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HISTÓRIAS QUE AS BIBLIOTECAS CONTAM: A BIBLIOTECA PARTICULAR PROFESSOR OSNI DE MEDEIROS REGIS

RESUMO

Apresenta-se, neste artigo, a história da Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, situada à Avenida Mauro Ramos, n.1344, na cidade de Florianópolis, SC. Objetiva se neste estudo relatar a história da biblioteca, descrevendo os processos de criação, a construção do espaço físico, a composição do acervo e a criação da fundação para manter a biblioteca e disponibilizar acesso para o público. Estabelecendo uma análise da importância da biblioteca para a comunidade florianopolitana, e descrevendo os tipos de serviços que a biblioteca disponibiliza para a comunidade em geral. Os procedimentos metodológicos que nortearam a construção do artigo foram pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas, possibilitando verificar a importância da biblioteca para a comunidade e para a área de biblioteconomia.

PALAVRAS-CHAVE:
Biblioteca privada; Biblioteconomia; História da Biblioteca; Estudo histórico

ABSTRACT

This article presents the history of the Professor Osni de Medeiros Regis Library, located at Av. Mauro Ramos, n.1344, in the city of Florianopolis, SC, Brazil. The study reports the history of the library, describing the creation processes, the construction of the physical space, the composition of the collection and the creation of the foundation to maintain the library and provide access to the public. Establishing an analysis of the importance of the library to the florianopolitan community, and describing the types of services the library provides to the community at large. The methodological procedures that guided the construction of the article were bibliographic research, documental research and interviews, enabling to verify the importance of the library for the community and fr the area of library science.

KEYWORDS:
Library Law; Library science; History of Libraries

1 Introdução

Aborda-se, nesse artigo, a história da Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, situada à Avenida Mauro Ramos, n.1344, na cidade de Florianópolis, SC. Caracterizada como uma biblioteca particular, esta instituição presta serviços à comunidade contribuindo para a disseminação de informações jurídicas, políticas, educacionais e artísticas. Também possui um acervo de obras clássicas, tanto de literatura brasileira e estrangeira, quanto de diversas áreas do conhecimento.

Osni de Medeiros Regis foi advogado, professor e político. Antes de atuar na advocacia, foi assistente técnico, por concurso, do Departamento Estadual de Estatística de Santa Catarina, em Florianópolis. De 1942 a 1949 foi professor concursado para a cadeira de Sociologia, Filosofia e História da Educação na escola normal do Instituto de Educação de Lages, onde também foi diretor. Foi prefeito de Lages entre 1950 a 1954, Deputado estadual de 1955 a 1962 e Deputado Federal de 1963 a 1971. Em 1961/62 foi secretário de educação do Estado. Paralelo à vida política, seguiu a carreira universitária como professor de Direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Osni de Medeiros Regis dá nome à biblioteca do Centro de Ciências jurídicas da UFSC e ao plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catariana, como reconhecimento à sua passagem por estas duas instituições. (REGIS, 2018REGIS, I. Entrevista concedida a Mariana J. Vidal. Florianópolis, 2018. Gravação em áudio digital, ca. 3h.).

Dentre as funções atribuídas às bibliotecas ao longo da história, pode-se afirmar que uma delas é guardar um acervo cuja informação registre parte da memória escrita de um grupo social. Nesse sentido, a biblioteca analisada neste artigo preserva o patrimônio bibliográfico de Osni de Medeiros Regis, adquirido ao longo de sua trajetória de vida profissional e pessoal.

A preservação da biblioteca, com o seu acervo original formado pelo professor Osni de Medeiros Regis é um interesse da família como legado para as futuras gerações. A abertura da biblioteca ao público, pelos herdeiros, visa manter viva a disposição para a socialização dos livros que sempre animou o fundador da biblioteca. Tanto o professor Osni, quanto sua esposa e também professora Maria Helena Camargo Regis sempre disponibilizaram a sua biblioteca para consulta e empréstimo de livros aos alunos e aos conhecidos. Esta disponibilidade ganha relevância quando se avalia quão pobres eram os acervos universitários na cidade de Florianópolis entre os anos 1950 e 1980. A aquisição de parte dos livros tinha em vista a consulta por alunos, não só o uso pessoal. Alguns eram adquiridos em duplicata, já prevendo os empréstimos e até as inevitáveis perdas por não devolução. Assim, esta biblioteca constituiu-se como uma biblioteca particular aberta ao público (REGIS, 2018REGIS, I. Entrevista concedida a Mariana J. Vidal. Florianópolis, 2018. Gravação em áudio digital, ca. 3h.).

