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O ensino remoto durante a pandemia de COVID-19: repercussões sob o olhar docente

RESUMO

Objetivos:

compreender as repercussões do trabalho docente no ensino remoto durante a pandemia de COVID-19 em Instituições Superiores de Ensino do Norte de Santa Catarina.

Métodos:

estudo qualitativo, tipo ação-participante, fundamentado nos preceitos teórico-metodológicos de Paulo Freire. Participaram 17 docentes da área da saúde em dois Círculos de Cultura Virtual realizados no primeiro semestre de 2021.

Resultados:

emergiram seis temas geradores para discussão, os quais despertaram nos participantes sentimentos e perspectivas em relação ao processo do ensino remoto no contexto pandêmico, com ênfase à temática conectividade, que gerou o diálogo por meio de relatos de experiências pessoais.

Considerações Finais:

a pandemia trouxe repercussões em setores como a saúde e a educação. Os docentes dialogaram sobre sua vivência em criar, recriar e se adaptar ao ensino remoto e os desafios frente ao processo ensino-aprendizagem, elencando o agravamento da saúde mental e a necessidade de aprender novas tecnologias digitais.

Descritores:
Isolamento Social; Pandemias por COVID-19; Saúde Mental; Docentes; Ensino.

ABSTRACT

Objectives:

to understand the repercussions of teaching work in remote teaching during the COVID-19 pandemic in Higher Education Institutions in northern Santa Catarina.

Methods:

a qualitative participatory action research, based on Paulo Freire’s theoretical-methodological precepts. Seventeen health professors participated in two Virtual Culture Circles held in the first half of 2021.

Results:

six generating themes emerged for discussion, which aroused in participants’ feelings and perspectives regarding the remote teaching process in the pandemic context, with an emphasis on the connectivity theme, which generated dialogue through reports of personal experiences.

Final Considerations:

the pandemic has had repercussions in sectors such as health and education. Professors talked about their experience in creating, recreating and adapting to remote teaching and the challenges facing the teaching-learning process, listing the worsening of mental health and the need to learn new digital technologies.

Descriptors:
Social Isolation; COVID-19; Mental Health; Faculty; Teaching.

RESUMEN

Objetivos:

comprender las repercusiones del trabajo docente en la enseñanza a distancia durante la pandemia de COVID-19 en las Instituciones de Educación Superior del Norte de Santa Catarina.

Métodos:

estudio cualitativo, tipo acción-participante, basado en los preceptos teórico-metodológicos de Paulo Freire. 17 profesores de salud participaron en dos Círculos Virtuales de Cultura realizados en el primer semestre de 2021.

Resultados:

surgieron seis temas generadores de discusión, que despertaron en los participantes sentimientos y perspectivas respecto al proceso de enseñanza a distancia en el contexto de la pandemia, con énfasis en el tema conectividad, que generó diálogo a través de relatos de experiencias personales.

Consideraciones Finales:

la pandemia ha tenido repercusiones en sectores como la salud y la educación. Los docentes hablaron sobre su experiencia en la creación, recreación y adaptación a la enseñanza a distancia y los desafíos que enfrenta el proceso de enseñanza-aprendizaje, enumerando el empeoramiento de la salud mental y la necesidad de aprender nuevas tecnologías digitales.

Descriptores:
Aislamiento Social; COVID-19; Salud Mental; Docentes; Enseñanza.

INTRODUÇÃO

Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre um vírus que causava pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos(11 Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Folha informativa sobre COVID-19 - Histórico da pandemia de COVID-19 [Internet]. 2020[cited 2022 Feb 22]. Available from: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19
https://www.paho.org/pt/covid19/historic...
). Em 30 de janeiro de 2020, a OMS noticiou que a Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) era uma emergência de saúde pública(11 Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Folha informativa sobre COVID-19 - Histórico da pandemia de COVID-19 [Internet]. 2020[cited 2022 Feb 22]. Available from: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19
https://www.paho.org/pt/covid19/historic...
).

Dessa forma, houve várias precauções para evitar a propagação do vírus, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a lavagem das mãos. No Brasil, os primeiros casos foram confirmados no mês de fevereiro, e diversas ações também foram tomadas para evitar a proliferação da doença, entretanto foi decretado Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN)(22 Cavalcante ASP, Machado LDS, Farias QLT, Pereira WMG, Silva MRF. Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à crise do novo coronavírus no Brasil. Av Enferm. 2020;38(1supl):52-60. https://doi.org/10.15446/av.enferm.v38n1supl.86229
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).

A pandemia de COVID-19 trouxe alterações no cotidiano mundial por conta das medidas sanitárias e do isolamento social, sendo esses essenciais. Por isso, todos os setores foram atingidos: indústria, comércio, agricultura, setor de serviços. Entre os setores mais cometidos, destaca-se a educação. Aos docentes, coube a tarefa de educar, considerando as desigualdades de acesso às tecnologias da informação pelos discentes. Assim, docentes e estudantes tiveram que se adaptar a uma nova forma de ensino: o remoto(33 Ribeiro BMSS, Martins DC, Dalri, RCMB. Ser docente do curso de enfermagem em trabalho remoto durante a pandemia da COVID-19. Rev Enferm UFPI. 2020;9:e11218. https://doi.org/10.26694/reufpi.v9i0.11218
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).

