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Audiolivros na Ciência da Informação: uma revisão sistemática de literatura

RESUMO

Introdução:

O audiolivro é uma gravação sonora de um livro ou qualquer texto, em que pode escutar, em vez de ler. Este suporte pode conter efeitos sonoros, como música ou sons ambientes, narração ou voz sintética. Com as inovações tecnológicas e novos suportes, o audiolivro evoluiu e atualmente é comercializado em formatos digitais. No contexto da Ciência da Informação (CI), entender como os audiolivros estão organizados e representados é fundamental para sistematizar sua recuperação.

Objetivo:

Delinear um panorama da temática dos audiolivros na área da CI, com foco em sua representação e recuperação. Metodologia: o estudo caracterizado como descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa e quantitativa, realizou uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), para investigar a produção acadêmica sobre a temática, sem delimitação de tempo, executada em 2023.

Resultados:

A RSL incluiu três etapas de análise, alcançando uma amostra de 24 documentos. Foi possível identificar que os audiolivros estão inseridos em diversas áreas do conhecimento e são utilizados de diversas formas, abrangendo aprendizagem, inclusão e acesso à informação em bibliotecas e centros de informação, onde sua aquisição ainda é discutida, principalmente com relação aos custos. Há iniciativas para representação textual, no contexto da CI, no entanto, sem um olhar específico para os formatos e ambientes onde os audiolivros estão disponibilizados.

Conclusão:

A quantidade limitada de estudos que abordaram a representação e a recuperação da informação em audiolivros na CI pode sinalizar que a temática precisa ser aprofundada, principalmente com o avanço dos serviços streaming e plataformas digitais.

PALAVRAS-CHAVE
Audiolivros; Revisão sistemática da literatura; Recuperação da informação; Representação da informação; Ciência da Informação

ABSTRACT

Introduction:

An audiobook is a sound recording of a book or any text, which you can listen to instead of reading. This medium may contain sound effects, such as music or ambient sounds, narration or synthetic voice. With technological innovations and new media, audiobooks have evolved and are currently sold in digital formats. In the context of Information Science (IS), understanding how audiobooks are organized and represented is fundamental to systematizing their retrieval.

Objective:

To outline an overview of the topic of audiobooks in the area of IS, with a focus on their representation and recovery. Methodology: The study characterized as descriptive and exploratory, with a qualitative and quantitative approach, carried out a Systematic Literature Review (SLR), to investigate academic production on the topic, without time limits, carried out in 2023.Results: The SLR included three analysis stages, reaching a sample of 24 documents. It was possible to identify that audiobooks are inserted in different areas of knowledge and are used in different ways, covering learning, inclusion and access to information in libraries and information centers, where their acquisition is still discussed, mainly in relation to costs. There are initiatives for textual representation, in the context of IS, however, without a specific look at the formats and environments where audiobooks are available.

Conclusion:

The limited number of studies that addressed the representation and retrieval of information in audiobooks in IS may signal that the topic needs to be deepened, especially with the advancement of streaming services and digital platforms.

KEYWORDS
Audiobooks; Systematic literature review; Information retrieval; Information representation; Information science

1 INTRODUÇÃO

Os avanços das tecnologias da informação e comunicação surgiram no contexto da Terceira Revolução Industrial e da Revolução Informacional, sendo potencializados na década de 1990. A partir disso, o aprimoramento da tecnologia foi marcado por diferentes contextos marcados pela denominada “Era da Informação”, de fenômenos como o big data, internet de alta velocidade (5G), computação em nuvem e o aumento de objetos multimídia em plataformas e serviços streaming. As possibilidades de acesso, manipulação, download e armazenamento destes objetos enfatizam a importância da precisão na recuperação de informação em grandes conjuntos de dados (Ronquillo; Peña, 2017RONQUILLO, C. C.; PEÑA, J. M. El audiolibro como herramienta tecnológica para elaprendizaje de losestudiantes de lacarrera de bibliotecología y archivología de laUniversidad de Guayaquil. Espirales: Revista multidisciplinaria de investigación, [S.l.], v. 1, n. 10, 2017, p. 1-1. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8466400. Acesso em: 09 maio 2024.
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).

Com a evolução da web e de novos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, surgiram também novos suportes no mercado editorial. O livro que era somente impresso agora poderia ser acessado em novos formatos digitais (ebooks) e também poderia ser ouvido (audiobooks). Seguido desses novos formatos surgem também novos serviços de distribuição digital por meio de sistemas agregadores de assinatura, como: Amazon Prime, Apple Store e Google Play, o que possibilitou a expansão do uso de audiolivros (Bal, 2018).

Contudo, os audiolivros, para Cordón-García (2018)CORDÓN-GARCÍA, J. A. Leer escuchando: reflexiones en torno a los audiolibros como sector emergente. AnuarioThinkEPI, v. 12, n. 1, 2018, p. 170-182. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6842288. Acesso em: 09 maio 2024.
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, não são um produto ou um suporte novo, eles fazem parte do setor editorial há alguns anos e estavam conectados a produção de textos e livros narrados. Deste modo, observa-se que as editoras dos audiolivros tiveram, em sua natureza enquanto produto, uma relação direta com a evolução tecnológica, perpassando as fitas de rolo, os cassetes compactos, os discos até os novos formatos que surgiram no contexto da era digital (Colbjørnsen, 2015COLBJØRNSEN, T. The accidental avant-garde: audiobook technologies and publishing strategies from cassette tapes to online streaming services. 2015. DOI: https://doi.org/10.1386/nl.13.83_1.
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; Have, Pedersen, 2020).

Acrescentam Menezes e Franklin (2008) que um audiolivro é um livro em áudio, em que os narradores podem ser pessoas voluntárias, profissionais, o próprio autor ou amadores que interpretam textos literários, científicos, ou didáticos, e que podem conter sonorizações em suas narrativas. Segundo Reséndiz (2022)RESÉNDIZ, P. O. R. El audiolibro digital y las alternativas de lanarración sonora. Austral Comunicación, Buenos Aires, v. 11, n. 2, p. 1-25, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.26422/aucom.2022.1102.rod. Acesso em: 09 maio 2024.
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audiolivro é um documento de origem digital e uma experiência midiática, cujo acesso, distribuição e consumo se assemelham a outros tipos de conteúdo audiovisual do ecossistema digital contemporâneo.

Para Magadán-Díaz e Rivas-García (2020)MAGADÁN-DÍAZ, M.; RIVAS-GARCÍA, J. I. El audiolibroenEspaña: ¿industria o modelo de negócio?. Profesional de lainformación, v. 29, n. 6., 2020. DOI: https://doi.org/10.3145/epi.2020.
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, ao longo da história, o audiolivro tem sido denominado de diversas maneiras, tais como: livros fonográficos, livros falantes (spoken books, talking books), livros narrados (narrated books), livros em fita, entre outras expressões. Porém, em 1994, a Audio Publishers Association (APA) definiu o termo audiobook para ser utilizado e referendar o audiolivro. Dessa forma, nesta pesquisa, utiliza-se o termo audiolivro, uma vez que é uma tradução literal do vocábulo no idioma português.

Diante desse contexto, é cada vez mais importante entender como os audiolivros estão sendo estudados na área da Ciência da Informação (CI), e como o seu conteúdo está sendo representado e organizado para ser recuperado pelos usuários. A fim de investigar a temática de audiolivros na CI, esta pesquisa considerou as seguintes questões norteadoras: quais estudos foram realizados sobre a temática de audiolivros na CI? Como se caracteriza essa produção? O objetivo foi delinear um panorama da temática dos audiolivros na área da CI, com foco em sua representação e recuperação. Para tanto, foi criado um protocolo e realizada uma Revisão Sistemática de Literatura.

Este estudo justifica-se para mapear, compreender e delinear um panorama da produção científica sobre os audiolivros, no contexto da CI, perpassando sua evolução. Destaca-se que artigo é um dos produtos da Dissertação de Mestrado intitulada: Recuperação de Informação em Plataformas de Audiolivros: recomendações para metadados e funcionalidades, que contribuiu com a área da CI ao fomentar discussões sobre plataformas de audiolivros, sua recuperação e representação.