De acordo com Leipnitz (2017LEIPNITZ, F. Política de avaliação e seleção de doações em acervos particulares a serem incorporados às Bibliotecas da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2017. 202 f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11883/Leipnitz%2C%20Fernando.pdf?sequenc e=1&isAllowed=y. Acesso em: 05 Abr. 2018.
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/ha...
, p. 10),

O ser humano possui diversas motivações para guardar objetos. Acumular livros e formar bibliotecas particulares é um deles. Uma pessoa pode formar um acervo pela necessidade de dar suporte à atividade que desempenha assim como pode formar uma biblioteca apenas de fruição, de literatura ou arte, por exemplo. Esta biblioteca pode auxiliar o desempenho de uma atividade de trabalho ou ser um local de recolhimento. Estes acervos bibliográficos privados representam parte da vida de seus proprietários, pois as escolhas das obras mostram suas preferências, a construção de seu pensamento e através destes conteúdos, uma parte da maneira como interagiu com o mundo. Além disso, as bibliotecas pessoais muitas vezes, colecionam obras de valor importante não encontradas facilmente em outras bibliotecas de acesso público, por tratarem-se de edições antigas, esgotadas ou mesmo muito caras, portanto, em muitos casos, edições consideradas especiais.

Sendo assim, esse artigo visa contribuir com um estudo sobre a história da biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, descrevendo os processos de criação, a construção do espaço físico, a composição do acervo e a criação da Fundação para manter a biblioteca e disponibilizar acesso para o público. Nesse sentido, tem-se como tema geral a história das bibliotecas e específico a história das bibliotecas particulares. O problema que norteou a pesquisa foi formulado a partir da seguinte pergunta: Como a história da Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, situada no centro de Florianópolis, contribui para a reflexão acerca da importância das bibliotecas particulares na Biblioteconomia?

Como objetivo geral, a pesquisa analisou a importância da Biblioteca Particular Professor Osni de Medeiros Regis e suas interconexões com a Biblioteconomia no tema “história das bibliotecas particulares”. Especificamente se objetivou: investigar a história da biblioteca; apresentar a estrutura organizacional e estrutura para atendimento de seus usuários; realizar um levantamento do acervo da Biblioteca; pesquisar sobre a inserção da biblioteca na política cultural da cidade.

O bibliotecário como profissional e disseminador da informação tem um importante papel na divulgação das bibliotecas. Segundo Leipnitz (2017LEIPNITZ, F. Política de avaliação e seleção de doações em acervos particulares a serem incorporados às Bibliotecas da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2017. 202 f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11883/Leipnitz%2C%20Fernando.pdf?sequenc e=1&isAllowed=y. Acesso em: 05 Abr. 2018.
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/ha...
, p. 12), “As bibliotecas particulares podem conter coleções de qualidade inimagináveis e potencialmente úteis para a comunidade acadêmica [...]”. Para tanto estas bibliotecas precisam ser conhecidas, divulgadas e ter maior atenção dos profissionais da área.

A motivação para esta pesquisa surgiu pela observação da importância da biblioteca como meio de preservação e difusão da história. Logo, fez se necessário contextualizar e contar a história da biblioteca particular professor Osni de Medeiros Regis para, deste modo, contribuir para divulgar e utilizar melhor seu acervo que se constitui de obras muito importantes para a história da organização do conhecimento na área de Direito e afins em Santa Catarina. Entende-se que, dessa forma, pode-se contribuir para muitas pesquisas, tanto na área de Ciência da Informação quanto para outros campos de conhecimento.

2 Metodologia

O artigo advém de uma pesquisa aplicada e descritiva porque expôs as características dos elementos pesquisados em um estudo específico. Como observa (Gil, 2010GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2010. p. 28) “As pesquisas deste tipo tem como objetivo primordial a descrição das características de determina população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis.” Ainda segundo Gil (2010, p. 28): “[...] dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo [...]”. Além disso, a pesquisa se caracteriza como qualitativa que, de acordo com Silva e Menezes (2005SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino á Distancia da UFSC, 2005. Disponível em:https://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia_de_pesquisa_e_elaboracao_de_teses_e_ dissertacoes_4ed.pdf. Acesso em: 5 abril. 2018.
https://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Me...
, p. 20): “Não requer o uso e método de técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados, o pesquisador é o instrumento chave”.

