A formação e o processo de trabalho na Residência Multiprofissional em Saúde como estratégia inovadora

RESUMO

Objetivo:

Refletir a formação em saúde e o processo de trabalho nos três programas de residência multiprofissional do município de Florianópolis/SC.

Método:

Trata-se de um estudo reflexivo acerca dos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde do município de Florianópolis.

Resultados:

A Residência Multiprofissional caracteriza-se por formar profissionais de saúde por meio da educação em serviço. Desenvolvendo a especialização desses profissionais com atribuições que promovem o exercício profissional, e ao mesmo tempo enaltecem o trabalho multiprofissional, para a excelência no cuidado integral à saúde.

Considerações finais:

Os Programas de Residência Multiprofissional realizam a formação interdisciplinar, partilhando os saberes entre os residentes e demais profissionais e estimulando o desenvolvimento de competências voltadas para a busca pela inovação.

Descritores:
Prática Profissional; Internato e Residência; Educação de Pós-Graduação; Pessoal de Saúde; Relações Interprofissionais

ABSTRACT

Objectives: To

reflect about education in health and work process on three programs of multiprofessional residency in Florianópolis/SC.

Method:

Reflexive study about Multiprofessional Residency Health Programs of Florianópolis.

Results:

Multiprofessional Residency characterizes training health professionals through service education. Developing these professionals’ specialization with assignments that promote professional exercise and magnifies multiprofessional work at the same time, for excellency in unabridged healthcare.

Final Considerations:

Multiprofessional Residency Programs make interdisciplinary education, sharing knowledge between residents and other professionals stimulating development of innovation skills.

Descriptors:
Professional Practice; Internship and Residency; Euducation, Graduate; Health Personne; Interprofessional Relations

RESUMEN

Objetivo:

Reflexionar sobre la formación en salud y el proceso de trabajo de los tres programas de residencia multiprofesional de la ciudad de Florianópolis, Santa Catarina.

Método:

Se trata de un estudio reflexivo sobre los Programas de Residencia Multiprofesional de Salud de la ciudad de Florianópolis.

Resultados:

La Residencia Multiprofesional está caracterizada por la capacitación de los profesionales de la salud mediante la educación en servicio, desarrollando la especialización de dichos profesionales con atribuciones que promueven el ejercicio profesional, y al mismo tiempo exaltan la labor multiprofesional para alcanzar excelencia en la atención integral de la salud.

Consideraciones finales:

Los Programas de Residencia Multiprofesional llevan a cabo una formación interdisciplinaria, comparten saberes entre los residentes y demás profesionales y estimulan el desarrollo de habilidades volcadas hacia la búsqueda de la innovación.

Descriptores:
Práctica Profesional; Pasantía y Residencia; Educacíon Postgrado; Personal de Salud; Relaciones Interprofisionales

INTRODUÇÃO

A pós-graduação brasileira, regulamentada em meados da década de 1960, tomou impulso devido à necessidade de fortalecer a formação avançada. Está aliada à demanda por capacitação profissional e desenvolvimento acadêmico, com o intuito de promover e potencializar a expansão do nível superior, sendo classificada em stricto sensu e lato sensu. A modalidade stricto sensu abrange os cursos de mestrado e doutorado acadêmicos, voltados para a carreira acadêmica, além de mestrado e doutorado profissionais. A pós-graduação lato sensu é reconhecida pelas especializações e residências, voltadas para profissionais vinculados a empresas, serviços e organizações públicas⁽¹⁾.

Os programas de residência, inseridos nesse contexto, caracterizam-se por área: residência profissional da saúde (uniprofissional) e multiprofissional em saúde. Esses programas voltam-se essencialmente para a educação em serviço. Possuem duração mínima de dois anos e regime de dedicação exclusiva, com uma carga horária de 5.760 horas, distribuídas em 60 horas semanais⁽²⁾.

A residência multiprofissional é um modelo de formação inovador, que busca explorar novos horizontes, atendendo as necessidades de saúde no nível em que está inserida. Nesse tipo de residência, há integração de saberes e conhecimentos de diferentes áreas profissionais a fim de qualificar o trabalho fundamentado nos princípios e diretrizes do SUS. Para tanto, utiliza-se de estratégias como clínica ampliada, projeto terapêutico singular e, essencialmente, assistência multiprofissional⁽³⁾.

Ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete ordenar a formação na área da saúde. Assim, os cursos de residência, em âmbito público da saúde, surgiram como uma estratégia governante para adequar a formação e qualificar os trabalhadores dessa área para o atendimento às necessidades de saúde da população e ao desenvolvimento do próprio sistema. Corroborando essa estratégia de formação do SUS, o processo de trabalho da residência multiprofissional está alinhado com seus princípios e diretrizes, embasando-se nas realidades locais e regionais, especialmente em áreas prioritárias.

Nesse contexto, a educação permanente é entendida como ações estratégicas capazes de favorecer processos formativos, de práticas assistenciais e pedagógicas, para a melhoria dos serviços. Consequentemente, os cursos de residências, como estratégia de formação, podem ser considerados uma forma de educação permanente. Por proporcionar uma reflexão aos profissionais sobre as práticas realizadas, exigem vontade e disponibilidade para mudar e aprender por meio das ações e dos cuidados realizados na prática cotidiana, visando à mudança da realidade e à ressignificação do processo de trabalho⁽³⁾.

A atuação da pós-graduação na realidade produz a expectativa de fomentar uma consciência social ampliada para o futuro, atendendo às demandas dos novos tempos, com práticas inovadoras que proporcionem renovação e inovação do país no futuro⁽¹⁾.

Em decorrência da compreensão do importante papel desempenhado pela residência multiprofissional na continuidade da formação de profissionais de saúde, experiências que retratam esse cenário de ensino, com suas potencialidades e fragilidades, oferecem elementos para aperfeiçoamento do processo de formação, podendo contribuir para a avaliação desses programas. O fortalecimento dessa modalidade de pós-graduação agrega valor substantivo para a consolidação do trabalho em saúde, com olhar multiprofissional à pessoa para quem os cuidados são prestados.

Os programas de residência multiprofissional situados em Florianópolis, no estado de Santa Catarina, desenvolvem parcerias entre as instituições de ensino e de saúde, articulando o trabalho de diferentes profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, docentes de vários cursos da área da saúde da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade do Estado de Santa Catarina. Das três residências, duas delas têm a sua área de concentração na Atenção Primária à Saúde, e uma na Atenção Terciária à Saúde.

OBJETIVO

Refletir sobre a formação em saúde e o processo de trabalho nos três programas de residência multiprofissional do município de Florianópolis.

Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde

A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (REMULTISF/UFSC) foi criada em 2002 e tem como instituição formadora a Universidade Federal de Santa Catarina. Em 2014, foi criado o segundo programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, tendo como vínculo institucional a Universidade do Estado de Santa Catarina (REMULTISF/UDESC). Ambas contam com parceria da Secretária Municipal de Saúde para a sua execução (4). O terceiro Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS/UFSC) foi criado em 2010, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina e ao Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC).

Os Programas de Residência são considerados modalidades de pós-graduação lato sensu, caracterizada pela formação em serviço e supervisionada por profissionais capacitados, sendo reestruturados constantemente de acordo com as necessidades do ensino e do serviço. Para dar suporte ao modelo pedagógico-assistencial, os programas contam com o apoio de tutores, professores, preceptores e servidores das instituições que atuam nos serviços de saúde.

A carga horária total dos cursos é dividida em atividades teóricas e práticas. Os currículos de formação contam com metodologias ativas de ensino-aprendizagem, metodologia da problematização e aprendizagem baseada em problemas. Essas estratégias são realizadas pelos residentes sob supervisão qualificada.

A metodologia ativa proporciona momentos de discussão e aprofundamento dos conhecimentos de forma multiprofissional e interdisciplinar, partindo das necessidades de aprendizado com base na prática em serviço, pactuada entre os tutores, preceptores e residentes.

O processo de ensino-aprendizado guiado pelo Projeto Político Pedagógico dos cursos prevê uma organização teórica estruturada de diferentes maneiras em cada um deles. A residência multiprofissional em saúde da família da UFSC está sustentada por dois módulos: de reflexão teórico-prático e de educação no trabalho. Já a residência multiprofissional em saúde da família da UDESC se organiza em três estratégias educacionais: teórico, prática e teórico-prática. Por fim, a residência integrada multiprofissional em saúde do HU está dividida em teórico e teórico-prática.

