education. San Francisco (CA): Jossey-Bass. 1998. p. 3-25.), por seus instrumentos, pode facilitar o entendimento e significado dos fenômenos sociais. Para Creswell (2010CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.), é uma possibilidade de entendimento do significado do conteúdo.

A amostra foi selecionada intencionalmente, se constituindo nas 29 (vinte e nove) disciplinas que compõem o Núcleo de Formação Geral comum a todos os cursos. As ementas foram classificadas, buscando a interligação entre elas identificando-se em seus conteúdos aspectos que se aproximam ou refletem os elementos epistemológicos propostos por Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.). Foram considerados na análise a ementa, interligação de conteúdos, interfaces entre a construção curricular e os objetivos e competências pretendidos ao final da formação. Também, foram considerados os pontos elencados como componentes do perfil do egresso na tentativa de mostrar se a formação espelha as expectativas da construção curricular vigente.

Efetivamente a estrutura curricular é composta por 33 (trinta e três) disciplinas, entretanto quatro delas, por suas especificidades, foram desconsideradas para este estudo, a saber: as disciplinas de Tutoria I e Tutoria II, que se destinam a estabelecer ações de acolhimento e apoio discente no âmbito dos cursos (estas ações se coordenam com as propostas e programas de política estudantil da UFSC) e as disciplinas de Interação Comunitária I e Interação Comunitária II, que se destinam a estabelecer ações que coadunem com uma das três dimensões que envolvem as instituições de ensino superior e sua função, que é “[...] integrar suas atividades à dinâmica social quanto ao acesso ao saber sistematizado e serviço por eles gerado”. (BRASIL, 1999BRASIL, W. Epistemologia e currículo no ensino superior, reflexões. Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, São Paulo, n. 15, v. III, mar. 1999., p. 1).

4 A Relação Entre das Disciplinas: Análise dos Resultados

Para efeito de análise, neste estudo o objeto será a ligação epistemológica, a partir da do conceito de Saracevic (1993, 1996), no que tange a perspectiva tecnológica.

Quando o autor discorre sobre a ligação da CI com a tecnologia da informação, acredita que a força das ferramentas e soluções tecnológicas determina vários campos do conhecimento pela forma como se inserem e transformam a sociedade em função da relação que estabelecem com a informação. Descreve a explosão informacional como uma questão a ser resolvida ou intermediada também pela CI. Demonstrando a importância de solução do problema informacional, Saracevic (1999) indica que esta busca envolve diversas áreas, onde se torna necessário congregar áreas correlatas para o compartilhamento de pesquisas e conhecimentos científicos.

Em que pese a certeza de que a informação sempre foi fundamental para a sociedade em qualquer época, na contemporaneidade se tornou o motor de desenvolvimento, o ponto central determinante para a inovação e que impacta e transforma todas as esferas da sociedade. Estreita relação entre a necessidade e produção de informação e as tecnologias que garantam todo o seu tratamento até a recuperação, colocam a CI como a área de fundamental e efetiva importância uma vez que detém os recursos necessários para direcionar as melhores práticas.

As disciplinas que compõem a estrutura curricular do Núcleo de Formação Geral não se limitam apenas aos conteúdos da área de Ciência da Informação, mas abrangem outros campos do conhecimento buscando permitir a discussão de outros referenciais que também se fazem necessários, de acordo com o perfil esperado do egresso do curso. Estes conteúdos são considerados complementares ao de formação específica e se classificam como indispensáveis a formação, no caso aqui, em Arquivologia. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2015, 2015a, 2015b).

Outra característica destas disciplinas de formação geral é que, pelo seu caráter generalista, contribuem com fundamentos para os conteúdos específicos e se apresentam em atividades tanto teóricas como práticas.

Esta condição generalista concretiza a interdisciplinaridade proposta por Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.), que discorre sobre a relação da Ciência da Informação com outras disciplinas no seu campo de formação. O caráter interdisciplinar se consolida na inserção e combinação de campos distintos com disciplinas advindas do campo da Administração, História, Direito e Letras e com a pretensão de proporcionar ao discente, condições de desenvolver competências que envolvem abstração, interpretação, análise, síntese, investigação e criação. A articulação curricular se volta à construção de uma base cultural ampla e sólida.

