RESUMO
Introdução/objetivo:
O objetivo deste artigo é identificar como as práticas da Gestão do Conhecimento contribuem para a aprendizagem organizacional e inovação nas instituições do Sistema de Justiça brasileiro.
Método:
Como instrumento de pesquisa utilizou-se a Revisão Integrativa da Literatura.
Resultados:
Os principais resultados da pesquisa, apontam: (i) existem poucos estudos relacionados a aprendizagem organizacional no âmbito do Sistema de Justiça brasileiro; (ii) nos artigos encontrados foi possível verificar elementos importantes para o tópico de estudo; (iii) observou-se o esforço das instituições públicas em prover as rotinas de gestão e práticas de gestão de conhecimento para promover a inovação.
Conclusão:
Por fim, conclui-se que a pesquisa tem relevância acadêmica, pois apresenta lacunas para pesquisas acadêmicas futuras e relata importantes aspectos sobre o estudo da Aprendizagem Organizacional no âmbito das instituições públicas do sistema de justiça brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE:
Gestão do conhecimento; Conhecimento nas organizações; Inovação.
ABSTRACT
Introduction/Objective:
The aim of this article is to identify how knowledge management practices contribute to organizational learning and innovation in institutions of the Brazilian Justice System.
Method:
The Integrative Literature Review was used as a research instrument.
Results:
The main results of the research are: (i) there are few studies related to organizational learning within the Brazilian Justice System; (ii) in the articles found it was possible to verify important elements for the study topic; (iii) it was observed the effort of public institutions to provide management routines and knowledge management practices to promote innovation.
Conclusion:
Finally, it’s concluded that the research has academic relevance because it presents gaps for future academic research, and it reports important aspects about the study of Organizational Learning within the public institutions of the Brazilian justice system.
KEYWORDS:
Knowledge management; Knowledge in organizations; Innovation
1 INTRODUÇÃO
À medida que estudos sobre gestão do conhecimento são realizados, se constata a multidisciplinaridade dessa ciência e a sua proximidade com as áreas da gestão.
A Gestão do Conhecimento utiliza conceitos, modelos, métodos e técnicas, desenvolvidos por várias disciplinas, compondo um crescente corpo de conhecimentos que passo a passo formam um arcabouço teórico da área. São diversos aspectos de cada área que convergem entre si para análise e estudos do conhecimento organizacional. Dentre essas disciplinas, podemos citar: a) Ciências cognitivas; b) Ciências da informação; c) Ciências da administração; d) Tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Na ciência cognitiva, os estudos e pesquisas realizados trabalham com a essência do conhecimento e da aprendizagem, permitindo um melhor entendimento e compreensão sobre o comportamento humano. Na Ciência da Informação, os estudos versam em como lidar com coleta, análise, armazenamento e disseminação da informação, matéria-prima do conhecimento. Na Ciência da Administração, os estudos são sobre aprendizagem organizacional, com foco na gestão de mudanças, melhores práticas, reengenharia de processos, liderança, gestão de pessoas e gestão de riscos. Nas Tecnologias da Informação e Comunicação, investiga-se a implantação de sistemas de Gestão do Conhecimento, baseados nas mídias e técnicas da engenharia do conhecimento.
Por este motivo, torna-se importante entender como o ciclo do conhecimento acontece e o respectivo impacto no processo da gestão organizacional.
Como toda organização, a Administração Pública, para manter-se competitiva e integrar pessoas, processos e tecnologias, tem percebido a necessidade de gerenciar o conhecimento institucional, sobretudo para inovar e desenvolver a aprendizagem organizacional. O não gerenciamento do conhecimento organizacional tem feito com que estas instituições não atinjam o seu propósito com eficiência.
Ligado a Administração Pública se observa a administração da Justiça. No Brasil, existe o Poder Judiciário, que é o sistema central de justiça, com o poder de julgar, e o sistema de justiça, que compreende além do poder judiciário as outras organizações que buscam a efetivação dos direitos da sociedade, que incluem o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Advocacia, a Polícia e o Sistema Penitenciário. Essas instituições trabalham com processos intensivos em conhecimento centrados em dados, informação e conhecimento, com diversas rotinas implementadas e práticas de gestão do conhecimento.
Com isso, surge a pergunta que direciona o estudo deste artigo: Como as práticas de Gestão do Conhecimento podem contribuir para a aprendizagem organizacional e inovação nas instituições do Sistema de Justiça brasileiro?
O objetivo do presente artigo é identificar como as práticas da Gestão do Conhecimento contribuem para a aprendizagem organizacional e inovação nas instituições do Sistema de Justiça brasileiro. Esta pesquisa justifica-se por haver o entendimento dos pesquisadores que tais elementos fundamentam o estudo da Administração da Justiça, oportunizando conhecer os aspectos da gestão do conhecimento e da aprendizagem organizacional neste meio.