Segundo Lakatos e Marconi (2003LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamento de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.), em geral nunca se utiliza apenas um método ou uma técnica de pesquisa, nem somente aqueles que se conhecem, mais os apropriados para aquele estudo. E, na maioria das vezes, combinam-se dois ou mais simultaneamente. Tanto os métodos quanto as técnicas devem adequar-se ao estudo a ser feito, aos problemas levantados e ao tipo de informantes que o pesquisador irá entrar em contato.

Nesse sentido, os procedimentos metodológicos que nortearam a pesquisa e possibilitaram o levantamento dos dados para análise foram:

1) Pesquisa bibliográfica: Utilizada principalmente para levantar informações relacionadas à bibliotecas e sua história. Fez-se um levantamento de publicações sobre a área estudada em livros e artigos, sendo que, para os primeiros, realizou-se a pesquisa na biblioteca universitárias da UFSC. Já para os artigos, foram acessadas as seguintes bases de dados: a Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e a Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e os termos de busca foram “Bibliotecas” “Bibliotecas Particulares” e “Bibliotecas Públicas”.

2) Pesquisa documental: Serviram de fontes documentais os recortes de jornais locais sobre a Biblioteca e documentos referentes à biblioteca, especialmente o Estatuto da Fundação que serve de abrigo jurídico.

3) Entrevistas: Procedimento caracterizado por coleta de dados subjetivos, não publicados e que trouxeram dados referentes à história e funcionamento da biblioteca. Tal procedimento norteou-se pela metodologia da história oral e contou com a participação de funcionários e uma das instituidoras da Fundação, a senhora Isabel Regis, que é uma das filhas do Professor Osni de Medeiros Regis.

A parte empírica contou com visitas in loco, com o intuito de conhecer o local, seu acervo e a política de acesso. As entrevistas com Isabel Regis ocorreram em três tardes, todas na unidade de informação, quando discorreu de forma livre a partir de um roteiro de perguntas, cujas respostas foram gravadas com o seu consentimento. Seguiram-se os parâmetros metodológicos da “história oral” e mesclou entrevista de história vida com entrevista temática. De acordo com Karpinski e Montysuma (2009KARPINSKI, C.; MONTYSUMA, M.F.F. Memória e História Oral. Indaial: Asselvi, 2009., p. 66),

As entrevistas temáticas são aquelas que versam prioritariamente sobre a participação do entrevistado no tema escolhido, enquanto as de história de vida têm como centro de interesse o próprio indivíduo na história, incluindo sua trajetória desde a infância até o momento em que fala, passando pelos diversos acontecimentos e conjunturas que presenciou, vivenciou ou de que se inteirou.

No caso da entrevistada desta pesquisa, a temática abordada se entrelaçava com sua história de vida, uma vez que a mesma acompanhou o processo histórico de constituição da biblioteca do pai. Em seu trabalho de reconstrução da narrativa de memória, os fatos relacionados ao tema se interconectavam quase que naturalmente à sua trajetória de vida e experiências do passado com seu pai e a biblioteca. Isto ocorre porque, ainda de acordo com Karpinski e Montysuma (2009KARPINSKI, C.; MONTYSUMA, M.F.F. Memória e História Oral. Indaial: Asselvi, 2009., p. 66), “[...] a entrevista de história de vida contém, em seu interior, diversas entrevistas temáticas, já que, ao longo da narrativa da trajetória de vida, os temas relevantes para a pesquisa são aprofundados”.

A primeira entrevista ocorreu em 20 de abril de 2018, quando a entrevistada discorreu sobre a história da biblioteca. Nesse tipo de metodologia, a pessoa é a detentora do saber, da história e da memória e, por isso, o entrevistador deve deixar o entrevistado falar sobre o tema livremente. E assim Isabel Regis fez, conforme se recordava, seguindo a sequência cronológica de sua memória. A duração desta entrevista foi de 1h04min32s.

A segunda entrevista ocorreu no dia 04 de maio de 2018, iniciada às 17hs e, neste dia, seguiu-se um roteiro previamente estabelecido com perguntas sobre o acervo e o sistema da biblioteca. Mesmo sendo bastante temático o objeto da entrevista neste dia, a entrevistada teve liberdade para falar sobre aquilo que achava importante e, das questões pontuadas, as respostas vieram também de forma livre, dialogada e enquanto se fazia uma visita guiada. A duração desta entrevista foi de 35 minutos.

A terceira e última entrevista se deu no dia 07 de maio de 2018 e começou especificamente sobre as questões do acervo e as atividades culturais que a biblioteca participa. A entrevistada discorreu livremente sobre o assunto, explicando aquilo que entendia pertinente e necessário e a entrevista durou 1h29min.

