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Pesquisa-interferência: um modo nômade de pesquisar em saúde

RESUMO

Objetivo:

discutir a pesquisa interferência, cujos processos estão ligados ao campo da saúde e ao campo social.

Método:

ensaio teórico como base na filosofia da diferença representada pelos filósofos Baruch Espinosa e Gilles Deleuze.

Resultados:

a presente reflexão resultou do encontro de pesquisas no campo da enfermagem que tratam da produção de conhecimentos a partir do modo interferência. O movimento de cruzar pesquisas produziu uma composição teórica apresentada em três platôs: interferência, uma pesquisa que acolhe as (in) mundices; um modo de produzir pesquisadoras; e um modo nômade na pesquisa em saúde.

Considerações Finais:

a pesquisa interferência pode ser considerada como modo nômade, ético e político de se produzir pesquisa cujo plano de consistência é provisório, rizomático e fruto dos encontros, das forças, das intensidades e dos afetos produzidos no campo de pesquisa.

Descritores:
Métodos; Enfermeiro; Filosofia; Conhecimento; Nômade

ABSTRACT

Objective:

to discuss search-interference, whose processes are related to the field of health and the social field.

Method:

theoretical essay used as basis in the philosophy of difference represented by the philosophers Baruch Espinosa and Gilles Deleuze.

Results:

the present reflection resulted from the meeting of studies from the nursing field that deal with the production of knowledge based on the interference mode. The endeavor of crossing studies produced a theoretical composition presented in three plateaus: interference, a research that welcomes the In-World Experiences; a way of producing researchers; and a nomad mode in health research.

Final Consideration:

search-interference can be considered as a nomad ethical and political mode for producing research whose consistence plan is provisory, rhizomatic and the result of meetings, forces, intensities and affects produced in the research field.

Descriptors:
Methods; Nurse; Philosophy; Knowledge; Nomad

RESUMEN

Objetivo:

discutir la investigación-interferencia, cuyos procesos se vinculan al campo de la salud y al campo social.

Método:

ensayo teórico en base de la filosofía de la diferencia representada por los filósofos Baruch Spinoza y Gilles Deleuze.

Resultados:

la presente reflexión resultó del encuentro de investigaciones en el campo de la enfermería sobre la producción de conocimientos desde el modo interferencia. El movimiento de entrecruzar investigaciones produjo una composición teórica presentada desde tres platós: la interferencia, una investigación que acoge las (in)mundicías; un modo de producir investigadores; y una forma nómada en la investigación en salud.

Consideraciones Finales:

la investigación-interferencia puede considerarse como una forma nómada, ética y política capaz de producir una investigación con un plan de consistencia provisional, rizomático y resultado de los encuentros, las fuerzas, las intensidades y los afectos producidos en el campo de investigación.

Descriptores:
Métodos; Enfermeros; Filosofía; Conocimiento; Nómada

INTRODUÇÃO

O presente artigo não tem intenção de apresentar um novo modelo de pesquisa, negar/substituir os métodos ou de excluir o gênero masculino da linguagem científica ao utilizar uma escrita no feminino. Ao contrário, o principal desafio é problematizar os modos de produção de pesquisas a partir de interferências que transitem, ou melhor, deslizem entre os modos de pesquisar e de comunicar as diferenças. Assim, como mulheres, pesquisadoras e em atenção à historicidade eminentemente feminina da enfermagem, utilizamos a linguagem inclusiva como um posicionamento político e como um modo que interfere na tradição acadêmico-científica da concordância masculina na escrita. O interesse nesse deslizamento científico e comunicativo advém das diferentes experiências e interferências que alunos e docentes do Núcleo de Pesquisa Gestão e Trabalho em Saúde (NUPGES), da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e da linha de pesquisa micropolítica do trabalho e o cuidado em saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vêm desenvolvendo em suas pesquisas.