Os três programas contam com aulas ministradas por tutores, professores das instituições promotoras e convidados. A residência multiprofissional em saúde da família da UDESC conta ainda com a participação de preceptores e profissionais inseridos no serviço para presidir as aulas.

Embora os programas de residências multiprofissionais apresentem desenhos metodológicos diferenciados, existe um consenso com relação à defesa da utilização de metodologias ativas, participativas e de educação permanente como eixo pedagógico. Nesse processo, é comum aos três programas a participação efetiva dos estudantes e a integração entre teoria, prática e literatura, proporcionando a articulação entre o sistema de saúde e as instituições de ensino.

A integração entre as áreas que formam os programas ocorre tanto em nível teórico quanto em nível prático: no primeiro, durante as aulas; no último, durante os atendimentos, as discussões de casos e as interconsultas. Os residentes permanecem em um mesmo local de atuação ao longo da formação, mas passam por mais de um campo e realizam estágios em outros serviços e níveis de atenção, para que tenham conhecimento da referência e da contra referência entre os diversos serviços oferecidos pelo SUS.

Assim, o processo de trabalho baseia-se no trabalho multiprofissional, na perspectiva de construção do saber interdisciplinar e na prática intersetorial, por meio das estratégias de promoção da saúde, prevenção das enfermidades e acidentes, atenção curativa e reabilitação, em nível individual, familiar e coletivo. Além disso, as estratégias educacionais teóricas são norteadas para desenvolvimento de práticas multidisciplinares e interdisciplinares, no campo de conhecimento e integração entre práticas profissionais e saberes, por meio do eixo transversal de cada programa.

O aperfeiçoamento profissional da prática do dia a dia é uma interação para ampliar conhecimentos teóricos e possibilitar a práxis na profissão. Na perspectiva da interdisciplinaridade, os programas pretendem desenvolver, a partir da prática diferenciada, possibilidades inovadoras dos profissionais vivenciarem a atuação nos ambientes de saúde, considerando as necessidades de saúde e uma visão mais integradora e articulada dos usuários do SUS.

Dessa forma, o objetivo das residências é formar profissionais de saúde especializados através da educação em serviço para atuar de maneira multiprofissional, seguindo sempre os princípios e diretrizes do SUS, além de privilegiar espaços de conhecimento que visam à discussão e reflexão sobre o SUS e de promover o aperfeiçoamento progressivo nos âmbitos profissionais e científicos.

Embora haja similaridade entre os programas, o número de vagas disponibilizadas para cada profissão difere (Quadro 01).

Quadro 1
Número de vagas disponibilizadas nos programas de residência de acordo com a profissão

	REMULTI/UFSC	PREMULTI/UDESC	RIMS/UFSC
Ed. Física	02	04	-
Enfermagem	03	16	09
Farmácia	02	04	05
Fisioterapia	-	04	02
Fonoaudiologia	-	-	02
Nutrição	02	04	04
Odontologia	02	08	02
Psicologia	-	02	06
Serviço Social	02	02	06
Total de Vagas	13	44	36

Fonte: Extraído do edital nº 008/2018 da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis e do edital nº 02/2018 da COREMU.

As profissões de enfermagem, farmácia, nutrição, odontologia e serviço social dispõem de vagas nos três programas de residência, enquanto que educação física, fisioterapia e psicologia possuem vagas em dois programas. Já a fonoaudiologia está presente somente em um dos programas citados.

Refletindo sobre a formação na residência

O principal objetivo da residência multiprofissional é o ensino e a formação de profissionais da saúde por meio da educação em serviço. Para tanto, fomenta a especialização desses profissionais com atribuições que promovem o exercício profissional com excelência no cuidado integral à saúde, envolvendo as pessoas, as comunidades, a gestão e a educação em saúde, com vistas sempre à qualidade de vida do usuário⁽⁴⁾.

Desse modo, adota um processo de trabalho integrado aos princípios da Atenção Primária à Saúde. O processo de trabalho é considerado em sua dimensão subjetiva como dinâmico, ao possibilitar mudanças no seu modo de produção, com capacidade de movimentar as pessoas em seu núcleo operativo. Essa subjetividade constitui as redes de atenção, estabelecidas a partir de fluxos conectivos, que estabelecem relação entre usuários e trabalhadores, visando a integralidade do cuidado⁽⁵⁾.