Todos os documentos advindos da pesquisa in loco encontram-se sob os cuidados dos pesquisadores, formando um acervo específico que serviu para construção deste artigo. O acervo de fontes orais recebeu tratamento recomendado por Alberti (2004ALBERTI, V. Manual de História Oral. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004., p. 139-227) que trata especificamente sobre “[...] tratamento das fontes orais” advindos de entrevistas sob a metodologia da História Oral.

A entrevistada concordou com a citação do seu nome, com os demais termos deste tipo de abordagem e autorizou a utilização do conteúdo de sua entrevista para este artigo. Da mesma forma, a pesquisadora se comprometeu em assim o fazer com a ética exigida pela metodologia da História Oral, amplamente debatida em Ferreira, Amado, (2006FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Orgs.). Usos & abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.); Portelli (1997PORTELLI, A. Tentando aprender um pouquinho: algumas reflexões sobre ética e história oral. Revista Projeto História, São Paulo, n.15, p.13-49, 1997. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/11215/8223. Acesso em: 10 dez. 2017.
https://revistas.pucsp.br/index.php/revp...
); Amado (1997) e Pozzi (2014POZZI, P.A. La etica, la historia oral y sus consecuencias. Revista de Hitória Oral, Rio de Janeiro, v.17, n.2, p.42-27, 2014. Disponível em: http://revista.historiaoral.org.br/index.php?journal=rho&page=issue&op=view&path%5B%5 D=34. Acesso em 10 dez 2017.
http://revista.historiaoral.org.br/index...
).

3 Referencial Teórico

Esta pesquisa teve como referencial teórico autores que discutem os conceitos de biblioteca. Além disso, obras importantes sobre a história das bibliotecas também contribuíram para as análises e reflexões.

3.1 Bibliotecas: Aspectos Conceituais e Históricos

O Glossário de Biblioteconomia e ciências afins define biblioteca como “[...] Organismos que tem por missão coletar e gerar documentos pra permitir a consulta: elas dispõem de ferramentas de pessoas que ajudam a recuperar os documentos [...]”. (ARRUDA; CHAGAS, 2002ARRUDA, S. M.; CHAGAS, J. Glossário de biblioteconomia e ciências afins. PortuguêsInglês. Florianópolis: Cidade Futura, 2002., p. 40). Outro conceito de biblioteca é o de Milanesi (2002MILANESI, L. Biblioteca. Cotia: AE, 2002., p. 21), para quem “[...] a ideia mais primitiva da biblioteca: o resultado do desejo e da necessidade quase instintiva de poder utilizar várias vezes uma informação que pudesse ser significativa”.

Ainda podemos destacar o conceito de biblioteca definido por Castro (2006CASTRO, C. S. A. Biblioteca como lugar de memória e eco de conhecimento: um olhar sobre “o nome da rosa”. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, v. 4, n. 2, 2006. Disponível em: Acesso em: 15 abr. 2018., p. 13), sendo “[...] um lugar de memória e espaço de armazenamento das materialidades textuais produzidas em tempos e localidades diversos e que desempenha, mesmo com todo o avanço tecnológico, o papel de guardiã do conhecimento”.

No que se refere à sua história, a biblioteca antecede o próprio livro. Martins (2002MARTINS, W. A palavra escrita: história do livro, da imprensa, e da biblioteca. 3. ed. rev. E atual. São Paulo: Ática, 2002.) historia o que chamou de “evolução” da escrita, dos livros e das bibliotecas e, de acordo com ele, as bibliotecas ocuparam diversas representações sociais ao longo da sua história. As bibliotecas antigas e medievais, por exemplo, representavam lugares sagrados onde poucas pessoas tinham acesso.

Até a renascença, as bibliotecas não estão à disposição dos profanos: são organismos mais ou menos sagrado, ou, pelo menos, religiosos, e que tem acesso apenas os que fazem parte de uma certa “ordem” de um “corpo” igualmente religioso ou sagrado. [...] foi assim, desde seus primeiros dias até os fins da idade média, o que seu nome indica etimologicamente, isto é, um depósito de livros e mais o lugar onde se esconde o livro do que o lugar onde se procura fazê-lo circular ou perpetuá-lo. (MARTINS, 2002MARTINS, W. A palavra escrita: história do livro, da imprensa, e da biblioteca. 3. ed. rev. E atual. São Paulo: Ática, 2002., p. 71)

No Brasil, de acordo com Moraes (1979MORAES, R. B. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, 1979., p. 2) “[...] os livros eram raros em mãos de particulares, já eram numerosos nos colégios dos jesuítas e, provavelmente, nos conventos de outras ordens”. Por isso, de acordo com o mesmo autor, nota-se no Brasil a existência de muitas bibliotecas ainda no final da era quinhentista, sendo a vinda da corte portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro em 1808 a grande mudança desta história.

