RESUMO
Objetivos: conhecer as concepções dos estudantes de pós-graduação em Enfermagem sobre integridade em pesquisa científica.
Métodos: estudo qualitativo, descritivo e exploratório realizado em outubro de 2020, com 40 estudantes de um programa de pós-graduação em Enfermagem de uma universidade pública do Sul do Brasil. As entrevistas tiveram ênfase na integridade científica e sua importância para as pesquisas científicas; foram realizadas usando ferramenta síncrona de comunicação e analisadas pela análise textual discursiva.
Resultados: emergiram duas categorias: “Integridade científica: a dimensão ética da pesquisa” e “Implicações do produtivismo acadêmico para a integridade científica”. Tal integridade mostra-se intrinsecamente relacionada aos elementos éticos de suporte, bem como às nuances do produtivismo e seus impactos para a integridade.
Considerações Finais: é necessária a transversalização de práticas éticas nos âmbitos de produção da ciência, para que o conhecimento seja perpetuado em harmonia com a integridade e suas representações para a comunidade.
Descritores: Estudantes de Enfermagem; Ética em Pesquisa; Pesquisa em Enfermagem; Educação de Pós-Graduação de Enfermagem; Revisão de Integridade Científica
ABSTRACT
Objectives: to understand the conceptions of postgraduate Nursing students regarding integrity in scientific research.
Methods: a qualitative, descriptive and exploratory study conducted in October 2020, with 40 students from a postgraduate program in Nursing from a public university in Southern Brazil. The interviews had an emphasis on scientific integrity and its importance for scientific research; they were conducted using synchronous communication tool and analyzed by textual discourse analysis.
Results: two categories emerged: “Scientific integrity: the ethical dimension of research” and “Implications of academic productivism for scientific integrity”. Such integrity is intrinsically related to the supporting ethical elements, as well as to the nuances of productivism and its impacts on integrity.
Final Considerations: the cross-sectionalism of ethical practices is necessary in the production spheres of science, so that knowledge is perpetuated in harmony with integrity and its representations to the community.
Descriptors: Nursing Students; Ethics Research; Nursing Research; Postgraduate Nursing Education; Scientific Integrity Review
RESUMEN
Objetivos: conocer las concepciones de estudiantes de postgrado en Enfermería sobre integridad en investigación científica.
Métodos: estudio cualitativo, descriptivo y exploratorio realizado en octubre de 2020, con 40 estudiantes de un programa de postgrado en Enfermería de una universidad pública del Sur brasileño. Las entrevistas tuvieron énfasis en la integridad científica y su importancia para las investigaciones científicas; fueron realizadas usando herramienta síncrona de comunicación y analizadas por el análisis textual discursivo.
Resultados: emergieron dos categorías: “Integridad científica: la dimensión ética de la investigación” e “Implicaciones del productivismo académico para la integridad científica”. Tal integridad se muestra intrínsecamente relacionada a los elementos éticos de base, así como a los matices del productivismo y sus impactos para la integridad.
Consideraciones Finales: es necesaria la transversalidad en ética en los ámbitos de producción de la ciencia, para que el conocimiento perpetúe en armonía con la integridad y sus representaciones para la comunidad.
Descriptores: Estudiantes de Enfermería; Ética en Investigación; Investigación en Enfermería; Educación de Postgrado en Enfermería; Revisión de Integridad Científica
INTRODUÇÃO
A definição do termo “integridade” tem seus primórdios no latim (integritas, atis), ou seja, é o estado ou característica de ser pleno, completo, bem como de não ter sido submetido a manipulações; e, por derivação, é sinônimo de honradez e retidão. Apesar de vinculada às características de uma existência física inalterada, permite a alusão aos vínculos abstratos da moralidade e da austeridade, adquirindo características de proteção ou resguardo, em detrimento de intervenções extrínsecas que venham a causar prejuízo(1).
A integridade na ciência pode ser correlacionada a valores presentes na investigação científica, garantindo uma produção de conhecimento isenta de desonestidades e reproduzindo resultados eficazes. Assim, aspectos morais que convergem com resultados íntegros e transparentes são características fundamentais para pesquisadores e profissionais envolvidos no âmbito da saúde. Logo, a geração de conhecimento eticamente límpida e o repúdio às possibilidades de corrompimento integram a práxis da integridade na ciência(2).