Assim, partimos do seguinte questionamento: como produzir pesquisas em saúde a partir de um modo-pesquisa-interferência? O que estamos chamando de “modo”? Quando falamos de um modo, nos associamos aos filósofos Deleuze e Espinosa e assumimos outras maneiras de fazer pesquisa em saúde. Pensamos que um modo é apenas outro jeito de pesquisar. Um jeito que inclui diferentes singularidades e formas emancipatórias de se constituir como sujeito(11 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34; 1996.).

No que se refere aos diferentes modos de produção de pesquisa na saúde, ressaltamos que a presente reflexão teórica teve origem na confluência de três pesquisas que simultaneamente ocorreram no âmbito do mestrado e doutorado em ciências do cuidado em saúde e que se tornaram forças ativas na construção do modo interferência de pesquisa. A pesquisa desenvolvida no mestrado tinha como foco a atenção básica e no doutorado as temáticas estavam voltadas para saúde mental e educação permanente em saúde.

O movimento de cruzar pesquisas exigiu encontros, debates, estudos, trocas, saberes e experiências de campo e de vida que, ao entrarem em um movimento de produção de conhecimento, reuniram um modo plural de usar a interferência e, ao mesmo tempo, um modo singular de investigar no campo de pesquisa. O entrecruzamento de pesquisas que resultou nas reflexões deste estudo decorreu de um intenso movimento de composição com as experiências de cada uma de nós – enfermeiras e pesquisadoras – que, ao nos lançar no campo artesanal de explorar as experiências, deslocamo-nos do lugar do sujeito da informação, opinião, trabalho, pesquisa, saber, fazer, poder e querer e passamos a um movimento nômade, andante e errante de transitar entre as metodologias naquilo em que elas mais se aproximam e passamos, então, a nos compor, a nos permitir ser como um território em trânsito, aberto, um caminho de passagem daquilo que aconteceu no campo de pesquisa.

Sendo assim, a partir do uso do modo nômade de pesquisar em saúde, foi possível tornar a diferença, a multiplicidade e a singularidade pensável como conceitua a filosofia da diferença proposta por Gilles Deleuze e Félix Guattari. Assim, foi a partir de uma outra forma de apreensão do conhecimento – a perspectiva da diferença – que os efeitos e resultados desta reflexão se perfizeram e remontaram na forma de platôs, como um conjunto de anéis quebrados que podem penetrar uns nos outros. A saber: interferência, uma pesquisa que acolhe as (in) mundices; interferência, um modo de produzir pesquisadores; e interferência, um modo nômade na pesquisa em saúde. O artigo tem por objetivo discutir a pesquisa interferência, cujos processos estão ligados ao campo da saúde e ao campo social.

INTERFERÊNCIA, UMA PESQUISA QUE ACOLHE AS (IN) MUNDICES

Nota-se que, na história das ciências da saúde, o mito da objetividade constituiu a arquitetura epistemológica do conhecer, do saber e do fazer pesquisa a partir do método como possibilidade de tornar a pesquisa segura, impessoal, neutra, válida e fidedigna. Ou seja, pesquisas que permitem certo domínio do objeto de estudo(22 Romagnoli RC. [Cartography and relationship between research and life]. Psicol Soc [Internet]. 2009 [cited 14 Jun 2017];21(2):166-73. Available from: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v21n2/v21n2a03.pdfPortuguese.
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). A questão-debate deste estudo é justamente a do domínio. Como pensar a construção de um modo de pesquisa que escape da totalização dominante na produção de conhecimento? É possível apresentar às pesquisadoras, docentes e alunas outras possibilidades de produções intensivas, que incluam o outro com toda a sua diversidade e diferença? Como produzir modos de pesquisar em saúde que sejam construídos a partir do encontro entre pesquisadora e objeto na perspectiva nomadológica?

Amador et al.(33 Amador FS, Lazzarotto GDR, Santos NIS. [Search-act, search-intervene, search-interfere]. Rev Polis e Psique [Internet]. 2015 [cited 4 Jun 2017];5(2):228-48. Available from: https://seer.ufrgs.br/index.php/PolisePsique/article/view/58180Portuguese.
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) chamam a atenção para estratégias de produção de conhecimento que adotem regras diferentes, já que nem sempre o método será capaz de dar conta das variações, forças e acontecimentos que são produzidos num dado campo de pesquisa.