2 AUDIOLIVROS

O audiolivro é uma gravação sonora de um livro, ou seja, é um livro ou qualquer texto, que pode ser ouvido/escutado em vez de ser lido. Pode conter efeitos sonoros, como música ou sons ambientes, e a narração pode ser realizada pelo próprio autor, por atores profissionais ou amadores ou ainda vozes sintéticas (Have; Pedersen, 2020). Os autores Paletta, Watanabe e Penilha (2008PALETTA, F. A. C.; WATANABE, E. T. Y.; PENILHA, D. F. Audiolivro: inovações tecnológicas, tendências e divulgação. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 10., 2008, São Paulo. Anais [...] São Paulo: SNBU/CRUESP, 2008. Disponível em: http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/30/4376/SNBU2008_225.pdf. Acesso em: 09 maio 2024.
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, p. 2) definem audiolivros como: “um livro em áudio, para se ouvir, também chamado de livro falado ou audiobook”.

Em 1878, Thomas A. Edison criou o audiolivro, um dispositivo chamado fonógrafo, que permitia a gravação de textos. Contudo, o formato de audiolivros que se conhece atualmente só foi possível com os avanços das tecnologias de áudio (Wallin, 2020).

Os livreiros1 1 Comerciante de livro. Livreiro-editor, livreiro que compra originais dos autores ou firma com eles convenções para fazer imprimir e vender suas obras (Ferreira, 2014). utilizam o termo livro falado ou audiobook intercaladamente para descrever as narrativas que foram gravadas em um disco, fita cassete, disco compacto, arquivo digital MPEG-1/2 Audio Layer 3 (MP3) ou outro formato de áudio (Rubery, 2016RUBERY, M. The untold story of the talking book. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016.). De acordo com Colbjørnsen (2015)COLBJØRNSEN, T. The accidental avant-garde: audiobook technologies and publishing strategies from cassette tapes to online streaming services. 2015. DOI: https://doi.org/10.1386/nl.13.83_1.
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, uma das características que definem os audiolivros está relacionada ao som que se ouve, que não é ao vivo, mas sim gravado. Além disso, é necessário um dispositivo ou mídia que possa reproduzir e gravar o som.

Para Rae (2017) um audiolivro é uma gravação do texto de um livro. De acordo com Cordón-García (2018)CORDÓN-GARCÍA, J. A. Leer escuchando: reflexiones en torno a los audiolibros como sector emergente. AnuarioThinkEPI, v. 12, n. 1, 2018, p. 170-182. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6842288. Acesso em: 09 maio 2024.
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, é possível notar que esse conceito de audiolivro não sofreu alterações significativas desde os primeiros “livros falados” que surgiram em 1930. Inclusive, explica que a forma de utilização do audiolivro foi sendo adaptada à sociedade e as novas tecnologias, principalmente no setor editorial. Ao longo dos anos, o audiolivro perpassou diversas adaptações. Rubery (2016)RUBERY, M. The untold story of the talking book. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016. traçou um panorama da evolução do audiolivro em seu livro “The Untold Story of the Talking Book” iniciando com os livros fonográficos até chegar aos audiolivros comerciais, ouvidos em estéreos de carros e fones de ouvido, na atualidade.

Os períodos Georgiana e Vitoriana (1714 - 1901) são considerados os precursores do audiolivro, uma vez que as leituras em voz alta eram uma atividade frequente nas residências da época, sobretudo quando os autores dos textos eram os próprios narradores. Com a difusão dos livros impressos, a leitura em voz alta foi diminuiu, uma vez que a leitura se tornou uma atividade individualizada, ou seja, cada indivíduo deveria ler suas histórias (Jones, 2020JONES, N. W. N. The Fourth Format: How audiobooks have become a standard format for general publishers alongside hardback, paperback, and e-book. In: BAVERSTOCK, A.; BRADFORD, R.; GONZALEZ, M. (ed.). Contemporary Publishing and the Culture of Books. London: Routledge, 2020.).

Em 1878, com a invenção do fonógrafo por Thomas A. Edison, foram possíveis as primeiras gravações dos textos em áudio, retomando a possibilidade de leitura em conjunto. No entanto, o aparelho tinha suas limitações, permitindo apenas a gravação de trechos de versos infantis. As gravações de livros completos tiveram que aguardar iniciativas filantrópicas, para pessoas cegas, que investiram nos projetos de audiolivros nas décadas de 1930 (Rubery, 2016RUBERY, M. The untold story of the talking book. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016.).

Rubery (2016RUBERY, M. The untold story of the talking book. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016., p. 32) destacou que “a proposta de Thomas Edison revelou a tecnologia de gravação de som, o que transformou as concepções do livro impresso nas últimas décadas do século XIX”. Em 1931, a American Foundation for the Blind (AFB), localizada nos Estados Unidos da América (EUA), criou o programa do livro falado, o que desencadeou uma mudança no que diz respeito ao suporte de áudio para o livro.

Barbosa (2013)BARBOSA, R. de O. Um olhar sobre o audiolivro e as materialidades de seus suportes - da performance do corpo aos primeiros livros falados. In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CAMÍDIA, 9., 2013, Ouro Preto. Anais [...] Ouro Preto: Rede Alcar, 2013. Disponível em: https://abre.ai/ew5q. Acesso em: 09 maio 2024.
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aponta que essa modificação ocorreu em 1934 com o lançamento do talking book machine, um audiolivro voltado para o uso de pessoas cegas, que incluía fones de ouvido e a função de rádio. Um marco importante aconteceu em 1948, quando foi fundado o programa gravação para cegos, que mais tarde foi renomeado para Aprendizado Aliado.

De acordo com Castro (2020)CASTRO, A. El audiolibroenel mercado editorial, breve história, potencial de ventas y estadísticas. Hay Festival, 18 mar. 2020. Disponível em: https://www.hayfestival.com/talento/blog.aspx?post=1235. Acesso em: 09 maio 2024.
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, nos anos 1940, 1950 e 1960, outros formatos de audiolivro foram criados, adequando-se à nova tecnologia da época, tanto que, em 1952 foi fundada a Caedmon Record, em Nova York, uma empresa pioneira na indústria de audiolivros. Diante disso, Castro (2020)CASTRO, A. El audiolibroenel mercado editorial, breve história, potencial de ventas y estadísticas. Hay Festival, 18 mar. 2020. Disponível em: https://www.hayfestival.com/talento/blog.aspx?post=1235. Acesso em: 09 maio 2024.
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relatou que em 1955, ocorreu a fundação da Listening Library, a primeira fundação a distribuir audiolivros para bibliotecas e escolas com sede em Nova York. Em 1963, houve uma grande inovação com a criação da fita cassete. Em 1982, foi lançado o compactdisc (CD), uma nova forma de acessar os audiolivros de maneira prática e otimizada, o que permitiu que as livrarias colocassem os audiolivros em estantes para facilitar o acesso. A APA foi criada em 1986, em Nova York, com o objetivo de promover políticas e atividades que aumentassem a conscientização e acelerassem o crescimento da indústria de audiolivros (APA, 2020). Em meados da década de 1990, ocorreram significativas alterações no suporte do audiolivro. Em 1994, a APA estabeleceu o termo “audiobook” como padrão da indústria. Em seguida, a Audible tornou possível o download de livros em computadores desktops (Rubery, 2016RUBERY, M. The untold story of the talking book. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016.).

Em 1997, a Audible apresentou o seu o primeiro reprodutor de áudio digital. Segundo Oliveira (2020OLIVEIRA, A. A. de. Audiolivros digitais e letramento literário: ensino de literatura na cultura da convergência. 2020. 193f. Tese (Doutorado em Letras) - Centro de Artes e Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/22103. Acesso em: 09 maio 2024.
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, p. 77) “o Audible era um reprodutor de mídia portátil homônimo conhecido como Audible Mobile Player, o dispositivo continha cerca de quatro megabytes de armazenamento”. Para baixar os audiolivros, era necessário fazer o download no site oficial da Audible, e depois transferir para o player. Nos anos 2000, com a popularização da internet, houve uma série de mudanças no formato e na distribuição de audiolivros. Em 2004, os cassetes foram substituídos pelos CDs como forma de se ouvir os audiolivros e, um ano depois, surgiram os reprodutores digitais pré-carregados, que permitem a audição completa de um audiolivro (Barbosa, 2013BARBOSA, R. de O. Um olhar sobre o audiolivro e as materialidades de seus suportes - da performance do corpo aos primeiros livros falados. In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CAMÍDIA, 9., 2013, Ouro Preto. Anais [...] Ouro Preto: Rede Alcar, 2013. Disponível em: https://abre.ai/ew5q. Acesso em: 09 maio 2024.
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). Em 2009, começaram os downloads de arquivos em formatos digitais, tornando-se o formato de audiolivro mais popular.