Nesse sentido, a transparência científica é fundamental para que a pesquisa seja revertida de forma eficaz para a comunidade. Destaca-se, com base em uma revisão integrativa da literatura, que as principais motivações para más condutas encontraram justificativas em questões vinculadas à vaidade individual, como o reconhecimento e o prestígio, agregados a um substancial senso competitivo proveniente da necessidade de produção(3).
No que tange ao produtivismo acadêmico, configura-se como relevante o pensar crítico a respeito das produções precipitadas, regidas pela lógica quantitativa. Assim, as vertentes que fomentam esse produtivismo devem ser amplamente discutidas, visto que, se por um lado as posturas de integridade e ética são exigidas e fiscalizadas, por outro lado esse pensamento não pode estar indiferente ao contexto de fomento à ciência, que envolve a necessidade de produzir. Dessa forma, o preparo para uma ciência impulsionada nas premissas da integridade não pode estar dissociado de um raciocínio crítico reflexivo sobre a temática e suas representações no âmbito científico(4). Isso posto, tornam-se necessárias análises profundas acerca da integridade, envolvendo discussões técnico-científicas relativas ao tema e abrangendo os espaços acadêmicos e as organizações públicas de forma global(5).
Destarte, salienta-se a relevância dos espaços educacionais nesse contexto, bem como do protagonismo do estudante, perpassando os princípios éticos para além de regulamentações burocráticas demandadas pelas atividades acadêmicas, o que contribui para o seu desempenho também como ser humano e social(6-7). Para tanto, é fundamental o incentivo a condutas que integrem valores e boas práticas no âmbito acadêmico, de forma contínua, por intermédio de iniciativas que mitiguem desonestidades científicas(6).
Outrossim, enfatiza-se a importância de estudos que envolvam a ética e a integridade na ciência dentro do ambiente de formação, a fim de fomentar o enriquecimento do conhecimento e possibilitar, dessa forma, intervenções para fortalecer a transparência e a credibilidade da ciência. Isso justifica a realização desta pesquisa.
Diante do exposto, emerge a seguinte questão de pesquisa: Quais são as concepções dos estudantes de pós-graduação em Enfermagem acerca da integridade na pesquisa científica?
OBJETIVOS
Conhecer as concepções dos estudantes de pós-graduação em Enfermagem sobre integridade em pesquisa científica.
MÉTODOS
Aspectos éticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sendo respeitadas as determinações legais da Resolução 510/16 que regulamenta a pesquisa na área das Ciências Humanas e Sociais(8). Foi disponibilizado e apresentado para os participantes, que aderiram de forma espontânea, orientações para assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) por meio eletrônico.
Tipo de estudo
A metodologia utilizada para a construção deste estudo foi qualitativa, exploratória e descritiva, guiada pelas diretrizes do instrumento Standards for Reporting Qualitative Research: a Synthesis of Recommendations (SRQR)(9).
Procedimentos metodológicos
Cenário do estudo
A pesquisa foi realizada no mês de outubro de 2020, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, de uma universidade pública da Região Sul do Brasil que possui conceito 5 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tal programa de pós graduação teve início no ano de 2001, e os primeiros ingressos no curso de mestrado ocorreram em 2002. Em relação ao curso de doutorado, o início deu-se em 2009. O quadro docente é composto por 17 professores, dos quais 15 são permanentes e 2 colaboradores. São 101 estudantes de pós graduação matriculados, dos quais 59 cursam o doutorado; e 42, o mestrado.
Fonte de dados
Participaram do estudo 40 estudantes. Entre eles, 22 doutorandos e 18 mestrandos, contemplando diferentes áreas de formação profissional, como Biologia, Direito, Enfermagem e Medicina. Foram estabelecidos como critérios de inclusão: estar devidamente matriculado, no ano de 2020, no curso de mestrado ou doutorado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Critérios de exclusão: encontrar-se em situação de licença-saúde ou licença-maternidade; ter solicitado trancamento do curso.
Coleta e organização dos dados
Como método de coleta de dados, optou-se pela entrevista semiestruturada, englobando questões abertas, com ênfase na integridade científica e sua importância para as pesquisas científicas. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, com o auxílio de uma ferramenta de comunicação síncrona, em tempo real, com duração média de 30 minutos; foram gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas para análise. A seleção dos pós-graduandos foi por amostragem não probabilística por conveniência ou acesso, de forma que ocorreu de acordo com a disponibilidade. O investigador organizou o público disponível segundo a potencialidade de contribuição para o estudo(10). A quantidade da amostra deu-se em função da adesão dos estudantes à pesquisa, considerando os dados necessários para uma análise e uma interpretação consistentes, atendendo, assim, os objetivos propostos. Os contatos persistiram por três tentativas e, no caso de ausência de resposta e ou impossibilidade de participação expressa, os estudantes foram desconsiderados como participantes, conforme critérios de exclusão. O anonimato foi garantido e preservado, utilizando-se para esse fim a letra M (mestrando) ou D (doutorando) e o respectivo ano no curso, seguido de um número representando a ordem de realização da entrevista.