Dessa forma, o ensino remoto emergencial foi uma possibilidade que as instituições de ensino utilizaram para reparar uma situação de crise, entretanto não deve ser comparada com o Ensino a Distância (EaD). O EaD é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e docentes desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos(44 Rondini CA, Pedro KM, Duarte C dos S. Pandemia do COVID-19 e o ensino remoto emergencial: mudanças na práxis docente. Interf Científ. 2020;10(1),41-57. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v10n1p41-57
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5 Costa R, Lino MM, Souza AIJ, Lorenzini E, Fernandes GCM, Brehmer LCF, et al. Ensino de enfermagem em tempos de COVID-19: como se reinventar nesse contexto? Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20200202. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0002-0002
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-66 Presidência da República (BR). Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União [Internet]. 26 May 2017[cited 2022 Feb 22],1:3. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9057.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_at...
). Os docentes se depararam com as aulas remotas, que se mostraram ao decurso do tempo menos produtivas, em comparação às aulas presenciais, exigindo estratégias ativas de ensino e de aprendizagem, o que requer mudanças significativas na prática docente(77 Valente GSC, Moraes Érica B, Sanchez MCO, Souza DF, Pacheco MCMD. Ensino remoto diante das demandas do contexto pandêmico: reflexões sobre a prática docente. RSD. 2020;9(9):e843998153. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.8153
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).

Essas mudanças na educação e na forma do docente ministrar a aula foram uma quebra de paradigmas, pois o docente teve que rapidamente se adaptar e ensinar conteúdos de suas aulas presenciais para plataformas online com o emprego das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)(88 Gomes VTS, Rodrigues RO, Gomes RNS, Gomes MS, Viana LVM, Silva FS. A Pandemia da Covid-19: repercussões do ensino remoto na formação médica. Rev Bras Educ Med. 2020;44:4-20200258. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.4-20200258
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-99 Rocha SR, Quintana SM, Romão GS. Ensino remoto emergencial no contexto da pandemia da COVID-19. Femina [Internet]. 2020 [cited 2022 Jun 23];48(8):475-9. Available from: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/09/1118625/femina-2020-488-475-479.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/...
).

Constatou-se que, desejando ou não, docentes se viram incluídos no contexto da crise, impelindo-os a investir no desafio de desenvolver as competências de interação, educação, comunicação e uso das tecnologias(77 Valente GSC, Moraes Érica B, Sanchez MCO, Souza DF, Pacheco MCMD. Ensino remoto diante das demandas do contexto pandêmico: reflexões sobre a prática docente. RSD. 2020;9(9):e843998153. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.8153
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).

Com a docência no formato remoto, modificou-se o processo ensino-aprendizagem, enfraquecendo os coletivos de trabalhadores que, historicamente, fortaleceram-se do próprio local de trabalho, como lugar de encontro e de realização da atividade individual e coletiva(1010 Souza KRS, Santos GB, Rodrigues AMS, Félix EG, Gomes L, Rocha GL, et al. Trabalho remoto, saúde docente e greve virtual em cenário de pandemia. Trab Educ Saúde. 2021;19,e00309141. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00309
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).

Nessa nova modalidade de ensino, o docente se percebeu vivendo uma ‘docência solitária’ diante do atual cenário, ocasionando modificações na prática docente e algum grau de sofrimento psíquico.

O espaço pedagógico compartilhado entre docentes e discentes no qual ocorria a socialização, o movimento e o diálogo passou a ser substituído por um encontro virtual, restrito e solitário, podendo gerar insatisfação, tristeza e ansiedade(1010 Souza KRS, Santos GB, Rodrigues AMS, Félix EG, Gomes L, Rocha GL, et al. Trabalho remoto, saúde docente e greve virtual em cenário de pandemia. Trab Educ Saúde. 2021;19,e00309141. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00309
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-1111 Wright K, Sarangi A, Ibrahim Y. The psychiatric effects of COVID-19 thus far: a review of the current literature. Them Chronicles. 2020;8(35):17-28. https://doi.org/10.12746/swrccc.v8i35.727
https://doi.org/10.12746/swrccc.v8i35.72...
).

É necessário ressaltar que a enfermagem e outros cursos da saúde carecem de interação, de troca de saberes práticos que estão inerentes à formação; contudo, o ensino emergencial remoto adotado, no decorrer do isolamento social, ocasionado pela pandemia de COVID-19, necessitou de adequações ao processo de ensino, podendo nos apontar novas circunstâncias de esgotamento físico e mental de docentes e alunos(1212 Bastos TBMC, Boscarioli C. Os professores do Ensino Básico e as Tecnologias Digitais: uma reflexão emergente e necessária em tempos de pandemia. Horizontes [Internet]. 2020 [cited 2022 Feb 22]. Available from: http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/04/professores-do-ensino-basico-e-as-tecnologias-digitais/
http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2...
).

