Cuidados para prevenção de extubação não planejada: análise da validade do conteúdo de um instrumento

Torres, Giovanna Mercado; Nascimento, Eliane Regina Pereira do; Hermida, Patrícia Madalena Vieira; Malfussi, Luciana Bihain Hagemann de; Galetto, Sabrina Guterres da Silva

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Revista Brasileira de Enfermagem

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • Rev. Bras. Enferm. 74 (1) • 2021 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0998 copiar

Cuidados para prevenção de extubação não planejada: análise da validade do conteúdo de um instrumento

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RESUMO

Objetivos:

analisar a validade do conteúdo de um instrumento de cuidados de enfermagem para prevenção de extubação não planejada em Unidade de Terapia Intensiva.

Métodos:

estudo metodológico, com 40 enfermeiros, contendo 26 intervenções distribuídas nos componentes: gestão da agitação/delirium/dor; estabilidade do dispositivo respiratório; desmame da sedação e avaliação da respiração espontânea; gestão de recursos humanos. Aplicou-se Índice de Validade de Conteúdo, proporção média e universal, e Coeficiente Kappa.

Resultados:

destacaram-se especialistas brasileiros, femininos, com idade média de 44,9 anos e desvio padrão de 7,75 anos. Duas intervenções não atingiram Índice de Validação de Conteúdo válido (≥0,78), quando considerado o conjunto dos critérios avaliados. Identificou-se acordo universal de 4,0% entre os brasileiros e de 26,6% entre os estrangeiros.

Conclusões:

o instrumento é relevante e representa o conteúdo “prevenção de extubação não planejada em Unidade de Terapia Intensiva”, podendo ser implementado no Brasil e em países latinos, nas versões brasileira e estrangeira.

Descritores:
Cuidados Críticos; Extubação; Unidades de Terapia Intensiva; Segurança do Paciente; Estudos de Validação