Análise dos dados
Para a análise dos dados, empregou-se a Análise Textual Discursiva, a qual compreendeu as seguintes fases: em um primeiro momento, o material foi submetido a uma ótica minuciosa e fracionado para que a análise permitisse a compreensão de unidades textuais menores que completassem o sentido da informação, em um processo conhecido como “unitarização”. Na segunda etapa, definida como categorização, as unidades de sentido obtidas do primeiro processo foram agrupadas considerando suas representações provenientes da interpretação, resultando em duas categorias: “Integridade científica: a dimensão ética da pesquisa”; e “Implicações do produtivismo acadêmico para a integridade científica”. Na terceira etapa, compreendida como a exteriorização da nova compreensão, procedeu-se à interpretação das informações categorizadas sob a perspectiva de uma ação dialógica empírica focada na compreensão do autor e sustentada por bases teóricas pertinentes à temática envolvida(11).
RESULTADOS
Com a análise dos dados, emergiram duas categorias que englobam de forma organizada as resultantes da análise descrita, contemplando os vislumbres da integridade científica sob a ótica dos pós-graduandos e relacionando-os a um conteúdo específico de intrínseca correlação e conotação complementar, no que tange às concepções de integridade.
Integridade científica: a dimensão ética da pesquisa
Nessa categoria, obtiveram-se resultados oriundos de uma reflexão acerca da integridade, no que se refere à dimensão ética que perpassa as formas de construir e reproduzir a ciência. Acrescenta-se que as mais variadas nuances refletem a compreensão da categoria analisada, ampliando a visão da ética e da integridade em seu conceito literal, sob o entendimento do estudante, que vislumbra a integridade científica de forma consistente, essencial e intrinsecamente relacionada aos elementos éticos de suporte que a constituem.
Todavia, salienta-se a existência de variâncias ideológicas entre os conceitos, expressando equivalência, dúvida, chegando até a completa distinção, que de forma não menos importante fomenta as reflexões sobre a integridade, ética e moral, bem como suas representações para as pesquisas científicas.
Eu não consigo ser uma pessoa íntegra sem ser ético. A ética está ligada à integridade […]. (D3.2)
Fico com dúvida […]. A integridade acho que está muita mais relacionada com a moral do que com a ética […] não tenho certeza. Esses são conceitos que não estão bem claros para mim. (M2.2)
Pra mim, ele ser ético é bem diferente de ele ser íntegro […]. (M2.10)
De forma complementar, a visão de integridade quando ligada à produção de ciência emergiu de forma sistemática, associando-se às boas práticas relativas ao rigor metodológico da pesquisa, englobando questões técnicas, normativas e éticas na relação com os participantes. Essa representação também se substancializa por meio da percepção sobre a utilização adequada de mecanismos que garantam a segurança integral de cada participante.
Integridade nos dados que vão ser coletados, para que não sejam burlados, integridade no conteúdo que vai ser exposto, tornar aquele conteúdo verdadeiro, acredito que seja isso […] fazer uma pesquisa de forma integral, de forma correta. (D1.1)
Eu penso nisso, a questão do respeito da autonomia dessa pessoa, nos riscos, nos benefícios. Eu penso nesse sentido assim, mais envolvendo aspectos éticos assim da pesquisa. (M1.1)
Portanto, o estabelecimento de uma relação inversa entre a integridade e a quebra do rigor metodológico da pesquisa se manteve constante nos relatos, tornando enfáticas as diferenças que associam a integridade ao total repúdio às práticas de desconstrução da credibilidade e da ciência.
Acrescenta-se que elementos relacionados à moralidade individual e valores profissionais do pesquisador foram elencados, dando margem para inferências de que o conceito de integridade pode estar relacionado a valores subjetivos moldados em cada indivíduo. Destarte, a necessidade de ter conhecimento sobre a área foi citada como fundamental para sustentar a concepção de integridade, evidenciando o protagonismo do pesquisador no âmbito científico e sua atuação responsável na condução das pesquisas em saúde.