OBJETIVOS

Compreender as repercussões do trabalho docente no ensino remoto durante a pandemia de COVID-19 em Instituições Superiores de Ensino do Norte de Santa Catarina.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Os aspectos éticos da pesquisa, seguindo a Resolução CNS 466/2012, foram respeitados, com a coleta de dados se iniciando apenas após a aprovação pelo Comitê de Ética de Pesquisa. O projeto foi aprovado em 2020. Para preservar o anonimato, os docentes foram denominados conforme os ensinamentos de Paulo Freire, e como referência, utilizou-se o livro “Pedagogia da Autonomia”(1313 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 68. Ed. São Paulo: Paz e Terra; 2019.).

Referencial teórico-metodológico

Fundamentado no referencial teórico metodológico de Paulo Freire. Utilizou-se o Itinerário de Pesquisa freireano, que compreende três etapas interdependentes: 1) investigação temática; 2) codificação e descodificação; 3) desvelamento crítico(1414 Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor FCP, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm. 2017;26:2-8. https://doi.org/10.1590/0104-07072017000680017
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).

Procedimentos metodológicos

Para percorrer as etapas do Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire de maneira concreta, interativa, crítica, criativa e lúdica, foi realizada uma analogia com o computador, conforme ilustra a Figura 1.

Figura 1
Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire: analogia com o computador

Para iniciar o Círculo de Cultura Virtual (CCV) e percorrer a primeira fase do Itinerário de Pesquisa freireano, que é a investigação temática, as mediadoras compartilharam a imagem do computador que simbolizaria o ensino remoto (Figura 2). Explicaram que a tela representaria a investigação temática, que seria o universo dos docentes; o teclado, com as opções das letras, simbolizaria os significados que emergiria das ideias, dos pensamentos, permitindo a possibilidade de codificar e descodificar as temáticas, requerendo, assim, uma melhor compreensão; o mouse retrataria o desvelamento crítico, no qual se revela a subjetividade dos pensamentos dos docentes.

Figura 2
Representação do Itinerário de Pesquisa

A partir da representação, estimulou-se que os docentes expressassem temáticas significativas relacionadas à pandemia de COVID-19, lançando os seguintes questionamentos: como é viver o trabalho docente no ensino remoto? Quais as potências, as facilidades e os acontecimentos positivos desse momento remoto? Quais as fragilidades, as dificuldades e os acontecimentos negativos desse momento remoto? Os docentes dialogaram sobre os questionamentos, sendo digitalizadas na tela do computador as suas percepções, experiências e conhecimentos. À medida que os participantes levantavam os temas, uma mediadora foi anotando as respostas referentes aos questionamentos, incentivando-os a organizá-los conforme os assuntos abordados pelo grupo.

Tipos de estudo

Estudo qualitativo, do tipo pesquisa-ação participante(1515 Feltcher CDO, Ferreira ALA, Folmer V. Da pesquisa-ação à pesquisa participante: discussões a partir de uma investigação desenvolvida no Facebook. Exp Ensino Ciênc [Internet]. 2017 [cited 2021 Dec 13];12(7). Available from: https://fisica.ufmt.br/eenciojs/index.php/eenci/article/view/677
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), no qual foi utilizado o Itinerário de Pesquisa freireano, que ocorre em um espaço de Círculo de Cultura, que possibilita a troca de experiências, atrelado à construção de conhecimento. Os participantes dialogam sobre temas em comum de forma horizontal e participativa, estimulando o conhecimento coletivo em busca da transformação da realidade(1616 Dalmolin IS, Heidemann ITSB. Práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde: desvelando potências e limites. Rev Esc Enferm USP. 2019;53:1-8. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2018026603506
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).

Cenário do estudo

O estudo foi realizado em três Instituições Superiores de Ensino do estado de Santa Catarina. Participaram da pesquisa 17 docentes, incluindo os docentes de cursos na área da saúde que estavam atuando no ensino remoto na pandemia de COVID-19. Os docentes que estavam em licença no período da realização do estudo foram excluídos.

Devido ao contexto pandêmico, optou-se por realizar o CCV, configurando-se em uma prática de grandes desafios e inovadora. Assim, foi utilizado o aplicativo Google Meet institucional.

Coleta e organização dos dados

A estratégia para obtenção dos dados foi o CCV. Os docentes das instituições de ensino foram convidados via e-mail. Após o aceite em participar do estudo, foi encaminhada uma mensagem, via WhatsApp, agendando o CCV de acordo com a disponibilidade dos participantes. Em seguida, foi enviado via e-mail o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual assinaram e os encaminharam para as pesquisadoras.

Foram realizados dois CCV por meio da plataforma Google Meet, com duração de aproximadamente duas horas e intervalo de um mês entre eles. Os encontros aconteceram no primeiro semestre de 2021.

As ferramentas utilizadas durante as etapas do Itinerário de Pesquisa eram comparadas à imagem de um computador. Após a realização do CCV, os diálogos foram transcritos e organizados de acordo com o referencial metodológico.

Análise dos dados

Para validar esses registros, foi realizada a releitura de todas as frases para os docentes, motivando-as a dar continuidade nas reflexões sobre as temáticas propostas, com vistas a selar o processo ação-reflexão-ação, incentivando-as a compreender sua capacidade de enfrentar os desafios levantados e compartilhar propostas que possibilitam transformação da sua realidade(1414 Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor FCP, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm. 2017;26:2-8. https://doi.org/10.1590/0104-07072017000680017
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).