Intervenções de Enfermagem	PER		CON		CLA		OBJ		SIM		EXE		EXA		IVC intervenções
	IVC		IVC		IVC		IVC		IVC		IVC		IVC		IVC intervenções
	EB	EE	EB	EE	EB	EE	EB	EE	EB	EE	EB	EE	EB	EE	EB	EE
Gestão da agitação/delirium/dor
1. Detectar delirium usando escalas validadas: ICDSC ou CAM-ICU.	0,98	0,98	0,94	0,97	0,88	0,92	0,85	0,97	0,78	0,92	0,82	0,95	0,86	0,93	0,87	0,95
2. Avaliar a dor com a BPS.	0,99	0,93	0,95	0,93	0,89	0,90	0,87	0,93	0,79	0,88	0,82	0,85	0,86	0,83	0,88	0,89
3. Monitorar o nível de sedação e agitação com a RASS.	0,99	0,97	0,95	0,90	0,92	0,98	0,91	1,00	0,89	0,92	0,87	0,98	0,93	0,97	0,92	0,96
4. Utilizar protocolo padronizado de avaliação e manejo da dor, agitação, delirium.	0,96	1,00	0,90	0,98	0,94	1,00	0,95	0,98	0,88	1,00	0,99	0,97	0,70	0,92	0,90	0,98
5. Manter vigilância contínua do paciente durante o banho, transporte, mudança de decúbito e no processo de desmame.	0,95	0,85	0,95	0,90	0,96	0,92	0,96	0,88	0,94	0,92	0,98	0,88	0,98	0,90	0,96	0,89
6. Identificar e modificar fatores de risco não farmacológicos para desenvolver delirium.	0,89	0,87	0,93	0,92	0,96	0,98	0,89	0,90	0,82	0,97	0,83	0,92	0,86	0,88	0,88	0,92
7. Usar contenção mecânica em situações clínicas apropriadas e avaliadas pela equipe e baseadas na legislação vigente.	0,95	0,83	0,89	0,92	0,96	0,97	0,97	0,90	0,93	0,90	0,96	0,93	0,96	0,92	0,95	0,91
8. Detectar assincronias durante a ventilação mecânica.	0,93	0,87	0,98	0,92	0,94	0,82	0,96	0,85	0,82	0,87	0,94	0,93	0,89	0,87	0,92	0,88
Estabilidade do dispositivo respiratório
9. Utilizar técnica e material padronizado na fixação do TOT.	0,94	0,95	0,91	0,97	0,97	0,93	0,97	0,98	0,97	0,98	0,99	0,97	0,97	0,95	0,96	0,96
10. Trocar a fixação no momento que precisar e quando estiver evidentemente danificada.	0,93	0,97	0,87	0,97	0,95	0,98	0,95	0,98	0,93	0,98	0,95	1,00	0,87	0,93	0,92	0,97
11. Controlar pressão do balonete do cuff, mantendo 20-30 cm de H₂O.	0,91	0,85	0,92	0,95	0,97	0,98	0,94	0,90	0,99	0,98	0,91	0,98	0,94	0,90	0,94	0,93
12. Monitorar a numeração do TOT ao nível da comissura labial.	0,98	0,97	0,98	0,98	0,94	1,00	0,95	0,93	0,98	1,00	0,99	1,00	0,99	0,98	0,97	0,98
13. Avaliar o posicionamento do TOT com Rx de tórax.	0,93	0,75	0,91	0,73	0,94	0,88	0,95	0,77	0,98	0,88	0,90	0,80	0,98	0,82	0,94	0,80
14. Realizar ausculta pulmonar do MV e verificar a expansão pulmonar.	0,98	0,83	0,97	0,85	0,98	0,92	0,93	0,85	0,91	0,90	0,96	0,90	0,95	0,92	0,95	0,88
15. Avaliar a permeabilidade do TOT mediante a progressão da sonda de aspiração e a presença de esforço respiratório.	0,88	0,60	0,86	0,72	0,86	0,87	0,92	0,73	0,92	0,88	0,91	0,85	0,90	0,75	0,89	0,77
16. Verificar alterações na curva do capnógrafo.	0,87	0,80	0,88	0,90	0,89	0,95	0,92	0,87	0,92	0,88	0,88	0,92	0,93	0,88	0,90	0,89
17. Evitar tracionar o TOT pelo circuito do VM e posicionar o circuito cuidadosamente durante banho, mudança de decúbito e transporte.	0,97	0,98	0,97	1,00	0,99	0,98	0,96	0,98	0,98	0,98	0,99	0,98	0,94	0,95	0,97	0,98
18. Centralizar a cabeça do paciente durante banho, mudança de decúbito e transporte.	0,87	0,82	0,89	0,85	0,94	0,85	0,88	0,80	1,00	0,92	0,99	0,82	0,95	0,87	0,93	0,85
Desmame da sedação e avaliação da respiração espontânea
19. Interromper diariamente o uso de sedativos utilizando protocolos padronizados.	0,81	0,93	0,83	0,90	0,85	0,98	0,81	0,95	0,94	0,93	0,93	0,90	0,92	0,93	0,87	0,93
20. Utilizar o teste de despertar espontâneo.	0,91	0,87	0,95	0,88	0,88	0,86	0,85	0,88	0,77	0,87	0,77	0,83	0,85	0,88	0,85	0,87
21. Utilizar o teste de respiração espontânea.	0,93	0,92	0,95	0,90	0,88	0,83	0,85	0,92	0,77	0,85	0,77	0,85	0,85	0,90	0,86	0,88
22. Avaliar diariamente a necessidade de desmame precoce.	0,89	0,98	0,85	0,98	0,93	0,97	0,88	0,98	0,96	0,95	0,97	0,93	0,96	0,95	0,92	0,96
23. Monitorar alarmes relacionados à pressão nas vias respiratórias e a análise gráfica referente às curvas volume-tempo, fluxo-tempo e pressão.	0,93	0,82	0,92	0,82	0,93	0,95	0,91	0,88	0,89	0,87	0,97	0,85	0,96	0,80	0,93
Gestão de recursos humanos
24. Manter o número suficiente da equipe de enf. Por paciente em situação crítica de saúde, segundo a carga de trabalho.	0,94	0,97	0,86	0,92	0,88	0,97	0,87	0,98	0,93	0,87	0,88	0,88	0,87	0,95	0,89	0,93
25. Determinar o dimensionamento de enf., segundo as normas técnicas vigentes de cada instituição.	0,74	0,98	0,71	0,90	0,80	0,97	0,79	0,92	0,79	0,88	0,86	0,97	0,70	0,97	0,77	0,94
26. Realizar/proporcionar educação continuada e treinamento da equipe de enf.	0,95	0,95	0,91	0,92	0,95	1,00	0,92	0,97	0,88	0,87	0,90	0,95	0,96	0,97	0,92	0,95
Todas as intervenções	0,92	0,89	0,91	0,91	0,92	0,94	0,91	0,91	0,90	0,92	0,91	0,92	0,91	0,90	0,91	0,91