Schwarcz (2002SCHWARCZ, L. M. A longa viagem da biblioteca dos reis: do terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.) conta que, ao evadir de Portugal por conta da perseguição de Napoleão Bonaparte, D. João não deixou de trazer sua biblioteca que veio em três viagens sucessivas. Esse acervo formou a biblioteca real, que mais tarde, após a independência do Brasil, tornou-se a Biblioteca Nacional.

Suaiden (2000SUAIDEN, E. J. A biblioteca pública no contexto da sociedade da informação. Ciência da Informação, v. 29, n. 2, p. 52-60, 2000. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/887/922. Acesso em: 18 set. 2019.
http://revista.ibict.br/ciinf/article/vi...
), resalta a importância da Biblioteca Pública, uma vez que a mesma pode se tornar um grande centro disseminador da informação. Isto porque este tipo de instituição atua, principalmente, para a diminuição das desigualdades existentes na sociedade, pois a biblioteca pública é segmentada dentro de um mercado de produtos e serviços de acordo com as necessidades da comunidade.

Milanesi (1983MILANESI, L. O que é Biblioteca. São Paulo: Brasiliense, 1983.), também aborda a biblioteca pública como fundamental para questões sociais e econômicas no que se refere ao desenvolvimento de uma sociedade, pois a maioria dos municípios possui a sua biblioteca, mesmo que esta não venha a superar todas as expectativas do bem comum. Espera-se que a biblioteca promova o crescimento intelectual, moral e cívico, enquanto pública disponibiliza a oportunidade de lazer.

As questões do livro e da biblioteca cumprem importantes fatores sociais, na medida em que desempenham funções de preservação e divulgação da memória de ambos. O fato é que a biblioteca como instituição de representação da informação servirá ao usuário até o fim dos tempos, pois a biblioteca é um local aonde a mente humana é desvendada pelo conhecimento. (GALDINO et al,2011GALDINO, R. Z. et al. História da ciência da informação e da biblioteca: a memória da escrita e da biblioteca. In: ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO. 14., 2011.São Luiz. Anais... São Luiz do Maranhão, 2011. Disponível em:http://rabci.org/rabci/sites/default/files/HIST%C3%93RIA%20DA%20CI%C3%8ANCIA%20DA%20INFORMA%C3%87%C3%83O%20E%20DA%20BIBLIOTECA%20A%20Me m%C3%B3ria%20da%20Escrita%20e%20da%20Biblioteca.pdf. Acesso em: 05 abr. 2018.
http://rabci.org/rabci/sites/default/fil...
, p. 12)

Estas instituições disponibilizam vários serviços aos usuários, além de acesso aos livros e matérias do acervo. Como lembra Milanesi (1983MILANESI, L. O que é Biblioteca. São Paulo: Brasiliense, 1983.), as bibliotecas públicas não servem apenas para emprestar livros para quem não pode adquirir, mas para abrir infinitas possibilidades para o acesso à informação.

Diante do exposto, acredita-se que a Biblioteca é um mecanismo promoção da aprendizagem, da criatividade, da socialização de informações e do conhecimento. Sabe-se que nenhuma biblioteca é igual à outra e trabalham de acordo com suas possibilidades e necessidades, uma Biblioteca pode trabalhar em benefício de uma comunidade nas mudanças de atitude perante a vida, promover e fomentar a formação da cidadania. Sendo assim as coleções das bibliotecas devem atender às necessidades dos usuários com qualidade e quantidade, proporcionando condições para seu efetivo funcionamento.

3.2 As Bibliotecas Particulares

Quanto o processo histórico de constituição das bibliotecas, Martins (2002MARTINS, W. A palavra escrita: história do livro, da imprensa, e da biblioteca. 3. ed. rev. E atual. São Paulo: Ática, 2002., p. 343) afirma que “Do ponto de vista administrativo e de manutenção, as bibliotecas distinguem-se, evidentemente, em particulares e oficiais”. Outros autores, como Cunha e Cavalcanti (2008CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, C. R. O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília (DF): Brinquet de lemos, livros, 2008.) e Schwarcz (2002SCHWARCZ, L. M. A longa viagem da biblioteca dos reis: do terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.) destacam o papel social desempenhado pelas bibliotecas privadas ou particulares que nada mais são do que instituições mantidas por um indivíduo ou organização destinadas a uso próprio.