Para o desvelamento crítico, as mediadoras abordaram que o computador representa o ensino remoto, sendo convidados os docentes a refletirem sobre tudo que falaram e que ouviram dos demais, a fim de desvelar as reais possibilidades para viver com saúde e superar os desafios da COVID-19 no processo de ensino e aprendizagem, buscando transformar suas dificuldades e facilidades neste momento. O processo de desvelamento dos temas ocorreu concomitantemente com a investigação temática, conforme prevê os pressupostos do Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire, que prevê o processo analítico(1414 Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor FCP, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm. 2017;26:2-8. https://doi.org/10.1590/0104-07072017000680017
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).

RESULTADOS

Os CCV contaram com a participação de 17 pessoas vinculadas às Instituições de Ensino Superior, sendo 14 do sexo feminino e três do sexo masculino, de idade média 30 a 60 anos. A formação dos participantes ocorreu predominantemente na área da enfermagem, residentes em diferentes municípios do estado de Santa Catarina, Brasil.

A primeira fase culminou com a identificação de seis temas geradores, encaminhados para a etapa de codificação e descodificação, que foram: conectividade; preocupação com o futuro; solidão/docência solitária; aprendizado; diálogo prejudicado; e dificuldade organizacional. Essas temáticas refletem a realidade de vida dos participantes, por meio de suas falas e emoções expressadas. A fim de organizar e facilitar a realização das etapas do Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire, os temas geradores e as codificações foram reproduzidos em slides, durante o encontro virtual.

Os participantes revelaram seus sentimentos e perspectivas em relação ao processo do ensino remoto no momento pandêmico, refletidos ao longo dos diálogos realizados em relatos de experiências pessoais. Dentre os temas geradores, a conectividade foi uma temática predominante, culminando em diversas inquietações e questionamentos entre os participantes, suscitando momentos de reflexão. Desse modo, neste estudo, a conectividade se apresentou-se em destaque, relacionando os aspectos positivos do ensino remoto, uso das tecnologias e seus limites observados pelos participantes.

Os docentes discutiram a respeito de como o uso de ferramentas online propiciaria relações de aproximação que, anteriormente, não ocorria ou que a distância acabava dificultando:

[…] assim como as nossas emoções oscilam, a nossa relação com o ensino remoto oscila. De início, tudo pareceu muito interessante, inovador, possível de ampliar horizontes. A gente podia usar novas ferramentas, trazer pessoas de longe, então parecia tudo muito interessante. (Amorosidade)

[…] mas eu sinto também, em contraponto, que eu aprendi muito, então eu me sinto uma pessoa muito mais conectada hoje. Então, eu aprendi a fazer aulas em diferentes programas que eu nem sabia que existiam. Então, além de todos esses desafios, eu sinto que foi um momento de grande aprendizado pra mim de utilizar outras ferramentas, de ensinar de uma outra forma. (Liberdade)

O ensino remoto exigiu dos professores uma mudança drástica na maneira de ensinar, pois tiveram que dominar e aprender novas práticas pedagógicas, utilizando-se de vários dispositivos tecnológicos. Os alunos precisaram se adaptar à nova realidade digital, embora essa tecnologia já estivesse inserida no seu dia a dia; entretanto, tiveram a necessidade de ficar em frente ao computador durante um período maior, para participar das aulas. No diálogo no Círculo de Cultura, os participantes demonstraram a necessidade de buscar novas adequações das aulas, para manter o envolvimento e interesse dos alunos. Isso também se aplicou ao relacionamento entre os próprios docentes e instituição, a fim de manter os alinhamentos necessários para os processos de trabalho, conforme relatado nas falas abaixo:

[…] eu também achei que, de certa forma, a Educação a Distância tem dado oportunidade […] tem ensinado […] visões diferentes de ensino […]e estava muito acostumado a olhar o ensino como algo professor-aluno. E ajudou a ter um pouquinho mais de independência, de ir mais atrás, de buscar o conteúdo sozinhos. (Criticidade)

[…] desenvolvemos mecanismos e recursos para melhorar a nossa comunicação com alunos, com professores, com a instituição, então eu entendo que é bastante positivo. (Estética)

Destacaram, também, oportunidades de capacitações e discussões que ocorreram de forma virtual, possibilitando a participação de todos e contínua atualização.

[…] também lembrei da oportunidade que a gente teve de participar de eventos online, escutar profissionais e professores que a gente não teria possibilidade sem ir para um congresso muito longe, muito caro, e a gente teve esse acesso […]. (Generosidade)

Os participantes dialogaram que o ensino remoto propiciou aproximação, interação, economia e gestão de tempo, como relatado:

[…] conhecendo pessoas diferentes e interagindo com pessoas de diferentes universidades […]. (Esperança).

Porém, quando em home office, os participantes destacaram como aspectos positivos melhora na alimentação, hábitos adequados de sono, preparo das próprias refeições, inclusão de hábitos saudáveis na rotina, infusões e chás, atividade física e aproximação com a família.