Adequações realizadas
Componente: Gestão da agitação/delirium/dor Aglutinadas as intervenções 1, 2 e 3. Acrescida a Escala de Ramsay na intervenção 3, aglutinada à 1 e 2. Trocado o verbo "detectar" por "identificar" na intervenção 6. Citados os fatores de risco não famacológicos para o desenvolvimento de delirium na intervenção 6. Eliminado o termo "avaliação" e inserido "institucional" na intervenção 4. Substituído "manter vigilância contínua" por "monitorar continuamente" na intervenção 5. Trocado "modificar" por "prevenir" na intervenção 6.
Componente: Estabilidade do dispositivo respiratório Aglutinadas as intervenções 9 e 10 em uma única. Alterada, na intervenção 10, a situação em que deve ser trocada a fixação do TOT, de modo que ocorra uma vez por plantão conforme as condições da pele. Adicionado "ruídos adventícios" na intervenção 14, e especificado que esta deve ser realizada no mínimo uma vez por plantão. Substituído o verbo "verificar" por "detectar" e "capnógrafo" por "capnografia" na intervenção 16. Aglutinadas e sintetizadas as intervenções 17 e 18.
Componente: Desmame da sedação e avaliação da respiração espontânea Alterada a redação para "utilizar protocolo padronizado na interrupção do uso de sedativos" na intervenção 19. Especificado o teste para avaliar o despertar do paciente e que o mesmo deve ser utilizado após a suspensão de sedativos por meio da RASS ou Escala de Ramsay na intervenção 20. Explicitado o teste de respiração espontânea mediante uso do tubo em T na intervenção 21. Trocada a palavra "necessidade" por "possibilidade" na intervenção 22, e especificado que nesta intervenção devem ser empregados protocolos padronizados.
Componente: Gestão de recursos humanos Mudada a denominação do componente para "Educação em serviço". Substituído o termo "continuada" por "permanente" e excluídas as palavras "proporcionar" e "treinamento" da intervenção 26.

Componentes e Intervenções
Componente: Gestão da agitação/delirium/dor
1 - Identificar e avaliar o delirium com as escalas: ICDSC ou CAM-ICU, a dor com a escala comportamental da dor - BPS, e o nível de sedação e agitação com a escala de RASS ou RAMSAY. 2 - Utilizar protocolo institucional padronizado de manejo da dor, agitação e delirium.^* * Intervenção eliminada do instrumento da versão brasileira; 3 - Monitorar continuamente ao paciente durante o banho, transporte, mudança de decúbito e no processo de desmame. 4 - Identificar e prevenir os fatores de risco não farmacológicos para desenvolver delirium como: ruído, isolação, ausência de comunicação, privação de sono, privação de visitas, ausência da luz do dia contenção física e mobilização tardia. 5 - Usar contenção mecânica em situações clínicas apropriadas, avaliadas pela equipe e baseadas na legislação vigente.
Componente: Estabilidade do dispositivo respiratório
6 - Realizar a troca da fixação do TOT utilizando técnica e material padronizado, uma vez por plantão conforme as condições da pele ao redor do TOT/faces. 7 - Avaliar o posicionamento do TOT com Rx de tórax.^ Intervenção suprimida do instrumento da versão estrangeira. 8 - Identificar a presença de ruídos adventícios, murmúrio vesicular e expansão pulmonar, no mínimo uma vez por plantão. 9 - Detectar alterações nas curvas de capnografia. 10 - Evitar tração do TOT pelo circuito do VM, posicionar o dispositivo respiratório centralizado cuidadosamente durante o banho, a mudança de decúbito, o transporte e a troca de fixação.
Componente: Desmame da sedação e avaliação da respiração espontânea
11 - Utilizar protocolo padronizado na interrupção do uso de sedativos. 12 - Utilizar o teste de SAT na avaliação do despertar do paciente, após a suspensão dos sedativos, através da escala RASS ou RAMSAY. 13 - Utilizar o teste de SBT de respiração espontânea, mediante uso do tubo em T. 14 - Avaliar diariamente a possibilidade de desmame precoce, utilizando protocolos padronizados.
Componente: Gestão de recursos humanos
15 - Manter o número suficiente da equipe de enfermagem por paciente em situação crítica de saúde, segundo a carga de trabalho. 16 - Determinar o dimensionamento de enfermagem, segundo as normas técnicas vigentes de cada instituição.^* * Intervenção eliminada do instrumento da versão brasileira; 17 - Realizar a educação permanente da equipe de enfermagem.

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[1] Autor Correspondente: Giovanna Mercado Torres. E-mail: vannia_27@yahoo.es