A história das bibliotecas e do sonho de acumular todos os pensadores, obras e ciências em um espaço delimitado faz parte da própria história do ocidente. Em nome dessa utopia idealizaram-se acervos - particulares, estatais, principescos ou eclesiásticos [...]. (SCHWARCZ 2002SCHWARCZ, L. M. A longa viagem da biblioteca dos reis: do terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002., p.120).

Segundo Labarre (1981LABARRE, A. História do livro. São Paulo: Cultrix; [Brasilia]: INL, 1981., p. 32), “As coleções privadas aumentaram em número e importância no decurso do século XV”. Porém, como ressalta Machado (2007MACHADO, C. C. Biblioteca Pública de Santa Catarina: 153 anos de História, Florianópolis: Insular, 2007., p. 19),

Conquanto não se possa fixar com exatidão a data inicial da criação de bibliotecas particulares, já que tal medida se deu paulatinamente em meios privados, tem-se difundido que elas começaram a surgir no decorrer da Era Cristã.

Independente de quando as bibliotecas particulares começaram a ser criadas e divulgadas por seus proprietários, vale ressaltar o que expõem Moraes (2005MORAES, R. B. O bibliófilo aprendiz: prosa de um velho colecionador para ser lida por quem gosta de livros, mas pode também servir de pequeno guia aos que desejam formar uma coleção de obras raras antigas ou modernas. 4. ed. Brasília, DF, Brinquet de Lemos, 2005., p. 17):

Quando se estuda a história das grandes bibliotecas do mundo, das grandes bibliotecas nacionais que fazem orgulho de muito povo, vê-se logo que elas se formaram tendo como base uma coleção particular e foram se enriquecendo com a aquisição ou doação de outras coleções particulares.

Sendo assim, as bibliotecas particulares têm um papel importante na disseminação da cultura e memória escrita, seja por meio de enriquecimento de acervos de bibliotecas já existentes e pertencentes a determinadas instituições, seja com a divulgação do seu acervo e tornando acessível para a comunidade. As bibliotecas particulares, segundo Leipnitz (2017LEIPNITZ, F. Política de avaliação e seleção de doações em acervos particulares a serem incorporados às Bibliotecas da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2017. 202 f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11883/Leipnitz%2C%20Fernando.pdf?sequenc e=1&isAllowed=y. Acesso em: 05 Abr. 2018.
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/ha...
, p. 49), representam

Um ponto importante a ser considerado na história das bibliotecas e na tipologia destas, são as bibliotecas particulares que sempre foram um privilégio daqueles que possuíam poder econômico para formar coleções. Se em alguns casos a preferência foi por formar gabinetes de curiosidades, vários formavam acervos bibliográficos privados que dessem suporte ao conhecimento que buscavam dominar.

Uma biblioteca particular é uma ferramenta de pesquisa e fonte de conhecimento. Isto porque, dentre outras características, o acervo de uma biblioteca particular foi formado visando o suprimento das necessidades informacionais, tanto profissional quanto pessoal do proprietário. Assim como a biblioteca pública, a biblioteca particular visa atender as necessidades de seus usuários, por mais que, inicialmente, essa relação se faça apenas por meio de seu proprietário. É um indivíduo que vai construindo seu acervo e desenvolvendo suas coleções a partir de interesses particulares e profissionais, atendendo as necessidades de seu ciclo.

Assim, num primeiro momento, os usuários desta biblioteca são o proprietário, os seus familiares, amigos, colegas de trabalhos e, ao longo do tempo, a usabilidade da biblioteca pode ser ampliada à comunidade a qual está inserida. Porém, independente da quantidade e do perfil de seus usuários, tanto as bibliotecas particulares quanto as públicas têm como objetivo atender as demandas informacionais e contribuir para a formação de intelectual e profissional dos cidadãos.

4 Resultado e Análise

A Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, localiza-se em edifício anexo à residência, na Avenida Mauro Ramos, 1344, Florianópolis, SC. Segundo Regis (2018), seu pai se inspirou na biblioteca que serviu de cenário para o filme musical My Fair Lady (1964), criando uma réplica para solucionar seu problema. Uma vez construída, a nova biblioteca reuniu seus livros que estavam numa casa do Bairro Estreito, na região continental de Florianópolis. Nesse momento, o proprietário pode reunir toda a sua coleção, uma vez que possuía também um acervo formado nos oito anos em que residiu em Brasília, quando deputado federal (1973/71).

