Trabalho emocional |
Hochschild (2012HOCHSCHILD, A. R. The managed heart: commercialization of human feeling. Berkley: University of California Press, 2012.), Chapkis (1997CHAPKIS, W. Live sex acts: women performing erotic labor. New York: Routledge, 1997.), Brents e Jackson (2013BRENTS, B. G.; JACKSON, C. A. Gender, emotional labour and interactive body work: negotiating flesh and fantasy in sex worker’s labour practices. In: WOLKOWITZ, C. et al. (ed.). Body/sex/work: intimate, embodied and sexualised labour. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2013. p. 77-92.) |
Os trabalhadores interagem com os clientes e evocam, neles, um estado emocional. Ajustam as emoções para atender às normas e expectativas culturais, relacionadas à exibição emocional. A prostituição é concebida e valorada positivamente tendo em vista um aspecto duplo: o cuidado terapêutico e de satisfação de necessidades físicas e emocionais dos consumidores. Remete também ao aspecto profissionalizante, no qual, durante a realização dos programas, são criados personagens para resguardar aspectos essenciais da personalidade e capitalizar. |
Trabalho erótico/ sexualizado |
Warhurst e Nickson (2009WARHURST, C.; NICKSON, D. ‘Who's got the look?’: emotional, aesthetic and sexualized labour in interactive services. Gender, Work & Organization, v. 16, n. 3, p. 385-404, 2009.), Sanders (2005SANDERS, T. “It's just acting”: sex workers’ strategies for capitalizing on sexuality. Gender, Work & Organization, v. 12, n. 4, p. 319-342, 2005.), Kong (2006KONG, T. What it feels like for a whore: the body politics of women performing erotic labour in Hong Kong. Gender, Work & Organization, v. 13, n. 5, p. 409-434, 2006.) |
As interações sexualizantes ou erotizantes produzem uma identidade desejável. O trabalho sexualizado é, portanto, transformador da identidade, indo além da estética. Para essa vertente, no exercício da prostituição as pessoas redefinem a própria sexualidade, que é distinta e propositalmente separada de sua identidade em outros espaços, como nas suas vidas sexuais românticas íntimas e nas relações familiares e de amizade. |
Trabalho corporal |
Crossley (1995CROSSLEY, N. Body techniques, agency and intercorporeality: on Goffman's relations in public. Sociology, v. 29, n. 1, p. 133-149, 1995.), Twigg (2000TWIGG, J. Bathing: the body and community care. London: Routledge, 2000.), Kang (2003KANG, M. The managed hand: the commercialization of bodies and emotions in Korean immigrant owned nail salons. Gender and Society, v. 17, n. 6, p. 820-839, 2003.), Wolkowitz (2006WOLKOWITZ, C. Bodies at work. London: Sage, 2006.) |
Revela a natureza material e corporificada da ação nos corpos de outrem. Envolve o cuidar, reparar, dar prazer, estetizar, treinar ou controlar o corpo de usuários e clientes. Nessa lógica, a prostituição é tratada como parte dos serviços nos quais são desenvolvidos processos de aprendizagem tátil e simbólica, tal como ocorre na enfermagem, odontologia, estéticas, ioga e em serviços de segurança. Desse modo, a prostituição é socialmente construída nos agenciamentos internos da indústria do sexo com determinações mais amplas do corpo social relacionadas predominantemente à sexualidade e classe. |
Intercorporeidade |
Crossley (1995CROSSLEY, N. Body techniques, agency and intercorporeality: on Goffman's relations in public. Sociology, v. 29, n. 1, p. 133-149, 1995.), Hales, Riach e Tyler (2019HALES, S.; RIACH, K.; TYLER, M. Putting sexualized labour in the picture: encoding “reasonable entitlement” in the lap dancing industry. Organization, v. 26, n. 6, p. 783-801, 2019.) |
Essa vertente aborda a situação na qual modos condicionados de perceber o mundo externo são materializados na interação significativa entre as pessoas. Essa materialização se dá em seus corpos e comportamentos, que trazem à existência cenários refratados desse mundo externo. Pessoas em situação de prostituição desempenham, provisoriamente, subjetividades particulares ao articular, nessas configurações mercadológicas, seus corpos e capacidades afetivas. |
Trabalho corpóreo e estético |
Tyler e Taylor (1998TYLER, M.; TAYLOR, S. The exchange of aesthetics: women’s work and “The Gift”’. Gender, Work & Organization, v.5, n. 3, p. 165-71, 1998.), Wolkowitz (2006WOLKOWITZ, C. Bodies at work. London: Sage, 2006.), Witz, Warhurst e Nickson (2003WITZ, A., WARHURST, C.; NICKSON, D. The labour of aesthetics and the aesthetics of organization. Organization, v. 10, n. 1, p. 33-54, 2003.), Warhurst e Nickson (2009) |
Os corpos dos trabalhadores fazem parte do hardware organizacional. Eles mobilizam, desenvolvem e mercantilizam disposições corporificadas por meio de processos de recrutamento, seleção e treinamento, transformando-os em habilidades que são voltadas para a produção de estilos de serviço. Analisa a corporalidade de trabalhadores na interação estabelecida com consumidores. Nessa vertente, os corpos são estrategicamente geridos, com ênfase na aparência e no comportamento para apelar aos sentidos dos clientes e cumprir requisitos mercadológicos. |
Trabalho sujo |
Hughes (1962HUGHES, E. C. Good people and dirty work. Social problems, v. 10, n. 1, p. 3-11, 1962.), Ashforth e Kreiner (1999ASHFORTH, B. E.; KREINER, G. “How can you do it?”: dirty work and the challenge of constructing a positive identity. Academy of Management Review, v. 24, n. 3, p. 413-434, jul. 1999.), Bolton (2004BOLTON, S. Emotion management in the workplace. London: Palgrave Macmillan, 2004.), Grandy e Mavin (2012GRANDY, G.; MAVIN, S. Doing gender in dirty work: Exotic dancers’ construction of self-enhancing identities. In: SIMPSON, R. et al. (ed..). Dirty work: concepts and identities. London: Palgrave Macmillan, 2012. p. 91-112.) |
A prostituição é considerada um trabalho insalubre e imoral. A identidade das pessoas em situação de prostituição é constituída em cenários estigmatizados e hierarquizados por aspectos relacionados à sexualidade em geral, a estigmas particulares da prostituição e a demarcações morais de diferentes ocupações. |