Nessa direção, nota-se que os modelos ideais de fazer pesquisa, sustentados pela tradição positivista, têm sofrido um corte em sua continuidade histórica, uma vez que diversas tendências metodológicas (pesquisa intervenção, pesquisa participativa e pesquisa-ação) têm provocado importantes deslocamentos epistemológicos. Elas inventam certas maneiras ou modos de tencionar as perspectivas clássicas de produção de conhecimento, e fazem da participação em campo o ato político da investigação(33 Amador FS, Lazzarotto GDR, Santos NIS. [Search-act, search-intervene, search-interfere]. Rev Polis e Psique [Internet]. 2015 [cited 4 Jun 2017];5(2):228-48. Available from: https://seer.ufrgs.br/index.php/PolisePsique/article/view/58180Portuguese.
https://seer.ufrgs.br/index.php/PolisePs...
). No que tange ao campo específico da enfermagem, a pesquisa convergente assistencial (PCA), elaborada pelas enfermeiras Dra. Mercedes Trentini e Dra. Lygia Paim, tem sido um modo de pesquisa alternativo de importância(44 Cortes LF, Padoin SMM, Berbel NAN. Problematization methodology and convergent healthcare research: praxis proposal in research. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018[cited 2018 Jul 1];71(2):440-5. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n2/0034-7167-reben-71-02-0440.pdf
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).

Entre todas as tendências metodológicas citadas, ressaltamos que é a pesquisa intervenção o tipo de pesquisa com o qual o modo interferência mais se aproxima, uma vez que a partir dela tece algumas alianças epistemológicas de desconstrução, questionamento dos enfoques tradicionais de pesquisas e intervenção radical no campo da micropolítica. Faz isso ao se opor à separação entre sujeito e objeto e à inexistência da neutralidade científica. A única diferença é que a interferência aciona no campo (não antes dele) as necessidades de utilização de quaisquer ferramentas, pois coloca na exigência da pesquisadora um estado de corpo alerta ao que o campo pede e não o contrário. Sendo assim, para avançarmos no entendimento do que seria uma um modo-pesquisa-interferência no campo da saúde, lançamos o desafio de suspender os códigos semióticos dos métodos para pensar a interferência sob o ponto de vista dos modos nômades de uma pesquisa que se dobra sobre si mesma, remetendo ao conceito de pororoca de Abrahão(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.). Segundo a autora, esse encontro das águas tem a capacidade de produzir uma dobra, um retorno, um efeito sobre si mesmo. Isto é, o efeito pororoca na pesquisa é um acontecimento produtor na própria ação da pesquisadora.

Tomemos os estudos que abordam as condições sobre o processo saúde-doença a título de exemplo do modo interferência na pesquisa. São recorrentes o argumento e a afirmação de existir uma lógica curativista, hospitalocêntrica, biomédica e sistematizada, sendo esta lógica valorizada tanto na prática quanto nas produções científicas. São produções com predominância dos métodos e intervenções planejadas previamente e a exposição controlada pelas pesquisadoras. Mas há de se considerar que tais pesquisas, para serem consideradas científicas, precisam deixar escapar aquilo que as perturba, algo marginal, produzindo um efeito higienista, já que os resultados tratam de livrar tanto a escrita, quanto a própria pesquisa das (in) mundices encontradas na trajetória desses estudos(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.). O termo (in) mundices foi tomado de empréstimo de Abrahão et al.(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.) quando estes se referem ao processo da pesquisadora afetar-se e misturar-se ao objeto no processo de pesquisa.