Eu acho que não tem como ser íntegro sem ser ético, porque a integridade é um valor moral, a honestidade, a integridade está muito ligada à honestidade. É eu desde saber o porquê que eu estou aqui, como me relaciono com os meus colegas pesquisadores, como eu me relaciono com o objeto da minha pesquisa. (D3.2)
Conhecer a temática, respeitar, conhecer as limitações, os direitos e os deveres das pessoas as quais ele entra em contato diariamente, ou que está pesquisando e saber que resultados serão devidamente trabalhados, ou seja, não vai criar um viés, não vai ter desvios de finalidades. (D2.7)
Da mesma forma, a concepção da integridade é percebida sob uma perspectiva mais altruísta, diretamente relacionada ao compromisso dos pós-graduandos com a produção de ciência para a sociedade. Assim, aspectos como fidedignidade, imparcialidade e confiabilidade encontram se com frequência associados à integridade. Um ponto de destaque refere-se à integralidade das pesquisas quanto à capacidade do pesquisador de sintetizar as informações, mas manter em foco a ideia principal, o que vem a corroborar os elementos de confiabilidade e qualidade. Logo, os componentes supracitados complementam a percepção de que a integridade na pesquisa está relacionada ao seu potencial de transformar realidades, beneficiando a saúde de uma forma global, ou seja, destacando a importância da aplicação da produção do conhecimento nas práticas em saúde.
Tem horas que eu penso o que a gente está produzindo e o que a gente está conseguindo mudar lá na nossa prática, porque eu enxergo principalmente na nossa área uma ponte muito grande e, para mim, essa ponte, cada dia que passa, ela fica mais distante da pesquisa e da assistência, por exemplo. (D2.9)
Por conseguinte, enfatiza-se, com base nas concepções, a importância de o pesquisador organizar um processo de autorreflexão, inclusive na articulação com o tempo de execução e receptividade em relação às transformações que porventura vierem a ocorrer no caminho, para que os objetivos almejados não se desviem do compromisso com a devolutiva social e se concretizem naturalmente em uma produção imbuída de empatia, ineditismo e credibilidade. Além disso, observa se a relevância de uma neutralidade, para que o pesquisador possa adentrar na pesquisa de forma ética, refletindo o comportamento na ciência produzida e reproduzida a posteriori.
Acho que o comprometimento é um dos fatores mais importantes. O outro é o discernimento, que tem que ser suficiente para poder te manter na tua linha e entender aquilo que vai te acrescentar ou não, se te tirar do teu plumo, da tua integridade e da ética que tu acreditas que tu construíste. E, um terceiro atributo […] é a disponibilidade […] entender que, às vezes, tu te manter num caminho que vai ao encontro com a integridade e ética tu tenhas que ter mais tempo, pois tens que refazer este caminho mais de uma vez. (D1.3)
Implicações do produtivismo acadêmico para a integridade científica
Nessa categoria, a temática foi analisada partindo dos pressupostos de que fatores relacionados aos sistemas de produção acadêmica podem influenciar a integridade, bem como a perpetuação dela nas pesquisas científicas. Nesse contexto, elencam-se elementos essenciais que constituem os pilares da integridade, tendo como sustentação as premissas da qualidade, consistência do material produzido e suas implicações para a sociedade e para a ciência. Assim, mencionam-se questões como egocentrismo, busca pela visibilidade, produtivismo e conflitos de interesses como principais influenciadores da integridade científica nas produções acadêmicas. Ademais, cabe destacar que a relação discente-docente auxilia como mediadora desse processo, permeando o compromisso, a segurança e o modelo de desenvolvimento dos pós-graduandos, na marcha para o progresso da ciência e dos pesquisadores pelos caminhos da integridade.
Diante disso, destaca-se a necessidade de produção enquanto fator substancial, associada com frequência às rupturas de integridade em razão de uma quantidade variável de fatores. Essa condição, sob a ótica de muitos pós-graduandos, recorrentemente sobrepõe-se à qualidade das produções e intervenções no âmbito científico. Salienta-se que o produtivismo acadêmico, particularmente, torna-se um fator impactante nas formas de se desenvolver a ciência.