No capítulo a seguir, será apresentado o referencial teórico que delineia este estudo e embasa a análise dos resultados.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Davenport e Prusak (2003DAVENPORT, Thomas; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital. São Paulo: Elsevier, 2003., p. 6) definem conhecimento como “uma mistura fluída de experiência, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações”. No âmbito organizacional, o conhecimento pode ser implícito e estar incorporado nas pessoas; ou, ser explícito e estar descrito nas rotinas, sistemas e procedimentos da empresa.
Dusya e Crossman (2007DUSYA, Vera; CROSSAN, Mary. Reconciling learning paradoxes through improvisation. In: Organization Learning, Knowledge and Capabilities Conference (OLKC), 2007, London, Ontario, CA. Anais… London, Ontario, CA: University of Western Ontario, 2007. Disponível em: https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.421.6599&rep=rep1&type=pdf Acesso em: 23 ago. 2021.
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, p. 993) definem que o “conhecimento explícito é comunicado para indivíduos e grupos por meio de repositórios não humanos institucionalizados, como estratégia, cultura, sistemas e procedimentos”. Conhecimento implícito é o conhecimento não verbalizado, intuitivo e não articulado que reside no cérebro humano e que não pode ser facilmente codificado ou capturado (ROUSSEAU; EGGHE; GUNS, 2018ROUSSEAU, Ronald; EGGHE, Leo; GUNS, Raf. Scientific Research and Communication. In: ROUSSEAU, Ronald; EGGHE, Leo; GUNS, Raf. Becoming metric-wise: a bibliometric guide for researchers. Cambridge: Chandos Publishing, 2018. p. 11-35). Logo, o conhecimento percorre a organização transpassando elementos humanos e não humanos com a missão de promover o aprendizado das pessoas, grupos e da instituição.
O ciclo de vida do conhecimento na organização envolve cinco passos: identificar, criar, armazenar, compartilhar e aplicar conhecimento (NAIR; PRAKASH, 2009NAIR, Praba; PRAKASH, Kamlesh. Knowledge Management: Facilitator’s Guide. APO: Tokyo, 2009.). Neste sentido, as práticas de gestão do conhecimento nos ajudam a entender o ciclo de vida do conhecimento organizacional e como o conhecimento é institucionalizado, oportunizando a aprendizagem organizacional.
A aprendizagem organizacional acontece quando a aprendizagem individual e de grupo se tornam institucionalizadas, quando o conhecimento individual e de grupo se insere em repositórios não humanos, como rotinas, sistemas, estruturas, cultura e estratégia (DUSYA; CROSSAN, 2005DUSYA, Vera e CROSSAN, Mary. Organizational learning and knowledge management: toward an integrative framework. In: EASTERBY-SMITH; LYLES, Marjorie. Handbook of Organizational Learning and Knowledge Management. Malden: Blackwell, 2005. p. 122-141). Percebe-se que a aprendizagem organizacional e o conhecimento se retroalimentam, em um processo interativo, com foco em atingir os objetivos estratégicos da organização.
A aprendizagem organizacional é analisada em níveis: 1) individual, que refere-se a aprendizagem das pessoas no contexto organizacional; 2) Grupo de indivíduos, refere-se a aprendizagem de grupos no contexto organizacional; 3) Organização, ocorre quando a organização alcança os propósitos organizacionais, compartilha e distribui entre os membros da organização, ocorrendo mudança no sistema, estrutura, procedimentos e cultura organizacional; 4) Interorganizacional, refere-se a aprendizagem entre grupos e pares de organização, evidenciando a cooperação; 5) Rede, refere-se à aprendizagem por um grupo de organizações, como um grupo, quando a aprendizagem organizacional ocorre no momento que o grupo de organizações “aprendem”, ou seja, todas são impactadas, não apenas uma delas. (CROSSAN; LANE; WHITE; DJURFELDT, 1995CROSSAN, Mary M. et al. Organizational learning: dimensions for a theory. The International Journal of Organizational Analysis, v. 3, n. 4, p. 337-360, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.1108/eb028835. Acesso em: 30 jan. 2022.
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; KNIGHT, 2002KNIGHT, Louise. Network Learning: exploring learning by interorganizational networks. Human Relations, London, v. 55, n. 4, p. 427-454, 2002. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.476.8235&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 30 jan. 2022.
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).