Em 2011, foi criada uma ferramenta chamada Audiobook Creation Exchange (ACX), que permitiu publicar audiolivros (Oliveira, 2020OLIVEIRA, A. A. de. Audiolivros digitais e letramento literário: ensino de literatura na cultura da convergência. 2020. 193f. Tese (Doutorado em Letras) - Centro de Artes e Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/22103. Acesso em: 09 maio 2024.
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). Em 2014, foi inaugurado o Deyan Institute of Vocal Artistry and Technology (DIVA), a primeira escola do mundo dedicada ao ensino da arte e às tecnologias para produção de audiolivros. A partir de 2015, surgiram os serviços de assinatura de audiolivros digitais, por meio de plataformas acessíveis por dispositivos móveis.

Atualmente, o acesso aos audiolivros, por meio das plataformas digitais, é feito pelo site das companhias ou pelos aplicativos para dispositivos móveis, formato mais atual no mercado (Barbosa, 2017BARBOSA, R. de O. Ouvidos para ler: contextualizando audiolivro, leitura e entretenimento. Revista Brasileira de História da Mídia, Curitiba, v. 6, n. 1, jan/jul. 2017. Disponível em: https://revistas.ufpi.br/index.php/rbhm/article/view/6072. Acesso em: 09 maio 2024.
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). É possível notar que a história tecnológica do audiolivro segue o ritmo da música gravada, desde o disco até as fitas cassetes, DVDs, arquivos MP3, downloads e plataformas digitais, com serviços de assinatura semelhantes aos streamings (Have; Pedersen, 2020).

De acordo com Furini (2008) o audiolivro é uma informação extraída de um texto, pesquisa, arquivo digital, entrevista, entre outros documentos, em que necessita de um suporte para ser armazenada. Assim, o audiolivro é uma fonte de informação oral gravada em áudio, o que permite estabelecer uma relação com a CI. Por sua vez, CI pode ser entendida como uma área interdisciplinar, na qual se estuda a informação e a trata para gerar conhecimento, permitindo classificar, armazenar, recuperar e distribuir as informações contidas nos audiolivros (Engelen, 2009ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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), o que reforça o objetivo desta pesquisa ao buscar a temática de audiolivros e sua relação com a CI.

3 METODOLOGIA

O estudo caracteriza-se como exploratório e descritivo, por investigar um problema de pesquisa recente e ainda pouco explorado, com abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa realizada caracterizou-se como bibliográfica e consistiu em uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL). A RSL é uma modalidade de pesquisa que segue protocolos específicos, geralmente adaptados a cada pesquisa, e buscam esclarecer e fundamentar um grande conjunto de documentos, verificando o que funciona ou não funciona num dado contexto de pesquisa (Galvão; Ricarte, 2020GALVÃO, M. C. B.; RICARTE, I. L. M. Revisão sistemática da literatura: conceituação, produção e publicação. Logeion - Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 57-73, set./fev. 2020. Disponível em: http://revista.ibict.br/fiinf/article/view/4835. Acesso em: 09 maio 2024.
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).

Com relação ao método, Ramos, Faria e Faria (2014)RAMOS, A.; FARIA, P. M.; FARIA, Á. Revisão sistemática de literatura: contributo para a inovação na investigação em Ciências da Educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, vol. 14, n. 41, p. 17-36, jan./abr. 2014. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1891/189130424002.pdf. Acesso em: 09 maio 2024.
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destacam que ao estruturar todos os procedimentos, de forma a garantir a qualidade das fontes, critérios de inclusão e exclusão e todas as normas que julguem convenientes para o caso, a credibilidade da pesquisa será proporcional às regras estabelecidas. Com isso, há possibilidade de replicação do processo por um outro indivíduo, visto que aquilo que não é verificável pelos pares, não é científico. Desta forma, a RSL é um método de revisão da literatura que garante uma maior confiabilidade e reprodução de pesquisa já realizada sobre uma determinada temática. Segundo Briner e Denyer (2012BRINER, R. B.; DENYER, D. Systematic Review and Evidence Synthesis as a Practice and Scholarship Tool. In: ROUSSEAU, D. M. (ed.). Handbook of evidence-based management: companies, classrooms, and research. New York: Oxford University Press, 2012., p. 112) a RSL,

[...] aborda uma questão específica, utiliza métodos explícitos e transparentes para realizar uma pesquisa detalhada de literatura e avaliação crítica de estudos individuais, e desenha conclusões sobre o que não conhecemos sobre um determinado tópico ou questão (Briner; Denyer, 2012BRINER, R. B.; DENYER, D. Systematic Review and Evidence Synthesis as a Practice and Scholarship Tool. In: ROUSSEAU, D. M. (ed.). Handbook of evidence-based management: companies, classrooms, and research. New York: Oxford University Press, 2012., p.112).

De acordo com Galvão e Ricarte (2020)GALVÃO, M. C. B.; RICARTE, I. L. M. Revisão sistemática da literatura: conceituação, produção e publicação. Logeion - Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 57-73, set./fev. 2020. Disponível em: http://revista.ibict.br/fiinf/article/view/4835. Acesso em: 09 maio 2024.
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, a RSL é uma das melhores opções para pesquisar sobre temas emergentes, uma vez que segue um protocolo rigoroso e detalhado para a busca, a seleção e análise dos estudos recuperados, evitando ao máximo o viés pessoal e a interpretação pessoal dos resultados. Além disso, a RSL estabelece uma estratégia de busca com critérios bem delimitados. Neste sentido, reforça-se que a RSL foi escolhida para compreender como a temática audiolivros está sendo abordada por outros pesquisadores, uma vez que o assunto é recente e, em um primeiro momento, apresenta características singulares em relação ao seu suporte, meios de representação e recuperação no contexto da CI. Com essa finalidade foi criado um protocolo de RSL específico para este estudo que definiu a estrutura metodológica para a execução da RSL sobre a temática audiolivros, na área da CI, incluindo elementos sobre a representação e recuperação de informação.

Conforme observado nos trabalhos de Morandi e Camargo (2015)MORANDI, M. I. W. M.; CAMARGO, L. F. R. Revisão sistemática da literatura. In: DRESCH, A.; LACERDA, D. P.; ANTUNES JÚNIOR, J. A. V. Design sciencie research: método e pesquisa para avanço da ciência e da tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2015. e Galvão e Ricarte (2020)GALVÃO, M. C. B.; RICARTE, I. L. M. Revisão sistemática da literatura: conceituação, produção e publicação. Logeion - Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 57-73, set./fev. 2020. Disponível em: http://revista.ibict.br/fiinf/article/view/4835. Acesso em: 09 maio 2024.
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, nos quais foram destacados elementos comuns para a construção de uma RSL, a saber: as definições das questões da RSL, as fontes de busca, as expressões de buscas que serão utilizadas e a organização para efetuar a busca nas bases, os critérios de seleção dos estudos e da avaliação da qualidade dos estudos selecionados e a apresentação dos resultados obtidos. Considerando o contexto deste estudo e suas especificidades, optou-se por elaborar um protocolo de RSL, com base na literatura da área, que atendesse aos objetivos dessa pesquisa.

O protocolo da RSL foi criado considerando os seguintes critérios a serem definidos para o protocolo: objetivo geral, questões a serem resolvidas; fontes de informações pesquisadas; critérios de elegibilidade; critérios de inclusão e exclusão termos de busca, expressões e strings; procedimentos de seleção dos documentos recuperados; procedimentos de análise; e critério de exclusão após análise dos documentos. O Quadro 1 apresenta todos os critérios e as respectivas definições para esta pesquisa.

Quadro 1
Protocolo de Revisão de Literatura

Na elaboração do protocolo de RSL, inicialmente foi definido o objetivo geral da RSL, que propôs identificar estudos sobre audiolivros na área da CI, incluindo a sua representação e recuperação. Este critério foi utilizado para fundamentar a temática dos audiolivros, mapear os estudos existentes e identificar possíveis carências na área de CI. Neste estudo, a ênfase de investigação é a representação e a recuperação da informação, subáreas da CI que se concentram em tornar a informação compreensiva, armazenada, processada e, assim, possível de ser encontrada usando motores de busca que facilitem o acesso à informação para os usuários.

Em seguida, foram definidas questões para investigar a temática e elementos associados à representação e recuperação de informação nos audiolivros. O critério de seleção das fontes de pesquisa considerou bases da área de CI, conforme detalhado na seção 3.1. Em relação ao critério de elegibilidade, os idiomas: inglês, espanhol e português foram selecionados, por serem idiomas de maior compreensão das autoras e abranger a maioria da produção científica da área. Optou-se por não realizar a delimitação de data nas buscas, para não limitar a pesquisa e recuperar questões históricas sobre a temática.