Como temáticas significativas envolvendo a conectividade, destaca o acesso à comunicação, que poderia ser um facilitador, entretanto essa temática também incluiu aspectos negativos, podendo ser considerados limites nas rotinas dos docentes. Tal aspecto desfavorável se deu à dificuldade dos interlocutores em compreender limites relacionados ao tempo e espaço no acesso ao outro, o imediatismo nas respostas, além das atividades concomitantes realizadas sem pausas e descansos.

[…] a outra coisa que eu vejo assim como um ponto da conectividade negativo, que eu acho que pesa muito, inclusive na minha questão organizacional, é a facilidade que as pessoas têm para se comunicar com você, independentemente do horário, independentemente do dia da semana, das funções. O acesso, exigindo uma resposta imediata de algumas situações, ficou muito mais fácil e, aqui, a ansiedade de uma resposta mais imediata fica mais fortificada, penso eu assim. (Consciência)

[…] essa questão de as pessoas não terem até o bom senso de te mandar meia-noite, sábado, domingo, na hora do almoço. Então, como se a gente tivesse obrigação de estar “ligado” vinte e quatro horas, independente do horário. (Esperança)

[…] então, acho que é isso: a gente não se desconecta, tanto no sentido de a gente se comunicar com o outro, de nós enviarmos as mensagens, como também de recebermos essas mensagens. Então, a gente tem que se policiar nos dois sentidos, nessa relação de ida e volta, tanto não enviar quanto também tentar não ler. (Autonomia)

As possibilidades de realizar ações seguidas ou até mesmo simultâneas levaram as pessoas a condições de exaustão, gerando sentimentos de desmotivação ao desenvolver/participar das ações remotas.

[…] a conectividade é tão ampla e facilita tanto o acesso das coisas que a gente acessa várias coisas ao mesmo tempo, começa a fazer uma coisa atrás da outra, uma atividade seguida da outra, sem pausa […]. (Consciência)

[…] as reuniões são do meio-dia às 13h45. O horário de almoço dos profissionais. A insanidade que estamos chegando. (Autonomia)

[…] vários eventos online: lives, webinars, palestras. Tanta coisa superlegal acontecendo, mas eu não consigo fazer nada. (Consciência)

Além disso, o compromisso docente se fez presente na possibilidade trazida pela conectividade relacionada ao aspecto do cansaço e necessidade de retorno imediato.

[…] final de semana, e os alunos mandando perguntas, sabe? Domingo. Então, eu pensei “não, não vou nem olhar”, porque, se eu abrir, eu vou responder. Eu não aguento também ver a dúvida do aluno e não responder. (Autonomia)

O impacto físico das ações remotas foi pontuado frente a dores, como no ouvido e dificuldade do feedback acústico. Essa condição influenciou indiretamente na produção vocal do professor, que passou a exigir mais da sua voz, podendo gerar desconforto e impacto na qualidade vocal.

[…] e uma outra coisa também: essa questão de fone. Dor no ouvido já tenho por causa do uso abusivo de fone, eu percebo isso, já tá muito dolorido, e a gente fala mais alto. Eu agora tô tentando fazer isso aqui ó: colocar um lado só, pra ver se eu consigo falar mais baixo, porque, às vezes, minha filha fala “mãe, você tá falando muito alto”, e aí eu percebo que é porque eu tô com fone de ouvido. E depois, no diálogo dentro de casa, o tom de voz continua elevado. (Autonomia)

Ao refletir sobre os impactos da conectividade, os participantes salientaram a sobrecarga, como a permissão com a realização das atividades:

[…] nos permitindo e nos deixando nos permitir, a fazer com que a conectividade fique além da nossa situação de pessoa […], […] em momento de trabalhar os nãos. Eu sei dizer não? Eu consigo dizer não? Esse é o momento pra gente dizer o não. (Humildade)

A conectividade tem sido presente no cotidiano de muitas pessoas, todavia também pode levar a uma “sobrecarga” de informações, que gera ansiedade e estresse, como observado nas falas anteriores. Uma participante relatou que, por vezes, buscou o afastamento dos dispositivos que a mantinham conectada, como TV, computador e smartphone, possibilitando, desse modo, momentos de pausa das suas atividades.

Por meio do desvelamento da temática referente à conectividade, os participantes referiram a ações possíveis de serem direcionadas, particularmente aos aspectos negativos. O processo de ação-reflexão-ação permitiu que o grupo compreendesse a necessidade de afirmar alguns posicionamentos. Desvelaram os seus próprios limites, de se desconectar, desligar a internet.

[…] conectividade está fazendo na nossa vida. E algumas estratégias de desvelamento que a gente pode estar trabalhando para melhorar nossa vida, e a gente tava conectado nela, mas a gente não estava olhando. (Curiosidade)

Os pontos positivos da conectividade foram retomados como forma de buscar a superação das dificuldades vivenciadas na prática diária dos docentes em meio à situação pandêmica vivenciada.

[…] eu percebo ela [a conectividade] como algo muito positivo né, na questão de barreiras geográficas, de ter acesso […] a capacidade de todos poderem se conectar ao mesmo tempo e assistir no momento, participar de uma mesma conversa. (Curiosidade)

Durante a reflexão do grupo, acerca de pensamentos que pudessem desvelar a temática, também foi levantada a discussão sobre o necessário exercício para que as pessoas não tenham seus pensamentos fixados nas incertezas do futuro, desse modo, trazendo sua vida para o presente e buscando a melhor maneira de se adaptar com as dificuldades vivenciadas.