A linha comum entre a Gestão do Conhecimento e as outras áreas de gestão é justamente o reconhecimento de que informação e conhecimento são ativos corporativos que exigem ferramentas apropriadas para gerenciá-los, pois não é possível gerenciar os novos aspectos da economia do conhecimento com as ferramentas da economia industrial.
Segundo Jadertrierveiler, Sell e Santos (2019)JADERTRIERVEILER, Heron; SELL, Denilson; SANTOS, Neri dos. The benefits and challenges of digital transformation in Industry 4.0. Global Journal of Management and Business Research: a Administration and Management, v. 19, n. 12, p. 17-40, jan. 2019. Disponível em: https://globaljournals.org/GJMBR_Volume19/E-Journal_GJMBR_(A)_Vol_19_Issue_12.pdf. Acesso em: 30 jan. 2022.
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a transformação digital, o desenvolvimento das tecnologias inteligentes e de trabalhadores do conhecimento, estão fazendo com que a Gestão do Conhecimento seja um imperativo integrante de qualquer atividade de negócio. A Gestão do Conhecimento ocorre suportada pelas pessoas, pela tecnologia, pelos processos e pela liderança (FELICIDADE; ARAUJO; POLEZA; VARVAKIS, 2021FELECIDADE, Christian Pereira et al. Tópicos em Gestão do Conhecimento para iniciantes. Florianópolis, SC: UFSC, 2021. E-book. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/230450. Acesso em: 23 ago. 2021.
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). Complementa-se que são as práticas e rotinas institucionalizadas que permitem a efetividade da Gestão do Conhecimento.
Práticas e rotinas têm aspectos diferentes, mas complementares. As rotinas se referem às normas e regras institucionalizadas na organização e, as práticas de gestão do conhecimento, às ações que fomentam o conhecimento dentro da organização.
Ressalta-se que a capacidade de uma organização de reconhecer e utilizar o conhecimento é observado pela capacidade absortiva da organização. Para Zahra e George (2002)ZAHRA, Shaker A.; GEORGE, Gerard. Absorptive capacity: a review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, v. 27, n. 2, p. 185-203, abr. 2002. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/4134351?origin=JSTOR-pdf. Acesso em: 30 jan. 2022.
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capacidade absortiva é o “conjunto de rotinas e processos organizacionais pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram conhecimento para produzir uma organização dinâmica”.
Na perspectiva de investigar as práticas de gestão do conhecimento no sistema de justiça brasileiro, cabe destacar que os aspectos da aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento também estão presentes na administração pública. Para Freitas (2017FREITAS, Eliezer da Silva. Gestão do Conhecimento na Administração Pública: tendências de aprimoramento dos Tribunais de Contas. Revista Controle: doutrina e artigos, Fortaleza, v. 15, n. 1, p. 424-457, jan. jun/2017. Disponível em: https://doi.org/10.32586/rcda.v15i1.351. Acesso em: 23 ago. 2021.
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, p. 431) “o maior desafio para a administração pública é a capacidade de desenvolver práticas sistemáticas para atender novas demandas sociais por bens e serviços públicos”. Esse mesmo autor afirma que as práticas de gestão do conhecimento promovem a aprendizagem organizacional, salientando a importância da coordenação de lideranças para melhoria do desempenho organizacional.
A administração pública vem alinhando sua gestão com o propósito de aumentar a eficiência operacional e entregar melhores resultados e serviços à sociedade, mais ainda com muitos desafios a enfrentar. Segundo Castro e Guimarães (2019)CASTRO, Marilú Pereira; GUIMARÃES, Tomas Aquino. Dimensões da inovação em organizações da justiça: proposição de um modelo teórico-metodológico. Cadernos Ebape.Br, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 173-184, mar. 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1679-395167960 . Acesso em: 23 ago. 2021.
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as organizações públicas exercem funções sociais e tornam-se resistentes às mudanças devido a rotinas e padrões institucionais dos subsistemas políticos.
No capítulo a seguir serão descritos os procedimentos metodológicos deste artigo.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o alcance do objetivo desta pesquisa foi realizada uma Revisão Integrativa da Literatura na busca de artigos científicos na literatura. Esta pesquisa se caracteriza por ser exploratória e descritiva; exploratória por buscar a compreensão do problema investigado e torná-lo explícito; descritiva pelo motivo de analisar e descrever os resultados obtidos na coleta de dados. Severino (2007)SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. cita que a pesquisa exploratória levanta informações sobre o objeto, delimitando um campo de trabalho e mapeando as condições de sua manifestação. Para Gil (2010)GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010., a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno. Quanto a técnica utilizada, é uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa. A coleta dos dados foi por meio de uma Revisão Integrativa de Literatura, com busca no Google Scholar e em três bases científicas: Base Scopus, Base Science Direct e Web of Science.