Vejamos as pesquisas voltadas para o controle da diabetes, por exemplo. Muitas vezes tais estudos abordam diferentes perspectivas da diabetes, mas não conseguem tirar do centro a doença, ou seja, tem dificuldade de acolher os desvios de padrão e entende-la como um modo de vida possível. Talvez isso se dê por uma tendência cientifica de normalizar e padronizar o corpo, colocando no parêntese, no lugar de exceção, a doença. Como exemplo de padrões temos: parâmetro de normalidade de índices glicêmicos, padronização de sinais e sintomas, definição de novos diagnósticos, delimitação de complicações da cronicidade, estabelecimento de novas medicações, entre outros. Muitos desses enunciados afirmam um padrão na lógica do adoecimento, sem considerar a vida como variação, como singularidade, como diferença e colocam a doença como um fora do corpo para melhor observar, analisar e medir, deslocando-a, pois, da produção da existência do sujeito, de modo que a doença faz parte do viver e não é uma exceção na vida de ninguém.

Aqui chamamos de variação, como no exemplo acima, a singularidade do indivíduo portador de diabetes, que, apesar de apresentar elevados níveis glicêmicos, consegue estabelecer uma relação com a própria doença fora dos padrões científicos aceitáveis e que, pode sim, viver uma vida potente apesar da inadequação aos parâmetros estabelecidos cientificamente. Mas, na ciência biomédica, se essa (in) mundice(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.) é acolhida, a pesquisa perde seu grau de verdade e cientificidade, isto é, não produz mais evidências nem verdades que sejam consideradas viáveis pela ciência. São os chamados vieses e confundimentos, são erros de precisão, erros de validade, vieses de seleção e de informação; aspectos que limitam a validade do estudo.

Como as pesquisadoras no modo interferência trabalhariam suas pesquisas considerando o mesmo problema e objeto de pesquisa? Pois bem, a pesquisadora, para entrar no campo, produziria para si um corpo levemente preparado, o que não quer dizer que ela vá para o campo com encomendas prontas e com métodos pensados previamente. Ela vai com um mundo de possibilidades para deslizes nômades entre os métodos, que só serão acionados e ativados pelo/no campo. No caso que estamos trabalhando, a pesquisadora levaria uma caixa de ferramentas com todos os conhecimentos e padrões científicos da diabetes, levaria também suas marcas e experiências prévias com a doença e ainda algumas tecnologias duras, como caneta, gravador, caderno de anotações, aparelho glicêmico, fitas de testes glicêmicos e tudo que considerar de possível utilização à medida que o campo e o corpo pedirem em ato. Mas, tem algo que a pesquisadora, no modo interferência, não poderia deixar de considerar na pesquisa: as diferentes relações existentes no campo – relações do usuário com a diabetes, da pesquisadora com o usuário, da diabetes com o tipo de pesquisa, da pesquisa com o campo e as muitas outras composições possíveis. As (in) mundices(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.) não só são acolhidas no processo de pesquisa, como também são necessárias para o deslocamento de verdades produzidas no campo, já que é a partir da (in) mundização(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.) e das singularidades que a pesquisadora se produz.

Dessa forma, a interferência é um modo ético, estético e político de produzir pesquisa, cujo plano de consistência transitório e aberto é subordinado às relações, forças, s intensidades, afetos e (in) mundices(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.). Um lugar, um espaço de fruição na pesquisa é criado entre o movimento de pesquisar e de experimentar, de observar e de se (in) mundizar com o objeto de pesquisa.

INTERFERÊNCIA, UM MODO DE PRODUZIR PESQUISADORES

Para compreender a interferência como modo de produção da pesquisadora, seguimos com a esquizoanálise que nos dá a possibilidade do uso dos conceitos como ferramentas no campo e na escrita, pois privilegia os conceitos e as relações que estabelecem num determinado contexto, em detrimento dos termos individuais ou isolados. É curioso estarmos falando neste artigo sobre abordagens metodológicas de pesquisa ao mesmo tempo em que fazemos uso de conceitos filosóficos. Mas não é descabido, pois as filosofias de Deleuze e Espinosa nos ajudam a (re)pensar o regime de produção de verdades na pesquisa em saúde. Ao considerarmos nesta discussão o campo da pesquisa em saúde como um campo de forças, faz-se necessário um novo corpo para a pesquisadora que deseje se aventurar nesse modo de pesquisar. O corpo cartesiano já não serve, pois é um corpo dividido entre pensamento e existência, um corpo que tem “o dever de”, “a função de”, “a finalidade de”. O corpo que nos convoca é o corpo em sua capacidade de afetar e de ser afetado por outros(66 Spinoza B. Ética. Belo Horizonte: Autêntica; 2015.). O olho anatômico dotado da finalidade de ver, observar, capturar a estrutura, fotografar o momento emoldurando a realidade também não é suficiente, sendo necessário acionar outras ferramentas de percepção que captem forças e acontecimentos.