Os tipos de documentos selecionados para a revisão foram: livros, anais de eventos, artigos de periódicos, teses e dissertações, documentos selecionados por serem pertinentes ao objetivo da RSL. Os critérios de inclusão foram definidos para realizar a seleção dos documentos de forma adequada para a pesquisa e consideraram: documentos que possuíam resumo; documentos nos idiomas inglês, espanhol e português; e trabalhos na área da CI e áreas afins. Foram definidos dois critérios de exclusão: a exclusão de documentos que não foram escritos nos idiomas selecionados e a exclusão de documentos que, por meio da leitura do título e resumo, estivessem fora do escopo da pesquisa.

Com relação aos campos de busca, inicialmente, foram utilizadas strings para os campos: título, resumo e palavras-chave nas bases selecionadas. Porém, diante do número reduzido de resultados, percebeu-se a necessidade de incluir todos os campos disponíveis nas bases de dados. As expressões de busca definidas para a pesquisa envolviam os termos: audiolivros; recuperação da informação; representação da informação; representação descritiva; e metadados, por melhor representar os objetivos da pesquisa. Destaca-se que a busca ampliada, considerando, por exemplo, a representação temática e outras técnicas (indexação, catalogação), não ampliou a quantidade de resultados e por isso não foi considerada nas strings.

É importante esclarecer que as expressões foram utilizadas nos três idiomas selecionados e foram combinadas utilizando operadores booleanos. Inicialmente, as strings foram construídas de forma genérica, mas depois foram adaptadas, conforme a sintaxe utilizada em cada base de dados, já que cada base possui parâmetros de recuperação próprios.

O critério definido em procedimentos de seleção para os documentos recuperados consistiu em realizar a leitura do título e dos resumos dos documentos recuperados, com o intuito de verificar a pertinência do conteúdo ao objetivo geral do protocolo da RSL. Nos procedimentos de análise, procurou-se identificar conceitos, definições e aplicações dos audiolivros, além de elementos sobre a representação e recuperação de informação, a fim de reunir o maior número de documentos estritamente pertinentes à RSL. Os critérios de exclusão, após análise dos documentos, tiveram como intuito descartar trabalhos que não possuíssem abordagem conceitual, teórica ou metodológica sobre audiolivros.

O protocolo da RSL foi construído em dezembro de 2022 e executado nas bases de dados nos dias 10, 11, 12 e 13 de janeiro de 2023. A RSL foi realizada por dois pesquisadores que seguiram as etapas da pesquisa utilizando um cronograma e o protocolo criado, sendo realizadas reuniões semanais para acompanhamento do progresso da pesquisa.

Salienta-se que as cinco expressões de busca genéricas, definidas no protocolo, foram desdobradas em 13 expressões para elaborar as strings utilizadas nas bases, nos três idiomas. Estas alterações garantiram que cada string fosse representada adequadamente e recuperasse resultados pertinentes. Todo o detalhamento das buscas e os respectivos documentos selecionados nesta pesquisa foram disponibilizados no repositório2 2 https://doi.org/10.17632/k65xtyx7hr.3. desta pesquisa, criado por Gonçalves e Nascimento Silva (2024)GONÇALVES, S. S.; NASCIMENTO SILVA, P. Materiais de pesquisa - Revisão Sistemática de Literatura sobre Audiolivros 2023.Mendeley Data, V3, 2024, DOI: https://doi.org/10.17632/k65xtyx7hr.3.
https://doi.org/10.17632/k65xtyx7hr.3...
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3.1 Seleção das bases

Para identificar as bases de dados relevantes na área da CI, utilizou-se a classificação existente para as bases indexadas no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O acesso ao Portal CAPES foi realizado por meio do login da autora, vinculado a uma das Instituições de Ensino parceiras do Portal. Foram identificadas algumas limitações devido ao cancelamento de acessos no Portal CAPES, excluindo a base Library & Information Science Abstracts (LISA) (Proquest), que é uma das bases mais conceituada na área da CI. A base EBSCO integrava em sua plataforma duas bases específicas: a Information Science & Technology Abstracts (ISTA) (EBSCO) e a Library, Information Science & Technology Abstracts with Full Text (LISTA), porém as bases não estão mais separadas e foram integradas à nova interface da base EBSCO. Por esse motivo, optou-se por utilizar a base, que, além disso, é uma base multidisciplinar.

Ainda via Portal CAPES foram selecionadas as bases Web of Science, Scopus e Wiley por serem bases de dados que indexam periódicos de referência da CI e de outras áreas. A Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) também foi utilizada por reunir publicações brasileiras, em acesso aberto, da CI e áreas correlatas, juntamente com a base da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) por agregar e disseminar textos completos de teses e dissertações defendidas em instituições brasileiras de ensino e pesquisa, reunindo toda a produção acadêmico-científica nacional. Em todas as bases foram utilizadas as interfaces de busca avançada para garantir a precisão dos resultados.

O procedimento de análise dos resultados envolveu três etapas. A primeira etapa consistiu em extrair os documentos recuperados e centralizá-los em uma única planilha, para identificar possíveis títulos duplicados. A segunda etapa consistiu na leitura dos documentos, considerando o título e resumo, a fim de verificar a relevância do documento para a pesquisa. A terceira etapa consistiu na leitura completa dos documentos selecionados. Todas as etapas foram realizadas no primeiro semestre de 2023.

4 RESULTADOS

A execução do protocolo da RSL permitiu a recuperação de 787 documentos. A primeira etapa da análise identificou 420 títulos duplicados, o que reduziu a amostra para 367 documentos. É importante salientar que o número de documentos duplicados foi significativo, uma vez que as expressões de busca criadas inicialmente consideravam os termos de forma simplificada e, posteriormente, combinadas para identificar o maior número possível de documentos relacionados. Apesar de existirem diversos recursos de combinação (operadores booleanos) para apoiar as expressões de busca, combinações mais simples apresentaram mais resultados relevantes na maioria das bases pesquisadas.

Na segunda etapa de análise realizada, após a leitura do título e do resumo, observou-se que os documentos selecionados apresentavam diversas aplicações do audiolivro em diferentes áreas do conhecimento. Na área da saúde, alguns dos artigos selecionados abordavam temas como a capacidade de crianças e adultos em compreender textos audiovisuais e auditivos, o uso da terapia sonora para tratar a dor pós-operatória em crianças submetidas as cirurgias de grande porte e os efeitos positivos dos audiolivros na redução do estresse em cães abrigados. Dessa forma, artigos com essas temáticas foram excluídos, como: “Children's and Adults' Ability to Build Online Emotional Inferences During Comprehension of Audiovisual and Auditory Texts”; “The effect of audio therapy to treat postoperative pain in children undergoing major surgery: a randomized controlled trial” e “Study: Audiobooks outperform music at reducing stress in shelter dogs”.

Já na área da educação, os artigos selecionados estavam principalmente voltados para a educação inclusiva e a aprendizagem de idiomas, demonstrando os efeitos positivos de intervenções na fluência e compreensão leitora de alunos com deficiências de aprendizagem, bem como a utilização de audiolivros e transcrições fonéticas para aprimorar habilidades de compreensão auditiva em inglês. Com isso, artigos com essas características foram excluídos, como: “The Effects of Reading Fluency Interventions on the Reading Fluency and Reading Comprehension Performance of Elementary Students With Learning Disabilities: A Synthesis of the Research from 2001 to 2014”; “The Effects of Fluency-Oriented Reading Instruction on Reading Skills = Akici okuma odakli okuma ögretiminin okuma becerilerine etkisi”; “Phonetic Transcription and Audiobooks as Tools to Improve Listening Comprehension Skills in English” e Audiobooks that converts Text, Image, PDF-Audio & Speech-Text: for physically challenged & improving fluency”.

Além disso, foram identificadas aplicações em engenharias e ciências da computação, como a transformação de audiolivros em texto e o uso da tecnologia Daisy para tornar conteúdos acessíveis a pessoas com deficiência visual. Esse tipo de publicação também foi excluída para as próximas análises, como exemplo os artigos: “Analysis and Assessment of Controllability of an Expressive Deep Learning-based TTS system”; “Development of DAISY-WIBORD as computer assisted learning facilities for children with visual impairment”; “A Neural-Network-Based Approach to Identifying Speakers in Novels” e “Direct Expressive Voice Training Based on Semantic Selection”.