No âmbito da pós-graduação, eu vejo uma necessidade de volume de produção; e, muitas vezes, essa quantidade de volume compromete a integridade justamente porque a integridade demanda tempo e dedicação. (D2.5)
A gente precisa de quantitativo, eu sei que a gente precisa, mas deveria ter uma forma dos órgãos avaliadores nos avaliar de uma forma diferente, essas questões de cooperação […] porque senão a gente faz muita quantidade com pouca qualidade. (D1.6)
Todavia, observou-se, concomitantemente, a compreensão da necessidade do produtivismo para alimentar um sistema global, muito presente no âmbito acadêmico, que transcende as portas da pós-graduação, em que os professores também são submetidos a intensas pressões para a manutenção da produção e da qualidade.
A gente sabe que infelizmente, pelo senso comum, a gente até acaba explicando que aquilo é antiético, mas, se você não fizer, o sistema passa por cima de você [...]. Tem coisas que acontecem para o curso sobreviver, para dar nota na pós-graduação. Essa pressão toda os professores nos mostram, por que eles sofrem também. (M2.7)
Outrossim, as consequências do produtivismo podem ser ainda mais danosas, para além do desrespeito, de fragilidades metodológicas e da incipiência da qualidade, haja vista que o desenvolvimento dos sistemas e a própria dinâmica social, no tocante às políticas de atenção à saúde, são nutridos pela integridade das pesquisas científicas. Ressalta-se que as “rachaduras éticas” decorrentes do produtivismo podem culminar em impactos caóticos e potencialmente graves que ultrapassam os domínios da academia.
Se tu pensares no contexto da pandemia que a gente tem vivenciado, tinha umas pesquisas que, logo em seguida, já tinha que publicar. Só que a gente viu que algumas medicações, como a hidroxicloroquina, não tem o efeito desejado como a gente queria, só que isso influencia muito o povo. […] Tu tens que ter consciência daquela pesquisa que tu vais fazer, se ela não vai causar algum dano também. (D1.1)
Nesse contexto, destacam-se os periódicos predatórios e os respectivos corpos editoriais que fomentam comportamentos tendenciosos e egocêntricos, colaborando para a alimentação inadequada desse sistema de produção. Estimulam-se e perpetuam-se práticas de fácil publicação e de rigor frágil, incentivando potencialmente os ciclos de desonestidades que corroem a integridade nas mais variadas formas.
É o encontro de necessidade e oportunidade que está levando a várias atividades e pesquisas que acabam culminando com alterações importantes do seu rumo, na integridade de seus pesquisadores, na condução ética e, principalmente, nas publicações dos seus resultados. Eu acho que um outro fator que tem colaborado de uma forma bem importante é o fato dessas publicações que hoje se tornaram um pouco mais fáceis em periódico on-line sem qualquer tipo de controle […] então é o capitalismo, é a ganância, é a vaidade de tu ter um número grande de publicações, ou de visualizações e citações, que eventualmente podem ter sido até compradas. (D1.3)
Em contrapartida, cabe mencionar que a cultura de produção quantitativa se encontra sobreposta à de qualidade, perpassando os princípios da comunidade científica de forma global. Isso porque a demanda exacerbada pelo produto científico converge de forma tênue com os conflitos de interesses representados por meio de vantagens, para além do nível pessoal, envolvendo grupos empresariais, instituições e representações de fomento financeiro com interesse nas investigações em saúde.
[…] eu poderia dizer que o corrompimento ocorre só por causa de dinheiro, mas eu acho que tem bem mais do que isso […] essa pressão pelo número de publicações pode causar a falta de integridade do pesquisador, talvez metas financeiras, metas numéricas de publicações podem corromper o pesquisador. Tu tens vários fatores sociais, econômicos, culturais. (D2.7)
Emerge, ainda, a importância da conduta transparente do pesquisador, permitindo a inferência de que, apesar da existência de um corrompimento arraigado no âmbito científico, é possível conduzir a produção de ciência de forma pura, condizente com a ética e integridade nas pesquisas científicas e sua aplicação na saúde, o que implica também um compromisso docente/discente de busca pela integridade.
Porque tem que produzir, claro produzir sim, mas não primar pela quantidade, mas sim pela qualidade da pesquisa. […] quando optamos pela pós-graduação, sabemos que tem uma certa responsabilidade social e, por isso mesmo, que essa pesquisa tem que ter qualidade, por que vamos impactar na vida das pessoas. (M2.5)
Corroborando o exposto, no depoimento a seguir, percebe-se o desconforto e a insatisfação com o modelo de abordagem e condução de algumas pesquisas acadêmicas, o que pode deixar implícita a “pressa” na organização das investigações.
