"BIRD": SALVAÇÃO PARA VIDAS EM PERIGO, OU UMA ARMA CONTRA O PACIENTE - ESTUDO PRELIMINAR^*

Resumo

Procura-se verificar aspectos relativos ao uso adequado do "Bird" e identificar o preparo adequado dos responsáveis pelo uso, pondo em relevo a importância do treinamento. É apresentada orientação sumária sobre o uso e conservação deste tipo de ventilador artificial.

Texto completo disponível em PDF.

• *
  Trabalho apresentado no XXXII Congresso Brasileiro de Enfermagem - Brasília - DF - 1980.

ANEXO I CURSO SUPERIOR DE ENFERMAGEM DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP

ANEXO II

1 - Falando sobre o "Bird"

A série de aparelhos "Bird" é utilizada como meio de respiração artificial assistida ou automática.

Caracteriza-se como sendo de pressão constante preestabelecida e de volume inspiratório variável.

Possui, aproximadamente, um peso de 2,7 kg, constituído em plástico transparente, mais resistente que o alumínio.

Pode ser operado por fontes de gases comprimidos, como ar e oxigênio, ligado a uma válvula redutora com capacidade para regular a pregão de saída para 50 libras por polegada quadrada ou três atmosferas.

Sendo um aparelho de pressão positiva intermitente, permite que se faça, sob pressão positiva, a introdução de ar e/ou O₂ nos pulmões durante a fase de inspiração. A pressão negativa que, normalmente, existe num tórax distendido durante a inspiração, será substituída pela pressão originada no aparelho. Isto contribui para ajudar a vencer a resistência ao fluxo de gás e à dilatação dos brônquios.

2 - Sua aplicação

Pode ser empregado em inaloterapia, utilizando pregão positiva como meio de carrear aerosóis para a árvore respiratória. Quanto mais lento for o fluxo dos gases, tanto mais penetram as partículas. Inspirações demoradas levam o agente até quase ao alvéolo pulmonar.

Como respirador, o "Bird" está indicado em todos os casos onde exista insuficiência respiratória aguda ou crônica, permite uma ventilação adequada com fluxos rápidos e lentos, automática ou não, de amplitude e freqüência variáveis numa faixa multo ampla.

Geralmente é conectado ao paciente através de um tubo endotraqueal ou traqueostomia, sempre com manguito. Em se tratando de um aparelho de pressão constante, predeterminada, havendo grande escape de gases, como seria o caso, se o manguito não fosse inflado, o ar corrente iria diminuir e criar a possibilidade de hipoventilação.

3 - Seu funcionamento e montagem

Para ser utilizado como respirador, o "Bird" deve ser conectado a um sistema de gases sob pressão (cilindros, compressor, ou canalização de oxigênio central em torno de 3 atm.).

De acordo com as necessidades de concentração de O₂ na mistura inspirada, o "Bird" poderá funcionar com 100% de O₂ ("air mix" empurrando para dentro) ou 40% de O₂/ar, com o venturi aberto ("air mix" puxado para fora).

Uma vez conectado ao paciente, pode-se usar de início todas as regulagens em 15. Essas posições determinam que será necessário um esforço inspiratório inicial de menos de 1cm/H₂O para ciclagem do respirador. Com o venturi fechado, deve-se aumentar o "flowrate control" para 30 ou mais, a fim de compensar a perda do fluxo, ocasionada pelo venturi desligado.

Para terapia intensiva ou prótese respiratória mais demorada, é, indispensável o uso de um nebulizador, de 500 ml, associado ou não a um acessório. Isto permite a boa umidificação e fácil contato entre a tubulação e o traqueóstomo ou tubo endotraqueal.

4 - Sua esterilização

Para sua esterilização, são necessários três recipientes para proceder a uma perfeita esterilização.

1 - Desmontar a válvula expiratória, peça por peça, em: água quente, corrente, escovar e lavar todas as peças, bem como traquéias e tubulação verde.

2 - Secar todas as peças.

3 - Recipiente 1 - Este recipiente deverá conter uma solução esterilizante na qual deverão ser submergidas todas as peças já secas, permanecendo por 30 minutos.

4 - Recipiente 2 - Este deverá conter água esterilizada, na qual deverão ser enxaguadas todas as peças retiradas do recipiente 1.

5 - Recipiente 3 - Este recipiente esterilizado e seco receberá todas as peças devidamente secas em toalhas previamente esterilizadas.

Recomenda-se proceder à troca de solução esterilizante de 10 em 10 dias e da água esterilizada diariamente.

5 - Atividades do enfermeiro

Um esquema de trabalho, onde se distinguem as funções médicas e de enfermagem, concorre para o sucesso no tratamento do paciente cam insuficiência respiratória com uso de respiradores artificiais.

As atividades de enfermagem dependem da diversidade das condições dos pacientes. Não se estabelece padrão de cuidados de enfermagem. Exigi-se para cada paciente uma avaliação e um planejamento específico.

A presença constante do enfermeiro e de sua equipe treinados para identificar falhas nos aparelhos, seu funcionamento e reações dos pacientes, promovendo a assistência integral, nos levam a crer que, somente através o processo de enfermagem, pode-se chegar a uma perfeita assistência de enfermagem.

BIBLIOGRAFIA

• ¹
  BORGES, E. D. CHIDA, A. M. — Ventilação Artificial com auxílio do Monoghan — 250 — Enf. Nov, Dim. 2 (1) : 54-59 — 1976.
• ²
  CIETTO, L. — Vantagens e Limitações no Uso de Recursos Tecnológicos na Assistência de Enfermagem ao Paciente Cardíaco. Revista Paulista de Hospitais 25 (12) : 543-548, 1977. (Trabalho apresentado na Jornada de Enf. em Cardiologia, realizada simultaneamente com o XXII Cong Bras. de Cardiologia, sob os auspícios da ABEn e SBC, em SP. em julho de 1976).
• ³
  GUINA, N. F. — Enfermagem no C.T.L Ed. Cultura Médica — 1979 — 129 a 135 págs.
• ⁴
  KALILI, E.C.E. — Accessórios do Respirador "BIRD" — Rev. da Esc. de Enf. da USP, 2(2) : set. 1968.
• ⁵
  KANNEBLAY, Z. M. — Ventilação Artificial com Auxílio do respirador "Bird" MarkT — Rev. Bras. de Enf. XXVI (2) : 148-159, abril-junho, 1973.
• ⁶
  SARAIVA, P. A. P. — Uso Clínico de Respiradores Mecânicos. Rev. Bras de Anest. 18 (1), 1968.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  1981