Então, com que corpo partimos para esta pesquisa? Como o corpo pode responder às solicitações intensivas e extensivas do campo? Que tipo de corpo é esse que sustenta as vibrações e interferências do outro em si? Ousamos dizer que é preciso inventar/criar/produzir um corpo-pesquisadora para os modos interferências! A filosofia de Espinosa(66 Spinoza B. Ética. Belo Horizonte: Autêntica; 2015.) e de Deleuze(11 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34; 1996.) nos ajudou a pensar o corpo de forma mais complexa que a anatômica. Para eles, o corpo é de qualquer natureza, material ou imaterial, como, por exemplo, um livro, música, lugar, coletivo, luta, amigo, trabalho, conversa, entre muitos outros infinitos corpos passíveis de fazer e de sofrer interferências.

Logo, um corpo é definido pelas relações que ele pode e é capaz de ser e fazer. E o que sabemos sobre o poder do corpo quando está no campo de pesquisa? Espinosa nos dá pistas de que corpo e pensamento estão em um mesmo plano. E muito do que sabemos sobre o corpo partiu do pensamento de René Descartes. Sua filosofia dividiu corpo e pensamento e até hoje recolhemos os efeitos dessa divisão. Aprendemos com o pensamento cartesiano que o corpo da pesquisadora não deve se afetar ou misturar com o objeto de pesquisa. Aprendemos que esse corpo precisa ser neutro, indiferente, objetivado.

Na interferência adotamos um corpo que afeta e é afetado. E a cada interferência a pesquisa se modifica, estando permanentemente nesse estado de afetação, onde pesquisar é sempre um processo inacabado. O inacabado não se traduz como desleixo acadêmico ou incompletude, mas sim uma constante provisoriedade, sendo justamente na construção de aberturas que se podem suportar as multiplicidades e interferências e acolhê-las como parte de um conhecimento capaz de provocar alterações no modo de produzir pesquisa no campo da saúde. Não se pode confundir o termo abertura com um jeito aberto, desregrado e irresponsável de construir pesquisa. Pelo contrário, o processo de construção de aberturas é altamente rigoroso, pois é pautado na ética da vida. Para Andrade(77 Andrade EO, Givigi LRP, Abrahão AL. [The ethics of self-care as a way of creating possibles for work in Health]. Interface (Botucatu) [Internet]. 2018[cited 2018 Jul 1];22(64):67-76. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v22n64/1807-5762-icse-1807-576220160643.pdfPortuguese.
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), é preciso apostar em uma ética que exige dos sujeitos a reinvenção dos modos de relacionar-se consigo, com os outros e com as próprias verdades.

Aqui, uma leitora desavisada poderia confundir o termo aberturas com meros sim ou sim a tudo. A violência vivida no encontro entre um corpo e outro coloca a pesquisadora na exigência da construção, em ato, de ferramentas metodológicas com capacidade plástica para atender ao que o encontro convoca. Esse corpo, necessário à pesquisa, produz e recebe interferências o tempo todo. Fato diferente do princípio de objetivação sustentado na ciência clássica, em que o sujeito se concebe fora da natureza, desconectado do objeto que constrói e estuda(88 Neves CEAB. Modos de interferir no contemporâneo: um olhar micropolítico. Arqu Bras Psicol [Internet]. 2004[cited 2018 Jul 1];56(1):02-20. Available in: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100002&lng=pt
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). O rigor é o que tornará uma pesquisa interferência visível. Isso significa dizer que a pesquisadora deve estar levemente preparada para inventar, em ato, modos de estar no campo que se componham com as multiplicidades na mesma medida exigida pelo contexto em que se encontra. A interferência se dá no acontecimento, em ato, no encontro.

