Prejuízos nutricionais e distúrbios no padrão de sono de trabalhadores da
               Enfermagem

Coelho, Martina Pafume; Pinto, Olaine Oliveira; Mota, Maria Carliana; Crispim, Cibele Aparecida

doi:10.1590/0034-7167.2014670523

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Revista Brasileira de Enfermagem

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Sumário

REVISÃO • Rev Bras Enferm 67 (5) • Sep-Oct 2014 • https://doi.org/10.1590/0034-7167.2014670523 copiar

Prejuízos nutricionais e distúrbios no padrão de sono de trabalhadores da Enfermagem

Nutritional damages and disturbances in the sleep pattern of nursing workers

Prejuicios nutricionales y alteraciones en los patrones de sueño de los trabajadores de Enfermería

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Este artigo apresenta uma revisão integrativa das publicações científicas da última década, que investigaram os hábitos de sono, a ingestão alimentar e o estado nutricional de profissionais de enfermagem. Foram analisados artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais no período de 2002 a 2014, disponibilizados na base de dados PubMed/MEDLINE (USA National Library of Medicine), Lilacs / SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico. Trinta e um artigos preencheram os critérios estabelecidos. Na análise destes estudos foi identificada elevada prevalência de sobrepeso e obesidade, além de uma modificação negativa nos hábitos alimentares, bem como prejuízos na dinâmica do sono dos profissionais da área de enfermagem

Enfermagem; Hábitos de Sono; Ingestão Alimentar; Estado Nutricional

Autor(es), Ano, País	Delineamento	População	Principais resultados
Kim et al, 2013 Coreia do Sul	Transversal	9.851 (sexo feminino)	Entre as trabalhadoras do turno rotativo, a prevalência de sobrepeso (18,6%) e de obesidade (7,4%) aumentou proporcionalmente ao tempo de trabalho em turnos (p<0,001).
		5.149 R
		4.702 D
Bogossian et al. 2012 Austrália	Coorte	4996* (sexo feminino)	61,87% da amostra apresentaram sobrepeso ou obesidade de (IMC ≥ 25 kg/m²).
Han et al. , 2011 Estados Unidos	Transversal	2103* (sexo feminino)	57,3% da amostra apresentavam sobrepeso ou obesidade.
Zhao et al. , 2011 Austrália	Coorte	2494 (sexo feminino)	31,8% das participantes apresentaram sobrepeso e 26,9%, obesidade. Trabalhadores em turnos rotativos tinham 1,15 mais chance de ter excesso de peso/obesidade que os trabalhadores do turno fixo diurno.
		1259 D
		1235 R
Wong et al. , 2010 China	Transversal	378 R	20,1% apresentavam IMC superiores a 23kg/m² o que, de acordo com as faixas de peso preestabelecidas para esta população, indica obesidade.
Wong et al. , 2010 China	Transversal	(32 sexo masculino e 346 sexo feminino)
Tavares et al. , 2010 Brasil	Transversal	418* (ambos os sexos)	45,3% dos participantes apresentavam sobrepeso e 32,9%, obesidade (p<0,05).
Sampedro et al. , 2010 Espanha	Transversal	207	A média de IMC foi de 23, 17Kg/m². 19% apresentaram sobrepeso e 4%, obesidade. Foi encontrada uma alimentação mais saudável no turno rotatório quando comparada ao turno fixo.
		35 F
		172 R
Botolli, Moraes & Goldmeier; 2009 Brasil	Transversal	80	O sobrepeso e a obesidade estavam presentes em 56,3% da amostra, além disso, 75% da amostra apresentou a circunferência da cintura acima dos valores limítrofes (≥ 94cm para homens e ≥ 80cm para mulheres).
Botolli, Moraes & Goldmeier; 2009 Brasil	Transversal	(11 sexo masculino e 69 sexo feminino)
Miller et al. , 2007 Estados Unidos	Transversal	760*	A média de IMC foi 27,2kg/m². 54% estavam com sobrepeso ou obesos.
Miller et al. , 2007 Estados Unidos	Transversal	(61 sexo masculino e 699 sexo feminino)
Fischer et al. , 2006	Transversal	996D e N	Prevalência de 21,5% de sobrepeso (25 Kg/m² ≥ IMC ≤ 29,9 Kg/m²) e de 35,8% de obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m²) nos profissionais da área de enfermagem.
Fischer et al. , 2006	Transversal	(118 sexo masculino e 878 sexo feminino)
Ha & Park, 2005 Coreia	Transversal	360 N	A RCQ crescia proporcionalmente ao número de anos trabalhados a noite (p<0,05).
Ha & Park, 2005 Coreia	Transversal	(134 sexo masculino e 226 sexo feminino)
Reiners et al. , 2004 Brasil	Transversal	204*	36,6% foram classificados com sobrepeso, 25,6%, com obesidade e 2,3%, com obesidade mórbida.
Reiners et al. , 2004 Brasil	Transversal	(20 sexo masculino e 152 sexo feminino)
Geliebter et al. , 2000 Estados Unidos	Transversal	85 (ambos os sexos)	Foi verificado que o grupo noturno teve um ganho de peso maior que o grupo diurno (p = 0,02). No entanto, não foram encontradas diferenças significantes entre ao valores de IMC de ambos os grupos.
		36 D
		49 N

