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A RESPONSABILIDADE POLÍTICA CORPORATIVA POR ATOS DE VIOLÊNCIA NO PASSADO: A COLABORAÇÃO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL COM A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA

CORPORATE POLICY RESPONSIBILITY FOR ACTS OF VIOLENCE IN THE PAST: VOLKSWAGEN DO BRASIL'S COLLABORATION WITH THE BRAZILIAN CIVIL-MILITARY DICTATORSHIP

RESPONSABILIDAD DE LA POLÍTICA CORPORATIVA POR ACTOS DE VIOLENCIA EN EL PASADO: LA COLABORACIÓN DE VOLKSWAGEN DO BRASIL CON LA DICTADURA CIVIL-MILITAR BRASILEÑA

RESUMO

Este artigo tem como objetivo compreender a responsabilidade das corporações no presente por seus atos de violência cometidos no passado à luz do conceito de responsabilidade política de Hannah Arendt (2004)________________ Pensamento e Considerações morais. In: Arendt H. Responsabilidade e Julgamento. Tradução de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras (Obra original publicada em 1971), 2004b. e Karl Jaspers (2018)JASPERS, K. A Questão da Culpa: a Alemanha e o Nazismo. São Paulo. Editora Todavia, 2018[1965].. Para tanto, analisamos o caso da colaboração da Volkswagen do Brasil com a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), compreendendo suas ações no presente como orientadas pela responsabilidade política, resultado da existência de um senso de comunidade organizacional. O argumento que defendemos é o de que a lógica de continuidade ainda é um ponto sensível na teorização sobre responsabilidade histórica corporativa e que a responsabilidade das corporações por crimes, violações dos direitos humanos, má conduta ou qualquer ato passível de contestação cometidos no passado perpassa diferentes gerações de gestores porque as corporações no presente possuem responsabilidade política e não (necessariamente) só responsabilidade moral. Concluímos, portanto, que a responsabilidade política existente em uma comunidade explica por que gestores assumem a responsabilidade por atos cometidos por seus antecessores. Neste sentido, ao promover o debate sobre responsabilidade política, o artigo contribui (1) para a teorização da responsabilidade histórica na medida em que oferece uma explicação para justificar a assunção de responsabilidade de determinada organização ao longo do tempo; (2) para o seu uso como instrumento de contestação de versões oficiais de histórias empresariais acerca de atos e eventos de seu passado; e (3) para a compreensão das organizações como comunidades políticas cujo senso de comunidade (sensus communis) pode ajudar a compreender tanto a permanência (intencional ou não) de determinadas características organizacionais ao longo do tempo como o compartilhamento de ideias e de propósito entre seus membros que orienta, ao mesmo tempo, um curso de ação individual e de responsabilidade coletiva.

Palavras-Chave:
Responsabilidade Política; Responsabilidade Histórica Corporativa; História Organizacional; Ditadura Civil-Militar Brasileira; Volkswagen do Brasil

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