RESUMO
Finalidade:
Este artigo investiga as representações discursivas relacionadas ao racismo de empregadores e gestores de recursos humanos brasileiros sobre trabalhadores imigrantes contratados.
Abordagem teórica:
A teoria sócio-cognitiva proposta por Van Dijk é apresentada juntamente com estudos sobre as representações discursivas dos imigrantes.
Metodologia:
A pesquisa qualitativa utilizou entrevistas semiestruturadas com 12 empregadores nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A análise dos dados baseou-se na análise crítica do discurso (ACD), na abordagem sociocognitiva de Van Dijk.
Constatações:
A pesquisa mostrou que o discurso dos empregadores parte do pressuposto de que os trabalhadores imigrantes: i) são mais eficientes do que os brasileiros; ii) se sujeitam a qualquer tipo de trabalho; iii) se destinam a trabalho não qualificado e árduo; iv) ameaçam os brasileiros (diferentes identidades culturais; diferentes valores comunitários; podem ser criminosos; são propagadores de doenças); e v) são um fardo econômico. O discurso do empregador brasileiro mantém e perpetua todas as características do ideário racista e dificulta o ingresso de imigrantes no mercado de trabalho brasileiro, forjando práticas de dominação que favorecem a desigualdade social.
Originalidade:
Este estudo contribui para alargar o âmbito de análise da ACD na investigação de empregadores e imigrantes. Também dialoga e contribui com a literatura brasileira sobre ACD ao adotar especificamente a abordagem sociocognitiva de Van Dijk em vez de Fairclough, mais comumente utilizada.
Palavras-chave:
Análise crítica do discurso; Abordagem sociocognitiva de Van Dijk; Imigração Sul-Sul; Empregadores; Ideologia racista