[…] a menina começou a me questionar, estava no meio do plantão e aí eu travei […]. Eu acho que se ela tivesse avisado a gente, antecipadamente teria sido bem melhor tanto o resultado dela como o meu desempenho. (M2.10)
O conteúdo da presente categoria complementa o entendimento da temática ao serem expostas as nuances do produtivismo e seus impactos. Isso reforça a necessidade da transversalização de práticas éticas em todos os âmbitos de produção da ciência, para que o conhecimento seja construído e perpetuado em constante harmonia com a integridade e suas representações para a comunidade.
DISCUSSÃO
O conceito de integridade na pesquisa abrange um rol de comportamentos que contemplam a condução da investigação sob uma perspectiva que ressalta o propósito e a responsabilidade do cientista enquanto profissional(12-13), visando à produção e articulação do conhecimento de forma virtuosa para o benefício da coletividade(13). Assim, as concepções de integridade que emergiram entre os pós-graduandos do presente estudo permeiam os conceitos da ética e da moralidade, intrinsecamente relacionados à forma particular com que cada indivíduo compreende o modo adequado de construir, conduzir e replicar o conhecimento.
Nesse contexto, torna-se relevante a justaposição entre os conceitos, descrita no código do Comitê Canadense de Integridade na Pesquisa, envolvendo as dimensões da ética e da integridade científica, uma vez que rupturas de integridade vêm, de forma recorrente, intimamente conectadas com o corrompimento da práxis da ética na ciência(14). Ressalta-se que as compreensões apontadas na análise contemplam uma associação tênue entre a ética e a integridade, destacando a última como um pilar para as pesquisas científicas. Posto isso, sob a ótica dos pós-graduandos, por vezes, esses conceitos são visualizados com um mesmo sentido, sem que haja a percepção de uma diferença conceitual quando aplicado nas práticas científicas.
No entanto, apesar de uma sólida aproximação, ética e integridade em pesquisa perpassam ideologias distintas. Enquanto a primeira é direcionada de maneira a garantir as conexões da conduta investigativa com as normativas éticas vigentes e aceitas socialmente, a segunda refere-se a valores que envolvem as questões burocráticas e normativas, como comportamentos, atitudes, condutas, transcendendo a ética de forma dinâmica na integralidade dos processos de elaboração da pesquisa(14).
Assim, a compreensão da integridade científica envolve o cumprimento de normas padronizadas subsidiadas por condutas éticas em todas as fases da investigação, envolvendo também a atuação transparente do pesquisador, respeitando a autonomia e responsabilizando-se pela veracidade das informações coletadas e dos desfechos atingidos. Relaciona-se também com comportamentos eticamente aceitáveis, mantendo a neutralidade diante de conflitos de interesses e garantindo a independência da profissão(1). Nesse sentido, emergem questões arraigadas à moralidade, honestidade e transparência em relação ao pesquisador, as quais se constituem em elementos fundamentais para a elaboração e sustentação de uma concepção integral, solidificada ainda no rigor da ética e da normatização científica.
Acrescenta-se que o manejo do conhecimento e sua aplicação em prol da humanidade configuram-se como um instrumento de grande importância e representam um avanço para todos. Todavia, a contaminação das práticas científicas por condutas inapropriadas e informações inverídicas impactam os propósitos da ciência e o desenvolvimento da sociedade em detrimento de toda a população(15). Por conseguinte, a utilização do conhecimento na aplicação prática da saúde foi evidenciada e relatada como um fator essencial, quando considerada a compreensão da integridade e sua relevância para as pesquisas. Além disso, fica evidente, nos depoimentos, que a conduta do pesquisador precisa estar fundamentada na imparcialidade, representada pela ausência de interferências pessoais de qualquer natureza. Assim, esses elementos e suas correlações tornam se essenciais para a integridade científica refletir-se também nos resultados apresentados e em suas decorrentes transformações.
A segunda categoria explora as visões acerca do produtivismo na academia sob várias perspectivas. Nesse contexto, ressalta-se que fatores como a opressão dos sistemas de produção de ciência(16-17) e a busca por prestígio e lucro(17) podem estar conectados a desvios de integridade(16-17). Destaca-se que tal produtivismo a que professores, estudantes e universidade estão submetidos pode impulsionar significativamente a ciência de má qualidade, representada de diversas formas e intensidades.
