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GESTÃO DE DADOS CIENTÍFICOS PARA PESQUISADORES

SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Gestão de dados científicos. Rio de Janeiro: Interciência, 2019. 146. 978-85-7193-435-1

O livro Gestão de dados científicos , publicado em português pela Editora Interciência, de autoria do bibliotecário Fabiano Couto Corrêa da SilvaSILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Gestão de dados científicos. Rio de Janeiro: Interciência, 2019. 146 p. ISBN 978-85-7193-435-1. que analisa e estuda como os dados primários de pesquisa são geridos, recuperados e preservados. Além disso, é rico em informações e recursos para pesquisadores e profissionais da informação que queiram trabalhar e explorar a temática: boas práticas no gerenciamento de pesquisas.

Fabiano Couto Corrêa da Silva fez doutorado em Información y documentación en la Sociedad del Conocimiento pela Universitat de Barcelona (UB), mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fabiano é docente adjunto do Departamento de Ciência da Informação/FABICO da UFRGS, atuando nos cursos de graduação de Biblioteconomia e no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCIN). O autor também é vice-líder do Grupo de Pesquisa em Comportamento e Competências InfoComunicacionais (InfoCom).

Uma pequena falha observada na ficha técnica do livro, é que em nenhum lugar cita que a obra é tradução da primeira versão castelhana, publicado pela editora Universitat Oberta de Catalunya (UOC) sob o título Gestión de datos de investigación , editada em 2016, sob o número de ISBN 978-84-9116-430-2, com depósito legal número B 14623-2016, 161 páginas, e agora publicada pela editora Interciência, Rio de Janeiro, mas nada que afete a estrutura da obra por ser uma tradução, tendo em vista que o autor é brasileiro.

O livro cria um leque de possibilidades aos pesquisadores e profissionais da informação que queiram se aprofundar no âmbito conceitual e prático da gestão adequada de dados científicos, sobre os processos de preservação, uso e reutilização de dados, além disso, apresenta ganhos para a ciência por meio da promoção de atividades científicas mais abertas e transparentes.

A obra é composta por 146 páginas, possui apresentação, prefácio escrito por Miguel Ángel Márdero Arellado, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), e orelhas da obra escrita por Ernest Abadal (Universitat de Bacelona), inscrita no ISBN sob número o 978-85-7193-435-1, dividida em (8) oito capítulos muito bem estruturados, a saber:

O primeiro capítulo é composto pela “Introdução”, onde é feita a construção teórica da temática abordada; apresentação dos esforços de instituições internacionais, agências europeias de financiamento de pesquisas e revistas científicas no que se refere às políticas para promoção de intercâmbios de dados no mundo acadêmico.

No segundo capítulo, denominado “O interesse pelos dados”, o autor apresenta a temática de gestão de dados no cenário internacional, de maneira cronológica, destaca os relatórios, declarações e diretrizes que descrevem sobre as formas de incentivar o uso de dados científicos. O autor também aborda sobre as políticas de retenção (mínima, longas ou permanentes) e intercâmbio de dados para as políticas nacionais financiadas com fundos públicos.

O terceiro capítulo foi reservado pelo autor para apresentar a definição sobre “O que são os dados científicos”. Segundo o autor; os dados podem ser de tipo: numéricos, descritivo ou visual, reproduzidos em formato impresso ou digital; podemos citar duas definições de dados científicos cunhados no capítulo, dentre elas: “informações registradas ou produzidas através de qualquer forma ou meio durante o decurso de uma pesquisa” e “todas as evidências que um investigador necessita para validar suas conclusões após uma pesquisa”. Nesse capítulo também é ressaltado sobre as utilidades desses dados no cenário acadêmico e empresarial e a importância da existência de um plano eficiente de gestão de dados.

No capítulo seguinte “Tipologia dos dados”, é realizada a distinção entre os tipos de dados existentes; podendo ser eles: segundo o procedimento de coleta (dados observacionais, dados computacionais e experimentais); dados primários (trabalhos originais de pesquisas e/ou brutos sem interpretação: experimentos, enquetes, entrevistas ou outras técnicas); dados secundários (dados derivados dos primários; que foram recolhidos, tabulados, ordenados e que estão disponíveis publicamente, em livros, publicações periódicas, censos etc.; à consulta pública), dados terciário (considerados uma forma de dados derivados; utilizados para garantir a confidencialidade de dados primários ou secundários, podendo ser: recontagens, categorias e resultados estatísticos). Também podem ser categorizados segundo o grau de estruturação (estruturados, semiestruturados ou não estruturados) e dados abertos (que podem ser utilizados e distribuídos por qualquer pessoa). Nesse capítulo também conceitua sobre as Licenças Creative Commons, que têm como propósito definir os termos de uso de uma obra; e os tipos de formatos de arquivos disponíveis para os diferentes tipos de dados científicos.