4.1 Classificação das Disciplinas: Ciência da Informação e Tecnologias da Informação

Dividida em quatro fases, a estrutura curricular do Núcleo de Formação Geral propõe introdução aos conceitos básicos da área, considerando a importância da informação como foco central e as tecnologias como alicerce para os novos desenvolvimentos. Capurro e Hjorland (2007CAPURRO, R.; HJORLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n.1, p.148-207, jan./abr. 2007.) trazem que informação é tudo aquilo que responde a uma necessidade, individual ou de grupo. Para Le Coadic (2004), a informação é tudo aquilo que está registrado de alguma foram e tem algum sentido.

Segundo Saracevic (1974SARACEVIC, T. Tecnologia da informação, sistemas de informação e informação como utilidade Pública. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 57-67, 1974.) discorre, os problemas de informação estão ligados a dois pontos antagônicos: se de um lado está claro que há uma explosão informacional, de outro, ainda há escassez de informação relevante ao usuário. Neste sentido, o autor coloca as tecnologias, os sistemas específicos, como uma busca para solução destas questões. Reforça ainda, que o desenvolvimento precisa atender as necessidades de uso em cada contexto.

Nesta condição, as disciplinas precisam buscar desenvolver competências de atuação e interação na solução destes problemas. Na estrutura curricular estudada, encontramos as disciplinas descritas na Figura 1.

Figura 1
Disciplinas relacionadas à Informação

É possível verificar que as disciplinas seguem uma condução lógica no que tange aos requisitos que envolvem o entendimento dos fundamentos da CI e aos instrumentos que levam ao tratamento mais adequado da informação em todas as suas implicações. Este tratamento envolve todas as etapas, desde a identificação das necessidades, busca, recuperação, tratamento e posterior recuperação, culminando com o armazenamento e preservação.

Nestas etapas fica claro que as soluções tecnológicas são imprescindíveis para otimização das atividades que exigem a participação intelectual do agente que está interagindo e intermediando estas etapas no seu contexto. Assim como Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.), que discorre sobre as etapas que envolvem aportes tecnológicos, Capurro e Hjorland (2007CAPURRO, R.; HJORLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n.1, p.148-207, jan./abr. 2007.) também reforçam a importância dos aspectos computacionais, esclarecendo que se relacionam primeiramente à Ciência da Computação, porém ambas, CI e Ciência da Computação se sobrepõem.

A interação homem-máquina vem sendo estudada conjuntamente com o desenvolvimento dos robustos sistemas de informação e recuperação da informação. Os estudos e desenvolvimento de recursos que permitam a ligação entre os usuários e os sistemas têm sido objeto de pesquisas interdisciplinares, que envolvem a Ciência da Informação e a Ciência da Computação. A informação seria então este elo. (BEDIN, 2007BEDIN, S. P. M. Metodologia para validação de Ontologias: o caso Orbis_Mc. 2007. 113 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.).

Analisando e categorizando individualmente a ementa de cada disciplina, identificamos algumas características que indicam esta interligação de seus conteúdos, conforme demonstrado na Figura 2.

Figura 2
Interligação das disciplinas

Nesta categorização é possível identificar as interfaces que acontecem entre as disciplinas em todas as fases. Na Ciência da Informação e historicamente na Biblioteconomia, a preocupação sempre envolveu a categorização da informação, tratamento e recuperação. McGarry (1999, p. 11) afirma que “a informação deve ser ordenada, estruturada ou contida de alguma forma, senão permanecerá amorfa e inutilizável”. Potencializando estas perspectivas, as habilidades e competências pretendidas agora envolvem o conhecimento de outros mecanismos que vão se agregando aos fazeres primordiais da área.