É nesse contexto que nos valemos da filosofia de Espinosa, pois é possível notar que a relação entre os corpos se dá independentemente da vontade desses, transpondo esse pensamento para pesquisas. Logo, a pesquisadora é detentora de um corpo sempre afetado e que igualmente não cessa de afetar. A isso chamamos de um corpo-pesquisadora. Considerando tal fato, invariavelmente a pesquisadora interfere na pesquisa, pois os encontros não cessam de acontecer. A pesquisadora, por si própria, altera o campo, a pesquisa e os participantes pelos encontros que faz. O que isso tem a ver com a pesquisa interferência? Tudo! A partir do entendimento de que a observação por si só já produz interferências, a pesquisadora não pode mais se furtar de interferir com seu corpo e a partir dos encontros que faz no campo de pesquisa. Dessa maneira, como nos diz Moebus(99 Moebus RLN. Pesquisa interferência desde Heisenberg. Diversitates. 2015;7(1):54-61.), a interferência é parte do ser pesquisador e não uma distorção ou vício a ser purgado. Entretanto, esse modo de acolher diferentes possibilidades de produzir pesquisas tem sido temerárias para muitos pesquisadores que se referem às pesquisas que utilizam tais abordagens como menos científicas e suscetíveis a interferências por parte de seus pesquisadores(1010 Silva JC, Morais ER, Figueiredo MLF, Tyrrell MAR. [Action research: concepts and applicability in Nursing studies]. Rev Bras Enferm [Internet]. 2011[cited 2018 Jul 1];64(3):592-5. Available from: https://bit.ly/2TPm9SU Portuguese.
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).

A pesquisadora neutra, imparcial, não afetada pelo campo e pelas relações já não se sustenta. Na pesquisa-interferência, o corpo da pesquisadora é marcado pelos afetos e composições e, por isso, produz certa afirmação de uma produção de conhecimento que a torna ativa, inventora, criadora. O corpo, o campo, a escrita e o conhecimento são produzidos na medida em que se lançam nas relações de força nas quais são capazes de interferir e sofrer interferências. Ocorre, na pesquisadora, a ativação de uma vontade de interferir que se constrói em um plano de experimentação. Ela se torna, então, construtora e provocadora a partir das interferências produzidas que lhe fazem vibrar.

Nesse modo-pesquisa-interferência, o corpo-pesquisadora não dá lugar ao saber como verdade, mas possibilita a construção de saberes outros fazendo advir uma verdade provisória, uma expressão, um modo, uma cocriação de mundos com o objeto. Desse modo, a proposta de produção de novos territórios na construção de pesquisa em saúde se dá como movimento produtor de ondas, deslocamentos, um movimento cuja capacidade está em fazer surgir o não-dito. Tudo isso faz pensar que há várias verdades. E verdades são produções humanas, de qualquer um. No entanto, quando emolduramos o discurso da verdade científica, corremos o risco de desprezar o que chamamos de saberes menores, saberes das pessoas e, assim, acionamos um modo acostumado, que reproduz verdades absolutas por considerá-las mais confortáveis e seguras. Mas, ao assumir a interferência como um modo de estar no campo de pesquisa, as pesquisadoras passam, então, a compor com qualquer corpo, com qualquer saber, com qualquer natureza, diferentes verdades que produzem sentido no campo do cuidado em saúde.

