... atitude muito bonita delas, né, umas pessoa muito boa, não têm preconceito com as pessoas pobre, né e vêm visitar... (F1)
... como no dia que eles chegaram aí, que eu tava fazendo bolinho, comeram até bolinho... que eu fiz... (F2)
... era uma visita que era um prazer da gente dialogar com elas, conversar com eles, a gente se abrir com eles... (F3)
Que outras universidades também tivessem esse elo de ligação entre o ser humano e o profissional, né, que não tem muita diferença, mas, o bom profissional, ele se forma conhecendo a realidade... Então, assim, é altamente positivo, nota dez pros alunos, né... (F5)
... nera bom se pudesse pegar outras diferente, sabe, pra passar pras outras pessoas as mesmas coisas que elas passavam pra gente, sabe... Seria bom... A sugestão seria abranger pra outras famílias. (F8)
... a gente conversava bastante, coisas sérias, sobre a minha vida, conheceram um pouco de mim e da minha família e eu conheci um pouco de cada uma delas... bem legal, bem espontâneo... (F13)
Aprender a dar banho, aprender a trocar fralda daquelas crianças pelas mãos dos alunos, na verdade formaram uma grande família, né, instituição e a família, a família e a instituição... Ficou aquele elo de ligação que os anos nunca vão apagar. Por mais que a distância separe esses seres humanos, aquele momento, aquela coisa boa que aconteceu vai ficar guardado pro resto da vida. (F14)
... a gente dialoga com elas, conversa com elas, a gente se abre com elas, eu mesma, eu tenho... assim... bom, eu consegui me abrir tanto com elas, peguei um carinho com aquelas menina, sabe, a minha franqueza, eu me abri com elas... (F16)
Aquele carinho que elas têm com nós, que vocês têm com nós aqui. Vocês vêm de lá...ládo outro lado, pra escutar nossos... como vou te dizer assim nossos problemas, a atenção que dão pra nós. (F20)
Era bom... a gente gosta demais delas... porque eu gosto muito deles, amo eles. (F21)
... mas eu tinha um carinho por aquelas meninas, coisa mais incrível a ligação que tinha com elas... (F23)
... elas pra mim eram assim como minhas filhas, quando chegam, pra mim parece que chegaram minhas filhas... (F26)
...elas já faziam parte da minha família... As crianças diziam: 'Ó, mãe, tuas filhas tão chegando...' (F31) |
Na primeira visita eu me choquei muito. Decepcionei-me e achei que não iria fazer nada. A casa de uma peça, com uma porta e uma janela não tinha nada... Só tinha uma cama, um fogão , um sofá velho, as roupas e comidas penduradas nas paredes, o carpete do chão todo molhado, o esgoto da patente corria na frente da casa. Ali moram a mulher e seis filhos. Mas ao longo das visitas, a mãe e os filhos conseguiram aumentar um pouco a casa. Aí a gente fica pensando: como podem viver nesta situação? A gente reclama de tantas coisas fúteis, mas aí você se dá conta que as crianças vivem felizes mesmo não tendo nada . (E1)
Quando a gente chegava lá, ela logo perguntava quando seria a próxima visita. Ela sempre nos recebeu muito bem. Ela não sabia o que fazer primeiro de tão feliz. (E3)
Nas primeiras visitas, a gente ia lá e percebíamos que não tínhamos nada para fazer. Solicitamos para a professora trocar de família, mas aí ela nos fez pensar que precisamos olhar para o entorno e aos poucos fomos percebendo, que eles não tinham uma doença aparente, mas uma necessidade imensa de conversar. Eles não paravam de conversar. Sempre nos esperavam ansiosamente para contar a sua vida. (E4)
Na primeira visita, eu pensei que eu iria ensinar e levar muito conhecimento para as famílias. Mas, Já no primeiro encontro percebi que eles tinham todas as informações sobre tudo. Eles reciclam o lixo, eles têm uma horta maravilhosa, eles recolhem toda a água da chuva para as plantas... Eles fazem muitas coisas que eu não faço na minha casa... Eu aprendi muito com eles. (E5)
O sentimento que fica é de uma grande lição de vida... Mesmo com todos os problemas eles estavam sempre animados e felizes e a gente às vezes reclama por tão pouco. (E6)
A casa da nossa família está em péssimas condições. A qualquer momento pode cair. A cada chuva forte, eu rezo e peço a Deus para que proteja a casa, por que ele tem um nenê de dois meses. Até agora já conseguimos fazer parcerias para conseguir todo o material de construção e um profissional para fazer a planta da casa nova. Agora falta conseguir recursos para pagar um pedreiro. Nós precisamos ajudar a realizar este grande sonho da família (E7).