Outras interfaces também são visíveis: as disciplinas de Preservação Digital, Projeto de Informatização, Introdução a Bancos de Dados também se interligam quando seus conteúdos se preocupam com os aspectos formais que envolvem as redes, os registros dos dados, as políticas, as novas exigências e formatos. Sem se afastar das disciplinas que envolvem tratamento, estas aqui mencionadas também se inter-relacionam quando o objetivo é a recuperação da informação.

A análise categorizada das ementas nos deixa clara a intenção generalista da estrutura curricular, que busca reforçar os conceitos principais e básicos do campo da Ciência da

Informação. Da mesma forma, aliada a esta identificação generalista, também os conteúdos mostram uma forte inserção dos conteúdos do campo tecnológico que não podem mais ser dissociados das práticas da CI, como assevera Saracevic (1974SARACEVIC, T. Tecnologia da informação, sistemas de informação e informação como utilidade Pública. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 57-67, 1974.).

4.1.2 Os Campos de Conhecimento Correlatos

Tratando da questão da interdisciplinaridade, Saracevic (1996SARACEVIC, T. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.) discorre sobre a natureza interdisciplinar da CI e indica que é na tentativa de solução de problemas de recuperação da informação, que as relações interdisciplinares acontecem. Isto ocorre devido a necessidade de compartilhamento de conhecimentos e experiências oriundas de diversas áreas e aplicáveis em diferentes contextos.

Ao retratar as áreas com as quais a Ciência da Informação estabelece relação interdisciplinar, Pinheiro (2005) indica algumas áreas principais: Administração, Ciências da Computação, Biblioteconomia, Linguística, Direito, Arquivologia, Museologia, Psicologia, Filosofia, Matemática, Educação, Ética, Estatística, dentre outras. Esta condição de compartilhamento de saberes também está consolidada na estrutura curricular do Núcleo de Formação Geral, conforme apresentamos na Figura 3.

Figura 3
Disciplinas correlatas

As disciplinas elencadas apresentam uma estreita ligação com a Área de Administração. Infere-se que isto acontece porque que a Ciência da Informação envolve também discussões sobre planejamento e gestão das unidades de informação, gestão dos estoques informacionais e inovação nas práticas de prestação dos serviços, discutidas especificamente na disciplina de Empreendedorismo.

A área da Ciência da Computação também apresenta interface neste rol de disciplinas, uma vez que a disciplina de Lógica, oriunda da Filosofia, também se desenvolve na Computação sob as suas perspectivas. Nesta área também, a disciplina de Banco de Dados novamente aparece estabelecendo outras interfaces.

5 Considerações Finais

Este estudo pretendeu apresentar as disciplinas do Núcleo de Formação Geral implantado nos cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação e analisar a partir do elemento epistemológico da tecnologia da informação, discutido por Saracevic.

Foi possível verificar que as disciplinas, a partir de suas propostas de ementas de conteúdo, se mostram alinhadas dentro da perspectiva epistemológica da construção de conhecimento e aplicação prática. Tratando da informação como o elemento fundamental da Ciência da Informação, a estrutura curricular procura estabelecer uma interface estreita entre si, envolvendo todas as etapas: busca, captura, tratamento, armazenamento, recuperação e preservação. Estas etapas são tradicionalmente estudadas na CI e se apresentam como comuns nas três áreas.

A questão do aporte tecnológico necessário para suportar as atividades da CI estão contempladas em várias disciplinas que, além de estabelecer ligação interdisciplinar entre si e com outras áreas, também se propõem a consolidar as bases fundamentais para aplicação dentro de uma linha lógica e gradual de construção do conhecimento.

Entende-se que as bases epistemológicas da Ciência da Informação estão preservadas nesta estrutura curricular e as interfaces que se estabelecem podem suscitar outros estudos no sentido de agregar outras disciplinas que, em evolução constante, surjam como fundamentais na inovação necessária para atender às demandas de formação e adequação do perfil do profissional voltado ao mercado de trabalho.

Referências

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  • Checagem Antiplagiarismo
  • JITA:

    GG. Curricula aspects.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    18 Jun 2018
  • Aceito
    10 Abr 2019
  • Publicado
    10 Maio 2019
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