Por fim, alguns dos documentos selecionados não possuíam relação direta com o tema dos audiolivros, tais como estudos sobre a influência da música no desempenho atlético e na regulação emocional, a utilização de skins de TTS para conversão de voz, a satisfação de estudantes com deficiência com serviços de biblioteca e informações, entre outros, como os textos “Effects of Music Interventions on Emotional States and Running Performance”; “Rhythmic Auditory Music Stimulation increases task-distraction during exercise among cardiac rehabilitation patients: A secondary analysis of a randomized controlled trial”; “TTS Skins: Speaker Conversion via ASR”; “The Satisfaction Level of Students with Disabilities with Library and Information Services”; “Compreensão visual de frameworks através da introspecção de exemplos” e “Framework para integração semântica de dados geoespaciais: integração de dados geológicos”

Dessa forma, após analisar a relevância de cada documento e realizar as exclusões dos documentos que estavam fora do objetivo da RSL, chegou-se a 24 documentos. A relação de todos os documentos selecionados e excluídos está disponível em uma planilha no repositório desta pesquisa, disponível no Mendeley Data. A figura 5 apresenta o resumo das etapas de análise.

Figura 1
Identificação dos estudos nas bases de dados

Os documentos selecionados foram compostos por 20 artigos, dois livros e duas teses. É importante salientar que os livros foram selecionados para a pesquisa devido ao seu resumo, semelhante aos artigos e teses identificados na busca. Dos 24 documentos, os autores Barbosa, Wallin e Engelen apresentam dois trabalhos cada um, enquanto os outros autores apresentam apenas um trabalho.

É relevante notar que os documentos são recentes, a maioria deles tendo sido publicado a partir de 2018. O Gráfico 1 apresenta a distribuição da frequência ao longo dos anos.

Gráfico 1
Frequência de publicações por ano

Dos 24 documentos selecionados, 11 eram de outras áreas de conhecimento e apenas 13 eram da área da CI. No entanto, foi realizada a leitura de todos os documentos na terceira etapa, a fim de identificar áreas afins e estudos multidisciplinares. Após a leitura completa dos 24 documentos, elaborou-se o Quadro 2, contendo os dados de identificação (ID), título, autores e ano de publicação de cada documento selecionado.

Quadro 2
Documentos selecionados

5 DISCUSSÃO

Após a análise dos resultados, inicialmente, foi constatado que todos os documentos analisados mencionaram a definição de audiolivro. Essas definições apresentam características semelhantes, com pouca variação no conceito. Além das definições, os documentos tratam de diversos tópicos relacionados aos audiolivros, como: leitura, acessibilidade e inclusão, mercado editorial, plataformas digitais, audiolivros em bibliotecas, etc. O Quadro 3 apresenta a relação de documentos e as principais áreas temáticas. Destaca-se que essa categorização foi realizada com base na leitura completa dos documentos e na interpretação do conteúdo pelos autores.

Quadro 3
Temáticas abordadas

Sobre a temática Definições e panorama dos audiolivros no Brasil, Barbosa (2021) e Barbosa (2018) apresentam o cenário dos audiolivros no Brasil, em momentos diferentes (2021 e 2018). Ambos os documentos são de um mesmo autor e o artigo D1 é resultado da tese D19. Os trabalhos apresentaram um estudo de edição e projeto acústico-editorial, em que foram selecionadas algumas obras para realizar uma análise. Nessa análise, foi avaliada a performance dos intérpretes, em relação à voz e à estrutura narrativa, efeitos sonoros, entre outros. Ressalta-se que esse autor possui outros trabalhos (artigos e dissertação de mestrado) sobre a temática audiolivros, sendo, talvez, um dos autores nacionais que mais investigou sobre a temática. As pesquisas de Barbosa (2021) e Barbosa (2018) também apresentaram pontos relevantes da política de seleção de coleções. Conforme Vergueiro (2010VERGUEIRO, W. Seleção de materiais de informação: princípios e técnicas. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 2010., p. 17), a “seleção procura garantir que todo material seja incorporado ao acervo segundo razões objetivas predeterminadas e não segundo idiossincrasias ou preferências pessoais”. Nesse sentido, as pesquisas utilizaram critérios de seleção como precisão, atualidade e qualidade dos audiolivros nas plataformas Tocalivros, Ubook e Audible, amostra selecionada para análise do estudo.

Com relação aos Serviços virtuais das plataformas (oferecido aos usuários), Izcara-Temprano, Gómez-Díaz e García-Rodríguez (2021) apresentaram dados sobre o uso e o crescimento dos audiolivros no mercado mundial, em especial dados referentes à Espanha, em que as autoras destacam que não possuem muitas pesquisas sobre o audiolivro. O foco do artigo foi o uso dos audiolivros por crianças e jovens espanhóis, por meio das plataformas de empréstimo de audiolivros em bibliotecas públicas, e empresas de vendas de audiolivros. O estudo buscou analisar também as formas de apresentação dos audiolivros nas plataformas, os sistemas de busca e as informações fornecidas. Para isso, analisaram o catálogo de sete plataformas de audiolivros disponíveis no país. Como resultado, percebeu-se a necessidade de inserir corretamente os descritores para recuperar as informações, ou seja, pensar na representação, nos descritores mais adequados, além dos tradicionais dos livros físicos que devem constar no registro de cada audiolivro para sua correta descrição.

Gustafsson (2021) apresentou o mercado dos audiolivros, com enfoque para a empresa de audiolivros Storytel. O estudo apresentou um histórico da empresa, sua a missão e informações acerca dos acervos, produtos e serviços oferecidos. Foi identificado que o documento consiste em uma entrevista realizada pela revista Logos, com a diretora de estratégia da Storytel, Helena Gustafsson, com o objetivo de descobrir os planos de expansão da empresa e principalmente as novas ideias para inovar no mercado.

Foi observado nos estudos de Izcara-Temprano, Gómez-Díaz e García-Rodríguez (2021) e Gustafsson (2021) a referência ao serviço virtual das plataformas e aos usuários, que tem como base a definição de Accart (2008)ACCART, J.-P. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2008., fundamentado na representação e recuperação de informação. O serviço virtual é um meio de atrair a atenção dos usuários para um serviço que pode responder, em linha, a qualquer tipo de pergunta. Para tanto, é necessário que as informações das plataformas estejam organizadas, facilitando sua recuperação, assim o profissional pode fornecer com mais eficiência e rapidez a informação que o usuário busca (Accart, 2008ACCART, J.-P. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2008.).

Pinheiro, Fernandes e Teixeira (2018) apresentaram a realidade de Portugal com relação à inserção dos audiolivros no país. O estudo expôs que o mercado é pequeno, com baixa visibilidade, e que o uso dos audiolivros é menor que no Brasil, que já possui empresas com plataformas em uso. O texto mencionou valores pagos pelas editoras pelos audiolivros, assim como, os valores que os autores receberam. Como em uma pesquisa ação, os autores produziram um audiolivro e o disponibilizaram na biblioteca de uma universidade. Em seguida, aplicaram um questionário para saber sobre a qualidade do audiolivro gravado por eles. Por fim, concluíram que precisavam dedicar mais tempo, investir em espaço e em melhores equipamentos para realizar a gravação do audiolivro.

Nota-se que Pinheiro, Fernandes e Teixeira (2018) fizeram apontamentos ao serviço de referência, entrevistas e estudo de usuário. Para entender o que o usuário necessita, inicialmente é necessária uma interação para assimilar o que ele busca. Ao retornar com as respostas, o feedback do usuário contribuirá para avaliar o material do centro de informação e assim ofertar produtos e serviços de qualidade (Accart, 2008ACCART, J.-P. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2008.).

Weber et al. (2021) divulgou a circulação dos audiolivros em bibliotecas australianas no período de 2006 a 2017. Os autores realizaram uma parceria com algumas bibliotecas e conseguiram ter acesso aos dados de empréstimos e devoluções de audiolivros que ocorriam pelo OverDrive (um serviço de distribuição de conteúdos digitais). O estudo apresentou uma comparação entre os empréstimos de audiolivros e ebooks, destacando ainda as principais mudanças pelas quais a publicação de audiolivros perpassou desde 2006. Foi concluído que as bibliotecas são peças importantes para os audiolivros, mas que precisam de apoio institucional para continuar com o serviço de audiolivros.

Quanto à temática Transformação dos audiolivros para as bibliotecas e aprendizagem, Wallin e Nolin (2021) apresentaram a relação do audiolivro com o áudio, a leitura em voz alta e as tecnologias de sons utilizadas para poder escutar o som/audiolivro. Além disso, o artigo abordou dados estatísticos do uso das plataformas de audiolivros na Suécia. Foram apresentadas as quatro principais plataformas utilizadas no país e os planos de assinatura. O objetivo do artigo era conhecer o hábito de leitura dos suecos, por isso, foi realizado um estudo de caso utilizando a plataforma BookBeat que forneceu informações dos assinantes durante um ano (2017-2018). Como resultado, foi identificado que os suecos possuem hábitos variados e que o hábito da leitura sofre altos e baixos de acordo com a idade.