Como um dos aspectos negativos da conectividade foi a percepção aumentada de ansiedade e estresse, algumas falas sugeriram o afastamento das redes sociais de modo excessivo:

[…] então, eu tento evitar alguns tipos de notícias e alguns sites que antes eu acessava, e eu evito entrar. E aquela dica né, pra gente tentar ficar e viver mais o presente, então vamos viver o agora. Qual é o contexto do agora? Agora nós estamos no remoto e no futuro a gente vai ver como as coisas vão acontecer e como a gente vai se adaptar ao novo contexto que vai surgir. (Liberdade)

O grupo considerou as implicações negativas para o processo de aprendizagem dos discentes, todavia reafirmou que a pandemia trouxe desafios a todas as pessoas, mas que ainda pode ser possível buscar a formação pautada nas necessidades dos alunos:

[…] tentar não pensar que está tudo bem, que o ensino está sendo tranquilo, que não tem nenhuma fragilidade, mas sim olhar para ele e pensar como pode ser melhorado. Como que esse aluno tá recebendo, não sei se é essa palavra, mas assim como ele está atuando nesse processo, como ele está se vendo nesse processo, como ele está recebendo esse conteúdo. (Curiosidade)

No fechamento da discussão, foram pontuadas algumas ações necessárias de mudanças individuais e coletivas, para que os docentes pudessem lidar com os desafios do trabalho durante a pandemia. O grupo levantou a importância da higiene do sono, a redução do acesso de aplicativos e redes que tenham envolvimento com o trabalho em seus momentos de descanso, a diminuição do tempo diante da televisão ou em sites com notícias ruins, a potencialização do diálogo entre os pares para trocas de experiências e a ajuda mútua no processo ensino-aprendizagem.

DISCUSSÃO

De acordo com a declaração da OMS referente à primeira vítima confirmada com COVID-19 no Brasil, deu-se início a uma série de repercussões e preocupações intersetoriais no país. Perpassando o setor da saúde, diversos cenários foram afetados e exigiram uma reorganização para se adequar às demandas da pandemia(1717 Word Health Organization (WHO). Director-General's statement on IHR Emergency Commitee on Novel Coronavirus (2019-nCoV) [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 13]. Available from: https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-statement-on-ihr-emergency-committee-on-novel-coronavirus-(2019-ncov)
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).

Em 17 de março de 2020, por meio da Portaria nº 343, o Ministério da Educação substituiu as aulas presenciais por aulas digitais durante a situação de pandemia de COVID-19(1818 Ministério da Educação (BR). Portaria n. 543 de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19 [Internet]. Diário Oficial da União. 18 Mar 2020[cited 2021 Dec 13];53(1):39. Available from: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/porta...
). Essa medida foi tomada em decorrência dos primeiros casos da COVID-19 no Brasil; assim, uma nova proposta de educação e de trabalho estava sendo concebida e todos tiveram que se adequar ao novo modelo de organização da sociedade: as pessoas, inclusive os docentes, trabalhando home office(1919 Lunardi NMSS, Nascimento A, Sousa JB, Silva NRM, Pereira TGN, Fernandes JSG. Aulas remotas durante a pandemia: dificuldades e estratégias utilizadas por pais. Educ Real. 2021;46(2):e106662. https://doi.org/10.1590/2175-6236106662
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).

Diante dessa nova proposta, as instituições de ensino tiveram que reformular seus Projetos Pedagógicos do Curso (PPC), os planos de ensino e adotar o modelo de aula remota subsidiada por recursos tecnológicos e digitais. Sendo assim, essa nova educação foi uma solução temporária para uma determinada situação emergencial(2020 Costa DP, Freitas AA, Oliveira ICS. Aulas remotas durante a pandemia da COVID-19: o que dizem os graduandos em pedagogia? Anais do Congresso Internacional de Educação e Tecnologias do Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância [Internet]. São Carlos 2020 [cited 2022 Feb 10]. Available from: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/view/1313
https://cietenped.ufscar.br/submissao/in...
).

A educação remota, a possibilidade de o aluno estar em um espaço geográfico diferente do docente, foi implantada de maneira emergencial, pois docentes e alunos foram proibidos por meio de decretos municipais, estaduais e federais, de frequentarem instituições educacionais, para evitar a disseminação do vírus(2121 Hodges C, Trust T, Moore S, Bond A, Lockee B. As diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência. Rev Esc Prof, Educ Tecnol [Internet]. 2020 [cited 2022 Feb 22];2. Available from: https://escribo.com/revista/index.php/escola/article/view/17
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).