INTERFERÊNCIA, UM MODO NÔMADE NA PESQUISA EM SAÚDE

Quando assumimos a pesquisa interferência como modo de construir aberturas, estamos nos aliando ao que Deleuze e Guattari(11 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34; 1996.) chamaram nômade, que toma esse traço nomadológico como uma estratégia de deslizamento pelos modos dominantes. No modo nômade só há linhas, processos, intensidades, variações e uma produção de mundos em concordância com os sujeitos e objetos que o constituem. Por meio dessas proposições interrogamos: como praticar um modo nômade de pesquisar em saúde? Para melhor compreender o modo nômade, voltemos ao exemplo dado na categoria anterior de pesquisas voltadas para a diabetes. Quando o modo interferência é utilizado na pesquisa, não partimos da existência de lados dicotômicos, isto é, ou ciência biomédica ou modo-interferência. Não os consideramos como opostos. São apenas mundos e versões dependentes um do outro e passíveis de coexistência. No modo interferência o que determina o instrumento metodológico será o campo, o corpo e as relações que a pesquisadora estabelece com a doença, com o sujeito, os processos e as forças que estarão em jogo na pluralidade da existência da vida com diabetes. É justamente na possibilidade de transitar no entre modos que reside o traço nômade.

Para clarificar o que seria um modo-interferência e um traço nômade de pesquisar que produz um deslocamento das verdades científicas, tomemos a cena a seguir, ainda com o objeto diabetes. Cena 1: a pesquisadora parte para uma pesquisa com instrumentos prévios, com questões prontas e com objetivos bem delimitados e se encontra com um dado participante diabético. Consideramos ser esse um espaço sólido, fechado, tendo em vista a relação entre sujeito e objeto num dado campo de pesquisa. Uma relação com o objetivo de colher dados e recolher o que o participante tem a dizer sobre o objeto de pesquisa delimitado pela pesquisadora. As posições de sujeito e objeto estão claramente definidas: a pesquisadora numa posição de colher dados, muitas vezes com seu gravador ou roteiro de entrevista; o pesquisado numa posição de ofertar informações que serão consumidas a posteriori pela pesquisadora. As posições estão dadas: pesquisadora e objeto separados. Sem a posição da pesquisadora transcendente ao objeto não haveria pesquisa. E se em um dado momento ocorre um imprevisto que altera completamente o curso da entrevista? Uma hipoglicemia súbita que faz que o corpo do sujeito desfalecido seja tombado ao chão? Há de se ter um esforço em retornar a ordem, a unidade, o equilíbrio.

Nessa cena, não é que não haja interferência, ao contrário, como já dissemos, um corpo sempre afeta e é afetado. Aqui, a problemática reside no fato de esse corpo-pesquisadora já estar acostumado a não dar trânsito, passagem a esse processo de experimentar as (in) mundices(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.) do campo. Recolhe os efeitos das interferências apenas como acontecimentos marginais, que não são explicitados na escrita, na análise da pesquisa, pois, via de regra, esse fora-texto ou o fora-pesquisa é visto como não-conhecimento que deveria ser limpado da pesquisa. Nesse processo higienista das maneiras textuais, já se estabelece a priori, no corpo-costume, o que a pesquisadora pode considerar como limpo. Isto seria entendido como dados de verdade, que são limites já previamente colocados neste tipo de construção.

Em última análise, tradicionalmente a pesquisadora já vai para o campo sabendo o que serve e o que não serve para compor sua pesquisa, deixando escapar saberes menores, que, via de regra, são considerados como desqualificados pelo regime de verdade da ciência cartesiana. São esses saberes menores capturados pela verdade cartesiana que o modo-interferência não quer deixar escapar ou limpar da pesquisa. Ao contrário, é na construção de um estado de possibilidade inclusivo que se pode pesquisar, não fazendo sentido a dicotomia do bom/mal, do limpo/sujo.

