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Ser editor da REBEn: lugar especial

EDITORIAL

Ser editor da REBEn: lugar especial

Joel Rolim Mancia

Editor. Enfermeiro. Mestre em Enfermagem. Aluno do Curso de Doutorado em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Servidor da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Presidente da ABEn-RS/Gestão 2004-2007.

Com este número encerro uma trajetória de 6 anos, ao longo dos quais participei da organização do mais respeitado periódico da Enfermagem brasileira. Considero que ser editor científico é uma tarefa fascinante, desafiadora e de responsabilidade. Ser editor da Revista Brasileira de Enfermagem é um privilégio que envolve todo o fascínio de estar num lugar que possibilita interagir com o conhecimento produzido na área e contribuir para que ele seja divulgado. Foi assim que a editoria da REBEn foi vivida por mim: como um lugar que divulga um determinado saber e um lugar que, ao estar implicado com essa divulgação, também influencia o que pode ser objeto de conhecimento e como ele pode (ou deve) ser comunicado. Exatamente por conceber este trabalho deste modo, ele também demandou de mim um grande aprendizado.

Iniciei a minha atividade de editor em novembro de 1998, participando timidamente da editoração do último fascículo do volume 51 da REBEn, número que encerrava o trabalho da editoria anterior. Uma de nossas primeiras decisões, logo que tomamos posse, foi a de liberar a REBEn do compromisso de publicar a produção científica apresentada no Congresso Brasileiro de Enfermagem, porque a cada ano se acumulava uma grande quantidade de textos que competia com a demanda espontânea dos pesquisadores, o que tornava inviável a sua avaliação e publicação. Essa medida, que inicialmente causou muito descontentamento entre os congressistas e sócios da ABEn, foi, afinal, absorvida porque se entendeu que estávamos em outros tempos, em tempos de avaliação e que o formato anterior nos colocava em situação desfavorável na classificação geral dos periódicos.

Ao mesmo tempo, o número elevado de originais recebidos, as limitações em publicar toda a demanda qualificada em curto intervalo de tempo, sem que os temas/objetos de discussão ficassem desatualizados, nos levaram a propor a diminuição da periodicidade da revista, de trimestral para bimestral, aumentando assim a publicação de 4 para 6 números anuais. Com isso se propiciou um aumento do espaço e maior agilidade para a divulgação da produção científica da área.

Outra frente de trabalho que priorizamos foi a ampliação do número de assinantes da revista. Quando assumimos a organização da REBEn tínhamos menos de 200 assinaturas, em grande parte porque, como em quase todos os periódicos de nossa área, é preciso ser assinante para publicar na REBEn. Hoje, quando passamos a revista para a nova Diretoria da ABEn, a entregamos com 800 assinaturas, ainda sem mudar essa política, e esse é um número bastante expressivo se considerarmos que a média de assinaturas das revistas acadêmicas gira em torno de 450 assinaturas. Entendemos, no entanto, que esta frente encerra ainda vários desafios a serem pautados, a começar pela discussão de uma questão já desenhada em debate no último Congresso Brasileiro de Enfermagem, qual seja: a de que uma publicação deveria investir em uma política de editoração voltada, prioritariamente, para a constituição de um público de assinantes leitores e não de um público de assinantes autores, que a atual vinculação entre possibilidade de publicação e assinatura acaba por priorizar e manter; uma discussão que não podemos desvincular de uma outra, que envolve, justamente, a questão de formas de financiamento de nossas publicações.

Pudemos, também nestes anos, compartilhar com a comunidade de editores e pesquisadores de Enfermagem da organização do Encontro Nacional de Editores de Periódicos de Enfermagem, uma estratégia que a ABEn desenvolveu para promover a qualificação das revistas da área. Este Encontro, que já se encontra na sua 7ªedição, consolidou-se como espaço para discussão dos editores de Enfermagem, dando origem ao Fórum Nacional de Editores de Periódicos de Enfermagem que congrega, atualmente, todas as revistas do Brasil.

Muitas outras indicações de mudanças que realizamos para melhor atender aos nossos leitores e qualificar nosso veículo de divulgação poderiam ainda ser feitas, uma vez que elas fortaleceram a revista e a ABEn, podendo-se citar por exemplo: financiamentos de distintos órgãos do governo como CNPq, FINEp, Ministério da Saúde, OPAS e UNESCO; em nível internacional ampliamos nossas bases de indexação (Cinahl, Cuiden, Periódica ,Ulrich's, Hemeroteca-UAM); incluímos consultores de outros países no Conselho Editorial; aproximamos-nos de países de língua espanhola com a participação no Consejo Iberoamericano de Editores- CIBERE, com sede na Espanha; temos a proposta de realizar a II Conferencia Iberoamericana de Revistas de Enfermería dos países membrosno Brasil, ainda em 2005 ou em 2007. Esse conjunto de medidas nos colocou, na classificação da CAPES, como periódico de circulação Internacional.

Também a política de publicar números temáticos foi muito bem acolhida pelos pesquisadores e funcionou como uma forma de divulgar áreas que, até então, tinham pouca expressão nos periódicos. Com o objetivo de lhes dar visibilidade, a partir do ano 2000, organizamos um número temático por ano, sendo o primeiro sobre Saúde da Família, com edição de 20.000 exemplares - um marco na história das revistas - com distribuição nacional e gratuita. Em 2001, por ocasião dos 75 anos da ABEn, elaboramos um exemplar sobre a história da entidade, com 25 textos, se constituindo em um documento primoroso pelas contribuições que autores desta área nos prestaram. No ano de 2002 celebramos os 70 anos da própria revista com um número temático que abordou sua trajetória nesse período. Entendemos que, ao oportunizar espaço para a divulgação de textos sobre a História da Enfermagem, tanto nesses dois números temáticos como na seção História da Enfermagem da REBEn contribuimos para que essa linha de pesquisa aumentasse sua visibilidade, no Brasil. Em 2003, em edição de 5000 exemplares contemplamos, com 30 artigos, a temática Educação em enfermagem, na perspectiva das Diretrizes Curriculares que estavam sendo implantadas em todo o país. Administração em Enfermagem foi o tema escolhido para divulgar o número temático de 2004. Esse número foi organizado para trazer o que há de mais recente nesta área, contemplando tanto textos encomendados quanto demanda espontânea e, com esse formato, em 26 artigos escritos por 68 autores, ele certamente, contribuiu para se ter em um só documento o que temos de melhor na administração em enfermagem.

Por último, em minha despedida, quero agradecer aos muitos que ajudaram a escrever essa história:

- aos pesquisadores que contribuíram com sua produção e a colocaram à disposição do periódico;

- aos consultores que responderam a todas as nossas solicitações, não somente analisado textos, mas também opinando na organização da revista e produzindo sob encomenda;

- àquelas que trabalharam junto ao editor, de forma mais permanente e mais próxima, no Rio Grande do Sul, pela contribuição e pelas aprendizagens que fizemos, em especial às professoras Clélia Soares Burlamaque, Maria Henriqueta Luce Kruse, Anna Maria Hecker Luz, Flávia Regina Souza Ramos, Dagmar Estermann Meyer, Valéria Lunardi, Jane Lynn Garrison Dytz, Jussara Gue Martini e Denise Pires;

- às presidentes da ABEn, Eucléa Gomes Vale e Francisca Valda da Silva, pela confiança que me permitiu ocupar o cargo por todo esse tempo e desenvolver o trabalho que, enquanto coletivo, propusemos e desenvolvemos nesses anos.

Muito Obrigado!

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Fev 2009
  • Data do Fascículo
    Out 2004
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