Para Whittemore (2005)WHITTEMORE, Robin. Combining evidence in nursing research: methods and implications. Nursing Research, Baltimore, v. 54, n. 1, p. 56-62, 2005. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15695940/ . Acesso em: 23 ago. 2021.
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“as revisões integrativas são o tipo mais amplo de métodos de revisão de pesquisa que permitem a inclusão simultânea de pesquisas experimentais e não experimentais, a fim de compreender mais plenamente a problemática pesquisada.”. Uma revisão integrativa, quando realizada dentro de critérios técnicos bem definidos, permite análise teórica sobre determinado estudo permitindo o consequente avanço e desenvolvimento científico. Por isso, foi utilizada a estratégia de busca “TQO” definida por Araújo (2020)ARAÚJO, Wánderson Cássio Oliveira. Recuperação da informação em saúde: construção, modelos e estratégias. Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 3, n. 2, p. 100-134, maio/ago. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.33467/conci.v3i2.13447. Acesso em: 23 ago. 2021.
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e detalhada no tópico 3.1 a seguir.
A pesquisa foi definida em seis etapas (GANONG, 1987): 1) Identificação do tema e questão de pesquisa; 2) Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3) Identificação dos estudos; 4) Categorização dos estudos selecionados; 5) Análise e interpretação dos resultados; 6) Síntese do conhecimento.
A Figura 1 a seguir ilustra as etapas definidas e os respectivos processos envolvidos.
A primeira etapa “Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa” é aquela que define a identificação e seleção do tema e da pergunta de pesquisa que deve representar a problemática do pesquisador e ser clara o suficiente para evidenciar seu objetivo e sua inquietação (GANONG, 1987). Nesta pesquisa, a pergunta é: Como as práticas de Gestão do Conhecimento podem contribuir para a aprendizagem organizacional e inovação nas instituições do Sistema de Justiça brasileiro?
Para traçar a estratégia de busca, utilizou-se da metodologia TQO (ARAUJO, 2020) que é estruturada a partir de três categorias: 1) o tema, representado pelo assunto principal da pesquisa; 2) o qualificador, representado pelas características ou situações relacionadas ao tema ou objeto de pesquisa; e 3) o objeto, representado por um indivíduo, população, instituição, dispositivo, procedimento etc.).
O quadro abaixo, representa a estratégia de pesquisa construída para a Revisão Integrativa realizada:
As bases de dados definidas para a pesquisa foram: Base Scopus, Base Science Direct e Web of Science. Como forma de expandir os resultados e ampliar a base de estudos, também foi realizado pesquisas no Google Scholar, com os mesmos critérios de busca definidos pela pesquisa (quadro 1). Tendo em vista a quantidade de documentos que são recuperados no Google Scholar, foi analisado os 100 primeiros resultados, nesta ordem: 1°) leitura de título e abstract; 2°) leitura artigo completo. Salienta-se que foram incorporados ao portfólio os artigos recuperados no Google Scholar, se estes estiverem publicados em periódicos que tenham avaliação por pares. A conferência da avaliação pelos pares foi feita a partir de consulta a página de cada um dos periódicos.
A segunda etapa “Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão” define os critérios que selecionarão os estudos a serem considerados relevantes para a pesquisa, fazem a sua delimitação por meio de critérios de inclusão e exclusão. “A conduta ideal é incluir todos os estudos encontrados ou a sua seleção randomizada; porém, se as duas possibilidades forem inviáveis pela quantidade de trabalhos, deve-se expor e discutir claramente os critérios de inclusão e exclusão de artigos” (GANONG, 1987). Como a pesquisa tem um universo de estudo bem delimitado, foram definidos poucos critérios de inclusão e exclusão para a pesquisa, sendo estes quatro critérios: 1) ser artigo publicado em periódicos científicos; 2) ser artigo publicado em eventos científicos; 3) ter versão completa nos idiomas inglês e português; e 4) publicações em periódicos que tenham avaliação por pares. Após a pesquisa inicial realizada nas fontes citadas (Scopus, Science Direct, Web of Science e Google Scholar), com os critérios de inclusão e exclusão apresentados, a terceira etapa inicia com o universo de 344 artigos para leitura.