Torna-se pertinente a alusão do produtivismo ligado a uma razão capitalista na qual as produções sistemáticas conferem ganhos e prestígios aos seus mentores. A transposição para a realidade acadêmica no âmbito da pós-graduação acarreta, aos docentes e às universidades, a missão de produzir cada vez mais. Por um lado, esse comportamento mecanicista implica alterações físicas e psicológicas, culminando em prejuízos à saúde dos professores, que sucumbem, aceleradamente, à lógica do “publish or perish”(18-19). Por outro lado, sob uma perspectiva parcialmente otimista, esse sistema pode impulsionar os estudantes a elaborarem materiais que venham a agregar valor para o meio científico e, por sua vez, contribuir positivamente para a sociedade(20), o que justifica o entendimento dos pós-graduandos em relação à necessidade produtivista.
Entretanto, cabe destacar o paradoxo que emerge nesse contexto, pois essa necessidade, com muita frequência, transforma o conhecimento em um produto(19-20) e as relações acadêmicas em competições de mercado. Além disso, os prejuízos não são restritos, na medida em que os pós graduandos também se tornam vulneráveis às consequências advindas do produtivismo, quais sejam problemas psicológicos, orgânicos e sociais(20).
Outra questão refere-se à qualidade do material produzido, considerando o atual modelo de avaliação da pós-graduação, o qual se dá pela predominância de métricas quantitativas. Torna-se pertinente que formas de avaliação qualitativas e quantitativas associadas sejam consideradas nos critérios das instituições de fomento e controle, para que quantidade e qualidade reflitam uma relação harmoniosa em benefício da ciência(21). Essa questão corrobora a compreensão dos pós graduandos sobre a importância da qualidade, mas que seja em equilíbrio com a necessidade da produção e visibilidade do conhecimento. Ademais, ratifica-se o entendimento de que, embora o produtivismo seja potencialmente prejudicial ao contexto acadêmico, é possível a perpetuação de pesquisadores comprometidos com a integridade, sobrepondo-se à razão da produção “mercantilista” do saber.
Por conseguinte, um dos aspectos que envolvem o processo de publicação de um material científico diz respeito aos revisores, os quais atuam na avaliação criteriosa do conteúdo do artigo, assim como na análise da consistência técnica e ética(22). Paralelamente, os editores que coordenam os periódicos têm a responsabilidade e o compromisso de garantir a qualidade das publicações, no sentido de que muito têm a contribuir em prol da integridade científica(23). Nesse ínterim, os pós graduandos associam a influência dos periódicos de condutas duvidosas e das revistas predatórias ao produtivismo e à corrosão da integridade na produção científica.
Acrescenta-se que o produtivismo acadêmico é utilizado como uma alavanca para as revistas de publicação fácil(24) com foco majoritariamente financeiro, e as consequências impactam a potencial visibilidade de um material frágil em termos de ética e integridade, visto que os processos de avaliação são inconsistentes ou por vezes ausentes(25).
Dessa forma, evidencia-se, neste estudo, um compromisso compartilhado, dentro do qual a pós-graduação tem um papel fundamental, de perpetuação da integridade na pesquisa, por intermédio da postura dos professores e das aulas ministradas, bem como da dinâmica do orientador e da relação estabelecida com os orientandos. Enfatiza-se a importância do âmbito acadêmico no que se refere à compreensão plena das etapas metodológicas, de direitos e deveres dos pesquisadores e dos participantes. As concepções analisadas podem ser estendidas à compreensão da necessidade do cuidado ético e integral no tocante à abordagem durante a condução e operacionalização de pesquisas científicas.
As pós-graduações no Brasil são registradas, avaliadas e fomentadas pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), uma organização da esfera federal conectada ao Ministério da Educação que atua no monitoramento recorrente da produção cientifica, correlacionando as notas concedidas com indicativos de produção, entre outras bases avaliativas(26). Ainda, as formas de avaliação dos programas de pós-graduação do país não são organizadas de maneira simplista, com base na lógica quantitativa; na verdade, aspectos qualitativos de avaliação são ofuscados nos interstícios da academia, sucumbindo à valorização métrica da produção do conhecimento(27).
Ratifica-se que, no contexto acadêmico, com o aumento constante da produtividade na pesquisa, a qualidade dos trabalhos técnicos cede espaço para a quantidade de publicações(28-29). Todavia, os pós-graduandos associaram as concepções de integridade no âmbito acadêmico não somente aos aspectos relacionados ao quantitativo de produção, mas também aos interesses pessoais e institucionais que podem estar vinculados ao apoio financeiro e à visibilidade de benefício mútuo.