Os professores estavam acostumados às aulas presenciais e, na maioria das vezes, não precisavam utilizar de muitos recursos tecnológicos ou digitais, tiveram que deixar seu universo presencial, no qual tinham maestria, e se reinventar, pois a grande maioria não estava preparada e nem capacitada para isso(2222 Behar PA. O ensino remoto emergencial e a educação à distância [Internet]. 2020 [cited 2022 Feb 12]. Available from: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/
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-2323 Araújo MPN, Barroso RRF, Machado ML, Cunha CM, Queiroz VAO, Martins PC, Santana MLP. Residency is residency, work is work: a quali-quantitative study on the remote work of university professors during the COVID-19 pandemic. RSD. 2021;10(9):e24310918068. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.18068
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). Em um estudo realizado com docentes sobre o ensino não presencial, destacou-se que esse gerou insegurança e medo, faltando-lhes maior capacitação para o emprego de tecnologias virtuais(2424 Souza JB, Heidemann ITSB, Brum CN, Walker F, Schleicher ML, Araújo JS. Vivências do trabalho remoto no contexto da covid-19: reflexões com docentes de enfermagem. Cogit Enferm. 2021;6:e77243. https://doi.org/10.5380/ce.v26i0.77243
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).

Diante disso, houve grandes mudanças, tanto dos docentes quanto dos alunos, pois a forma de ensinar e aprender foi drasticamente modificada, observando-se uma ruptura no padrão pedagógico(2020 Costa DP, Freitas AA, Oliveira ICS. Aulas remotas durante a pandemia da COVID-19: o que dizem os graduandos em pedagogia? Anais do Congresso Internacional de Educação e Tecnologias do Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância [Internet]. São Carlos 2020 [cited 2022 Feb 10]. Available from: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/view/1313
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).

Porém, esse é um momento de reflexão e de mudanças, e toda mudança requer paciência, estudo, motivação, quebra de paradigmas e conhecimento do novo; exige curiosidade, consciência crítica, e a tecnologia traz estímulos e desafios à curiosidade. Assim, o professor aprende, ensina e desperta no aluno reflexão crítica e diálogo. Portanto, parafraseando Paulo Freire(1313 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 68. Ed. São Paulo: Paz e Terra; 2019.), o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Independentemente do modo, seja presencial ou remoto, o professor consegue despertar no aluno a consciência crítica, a curiosidade e a busca do conhecimento(1919 Lunardi NMSS, Nascimento A, Sousa JB, Silva NRM, Pereira TGN, Fernandes JSG. Aulas remotas durante a pandemia: dificuldades e estratégias utilizadas por pais. Educ Real. 2021;46(2):e106662. https://doi.org/10.1590/2175-6236106662
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).

Dessa forma, os diferentes desafios para colocar em prática outros modos de ensino exigiram que os docentes assumissem o processo de planejamento, as aulas síncronas e assíncronas, e a elaboração de estratégias pedagógicas, permitindo que houvesse tanto um desgaste emocional quanto um desânimo e outras situações de agravo à sua saúde(2222 Behar PA. O ensino remoto emergencial e a educação à distância [Internet]. 2020 [cited 2022 Feb 12]. Available from: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/
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).

Corroborando com outros estudos que avaliaram o impacto da pandemia, esta pesquisa demonstra implicações à saúde mental dos trabalhadores da educação. A adaptação a um novo modo de viver culminou em interferências na saúde mental das pessoas, incluindo mudança na qualidade do sono, ansiedade e outros sintomas depressivos.

Alguns fatores podem potencializar essa sensação de sobrecarga, como o histórico prévio de ansiedade, ritmo exagerado de trabalho, desvalorização profissional, sucateamento do setor e condições de trabalho que não correspondem às demandas do serviço. Uma vez que o exercício da profissão representa grande parte da vida das pessoas, é necessário um olhar aos elementos que estejam influenciando de modo negativo na qualidade de vida dos docentes(2525 Penteado RZ, Souza S. Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do trabalho e da cultura docente à docência como profissão. Saúde Soc. 2019;28(1):135-53. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180304
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).

A balança entre os ganhos e perdas em meio ao contexto pandêmico impactou a saúde mental dos docentes, frente à migração repentina da modalidade de aula remota e à adaptação imediata das formas de ensino, conteúdos e habilidades, como no aprofundamento do uso das tecnologias de informação e comunicação, aspectos que por si geram sobrecarga no trabalho relacionada à preocupação com a qualidade do ensino(2626 Nascimento FS, Almeida R, Granja E, Helal DH. Saúde, home office e trabalho docente: construção compartilhada de estratégias de sobrevivência em tempos de pandemia. Rev Nufen Fenom Inter [Internet]. 2021 [cited 2022 Feb 22];13(2):82-94. Available from: https://submission-pepsic.scielo.br/index.php/nufen/article/view/22467
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).

A exigência cognitiva que o trabalho docente exige, associada a uma má qualidade do sono, pode repercutir diretamente no desempenho e satisfação profissional, incidindo em maior sofrimento mental. Esse, por sua vez, pode ser acentuado diante das diferenças de gênero, pois, na divisão sexual do trabalho, as múltiplas tarefas são absorvidas pela mulher, o que aumenta a jornada de trabalho, considerando-se os afazeres doméstico e de cuidados com os filhos(2727 Pinho PS, Freitas AMC, Cardoso MCB, Silva JS, Reis LF, Muniz CFD, et al. Trabalho remoto docente e saúde: repercussões das novas exigências em razão da pandemia da Covid-19. Trab Educ Saúde. 2021;19:e00325157. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00325
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).