Na terceira etapa “Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados” é realizada a análise dos estudos, a partir da leitura criteriosa do título, resumo e artigo na íntegra. A seleção ou descarte de trabalhos leva em consideração a adequação ao tema na perspectiva subjetiva dos pesquisadores. Neste momento é feita também a exclusão dos artigos repetidos, que eventualmente são recuperados em mais de uma base de dados. A Figura 2 apresenta a evolução da seleção dos artigos para o portfólio final:
Do total de artigos recuperados nas bases de dados Scopus, Science Direct, Web of Science (244), foram excluídos 37 trabalhos repetidos, restando 207 para leitura dos títulos. Após a leitura dos títulos nos 207 artigos, foram selecionados 47; realizando a leitura dos resumos, restaram 9; e por fim, após leitura dos artigos na íntegra, o número de artigos final ficou em 5. Salienta-se que o baixo número de artigos selecionados ao final do processo se deu, principalmente, pela especificidade do tema da pesquisa que busca identificar práticas da gestão do conhecimento nas instituições integrantes do Sistema de Justiça brasileiro.
Com o propósito de expandir os resultados e ampliar a base de estudos, foi realizada a pesquisa no Google Scholar, com os mesmos critérios de busca definidos anteriormente, selecionando-se as 100 (cem) primeiras publicações recuperadas. A Figura 3 ilustra a seleção no Google Scholar:
A partir das 100 (cem) primeiras publicações foi realizada a leitura pelo título e resumo, exclui-se 82 artigos, restando 18 para leitura na íntegra. Destes, eliminou-se mais oito trabalhos, integrando 10 artigos para o portfólio final. Todos os artigos selecionados no Google Scholar foram publicados em revistas que passaram no crivo de avaliação pelos pares científicos. O portfólio final da Revisão Integrativa ficou composto por 15 trabalhos.
O Quadro 2 mostra a composição do portfólio final, com a indicação do Qualis e fator de impacto da Revista1 1 JCR: https://jcr-clarivate.ez222.periodicos.capes.gov.br/JCRLandingPageAction.action, pesquisa realizada em 27 julho 2021. , assim como o número de citações de cada artigo2 2 Dados do Google Scholar: https://scholar.google.com.br, pesquisa realizada em 27 julho 2021. identificado no Google Scholar. Para efeitos do Qualis3 3 Qualis: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf, pesquisa realizada em 27 julho 2021. , determinou-se a maior nota, independente de classificação de área, quadriênio 2013-2016.
Na quarta etapa “Categorização dos estudos selecionados” é demonstrado os elementos analisados nos artigos. Os artigos do portfólio foram categorizados conforme categorias pré-estabelecidas para esta revisão integrativa, que são: a) objetivo, b) metodologia, c) instituição jurídica, d) práticas de EGC utilizadas, e) resultados encontrados. As categorias foram analisadas, catalogadas e sumarizadas em tabela específica, disponível no Apêndice A.
Na quinta etapa é apresentado os resultados da pesquisa integrativa a partir da discussão dos artigos, interpretação e análise dos resultados. Esta análise será apresentada no capítulo 3, Resultados, a seguir.
Por fim, na sexta etapa da Revisão Integrativa é apresentada a “Síntese do conhecimento”. Acredita-se que a revisão integrativa é uma ferramenta importante no processo de comunicação científica, pois viabiliza a execução da síntese do conhecimento já produzido pelo meio acadêmico. Ganong (1987) dispõe que “os relatórios de pesquisa primária devem incluir informações suficientes para que o leitor possa examinar criticamente as evidências”, assim, na figura 5 descreve-se todas as fases percorridas nessa revisão integrativa:
A revisão integrativa possibilita aos pesquisadores o levantamento de dados e sínteses de conhecimento de diferentes autores e estudos científicos. O objetivo dessa revisão foi identificar como as práticas da Gestão do Conhecimento contribuem para a Aprendizagem Organizacional e Inovação no Sistema de Justiça brasileiro, com base nos estudos e pesquisas disponíveis nos repositórios e base de artigos científicos.
No capítulo a seguir serão apresentados a discussão dos artigos do portfólio, interpretação e análise dos resultados da pesquisa integrativa.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta seção descreve os resultados da pesquisa integrativa a partir da discussão dos artigos, interpretação e análise dos resultados. Realizou-se a discussão pela análise quantitativa (ano, colaboração, revistas e palavras-chave) e qualitativa dos pontos relevantes que caracterizam os artigos. O objetivo é identificar possíveis lacunas do conhecimento e sugerir pautas para futuras pesquisas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018 . Acesso em: 23 ago. 2021.
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).
Com relação a distribuição dos artigos por ano de publicação, vemos uma variação de altos e baixos na frequência de publicações sobre o tema proposto, conforme Gráfico 1.
A pesquisa não contou com critério de exclusão de ano de publicação, a proposta era compreender o maior número de trabalhos. Pode-se perceber que a primeira publicação identificada foi em 2006 e a mais recente, pertencente a esse portfólio, de 2019. Observa-se que o portfólio não contou com trabalhos mais recentes, de 2020 e 2021.