Autor(es), Ano, País	Delineamento	População	Principais resultados
Flo et al. , 2012 Noruega	Transversal	1932	Foi observada uma alta ingestão de alimentos ou bebidas com cafeína no turno da noite.
		(186 masculino e 1738 feminino)
		619 D
		1313 N
Geiger-Brown et al. 2012 Estados Unidos	Transversal	80 N	Consumo frequente e em grandes quantidades de cafeína para manter o estado de alerta.
Geiger-Brown et al. 2012 Estados Unidos	Transversal	Ambos os sexos
Sahu & Dey, 2011 India	Transversal	75	Profissionais de enfermagem que trabalhavam a noite fizeram um número menor de refeições quentes, apresentaram menor apetite, menor satisfação em comer e fizeram maior número de lanches do que as trabalhadoras do turno diurno (p< 0,0005).
		(sexo feminino)
		40 R
		35 D
Celik et al. , 2008 Turquia	Transversal	110 N	Profissionais de enfermagem que trabalhavam muitas horas a noite possuíam hábitos alimentares inadequados.
Celik et al. , 2008 Turquia	Transversal	(sexo feminino)
Zererev et al. , 2005 Malawi	Transversal	24 R	Grupo rotativo relatou fazer mais refeições (p<0,001) além de ter os padrões de apetite e satisfação reduzidos (p<0,01) quando comparados ao grupo diurno.
		22 D
		(sexo feminino)
Reiners et al. , 2004 Brasil	Transversal	204*	70,3% dos participantes afirmaram ingerir café, 77,9% alegou preocupar-se com a quantidade de gordura na alimentação e 61% afirmou preocupar-se com o sal na alimentação regularmente.
Reiners et al. , 2004 Brasil	Transversal	(20 sexo masculino e 152 sexo feminino)
Waterhouse et al. , 2003 Reino Unido	Transversal	50 D	Os trabalhadores da noite relataram aumento no consumo de refeições frias (p<0,001) e maior consumo de salgadinhos (p = 0,01).
		43 N
		(ambos os sexos)

Autor(es), Ano, País	Delineamento	População	Principais resultados
Øyane et al, 2013 Noruega	Transversal	2035 N	Profissionais de enfermagem com menor tempo de trabalho no turno noturno apresentaram maiores chances de insônia (OR = 1.48, 95% CI = 1.10-1.99) e fadiga crônica (OR = 1.78, 95% CI = 1.02-3.11) do que as trabalhadoras que já tinham uma longa experiência de trabalho noturno.
Øyane et al, 2013 Noruega	Transversal	(sexo feminino)
Flo et al. , 2012 Noruega	Transversal	932 (186 sexo masculino e 1738 sexo feminino)	Alta prevalência (37,6%) de sonolência diurna excessiva e insônia nos profissionais dos turnos rotativos.
		619 D
		11313 N
Geiger-Browm et al. 2012 Estados Unidos	Transversal	80 N	45% apresentaram alto nível de sonolência (KSS>7), fadiga e estavam mais vulneráveis à perda de sono.
Geiger-Browm et al. 2012 Estados Unidos	Transversal	(ambos os sexos)
Lin et al. , 2012 Taiwan	Transversal	1360 (sexo feminino)	Os profissionais d enfermagem do turno rotativo noturno apresentaram má qualidade do sono comparado aos profissionais do turno diurno (p<0,001).
		769 R
		591 D
Zencirci, AD; Arslan S. , 2011 Turquia	Transversal	483	Enfermeiros que trabalhavam nos turnos da manhã ou da noite tiveram melhor qualidade do sono que aqueles que trabalhavam no turno rotativo e diurno (p<0,001).
		(sexo feminino)
		107 D
		19 N
		256 R
Hsieh et al. , 2011 Taiwan	Transversal	661 R	59% apesentaram sono de má qualidade (PSQI>5) e insônia.
Hsieh et al. , 2011 Taiwan	Transversal	(31 sexo masculino e 630 sexo feminino)	59% apesentaram sono de má qualidade (PSQI>5) e insônia.
Hasson, D. ; Gustavsson, P. 2010 Suécia	Transversal	2103*	Os resultados sugerem uma redução contínua na qualidade do sono dos profissionais de enfermagem ao longo dos anos do estudo.
Hasson, D. ; Gustavsson, P. 2010 Suécia	Transversal	(sexo feminino)
Shao et al. , 2010 Taiwan	Transversal	435 F	57% apresentaram sono de má qualidade (PSQI >5). Esses escores foram associados à piora na qualidade de vida (distrofia pré-menstrual, acidentes de trabalho, doenças e uso de medicação).
Shao et al. , 2010 Taiwan	Transversal	(sexo feminino)
Garde et al. , 2009 Dinamarca	Transversal	166	Foi observada pior qualidade de sono (p<0,001) nos enfermeiros do turno rotativo noturno comparados à qualidade de sono dos profissionais de enfermagem dos turnos fixos.
		27 D
		12 T
		47 N
		80 R
Geliebter et al. , 2005 Estados Unidos	Transversal	85 (ambos os sexos)	Trabalhadores noturnos relataram maior número (p = 0,01) e duração (p = 0,05) de cochilos que os trabalhadores do dia.
		36 D
		49 N
Martino, 2002 Brasil	Transversal	59	A duração do sono noturno dos enfermeiros que trabalham a noite foi, em media, 2 horas a mais que a dos enfermeiros que trabalham durante o dia (p<0,004). O sono fracionado foi encontrado apenas no grupo noturno.
		(25 sexo feminino e 34 sexo masculino)
		45 D
		14 N
Fischer et al. , 2002 Brasil	Transversal	45	Foram detectadas diferenças significativas entre sono diurno e noturno (p < 0,001). Foi observada uma pior qualidade de sono diurno após noites de trabalho (p < 0,007). Foram encontradas diferenças significantes na percepção dos estados de alerta no turno da noite (p <0,001).
		Ambos os sexos
		26 R
		19 D

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[1] AUTOR CORRESPONDENTE: Martina Pafume Coelho. E-mail: martina@psi.ufu.br