Percebe-se que o contexto de pandemia impôs aos docentes uma profunda reorganização de suas rotinas de trabalho. A barreira física entre trabalho e vida familiar, no domicílio, deixou de existir e, na maioria das vezes, forçou improvisações diversas ao cotidiano familiar e doméstico, para permitir a estrutura mínima necessária às atividades de ensino-aprendizagem. A remodelagem das formas de exercer a docência e a revisão aguda dos tempos de trabalho e de vida familiar produziram consequências negativas expressivas na saúde física e mental do docente. O escasso tempo diário dedicado ao descanso e altas proporções de qualidade de sono ruim foram algumas das situações de saúde identificadas no contexto da pandemia(2727 Pinho PS, Freitas AMC, Cardoso MCB, Silva JS, Reis LF, Muniz CFD, et al. Trabalho remoto docente e saúde: repercussões das novas exigências em razão da pandemia da Covid-19. Trab Educ Saúde. 2021;19:e00325157. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00325
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-2828 Araújo ARL, Sousa LMC, Carvalho RBS, Oliveira ADS, Amorim FCM, Sousa KHJF, et al. O trabalho remoto de enfermeiros docentes em tempos de pandemia. Esc Anna Nery. 2021;25(spe):e20210198. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0198
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).

O trabalho remoto possibilitou que aspectos positivos também sejam apresentados, como o de potencializar o desenvolvimento profissional dos professores ao adquirir novas competências na díade professor-aluno, a otimização do tempo diante da diminuição de distâncias, aproximação do contexto familiar e quebra de barreiras geográficas(1010 Souza KRS, Santos GB, Rodrigues AMS, Félix EG, Gomes L, Rocha GL, et al. Trabalho remoto, saúde docente e greve virtual em cenário de pandemia. Trab Educ Saúde. 2021;19,e00309141. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00309
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,2525 Penteado RZ, Souza S. Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do trabalho e da cultura docente à docência como profissão. Saúde Soc. 2019;28(1):135-53. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180304
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). Faz-se fundamental, portanto, a oferta de suporte continuado ao docente para aproximar a relação com as novas tecnologias de informação e comunicação, evitando-se, assim, a sensação de impotência diante dos desafios relacionados a essa modalidade de ensino(2929 Possoli GE, Fleury PFF. Desafios e mudanças na prática docente no ensino remoto emergencial na Educação Superior em Saúde e Humanidades. RSD. 2021;10(13),e146101320655. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.20655
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).

Além disso, percebeu-se a fragilização, desvalorização, sofrimento e adoecimento do trabalho docente, em que a busca da sua autonomia está relacionada a formas de cuidado centradas no professor. As relações entre autonomia e cuidado perpassam aspectos da saúde do trabalhador docente, podendo contribuir para a interdisciplinaridade na atenção à saúde deles e chave para a discussão de uma cultura do cuidado tanto no trabalho virtual quanto presencial(3030 Antonini FO, Heideman ITSB. Paulo Freire’s research itinerary: contributions for promoting health in the teaching profession. Rev Bras Enferm. 2020;73(4):e20190164. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0164
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).

Limitações do estudo

O estudo teve como fator limitante a pouca adesão dos participantes na realização dos CCV. Acredita-se que, pelo excessivo trabalho remoto dos docentes, o desafio é conciliar um horário com todos os professores para a realização do CCV, em razão do acúmulo de atividades que desenvolvem no seu processo de trabalho.

Contribuições do estudo à área da saúde

Este estudo contribui para que se possa conhecer as opiniões dos docentes relacionadas ao ensino remoto e suas repercussões na saúde mental desses profissionais durante a pandemia, bem como direcionar as discussões sobre a temática nas instituições de ensino, compartilhando as experiências exitosas no ensino remoto durante a pandemia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os docentes, durante os CCVs, dialogaram sobre sua vivência em criar, recriar e se adaptar ao ensino remoto. Discutiram sobre a conectividade constante e acesso à comunicação como situações que necessitam trabalhar para a viabilização do ensino online durante a pandemia de COVID-19.

Destacaram desafios frente ao processo de ensino aprendizagem, elencando o agravamento da saúde mental e a necessidade de aprender novas tecnologias digitais. Ressaltaram a insegurança e o medo em aprender a utilizar as ferramentas tecnológicas e como essa modalidade do ensino virtual interferiu na vida cotidiana de cada docente, como invasão do espaço privado, qualidade do sono e falta de limites do tempo dedicado ao trabalho e ao lazer. Como potencialidades, salientaram o uso das ferramentas online, promovendo relações de aproximação entre as pessoas distantes geograficamente.

O diálogo nos Círculos de Cultura possibilitou refletir como a pandemia de COVID-19 está interferindo na saúde dos docentes. Por meio do Itinerário de Pesquisa freireano, desvelou-se uma compreensão das repercussões do agravamento da saúde mental e dos cuidados que são necessários. Por meio dos Círculos de Cultura, foi possível partilhar vivências congruentes e motivações entre os pares, o cuidado de forma coletiva, reforçando esse espaço de mediação e resiliência.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Alexandre Balsanelli

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    13 Maio 2022
  • Aceito
    17 Ago 2022
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