O capítulo 5 “Ciclo de vida dos dados” é rico em detalhes, descreve sobre o processo de pesquisa (produção, processamento e interpretação de dados) e sobre o processo de preservação de dados (recopilação, a simulação e a análise de dados; que permite o intercâmbio e reutilização de dados); as vantagens do compartilhamento de dados e o processo de curadoria de dados. Apresenta o Modelo do Ciclo de Vida dos Dados proposto pela Digital Curation Centre (DDC); onde se estabelece todas as etapas necessárias ao processo de curadoria digital e preservação de dados de um projeto de pesquisa; além disso, define papéis e responsabilidades exigidas em cada etapa dessa atividade.

No capítulo 6 “Plano de Gestão de Dados”, ou simplesmente PDG, o autor apresenta as principais práticas para se preparar um plano de gestão; ressalta que este é um documento formal e têm como objetivo descrever sobre o “ciclo de vida dos dados; registrar decisões tomadas em relação aos padrões de metadados, formatos, bases de dados, métodos, segurança e períodos de armazenamento, assim como os custos com a gestão dos dados”. Esse capítulo em específico detalha a lista verificação de um plano de gestão de dados elaborado pela DCC; por esse motivo, pode ser utilizado como guia para pesquisadores e profissionais da informação que necessitam de orientações para elaboração de um plano de gestão. O autor também apresenta o projeto-piloto Open Reserch Data Pilot, proposto pelo Programa Horizon 2020 da Comissão Europeia, que fomenta e aperfeiçoa a gestão e reutilização de dados científicos gerados por meio de projetos que ela mesma financia. Fabiano cita os principais componentes de um plano de gestão de dados, a saber: 1) descrição de dados e metadados; 2) atualizar (metadados, documentação); 3) organização; 4) aquisição; 5) processamento; 6) análises; 7) preservação; 8) publicação; 9) identificadores; 10) citação de dados; 11) cópia de segurança; 12) ética; 13) propriedade intelectual; 14) acesso e reutilização; 15) armazenamento a curto prazo de gestão e preservação; 16) armazenamento a longo prazo de gestão e preservação; 17) recursos; 18) pessoal; 19) considerações para compartilhar dados; e 20) formas de compartilhar os dados. Como dito acima, esse capítulo servirá de modelo para elaborar um PGD, e facilitará a vida daqueles pesquisadores que precisam apresentar um plano de gestão de dados para aquelas agências de fomento que passam a exigir dos pesquisadores o PDG, para garantir o financiamento às pesquisas, como é o caso da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo informado em seu site.1 1 Disponível em: http://www.fapesp.br/gestaodedados/. Acesso em: 31 out. 2019.

O capítulo 7 “Os repositórios de dados” apresenta a importância vital dos repositórios (categorizados como: institucionais; temáticos; editoriais; de propósito geral e repositórios próprios) para a preservação, integridade e difusão de dados científicos.

O último capítulo “O papel dos bibliotecários” apresenta as ações que o bibliotecário pode oferecer aos pesquisadores no desenvolvimento de um plano de gestão de dados. Esse capítulo deve ser sistematizado e utilizado pelo bibliotecário na elaboração de um planejamento eficaz para assegurar que todos os estágios do ciclo de vida dos dados sejam cumpridos. Além disso, conduz o bibliotecário sobre as variadas formas de apoio que ele pode oferecer ao pesquisador durante o processo de orientação, a saber: desenvolvimento de planos de gestão de dados; estratégias de metadados; escolha de repositórios adequados à necessidade do pesquisador ou criação de estratégias de organização dos dados e documentação correspondente.

Concluímos que a obra “Gestão de dados científicos” foi muito bem escrita e oferece com riqueza de detalhes conceitos teóricos e práticos sobre o motivo e como fazer uma gestão adequada de dados científicos, ofertando um panorama vasto para quem quer seguir o caminho da curadoria digital.

Consideramos que a publicação pode ser utilizada como guia para pesquisadores, bibliotecários, data librarian2 2 Ver: https://llamonlinedotorg.files.wordpress.com/2013/03/datalibrarian_jobdescription-march2013.pdf. Acesso em: 31 out. 2019. e estudantes que queiram se aprofundar nas temáticas: curadoria e gestão de dados científicos, afinal, como disse Fabiano: “se o conhecimento é o motor do avanço científico, os dados são seu combustível”.

Referência

  • SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Gestão de dados científicos. Rio de Janeiro: Interciência, 2019. 146 p. ISBN 978-85-7193-435-1.
  • Sistema de Similaridade
  • JITA:

    FJ. Knowledge management

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    11 Out 2019
  • Aceito
    15 Nov 2019
  • Publicado
    18 Nov 2019
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