Por seguinte, analisou-se os periódicos onde os artigos foram publicados. O quadro 3 demonstra que o periódico Revista de Administração Pública (Qualis A1 e fator de impacto JCR 0.24) obteve quatro dos artigos levantados, somando 181 citações; quanto aos demais periódicos, que somam juntos 11 artigos, obtiveram 197 citações. Uma confirmação apontada é que apesar do fator de impacto da Revista de Administração Pública não ser o mais elevado do portfólio, a revista é aquela que se destaca no assunto, tendo alto número de citações e sendo, possivelmente, de interesse maior por pesquisadores. A Revista de Administração Pública é mantida pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV EBAPE) e mantém seus números de publicação de forma regular desde 1967.
Na sequência da análise, procurando identificar as colaborações entre os autores, a Figura 6 apresenta as principais redes de coautorias identificadas. A rede apresentou um total de 14 clusters (grupo de autores) do total de 33 pesquisadores identificados no portfólio.
O autor mais relevante do portfólio é Tomas de Aquino Guimarães, da Universidade de Brasília, Brasil, com 92 citações de sua autoria. Na análise de colaboração, pode-se observar o autor associado em três cluster de pesquisadores com publicações realizadas entre os anos de 2012 e 2018, como demonstrado na Figura 7.
Outro ponto relevante a se demonstrar é que as autorias dos artigos pertencentes ao portfólio são predominantemente de pesquisadores brasileiros, justificado pelo objeto de estudo, que é o Sistema de Justiça Brasileira, de interesse maior de pesquisadores do próprio país.
A seguir apresenta-se uma ilustração das palavras-chave dos artigos pesquisados. Observa-se na Figura 8 que do total de palavras (44) extraídas das palavras-chave dos artigos, após analisadas pelo sistema VOSviewer, ganham destaque as palavras Public Administration, Poder Judiciário e Court Management.
A análise mostra que essas palavras em destaque criaram quatro cluster interligando 16 termos relacionados. Ao observar as palavras-chaves dos artigos, fica evidenciado que os termos se relacionam em maior parte a área da administração e setor público.
Finalizada a análise métrica, relaciona-se às evidências qualitativas da análise dos artigos quanto às categorias observadas: a) objetivo, b) metodologia, c) instituição jurídica, d) práticas de EGC utilizadas, e) resultados encontrados. Salientamos que essas categorias estão detalhadas no Apêndice A.
Quanto aos objetivos, os artigos analisados apresentaram objetivos claros, metodologicamente adequados, buscando principalmente identificar e analisar elementos da gestão no sistema de justiça brasileiro.
Quanto às metodologias, os estudos predominantemente quali-quantitativo, com coleta de dados por meio de questionário e pesquisa documental. Um estudo (artigo 10), no entanto, realizou análise unicamente quantitativa, buscando por meio dos dados de verificação de um questionário a “gestão do conhecimento no compartilhamento de melhores práticas” no Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1 DF).
Em relação às instituições jurídicas são todas pertencentes ao Sistema de Justiça brasileiro, como esta revisão se propunha. Os estudos foram analisados a nível institucional, regional ou nacional. Verificou-se a predominância de estudos nos Tribunais de Justiças estaduais (8) e Tribunais Regionais Federais (1) e os demais em âmbito nacional. Nenhum estudo foi identificado de instituições fora do Poder Judiciário, como Ministério Público, Defensoria Pública ou outros órgãos do sistema de justiça. Os estados que tiveram estudos realizados foram: Distrito Federal (2); Minais Gerais (2); São Paulo (1); Bahia (1); Rio Grande do Sul (1); Santa Catarina (1); estudos no âmbito nacional ou federal (7).
Relativo às práticas de EGC utilizadas, os artigos apresentaram tanto práticas como rotinas estabelecidas nas instituições. Observou-se a adoção das Tecnologias da Informação, como evidenciado no artigo 6 “Melhora no desenvolvimento de software visando aprimorar as práticas de governança corporativa e de Tecnologia da Informação (TI)” e artigo 7 “Processos judiciais eletrônicos e criação de sistemas online” e “uso de inteligência artificial em decisões judiciais.”. Aspectos da Comunicação, sobre intercâmbio de informações interorganizacionais mostraram-se presentes como no artigo 4 “Instituições públicas ligadas de modo a compartilhar seus ativos intangíveis” e artigo 6 “Integração para compartilhar soluções e serviços de TIC com entidades públicas, visando à cooperação e ao intercâmbio de soluções.”.