A pesquisa de Dali e Brochu (2020) objetivou responder como as bibliotecas públicas da América do Norte poderiam argumentar, com instâncias superiores, sobre a expansão e a melhoria dos acervos com a aquisição de audiolivros para seus usuários, tendo em vista que eles estão em crescimento. Além disso, explicou que o uso dos audiolivros tem transformado a maneira que a biblioteca é utilizada pelos usuários. O artigo discute quatro questões centrais. Uma delas é como os bibliotecários podem ter embasamento teórico para incluir os audiolivros na biblioteca como fonte de leitura, abarcando o uso de plataformas de audiolivros. Os autores concluíram que os bibliotecários possuem diversas possibilidades de argumentação para implementar os audiolivros nas bibliotecas, porém destacaram que não será uma tarefa fácil, vista a redução dos orçamentos e investimentos nas bibliotecas da América do Norte.

Os textos de Wallin e Nolin (2021) e Dali e Brochu (2020) apresentaram estudos semelhantes ao abordar a transformação que os audiolivros trazem para as bibliotecas, no que tange às questões dos usuários, serviços, organização, recuperação e disseminação da informação. Nesse sentido, é necessário que as bibliotecas realizem um planejamento e reavaliem suas políticas de seleção, o que inclui novas formas de prestar um serviço de referência de qualidade (Vergueiro, 2010VERGUEIRO, W. Seleção de materiais de informação: princípios e técnicas. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 2010.; Grogan, 1995GROGAN, D. A prática do serviço de referência. Brasília, DF:Briquet de Lemos/Livros,1995.).

Snelling (2021) abordou a transformação dos audiolivros no período da pandemia de covid-19 (2020) e o uso das plataformas digitais pelos usuários. Além disso, apresentou dados estatísticos sobre o uso dos audiolivros por alguns países, estratégias de marketing das editoras, o público diverso de usuários e um ponto importante: a mudança cultural em relação aos audiolivros durante a pandemia. O objetivo principal do estudo foi apresentar o mercado de audiolivros e sua adaptação às mudanças culturais. Como conclusão, o estudo destacou que os audiolivros atualmente são, em sua maioria, digitais, o que facilitou a expansão, por parte das editoras e indústrias, e a adaptação às mudanças culturais dos usuários.

Observou-se que Snelling (2021) e Furini (2005) abordaram questões dos serviços prestados aos usuários, as transformações que os audiolivros puderam oferecer, por serem documentos digitais de fácil acesso, e os impactos na maneira de os usuários consumirem os audiolivros durante a pandemia de covid-19. Miranda (2018)MIRANDA, A. C. C. de. Gestão de coleções para bibliotecas especializadas: Uma perspectiva teórica para o planejamento de recursos informacionais. Ci. Inf. Rev., Maceió, v. 5, n. 2, p. 95-105, maio/ago. 2018. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/35932. Acesso em: 09 maio 2024.
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já destacava em seus estudos que o desenvolvimento de coleções constitui uma das atividades mais importantes. Além disso, essa atividade depende da provisão dos recursos informacionais da biblioteca, uma vez que, a partir dela será possível conhecer o público, os tipos de materiais mais adequados a esse público e como disponibilizar as informações de forma mais eficiente.

Furini (2005) destacou o progresso do audiolivro no mercado, apresentando valores monetários e percentuais de crescimento em alguns países. Além disso, explicou como o audiolivro é utilizado na educação para o aprendizado de idiomas. Há uma proposta para melhorá-lo, enquanto multimídia, e inserir outras funções para os usuários, como imagem e texto. O objetivo era propor um mecanismo para transformar um arquivo de audiolivro em um produto multimídia, o que foi alcançado e demonstrado por meio de um reprodutor de mídia de audiolivro. Observou-se, no entanto, que todo o processo é bem complexo para profissionais que não dominam técnicas da computação.

Thompson (2021) apresentou um breve relato do surgimento dos audiolivros, desde o início, quando os audiolivros eram criados para uso dos deficientes visuais, até o surgimento da Audible, e o recente aumento dos audiolivros e plataformas de audiolivros. O estudo realçou o forte crescimento da produção e das vendas de audiolivros, desde 2011, e as mudanças dos formatos, além de apresentar as novas formas de acesso a eles.

Os textos de Furini (2005) e Thompson (2021) apresentaram as transformações do audiolivro e como ele foi utilizado para desenvolver o aprendizado e a leitura. Um dos pontos mais interessantes observados foi a necessidade do uso da tecnologia, devido aos novos formatos. Com isso pôde-se compreender a necessidade de capacitação e atualização dos serviços e produtos que são ofertados aos usuários (Grogan, 1995GROGAN, D. A prática do serviço de referência. Brasília, DF:Briquet de Lemos/Livros,1995.).

Para a temática Necessidades dos usuários e inclusão, a obra intitulada “Digital Audiobooks: New Media, Users, and Experiences”, dos autores Have e Pedersen (2016), se destacou. Nessa obra, os autores realizaram uma pesquisa, dividida em três partes. A primeira apresentou elementos sobre a estética, som e sentidos, mencionando os modos de escutar os audiolivros. A segunda parte apresentou affordance3 3 Affordance é a qualidade de um determinado objeto que permite a um indivíduo realizar uma ação específica - ou todas as ‘possibilidades de ação’ latentes dentro do objeto. É o relacionamento entre as propriedades do objeto e as capacidades do agente de determinar intuitivamente, ou baseado em experiências anteriores, como o objeto pode ser usado, sem necessidade de explicações, rótulos ou instruções (Have; Pedersen, 2016) e voz, comentando sobre recursos do audiolivro digital e a voz performática (uso de efeitos sonoros) no audiolivro. A terceira parte apresentou o uso e a midiatização, expondo questões empíricas de uso do audiolivro e usuários de audiolivros. Foi identificada a importância do uso do audiolivro para a leitura e sua contribuição para a ampliação de novos leitores, devido ao seu formato.

O texto de Menezes e Franklin (2008) é um estudo que retratou o surgimento dos audiolivros no Brasil. Nesse artigo, foi apresentada a distinção entre audiolivro e livro falado, questão explicada pelos usuários deficientes visuais que participaram da pesquisa realizada no estudo. Os autores apresentaram a acessibilidade dos audiolivros para os deficientes visuais, por meio da aplicação de um questionário na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, onde usuários (deficientes visuais, voluntários e docentes) participaram da pesquisa. Os autores discutiram a importância do audiolivro, assim como esclareceram que o formato MP3 é um dos melhores, por ser compacto e acomodar mais conteúdo.

Farias (2012) mostrou a contribuição do audiolivro na disseminação da informação e como fonte de inclusão social. O artigo apresentou benefícios dos audiolivros e o cenário brasileiro, destacando a baixa divulgação do formato e de estudo no país. O estudo coletou dados, por meio de um questionário, em duas escolas para deficientes visuais no Rio Grande do Sul, e com isso, foram apresentados resultados sobre o uso dos audiolivros na perspectiva dos deficientes visuais. Por fim, foram identificadas as principais editoras brasileiras que produzem e comercializam audiolivros e projetos que desenvolvem audiolivros no país.

Os textos de Menezes e Franklin (2008) e Farias (2012) destacaram a imprescindibilidade da acessibilidade no cenário brasileiro e como os audiolivros podem contribuir com esse objetivo. Os autores utilizaram o estudo de usuários em bibliotecas para compreender e analisar como esses serviços foram utilizados pelos usuários, ao mesmo tempo em que verificaram como os audiolivros foram fornecidos. Accart (2008)ACCART, J.-P. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2008. destaca a necessidade de os centros de informações analisarem seus produtos e serviços, além de realizar o estudo de usuário para entender a demanda do mesmo. Os estudos abordaram de forma clara e objetiva como os usuários deficientes visuais que utilizam audiolivros carecem de mais atenção e preparo dos profissionais dos centros de informações.

Have e Pedersen (2016), Menezes e Franklin (2008) e Farias (2012) abordaram temáticas importantes para atender as necessidades dos usuários e incluir aqueles que possuem alguma necessidade específica. Um dos pontos mais interessantes do audiolivro é a capacidade de transformação e inclusão que ele representa, podendo transformar o comportamento dos usuários através das narrativas (Menezes; Ribeiro, 2008MENEZES, N. C.; RIBEIRO, S. F. Audiolivro: uma importante contribuição tecnológica para os deficientes visuais. Ponto de Acesso, Salvador, v. 2, n. 3, p. 58-72, dez. 2008. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/download/98646. Acesso em: 09 maio 2024.
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).