Um estudo realizado em 2015 mostrou que os residentes acreditam ser de suma importância, para o desenvolvimento da assistência com qualidade, a integração entre as variadas áreas dos profissionais da saúde. Dessa forma, pode-se dizer que o trabalho em equipe multiprofissional requer objetivos comuns, que implica compromisso e responsabilidade compartilhados, além de integração entre os métodos utilizados para o cuidado, sendo imprescindível a clareza quanto ao papel e à função de cada um dos profissionais⁽⁴⁾.

Entende-se como multiprofissionalidade o vínculo entre as distintas profissões que atuam de maneira integrada e articulada com o objetivo de garantir melhor a integralidade do cuidado à saúde⁽⁶⁾. A multiprofissionalidade acontece, principalmente, com base em momentos de discussões de casos, seja no cotidiano do trabalho com os residentes e profissionais das diversas áreas, seja nas aulas que são oferecidas. É importante lembrar também que, além dos profissionais, há ainda a integração com estudantes de distintos cursos de graduação.

A presença dos residentes no cotidiano de trabalho dos profissionais resulta no aumento da capacidade da equipe de solucionar os problemas de saúde dos usuários. Os residentes representam um apoio ao prestar cuidados através da troca de conhecimento e saberes, proporcionado pela discussão de casos e pela tomada de decisão para realização do cuidado de saúde ao usuário⁽⁷⁾. Além dos profissionais que atuam nos serviços de saúde nos quais o residente está inserido, há também os preceptores e tutores, que são componentes chave para o sucesso da tríade na formação.

Os preceptores são profissionais que atuam nas instituições de saúde e supervisionam as atividades práticas do residente, a fim de adequá-las ao modelo teórico-metodológico dos cursos de residência⁽²⁾. Promovem ensino e aprendizagem no cenário da prática, aprimorando conhecimentos, habilidades e competências adquiridas fora do ambiente das Instituições de Ensino Superior (IES), inclusive referentes à experiência profissional, aspectos humanos e pessoais, tais como valores, sentimentos, visão de mundo, que são relevantes para a formação de um profissional de saúde⁽⁴⁾. Além disso, fortalecem a articulação da teoria com a prática, através do reconhecimento de problemas, da busca por explicações ou soluções e da tentativa de transformar a realidade⁽³⁾.

É coerente afirmar que o preceptor atua de forma estratégica no processo de ensino, ocupando posição decisiva na composição e no funcionamento das redes de saúde e educação. Trata-se de um grande desafio, pois, além de exercer bem a profissão e suprir as demandas do serviço, é preciso articular o que é pactuado nas IES com a dinâmica dos Centros de Saúde, estimular e desenvolver o senso crítico nos residentes, motivá-los a agir interdisciplinarmente e, ainda, atuar como apoiador e exemplo profissional.

Esse desafio, no entanto, transforma-se em uma experiência muito valiosa, pois promove uma constante reflexão sobre o trabalho desenvolvido e a estrutura do serviço, além de despertar o interesse pela busca por conhecimento e aprimoramento do processo de trabalho. Assim, a atuação do preceptor torna-se mais elaborada, resolutiva, integral e humanizada, o que traz benefícios para o serviço.

Os tutores são profissionais de, no mínimo, três anos de experiência profissional, cuja função se caracteriza pela realização de atividade de orientação acadêmica de preceptores e residentes⁽²⁾. O termo “tutor” é utilizado para designar funções daquele que estimula a “aprender a aprender” no contexto da aprendizagem baseada em problemas, o que, muitas vezes, se confunde com a função do preceptor⁽⁸⁾. No entanto, os tutores não se inserem com a mesma intensidade no campo da prática que os preceptores, apesar de ser de fundamental importância o acompanhamento das atividades para a compreensão da realidade do serviço e o estabelecimento das mediações teórico-práticas entre preceptores e residentes⁽⁹⁾.

Pelo fato de os tutores geralmente serem vinculados às IES, destinando grande parte da carga horária docente a essas instituições, há dificuldades de aproximação com a realidade do serviço⁽⁹⁾. No entanto, a tutoria é uma oportunidade de troca de experiência, reflexão sobre processos de trabalho e contribuição para a formação de novos profissionais⁽¹⁰⁾. Os tutores e preceptores necessitam de capacitação, especialização e qualificação frequentes referente à metodologia de cada programa, uma vez que o desconhecimento quanto à inserção do profissional residente nas instituições revela-se como um problema^(9-10).