A construção com cerca de 200 metros quadrados e quase sete metros de pé direito em um sistema de mezanino, foi arquitetado por Boris Tertschitsch e teve seu alvará de construção emitido em 26 de julho de 1973. A Figura 1 é uma fotografia tirada no interior da instituição e mostra, em detalhes, a biblioteca particular analisada.

Figura 1
Interior da Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis

A Figura 1 mostra o interior da biblioteca, destacando o mezanino e a porta de entrada. Também se vê na imagem a mesa de estudos, a mesa de recepção e as estantes que, juntas, abrigam os 15 mil livros que o Prof. Osni adquiriu ao longo da sua vida. A biblioteca conta com sofás e poltronas para a leitura e conserva os móveis conforme prof. Osni mobiliou.

De acordo com Martins (2002MARTINS, W. A palavra escrita: história do livro, da imprensa, e da biblioteca. 3. ed. rev. E atual. São Paulo: Ática, 2002., p. 342), “Todas as bibliotecas são, em geral e simultaneamente, de ‘conservação’ e de ‘consumo’”. Esta afirmação se aplica perfeitamente à Biblioteca Professor Osni de Medeiros Régis, que tem como foco a conservação do acervo e o local tal qual foi criado pelo proprietário. Além disso, disponibiliza acesso ao público em geral, pesquisadores e comunidade, caracterizando-se, assim, como biblioteca de conservação e de consumo.

Sete anos após a morte do prof. Osni foi instituída a Fundação Professor Osni de Medeiros Régis. De acordo com o seu Estatuto, esta fundação foi instituída em 21 de agosto de 1998 pela viúva Maria Helena Camargo Regis e seus filhos herdeiros: Jorge Alfredo Camargo Regis; Osni Eduardo Camargo Regis; Maria Isabel Camargo Regis; e Regina Iara Regis Districh. Com a criação da Fundação Professor Osni de Medeiros Régis, foi possível estabelecer convênios e angariar fundos a fim de realizar a organização, classificação e catalogação do acervo. Dois bibliotecários foram contratados para desenvolver esses trabalhos técnicos e mais tarde, no ano de 2012, o acervo foi cadastrado também em plataforma digital.

A biblioteca passou a atender o público mesmo antes da catalogação e classificação do acervo com serviço de consulta local. Atualmente, não possui um regimento interno quanto ao funcionamento e empréstimo, mas realiza serviços de empréstimo da seguinte forma: avalia-se a raridade do livro; consulta-se o site “Estante Virtual” para saber o valor de mercado do livro solicitado para empréstimo; se a obra se encontra disponível para venda no “Estante virtual” cobra-se o mesmo valor na forma de caução; quando ocorre a devolução da obra, devolve-se também a caução. Esse sistema de caução, segundo Regis (2018REGIS, I. Entrevista concedida a Mariana J. Vidal. Florianópolis, 2018. Gravação em áudio digital, ca. 3h.), é a medida utilizada para evitar o extravio das obras.

Para fazer o cadastro na biblioteca e poder ter acesso ao empréstimo de algumas obras é necessário apresentar o comprovante de residência, um documento de identificação e telefone para contato. O cadastro é feito manualmente em um livro específico para este fim. (REGIS, 2018REGIS, I. Entrevista concedida a Mariana J. Vidal. Florianópolis, 2018. Gravação em áudio digital, ca. 3h.).

4.1 Serviços Prestados

Na entrevista e na pesquisa in loco foi possível perceber a existência dos seguintes serviços prestados pela Biblioteca Professor Osni de Medeiros Régis:

  • a) Serviço de consulta local: Consulta local do acervo, manuseio de livros e revistas;

  • b) Empréstimo Domiciliar: Algumas obras, mediante caução, podem ser emprestadas;

  • c) Empréstimo do espaço físico: O espaço físico da biblioteca é procurado para uso das mais diversas atividades culturais. No entanto, pela peculiaridade estética da construção é bastante utilizada como cenário para ensaios fotográficos e gravação de entrevistas, filmes e series.

  • d) Exposição do acervo: Em 2017, o Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC promoveu uma exposição de algumas obras temáticas existentes na Biblioteca. Foram expostas obras sobre a Revolução Russa, o Direito Soviético e o Estado Novo. Esta ação se deu nas dependências da Biblioteca Setorial de Direito da UFSC que leva o mesmo nome da biblioteca particular aqui analisada;

  • e) Acesso ao catálogo on-line: É um serviço prestado através do sistema Pensa -B (Sistema de Automação de Bibliotecas). A plataforma de acesso da biblioteca fica disponível no endereço: http://www.pensa-b.com.br/osniregis/servlet/leitor.