Sobre as Mudanças e uso de tecnologias nos audiolivros, Wallin (2020), explorou a leitura, utilizando o sentido da audição e como essa habilidade pode ser desenvolvida pelos audiolivros. Foram utilizadas, especificamente, plataformas digitais, cujo acesso aos serviços precisava de assinatura. Enfatiza-se que as inovações técnicas e comerciais dos audiolivros podem alterar a forma como as práticas de leitura são percebidas e como os livros são entendidos. Além disso, foi apresentada a definição de remediação, que corresponde à nova modelagem de um meio/suporte. A autora explicou que esses novos meios/suportes possuem características do antigo suporte, ao mesmo tempo, em que fazem adaptações das suas novas características. Por exemplo, o audiolivro possui muitas características do livro físico, mas também possui novas características que estão em adaptações. Por fim, o audiolivro foi comparado com o podcast e outras mídias que utilizam áudio.

Rivas-García e Magadán-Díaz (2022), abordaram o impacto dos audiolivros nos processos internos da cadeia de valor das editoras espanholas. Além disso, o estudo apresentou questões técnicas da produção de audiolivros, que são diferentes dos livros impressos e e-books, porém semelhantes às indústrias de música e podcast. Foi destacado que o aprimoramento da tecnologia e a introdução de tablets e smartphones, na rotina diária das pessoas, ampliaram o desenvolvimento da distribuição digital, por meio de sistemas de assinatura e de plataformas de venda de audiolivros. A pesquisa concluiu que os audiolivros causaram um impacto positivo no mercado editorial, mas que ainda precisam de uma normatização para sua produção e comercialização.

Wallin (2020) e Rivas-García e Magadán-Díaz (2022), juntamente com outros autores, abordaram as transformações e uso de tecnologias pelos audiolivros. Essas questões foram identificadas pelas mudanças e avanços tecnológicos que impactam no perfil dos usuários, cada vez mais capacitados e exigindo respostas imediatas. Esse comportamento está alinhado com um dos princípios da Lei de Ranganathan, que é poupar o tempo do usuário, e o uso de ferramentas e sistemas automatizados que proporcionam acesso rápido e eficiente (Ranganathan, 2009RANGANATHAN, S. R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros, 2009.)

Titangos (2018) resgatou a história da Biblioteca do Condado na Califórnia, e a coleção de audiolivros dessa biblioteca no período de 1960 a 2016. Além disso, descreveu como ocorreu a divulgação dos audiolivros na Biblioteca, a nova compreensão dos usuários sobre os audiolivros e a falta de pecúnia para adquirir os audiolivros. A pesquisa também mencionou evento que ocorreu em 2016, para a divulgação do livro Jerusalém, escrito pelo autor Alan Moore, que aconteceu na Biblioteca Pública de Santa Cruz, uma das principais bibliotecas da Califórnia. O evento contou com a presença do narrador Simon Vance, um dos maiores narradores de audiolivros, com mais de 800 audiolivros narrados.

A pesquisa de Bal (2018) apresentou a evolução do audiolivro, assim como seu rápido crescimento no mercado de livros Ocidental e Russo. Foi destacado que o formato atual dos audiolivros é promissor e o objetivo do estudo foi apresentar e conhecer mais sobre o formato do audiolivro no mercado moderno, durante o período de 2012 a 2014. Foi destacada a crescente utilização de tablets e smartphones, dispositivos que facilitaram o acesso e o uso de aplicativos, onde o audiolivro pode ser facilmente comprado e baixado, com um clique, em plataformas digitais.

Titangos (2018) e Bal (2018) apresentaram os audiolivros no contexto das bibliotecas, seu uso através de novos dispositivos, e as formas de divulgação para os usuários, assim como a importância da inserção das novas tecnologias nos centros de informações, possibilitando, assim, atrair os usuários por meio de novas mídias. Quando Ranganathan (2009)RANGANATHAN, S. R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros, 2009. explica que a biblioteca é um organismo em crescimento, ele está se referindo à expansão dos materiais, incluindo a adição de novos meios/suportes que carregam as informações. Nesse sentido, compreende-se como os audiolivros transformaram o espaço dos centros de informações e que eles necessitam de um tratamento adequado para ser incorporado ao acervo, de maneira que facilite o uso pelos usuários, além de ser divulgado de forma apropriada.

Com relação à Representação e recuperação de informação, a pesquisa de Shetty et al. (2015) foi a primeira que mencionou as questões diretas sobre representação (indexação) e recuperação de informação nos audiolivros. Foi apresentada uma proposta para realizar a indexação automática dos conteúdos dos audiolivros no software distribuído Apache Hadoop utilizando o CMU Sphinx-4 (reconhecedor automático de fala de código aberto) para realizar conversão das informações dos audiolivros para o formato textual. Após a conversão realizou-se a extração das palavras-chave e depois a indexação, usando a técnica do algoritmo tf-idf (técnica com objetivo de encontrar documentos semelhantes a uma determinada expressão de busca). A proposta apresentada obteve sucesso, mas o procedimento é complexo, necessita de programas específicos e tem uma linguagem própria, por ser um experimento da área da computação.

As pesquisas de Engelen (2008) e Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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são de um mesmo autor e apesar de apresentarem abordagens diferentes, são complementares. Engelen (2008), apresentou o fato de os audiolivros serem um fenômeno puramente comercial, com empresas especializadas para sua produção, citando grandes nomes da indústria. O estudo questionou por que as empresas de audiolivros não utilizam o formato Daisy (formato aberto e sem custo que descreve todo o conteúdo de um livro). O estudo destacou ainda a dificuldade de recuperar audiolivros nas bibliotecas digitais, apresentando sugestões de descritores para a catalogação dos audiolivros. No texto Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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, foram acrescentadas questões sobre marketing, divulgação dos audiolivros, utilização de audiolivros na educação e novos descritores para catalogação dos audiolivros. Em ambos os estudos, observou-se a necessidade de aprimorar a catalogação de suportes multimídias e utilizar metadados adequados.

Os textos de Engelen (2008) e Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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identificaram questionamentos importantes sobre a representação e a recuperação de informação. Ambas as áreas são essenciais para disseminação da informação, já que, a partir delas, os centros de informações poderão fornecer um resultado mais preciso aos usuários. Com a necessidade de representação dos documentos em novos formatos foram incorporados sistemas, para manusear os registros dos documentos, evidenciando a importância de recuperá-los de forma rápida e precisa (Silva, 2019SILVA, D. V. da. A representação e a recuperação da informação: bases, diálogos e contribuições para o fazer arquivístico. 2019. 103f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza (CE), 2019.).

Sorrell (2012) abordou os audiolivros e sua história nas coleções das bibliotecas americanas, apresentando o crescimento do consumo do audiolivro, principalmente os audiolivros eletrônicos em domínio público e, com isso, o aumento da necessidade de catalogá-los para sua inserção nas coleções das bibliotecas. O artigo apresentou o processo de catalogação dos audiolivros regravados na Biblioteca da Califórnia State University-San Bernardino. Foi realçado que não existe uma única maneira correta de catalogar os audiolivros de domínio público que foram regravados em CD na biblioteca. Os descritores utilizados para catalogar os audiolivros regravados foram baseados no padrão do Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2), porém com a iminente publicação do Recursos, Descrição e Acesso (RDA) será necessário rever a catalogação realizada para os audiolivros.

O estudo de Sorrell (2012) explorou um cenário importante para a recuperação de informação em audiolivros: a necessidade de utilizar descritores/metadados adequados que descrevam de forma correta as principais informações do audiolivro, facilitando sua recuperação pelo usuário. É importante realçar que a catalogação está passando por um processo de atualização para que novas mídias possam ser descritas de forma precisa, assim, podendo ser disponibilizadas e recuperadas de maneira mais eficiente (Machado, Zafalon, 2020MACHADO, R. de S.; ZAFALON, Z. R. Catalogação: dos princípios e teorias ao RDA e IFLA LRM. João Pessoa: Editora UFPB, 2020. Disponível em: http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/book/336. Acesso em: 09 maio 2024.
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). Destaca-se que o texto de Izcara-Temprano, Gómez-Díaz e García-Rodríguez (2021) também evidenciou alguns elementos sobre recuperação da informação por meio de descritores, mas não como temática principal.