Os preceptores e tutores possuem uma grande quantidade de atividades assistências. Dessa forma, o profissional que atua nesse processo de ensino e aprendizagem com os residentes não dá conta de realizar toda a atividade atribuída a ele. O afastamento desses profissionais, devido à grande demanda assistencial e à sua carga horária extensa, impossibilita a discussão de casos e temas específicos com os residentes. Assim, dificulta a criação de vínculo entre eles, impedindo o planejamento e a realização das atividades de maneira supervisionada e conjunta^(4,9).

Dessa forma, a atuação do preceptor e tutor junto com o residente propicia que as instituições de saúde reflitam e modifiquem, se necessário, suas práticas através da atuação profissional, quando é realizada a articulação da teoria com a prática diariamente, melhorando suas as ações. No que tange aos residentes, é esperado que adquiram e tenham atitudes críticas e reflexivas para identificarem situações que necessitem de alternativas estratégicas e revolucionárias a fim de gerar mudanças que visam à consolidação do SUS.

Sabe-se que o aprendizado adquirido nos momentos das atividades teóricas não deve se desvincular das atividades realizadas na prática. Dessa forma, o residente e o preceptor necessitam compreender que competência possui o residente para atuar de maneira multidisciplinar e interdisciplinar nos seus locais de prática. Assim, a formação dos residentes precisa ser entendida como um processo e não como algo isolado, uma vez que, através disso, o profissional pode ter a capacidade de desenvolver suas competências no sistema de saúde.

Ao estimular o desenvolvimento de competências, os programas de residência oportunizam aos profissionais da área da saúde a possibilidade de sentirem-se alunos novamente, o que abre espaço para a busca pela inovação, por meio dos conhecimentos teórico-assistenciais associados à criatividade. A inovação trazida pelos programas de residência concentra-se em inserir os residentes na realidade dos serviços e, com um olhar interdisciplinar, em buscar a inovação, a resolução dos problemas, o desenvolvimento científico e tecnológico in loco. Nesse sentido, quando se refere ao termo inovação, engloba-se não somente a tecnologia propriamente dita, mas também a reestruturação de processos de trabalhos, a melhoria do cuidado em saúde e a inserção de cuidado multiprofissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Residência Multiprofissional em Saúde, pautada no seu processo de trabalho, possibilita um estímulo ao trabalho em equipe e a interdisciplinaridade, que são essenciais para a integralidade, a resolutividade, o fortalecimento do SUS e da integração ensino, serviço e comunidade.

Os programas de Residência Multiprofissional em Saúde de Florianópolis corroboram um dos objetivos das práticas de saúde, que é a saúde integral do paciente. Dessa forma, proporcionam um atendimento direcionado, focado nas necessidades do paciente de acordo com sua realidade e contexto social, de maneira interdisciplinar entre os profissionais, possibilitando trocas entre os saberes através das atividades executadas em equipe. Além disso, esses programas buscam uma formação multiprofissional, ou seja, uma formação na qual se compartilham saberes e conhecimentos entre os profissionais, porém, mantendo a individualidade e a particularidade de cada um.

Assim, a Residência Multiprofissional é uma oportunidade para os profissionais de saúde adquirirem uma visão integral do processo saúde e doença, associarem com os aspectos sociais, culturais e políticos, além de prepararem-se para atuar com segurança e qualidade no SUS. Para os preceptores e tutores, acrescida da experiência e dos conhecimentos adquiridos, fica a reflexão sobre o trabalho desenvolvido e a estrutura do serviço, além de despertar o interesse pela constante busca por conhecimento.

Dessa forma, o fortalecimento de tal modalidade de formação, estruturada em bases sólidas de um eixo pedagógico-assistencial, pode trazer benefícios para os futuros profissionais, preceptores, serviço e comunidade. A Residência Multiprofissional fortalece tanto no que tange à excelência na formação multiprofissional, refletindo na melhoria do cuidado integral à saúde, como também na busca por inovação e desenvolvimento científico e tecnológico in loco.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho

EDITOR ASSOCIADO: Mitzy Reichembach

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  07 Set 2020
• Data do Fascículo
  2020

Histórico

• Recebido
  30 Jan 2019
• Aceito
  29 Fev 2020