  • f) Atendimento ao público em geral: A biblioteca atende no horário das 14h às 18h nas segundas, terças, quintas e sextas-feiras. Às quartas-feiras o atendimento é feito no período matutino das 08h às 12h.

4.2 Perfil dos usuários e composição do acervo

O perfil dos usuários da biblioteca é bem diversificado. Em geral, são estudantes de diversas áreas, além do Direito, e pesquisadores de outras cidades. Estes, muitas vezes, vêm à procura de livros que não encontraram em outras bibliotecas. Há também um público que a procura para atividades culturais e para recurso cênico. No entanto, mesmo sendo um público diversificado, é escasso. Não possui cadastro de usuários no sistema informatizado, apenas nos livros de cadastro e de registro de visitas.

De acordo com a Fundação Professor Osni de Medeiros Régis (1998), o acervo da biblioteca é composto por cerca de 15.000 (quinze mil) volumes entre livros e revistas como os seguintes:

  • a) Clássicos gregos e latinos da Filosofia, História e Literatura;

  • b) Clássicos nas áreas do Direito, Ciências, Humanas, Geografia e Literatura universal;

  • c) Autores contemporâneos nacionais e estrangeiros, na área do Direito, Ciências Humanas, Literatura e Filosofia;

  • d) Teoria da estética, história da arte e artes plásticas;

  • e) Coletânea de revistas nacionais e estrangeiras de Filosofia, Filosofia do Direito, Ciências Humanas e Teoria da Literatura;

  • f) Livros raros em geral.

A composição deste acervo se formou ao longo da vida do Professor Osni, refletindo, assim, suas leituras, seu gosto e interesse pessoal no decorrer da sua trajetória de vida. Compõe também este acervo as obras de Maria Helena Camargo Regis, professora de literatura. Sobre este assunto nos lembra Leipnitz (2017LEIPNITZ, F. Política de avaliação e seleção de doações em acervos particulares a serem incorporados às Bibliotecas da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2017. 202 f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11883/Leipnitz%2C%20Fernando.pdf?sequenc e=1&isAllowed=y. Acesso em: 05 Abr. 2018.
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/ha...
, p. 10),

Estes acervos bibliográficos privados representam parte da vida de seus proprietários, pois as escolhas das obras mostram suas preferências, a construção do seu pensamento e através destes conteúdos, uma parte da maneira como interagiu com o mundo.

A Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis retrata, então, sua história pessoal e seus gostos reflete também seus interesses profissionais tanto como professor quanto como político.

5 Considerações Finais

Ao iniciar a pesquisa para a construção deste artigo, após algumas mudanças e adaptações do tema, os dados levantados apontaram para uma problemática: a dificuldade de encontrar fontes para a pesquisa diante do tema “Biblioteca Particular”. Muito se conceitua sobre diversos tipos de bibliotecas, porém, sobre o ponto de vista de biblioteca particular a literatura no Brasil é restrita, não se encontrando muitas fontes a respeito.

O estudo teve como foco uma biblioteca particular específica, a Biblioteca Professor Osni de Medeiros Regis, com o objetivo de “contar” sua história, descrever seu acervo e divulgar a contribuição das bibliotecas particulares para com a área de Biblioteconomia. Os dados levantados apontaram para uma contribuição tanto como fonte de informação, quanto de pesquisa, visto que é um tema que possui relevância para a área.

Portanto, os objetivos lançados para a construção deste artigo que transcorreu sobre a história da biblioteca professor Osni de Medeiros Regis, sua estrutura e acervo, a reflexão acerca das bibliotecas particulares na Biblioteconomia foram alcançados. Além disso, o artigo mostra que, mesmo na singularidade de sua atuação, a Biblioteca está inserida nas ações culturais da cidade uma vez que é procurada para eventos e contribui para a discussão sobre a missão das bibliotecas. Conclui-se, assim, que esse assunto é pertinente e necessário para a Biblioteconomia contemporânea, uma vez que as bibliotecas particulares possuem acervos especializados que precisam ser tratados, geridos e organizados pelos profissionais da informação.

Dessa forma, por todos os elementos já apresentados ao longo desse artigo é forçoso afirmar que pesquisas como essa - na medida das possibilidades - deveriam estar em desenvolvimento por outros bibliotecários. Isto porque a História das Bibliotecas Particulares ainda é um cenário em construção para a área e apresenta possibilidades de desenvolvimento e descobertas.

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  • Checagem antiplagiarismo
  • JITA:

    DG. Private libraries.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    19 Set 2018
  • Aceito
    07 Set 2019
  • Publicado
    24 Set 2019
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