Nos aspectos da Gestão de Pessoas, estudos apontam a Liderança como aspecto relevante para a Gestão do Conhecimento e Inovação como “Atuação dos magistrados como líder com habilidades esperadas: inovação e criatividade; visão sistêmica e capacidade de mobilização do grupo de trabalho e de definição de objetivos e metas” (artigo 5) e “as práticas de gestão do conhecimento são viabilizadas pela liderança, pessoas, processos e tecnologias da informação a fim de alcançar os objetivos da organização em benefício da sociedade” (artigo 11). Os estudos 9, 10 e 14, apontam aspectos quanto à adequação do espaço para melhoria das práticas de Gestão de Conhecimento, importante consideração para que as práticas aconteçam. Dentro da categoria Gestão e Controle de Processos a prática que mais se destacou foi o estabelecimento de metas e indicadores de desempenho (artigos 3, 8, 12 e 13), como por exemplo, no artigo 8 e 12: “Estabelecimento de metas anuais para os tribunais brasileiros; definição de indicadores de eficiência, produtividade e qualidade. (pelo CNJ)”. As práticas de “Monitoramento de resultados” desta mesma categoria tiveram a frequência de três artigos (4, 8, 12), como exemplo, artigo 4: “medir os resultados intangíveis acumulados de redes interorganizacionais”.
O quadro 5 apresenta a categorização e frequência das práticas e rotinas identificadas nos artigos do portfólio.
É possível verificar, como destaques, os elementos que envolvem:
Gestão de Pessoas, com frequência de 13 ocorrências, categorizados em cinco práticas e rotinas: Treinamento das equipes; Liderança; Motivação e gestão das equipes; Grupos de trabalho; Adequação ambiente para compartilhamento.
Gestão e Controle de Processos, com frequência de 12 ocorrências, categorizadas em quatro práticas: Análise da eficiência produtiva; Estabelecimento de objetivos de desempenho e indicadores; Organização e padronização do fluxo de atividades; Monitoramento de resultados.
Tecnologia da Informação, com frequência de 14 ocorrências, categorizados em seis práticas e rotinas: Uso de ferramentas de TI; Processo judicial eletrônico; Repositório de melhores práticas e conhecimentos; Melhoria de software; Extração automática de dados; Inteligência artificial.
Comunicação, com 7 ocorrências, categorizadas em cinco práticas e rotinas: Compartilhamento em redes interorganizacionais; Governo eletrônico; Governança corporativa; Uso das redes sociais; Uso de portais da transparência.
Em análise aos resultados dos artigos pesquisados, verificou-se aspectos positivos e negativos da gestão nas instituições jurídicas. O artigo 4, que mediu a variação do capital intelectual em organizações públicas envolvidas em empreendimentos de “govemment-to-government”, apresentou elementos importantes do impacto das iniciativas do governo eletrônico nos Tribunais de Justiça brasileiros, mostrando que a “atuação colaborativa das entidades tem um efeito positivo e impacto homogêneo em todos os componentes do capital intelectual de uma organização pública, ou seja, seu capital humano, organizacional, externo e de inovação.”.
Já o artigo 3 apresenta que a “Gestão do conhecimento é um pré-requisito para o uso da gestão de projetos como uma ferramenta para a implementação da inovação e, a inovação, por sua vez, está contribuindo para o desenvolvimento de uma visão sistêmica, reduzindo os efeitos de fragmentação da divisão do trabalho atividades dentro do Tribunal.” O artigo 11 ressalta a necessidade de implementação das práticas de Gestão do Conhecimento e garantem que “As práticas de aprendizagem e inovação oportunizam a melhoria do desempenho organizacional no que tange ao exercício do controle externo e, por conseguinte, à garantia da efetividade das políticas públicas e resultados positivos para a sociedade”. Aspectos da liderança foram relatados nos resultados dos artigos 1, 5, 12 e 13 apresentando aspectos da falta de preparo dos magistrados para as atividades diretivas, a importância da liderança para gerenciar as mudanças e dificuldades de gestão e do comprometimento dos servidores. O artigo 7, que refletiu sobre as perspectivas da inovação, ressaltou nas considerações finais que: “Inovação, desempenho, governança e legitimidade são temas centrais da administração da justiça e apresenta várias lacunas e oportunidades de pesquisa.”.
Encerrada a análise, interpretação e apresentação dos resultados será apresentado as considerações finais do artigo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados da pesquisa mostraram que existem poucos estudos relacionados à aprendizagem organizacional no âmbito do Sistema de Justiça brasileiro. No entanto, aqueles encontrados, trazem elementos importantes para área de estudo, pois se observou o esforço das instituições públicas em prover as rotinas de gestão e práticas de gestão de conhecimento no âmbito de suas atividades, como forma de promover melhorias e a inovação. Não se observou nenhum estudo que demonstrasse a efetiva aprendizagem organizacional nessas instituições.