Para a temática Audiolivros, leitura e outras mídias, o trabalho de Oliveira (2020)OLIVEIRA, A. A. de. Audiolivros digitais e letramento literário: ensino de literatura na cultura da convergência. 2020. 193f. Tese (Doutorado em Letras) - Centro de Artes e Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/22103. Acesso em: 09 maio 2024.
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é uma tese que abordou a relação do audiolivro com o letramento literário, por meio de um estudo aplicado que utilizou audiolivros literários em duas turmas do ensino médio no município de Ijuí no Rio Grande do Sul, Brasil. O autor apresentou o conceito de audiolivros, mídia e remediação e esta definição também foi mencionada no artigo de Wallin (2020). O estudo relacionou o audiolivro com as mídias atuais e a remediação, uma vez que a definição de ambos faz alusão ao processo de transformação que o audiolivro passou ao longo dos anos.

Baverstock, Bradford e Gonzalez (2018) produziram um capítulo de livro no qual os autores consideram o audiolivro como um quarto formato, após os livros de capa dura, as brochuras e os e-books. O capítulo apresentou as origens das gravações de palavras faladas, a influência da Guerra Mundial na produção de audiolivros e a atuação das primeiras bibliotecas a disponibilizar e contribuir com a produção de audiolivros. Além disso, apresentou dados sobre o uso dos audiolivros, sua evolução, desde 1952 até os anos 2000 e a contribuição dos podcasts para a difusão dos audiolivros.

Oliveira (2020)OLIVEIRA, A. A. de. Audiolivros digitais e letramento literário: ensino de literatura na cultura da convergência. 2020. 193f. Tese (Doutorado em Letras) - Centro de Artes e Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/22103. Acesso em: 09 maio 2024.
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e Baverstock, Bradford e Gonzalez (2018) apresentaram um breve contexto histórico acerca dos audiolivros, além de abordar sua relação com a leitura e outras mídias. Vislumbra-se como o audiolivro está conectado com o conhecimento, a palavra escrita e oral e sua importância para desenvolver leitores. Conforme García-Rodríguez (2013)GARCÍA-RODRÍGUEZ, A. El papel de las plataformas de distribución y venta enlapromocióndel libro electrónico infantil y juvenil. Anales de documentação, Espanha, v. 16, n. 1, 2013. Disponível em: http://revistas.um.es/analesdoc/article/view/166601. Acesso em: 09 maio 2024.
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, os audiolivros possuem benefícios para a população, principalmente o público infantojuvenil. No entanto, esses benefícios estão condicionados a oferta, quantidade e variedade dos formatos.

A partir dos documentos recuperados na RSL, foi possível identificar e mapear os conceitos, características e a evolução dos audiolivros. Os documentos apresentaram o audiolivro sendo estudado em diversas áreas de conhecimento, como, por exemplo: computação, linguística, comunicação, ciência da informação, dentre outras. Determinados documentos enfatizaram a associação do audiolivro com as tecnologias e, em alguns casos, certa dependência. Além disso, alguns estudos apresentaram questões de acessibilidade e aprendizagem de pessoas com alguma deficiência ou necessidade especial.

Dos 24 documentos selecionados na RSL, a maioria era voltada para a inclusão de pessoas com deficiência e a utilização dos audiolivros nas bibliotecas pelos usuários. Somente quatro estudos abordaram diretamente a representação e a recuperação de informação nos audiolivros: Shetty et al. (2015); Engelen (2008); Sorrell (2012) e Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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sendo três trabalhos: Shetty et al. (2015); Engelen (2008) e Sorrell (2012) na área de computação, enfatizando o uso de metadados adequados para registro dos audiolivros. As pesquisas dos autores Shetty et al. (2015) e Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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abordaram técnicas da CI como indexação e catalogação. Engelen (2009)ENGELEN, J. Marketing issues related to commercial and specialised audiobooks, including Digital Daily Newspapers. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING: RETHINKING ELECTRONIC PUBLISHING: INNOVATION IN COMMUNICATION PARADIGMS AND TECHNOLOGIES, 13., 2009, Milano. Proceedings of the… Milano, Italy: ELPUB, 2009. p. 621-624. Disponível em: https://elpub.architexturez.net/doc/oai-elpub-id-161-elpub2009. Acesso em: 09 maio 2024.
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mencionou a questão da representação e organização dos audiolivros, por meio da catalogação AACR2, que foi realizada no acervo de audiolivros de uma biblioteca, mas que deverá passar por mudanças, devido à adesão do RDA como forma de padronização da catalogação atual.

Shetty et al. (2015) apresentou a temática de representação e recuperação da informação de audiolivros, mas deixou questionamentos em aberto, já que no artigo foi informado que transformaram o audiolivro em um documento textual para poder realizar o processo de indexação. Dessa forma, as seguintes questões foram levantadas pelos autores da RSL: para realizar a representação do audiolivro é necessário, obrigatoriamente, transformá-lo em documento textual?; para a indexação do audiolivro devem ser considerados os metadados para o formato multimídia ou o formato textual?

Por fim, é importante destacar que a RSL apresentou um panorama das pesquisas realizadas na temática dos audiolivros. A quantidade limitada de estudos que abordaram a representação e a recuperação de informação em audiolivros na área de CI pode sinalizar que a temática precisa ser aprofundada, conforme uma das hipóteses do projeto de pesquisa associado a este estudo.

6 CONCLUSÃO

Esta RSL buscou recuperar e analisar estudos sobre audiolivros no contexto da CI, abordando principalmente sua representação e recuperação. Os documentos selecionados na RSL (24) foram analisados integralmente e discutidos neste estudo.

Apesar de ser um formato comercializado recentemente, o audiolivro é uma criação antiga que passou por diversas transformações, desde 1878 quando foi criado por Thomas A. Edison. Desde então, o audiolivro foi sendo aprimorado com o avanço das novas tecnologias e caminhou com outros suportes multimídia existentes que se relacionaram com o áudio.

Os audiolivros estão inseridos em diversas áreas do conhecimento e são utilizados de diversas formas para aprendizagem, inclusão e acesso à informação. Além disso, mudanças culturais associadas aos audiolivros têm produzido impactos diretos na disseminação da informação e na expansão da leitura.

A evolução tecnológica também impacta diretamente nos audiolivros que embora não sejam um meio/suporte novo, ainda estão em expansão, especialmente no ecossistema atual onde estão armazenados (arquivos digitais e armazenamento em nuvem) e são comercializados (serviços streaming e plataformas).

O objetivo da RSL foi alcançado nesta pesquisa ao permitir traçar um panorama da área, identificar temáticas e áreas relacionadas, identificar sua evolução, acesso e uso em bibliotecas e centro de informação e, sobretudo, por permitir uma análise da literatura no contexto da representação e recuperação da informação.

Apesar de a RSL ser um método bem delimitado, ela tem suas limitações, principalmente em relação à execução nas bases de dados selecionadas, uma vez que cada base estrutura seu sistema de recuperação de uma forma diferente. Observou-se que cada base tem suas próprias diretrizes para a realização da pesquisa, mas, em alguns casos, os filtros e campos para refinamento da busca não recuperaram documentos ou os resultados não tinham relação com a pesquisa, mesmo utilizando as strings de acordo com as regras definidas pelas bases.

A ausência de estudos mais detalhados sobre o processo de representação e recuperação da informação nos audiolivros é um alerta acerca desse suporte que tem sido cada vez mais utilizado e comercializado na atualidade. Representar, padronizar, organizar e recuperar a informação em audiolivros demanda de uma discussão mais aprofundada, demonstrando que a temática necessita de mais estudos e pesquisas na área da CI.

Reconhecimentos

Não aplicável.

  • 1
    Comerciante de livro. Livreiro-editor, livreiro que compra originais dos autores ou firma com eles convenções para fazer imprimir e vender suas obras (Ferreira, 2014FERREIRA, A. B. de H. Livreiro. In: FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Positivo, 2014.).
  • 2
  • 3
    Affordance é a qualidade de um determinado objeto que permite a um indivíduo realizar uma ação específica - ou todas as ‘possibilidades de ação’ latentes dentro do objeto. É o relacionamento entre as propriedades do objeto e as capacidades do agente de determinar intuitivamente, ou baseado em experiências anteriores, como o objeto pode ser usado, sem necessidade de explicações, rótulos ou instruções (Have; Pedersen, 2016)
  • Financiamento: Não aplicável.
  • Aprovação ética: Não aplicável.
  • Disponibilidade de dados e material: https://doi.org/10.17632/k65xtyx7hr.3.
  • Imagem: Foto da autora extraída do Currículo Lattes
  • JITA:

    HU. Audiobooks
  • ODS:

    10. Redução das desigualdades

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Editado por

Editor: Gildenir Carolino Santos

Disponibilidade de dados

Disponibilidade de dados e material: https://doi.org/10.17632/k65xtyx7hr.3.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    01 Out 2023
  • Aceito
    08 Maio 2024
  • Publicado
    17 Maio 2024
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