Nesse sentido, os conflitos de interesses podem ser caracterizados como uma situação em que a simultaneidade entre o foco da ciência e o interesse de outras origens torna-se perceptível e potencialmente tendenciosa, em detrimento da neutralidade necessária para as condutas científicas. O cenário pode ser representado por conexões existentes entre os pesquisadores e outros agentes proporcionadores de conveniências financeiras, pessoais, comerciais, entre outras(30).
Para tanto, ressalta-se a compreensão acerca da cultura de integridade dentro do universo acadêmico, levando em consideração que a ética se expande ao meio social e profissional, ou seja, transcende os ambientes educacionais. Dessa forma, para além de condutas internas que reiteram e perpetuam a aplicação da ética na formação acadêmica, destaca-se que as práticas docentes determinam significativamente, para além do profissional, o ser humano, protagonista na modelagem da ética e da moralidade na sociedade de hoje e além(31).
Acrescenta-se que as boas práticas científicas, bem como a perpetuação da integridade no âmbito de formação acadêmico, devem ser difundidas pelas organizações de ensino e pesquisa, incentivando processos autônomos e reflexivos(32). Ademais, torna-se extremamente válido refletir sobre o fortalecimento da ética nas bases curriculares, com a finalidade de mitigar práticas inapropriadas(33).
Por conseguinte, a integridade na produção científica foi destacada como parte da ética em pesquisa, sugerindo reflexões sobre as relações de estudantes e docentes para construção de um conhecimento solidificado em condutas eticamente adequadas, sobrepondo-se às influências negativas, representadas pelo produtivismo, conflitos de interesse, vaidade acadêmica e competitividade.
Limitações do estudo
As concepções expressas neste estudo não podem ser exploradas sob uma perspectiva comum, pois integram visões características dos estudantes do programa de pós-graduação analisado. Torna-se, assim, oportuno e enriquecedor que mais estudos na temática sejam elaborados, permitindo correlações e conclusões integrais.
Contribuições para a Área
O artigo fomenta reflexões acerca da compreensão da integridade científica, bem como dos potenciais fatores de corrosão relacionados ao produtivismo acadêmico, que prejudicam o desenvolvimento e a transparência da pesquisa. Ainda, o trabalho permite uma reflexão sobre o âmbito científico e formas de conduzir o conhecimento, impulsionando as boas práticas concomitantemente à boa ciência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a integridade é compreendida por um conjunto de inferências pessoais, e ousa-se, ainda, mencionar uma possível transversalidade na medida em que ela pode ser evidenciada no protagonismo do pesquisador, no respeito mútuo entre participantes e pesquisadores, na relação entre os pares, no compromisso com o retorno social efetivo e, principalmente, nas construções científicas perpetuadas e replicadas nos espaços educacionais da pós-graduação. Pontua-se que a menção ao produtivismo acadêmico emergiu de forma expressiva nos relatos, o que exterioriza um desconforto palpável em relação aos sistemas de produção presentes nos espaços científicos. Merece destaque a evidência de uma compreensão cristalina da necessidade de a qualidade do material produzido sobrepor-se às métricas quantitativas, deixando transparente a consciência acerca da integridade e do que ela representa para a perpetuação do conhecimento, para a saúde e para a sociedade.
Logo, o presente estudo atende aos objetivos propostos, demonstrando que a integridade tem suas bases na formalização de regras de rigor metodológico, mas está muito mais direcionada à essência de cada indivíduo, reiterando os compromissos mútuos que permeiam as relações científicas e humanas. Em suma, é possível vislumbrar as mais variadas nuances, bem como os constructos éticos indissociáveis que caracterizam o ser íntegro e a aplicação dessa integridade na pesquisa, inferindo-se que a integridade na ciência, sob a perspectiva dos pós-graduandos, não pode ser conceituada de forma isolada.
MATERIAL SUPLEMENTAR
Artigo derivado de dissertação de mestrado disponível em: https://ppgenfermagem.furg.br/dissertacoes-e-teses/publicacoes-de-2020/12947dissertacao-danubia-andressa-da-silva-stigger
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Editado por
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EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
-
EDITOR ASSOCIADO: Maria Itayra Padilha
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
02 Fev 2022 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
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Recebido
05 Mar 2021 -
Aceito
30 Jul 2021