Observemos a Cena 2: a pesquisadora parte para o campo de pesquisa levemente preparada, pois vale-se do seu arsenal metodológico com porosidade para a incorporação das exigências do que encontrar pela frente. Sabe, a priori, que está em um campo aberto, fluido, que recolhe principalmente aquilo que é inesperado, sem controle. A pesquisadora está atenta. Ela cria e aciona, no campo, os seus instrumentos de pesquisa transitórios, podendo ser um diário, um gravador, uma pele, um radar, uma memória. Leva perguntas, porém, ela pode ouvir o silêncio das não-respostas e o incômodo colocado pela criação do corpo-pesquisadora que implica em: sentir arder, doer, ver mundos sendo desfeitos, verdades absolutas ruindo e desmontando suas hipóteses de pesquisa/vida. De repente, a pesquisadora vê o corpo do participante diabético tombar, desfalecer em hipoglicemia… O que acontece com a pesquisa? A pesquisadora no modo interferência acolhe o trágico, dando passagem à criação de outros mundos, pois não enxerga no catastrófico o traço de fracasso ou derrota, mas entende que faz parte do processo de se produzir pesquisadora e, ainda, que esse modo tem como estratégia de produção a experimentação que desliza entre os espaços, interferindo e sendo interferido ativamente no campo. A pesquisadora acolhe o fato e o incorpora na pesquisa. Digamos que, no momento do acontecido, entra um terceiro elemento na cena, que acolhe de maneira profunda, afetiva e cuidadosa o ser desfalecido? O cuidado dispensado ao sujeito mexe com a pesquisadora, a provoca a pensar outras formas de lidar em situações como essas. A pesquisadora não está tão focada nos parâmetros ideais de glicose no sangue, nos sinais e sintomas apresentados pelo usuário, mas ela está atenta ao que acontece no ambiente, inclusive colocando sua implicação ao ver a cena acontecer. Assim, as demarcações entre sujeito e objeto se dissolvem. Não se trata mais da pesquisa – o que está em jogo são as relações com a vida do diabético, vida que não para de acontecer e que não fica fixa ao olhar normativo e cientifico da pesquisadora. Só restam as (in) mundices(55 Abrahão AL. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes MPC, Merhy EE (Orgs.). Pesquisadores IN-MUNDO: um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2014. p. 155-70.), os encontros e os saberes diversificados que são acionados dos diferentes corpos. Assim, o saber-pesquisa e os saberes outros vão se produzindo na coexistência, se compondo, criando novos saberes, novas práticas, novos conhecimentos. O modo-nômade de pesquisa interferência vai criando no campo e na vida infinitas possibilidades de acolher multiplicidades.

Contudo, a experiência com pesquisas sob a perspectiva do modo interferência mostra que não há um campo estático a ser explorado. O campo e o corpo-pesquisadora são sempre provisórios, em vias de ser, são passagens que dão lugar ao trânsito das interferências intensivas da pesquisadora/pesquisada. Pesquisadora, pesquisa e pesquisada se confundem num mesmo movimento de interferências. Assim, a interferência ocorre pela própria presença do corpo- pesquisadora quando se torna capaz de captar a produção em curso. Não se trata de explorar um campo, mas sim de cocriar mundos nos quais, no território existencial, um se produz com/no o outro, em um movimento de criação e desconstrução de si mesmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta reflexão partimos do pressuposto que existem várias maneiras de produzir pesquisas em saúde e que, entre elas, há as de maior dominação. Para tanto, pretendemos, com o estudo, problematizar modos que possibilitem dar acesso a diferentes modos de pesquisar em saúde à enfermagem e a outras categorias profissionais, oferecendo-lhes possibilidades de deslizes entre os métodos por meio do acolhimento de traços acidentados, desviantes, esquizos, menores de produção de conhecimento. Assim, este estudo apresentou um arsenal teórico para se pensar pesquisa como uma produção nômade, como linha de fuga no sentido de uma prática que, em sua dinâmica de afirmação e resistência, funcione como dispositivo de pesquisa acolhedor para todo tipo de conhecimento que o campo ofertar.

Desse modo, ressaltamos que, na prática de qualquer pesquisadora da saúde, a pesquisa interferência pode ser um movimento sísmico no modo de fazer pesquisa, que pode reverberar no cotidiano da saúde ao proliferar mundos, performar realidades, promover cuidados e encontros potentes entre pesquisadora e pesquisadas, já que nesse modo interferência a pesquisadora não é mais neutra, os sujeitos não são mais passivos e nem o campo é mais estático. Tudo passa a estar em movimento, em composição.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2019

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2018
  • Aceito
    09 Set 2018
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