As práticas e rotinas de gestão de conhecimento mais destacadas nos estudos foram relacionadas a Gestão de Pessoas e Gestão e Controle de Processos, seguidas das de Tecnologia da Informação e Comunicação. Em relação a Gestão de Pessoas é presente a questão de treinamento, motivação e preparação da liderança para a gestão da equipe e dos processos. Estes aspectos são de relevância para a aprendizagem organizacional quando se fala principalmente em aprendizagem em equipe que, para Wiese e Burke (2019)WIESE, Christopher W.; BURKE, Shawn C. Understanding team learning dynamics over time. Frontiers in Psycology, v. 10, n. 147, p. 1-14, 2019. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2019.01417/full . Acesso em: 23 ago. 2021.
https://www.frontiersin.org/articles/10....
, é definida como a mudança no estado de conhecimento coletivo de uma equipe. E ao que se refere ao Controle de Processos, os elementos categorizados evidenciaram os mecanismos de controle, monitoramento e indicadores. Quanto a isso, considera-se a relação aos “gatilhos de aprendizagem” (WIESE; BURKE, 2019) que são eventos que fazem com que a equipe inspecione o seu estado de conhecimento coletivo atual e por vezes os impulsiona para novos aprendizados.
As tecnologias da informação evidenciaram o uso dos mecanismos tecnológicos para a inovação, principalmente aqueles vinculados ao processo judicial eletrônico, que se mostram essenciais para a eficiência do sistema jurídico. Os aspectos da Comunicação, apesar de estarem em menor número quanto a frequência de práticas e rotinas, denotaram a desfronterização e cooperação entre as instituições públicas, elevando a possível análise da aprendizagem organizacional em nível interorganizacional.
A liderança tem papel fundamental para a sinergia das pessoas, processos e tecnologias, sendo a comunicação aquela que atrai a energia para que as práticas aconteçam. Salienta-se que estes e outros aspectos podem ser observados a partir da análise dos fluxos de informação e de conhecimento, presentes nestas organizações.
A contribuição desta pesquisa pauta-se na possibilidade, para outros pesquisadores, de construir o conhecimento sobre a temática, fundado no portfólio de artigos levantados, e subsidiar oportunidades para novos estudos e expansão da ciência nesta área. Além disso, percebeu-se, nos resultados dos artigos analisados, que a aprendizagem organizacional nas instituições jurídicas públicas é um tema recente e pouco abordado na literatura acadêmica. Acredita-se ainda, que esta pesquisa se configura como um trabalho de relevância acadêmica, pois apresenta importantes aspectos sobre o estudo da Aprendizagem Organizacional no âmbito das instituições públicas do sistema jurídico, elucidando os caminhos já delineados na literatura e lacunas para pesquisas futuras.
A revisão integrativa foi realizada no âmbito multidisciplinar e se mostrou um método relevante para análise e categorização dos estudos. A estratégia de busca TQO (ARAUJO, 2020) oportunizou a recuperação de artigos relevantes ao tema, características e objeto do assunto estudado, com excelente precisão. Aponta-se como limitações desta pesquisa: a) a análise apenas de artigos científicos, sugere-se a pesquisa em outros materiais bibliográficos, como repositórios de teses e dissertações; b) a pesquisa foi realizada no âmbito do sistema jurídico, sugere-se expandir para outras instituições públicas brasileiras como forma de obter um número maior de resultados. Por fim, considera-se que a revisão integrativa da literatura permitiu aproximar-se da problemática abordada, possibilitando a evolução do conhecimento e um diagnóstico sobre a produção científica quanto às práticas de gestão do conhecimento e aprendizagem organizacional nas instituições jurídicas públicas brasileiras.
APÊNDICE A
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1
JCR: https://jcr-clarivate.ez222.periodicos.capes.gov.br/JCRLandingPageAction.action, pesquisa realizada em 27 julho 2021.
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2
Dados do Google Scholar: https://scholar.google.com.br, pesquisa realizada em 27 julho 2021.
-
3
Qualis: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf, pesquisa realizada em 27 julho 2021.
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Financiamento: Não aplicável.
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Disponibilidade de dados e material:
O conjunto de dados está disponível no apêndice do próprio artigo.
REFERÊNCIAS
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Disponibilidade de dados
O conjunto de dados está disponível no apêndice do próprio artigo.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
23 Jan 2023 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
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Recebido
10 Jan 2022 -
Aceito
22 Jan 2022 -
Publicado
06 Fev 2022