Na casa da nossa família eles não têm cadeiras para sentar. Eu sempre me perguntava como e onde as meninas estudam? Certo dia fui lá e vi as duas se revezando numa cadeira velha que se encontrava fora da casa. Aí perguntei onde estudavam nos dias de chuva, elas só me olharam e não responderam. (E8) |
Ser mediadora de uma atividade teórico-prática inovadora não parece, à primeira vista, ser tão simples aos olhos cientificizados e viciados pelo saber hegemônico. Foi preciso, inicialmente, repensar valores e crenças pessoais, questionar a própria prática do ser e pensar enfermagem, bem como rever o próprio conceito de saúde, reduzido à ausência de doença. Acompanhar os acadêmicos nas visitas às famílias, criar vínculos afetivos e efetivos, significa romper preconceitos, ampliar olhares e acreditar que é possível sonhar com uma prática mais empreendedora e transformadora das reais necessidades da população. (P1)
Por vezes me sentia confusa e insegura, principalmente ao me deparar com situações de conflito - brigas familiares ou entre vizinhos...nãotinha clareza de como conduzir aquelas situações complexas com os acadêmicos. (P2)
Ao acompanhar os alunos nas visitas domiciliares, tivemos a oportunidade de vivenciar uma realidade até então distante do nosso cotidiano. Repensar valores, observar culturas e educações diferentes das nossas instigou a reavaliar conceitos que tínhamos até aquele momento. A prática de enfermagem deve estar presente em todos os contextos sociais e culturais, atuando em prol do ser humano. (P3)
Esse processo transcendeu o cotidiano acadêmico para o cultural e social pelo diálogo com os diferentes saberes [...] possibilitou um repensar ético, pautado na autonomia dos sujeitos. (P4)
O papel do docente, enquanto facilitador de ações na comunidade, necessita estar em consonância com as condições estruturais, a cultura, os valores, a acessibilidade aos serviços de saúde e aos mecanismos básicos da vida em sociedade, a fim de instigar o diferente. Ações deste gênero, as quais levam os alunos a vivenciarem a realidade dos determinantes de saúde, amplos e complexos, tornam-se mais desafiadoras quando a atenção à saúde está direcionada às famílias submetidas a inúmeras vulnerabilidades... (P5)
Nunca pensei que a presença da gente marcasse tanto. Lembro que perguntei para a mãe da nossa família, de 24 anos, se estava pensando em continuar os estudos. Logo ela me respondeu que não daria em função dos filhos pequenos... mas na próxima visita ela logo nos contou que havia ido atrás da possibilidade de continuar os estudos. Logo lembrei da importância da nossa fala e presença. Ela se sentiu instigada. (P7) |
... até agora gosto, eu sinto falta deles. Nós choramos. A gente sente falta deles... Queria que elas voltassem. (F39)
Olha, vou te dizer, ficou na saudade... Faz um tempo que eles não vêm, né, e eu tô achando falta delas agora, sabe, aquele contato do dia a dia. (F43)
Olha, que eles sejam muito felizes, muito obrigado pelo que fizeram pela gente. (F54)
Que a gente tem que ter paciência, né, que problemas todo mundo tem, que a gente tem que ser paciente e que a gente sempre alcança uma solução. Por mais difícil, por mais complicado que seja, a gente sempre alcança uma solução. Nada é impossível! Se a gente batalhar, persistir, tocar adiante, tudo a gente consegue. Foi mais ou menos assim que eu entendi. (F72) |
Na nossa família os filhos não visitavam mais os pais. Com a nossa presença, eles começaram a se aproximar... A gente acha que eles se sensibilizaram pelo fato da gente se interessar. (E9)
Agora a gente já conseguiu criar um grupo de famílias... Eles se encontram uma vez por semana. No início ela sempre dizia que estava tudo bem. Mas na medida em que íamos formando o vínculo, ela começou a se abrir e nos contou que o marido seguidamente batia nela. (E10)
O menino que no início não falava nada, aos poucos começou a se comunicar. Nos dava abraços e já nos mostrou os pintinhos. (E11) |
No início a gente se sentia de mãos amarradas... Frustramo-nos muitas vezes. Achávamos que as nossas visitas não serviam para nada. Mas no final, quando a gente parou para pensar, a gente se deu conta das transformações que ocorreram. (P8) |