Aplicativos móveis de autogerenciamento da dor lombar: revisão sistemática em plataformas digitais^*

RESUMO

Objetivo:

Identificar e analisar os recursos e a qualidade do suporte de autogerenciamento dos aplicativos móveis disponíveis no Brasil para dor lombar crônica em adultos.

Método:

Revisão sistemática nas plataformas digitais Apple Store^® e Google Play^®. Utilizaram-se a escala Self-Management Support Assessment Tool para avaliar o suporte ao autogerenciamento e a escala Institute for Healthcare Informatics Functionality Score para avaliar a funcionalidade.

Resultados:

Foram selecionados 17 aplicativos, que incluíram cerca de sete habilidades de autogerenciamento. Os aplicativos que atendiam à maioria das habilidades de suporte ao autogerenciamento foram Pathways, Branch, Pancea, Pain Navigator e Curable. Os aplicativos Curable, Branch e MoovButh apresentaram as maiores pontuações, com dez funcionalidades na escala de funcionalidade.

Conclusão:

Alguns aplicativos têm potencial para complementar o tratamento presencial em termos de validade, aceitabilidade e utilidade clínica no manejo da dor. No entanto, barreiras como falta de parceria entre profissionais de saúde e pacientes, conteúdo limitado baseado em evidências, apoio social, relevância cultural, custo, idioma, segurança e privacidade podem limitar o seu uso sustentado. Registro PROSPERO: CRD42022382686.

DESCRITORES
Dor Lombar; Aplicativos Móveis; Smartphone; Autogestão; Autocuidado

ABSTRACT

Objective:

To identify and analyze the features and quality of self-management support of mobile applications available in Brazil for chronic low back pain in adults.

Method:

A systematic review on the Apple Store^® and Google Play^® digital platforms. The Self-Management Support Assessment Tool scale was used to assess self-management support and the Institute for Healthcare Informatics Functionality Score scale was used to assess functionality.

Results:

Seventeen applications were selected, which included around seven self-management skills. The applications that met the majority of self-management support skills were Pathways, Branch, Pancea, Pain Navigator, and Curable. The Curable, Branch and MoovButh applications had the highest scores, with ten features on the functionality scale.

Conclusion:

Some applications have the potential to complement in-person treatment in terms of validity, acceptability and clinical usefulness in pain management. However, barriers such as lack of partnership between healthcare providers and patients, limited evidence-based content, social support, cultural relevance, cost, language, security and privacy can limit their sustained use. PROSPERO Registration: CRD42022382686.

DESCRIPTORS
Low Back Pain; Mobile Applications; Smartphone; Self-Management; Self Care

RESUMEN

Objetivo:

Identificar y analizar las características y la calidad del soporte de autogestión de aplicaciones móviles disponibles en Brasil para el dolor lumbar crónico en adultos.

Método:

Revisión sistemática en las plataformas digitales Apple Store^® y Google Play^®. Se utilizó la escala Self-Management Support Assessment Tool para evaluar el apoyo a la autogestión y la escala Institute for Healthcare Informatics Functionality Score para evaluar la funcionalidad.

Resultados:

Se seleccionaron 17 aplicaciones, que incluían alrededor de siete habilidades de autogestión. Las aplicaciones que cumplieron con la mayoría de las habilidades de apoyo a la autogestión fueron Pathways, Branch, Pancea, Pain Navigator y Curable. Las aplicaciones Curable, Branch y MoovButh obtuvieron las puntuaciones más altas, con diez características en la escala de funcionalidad.

Conclusión:

Algunas aplicaciones tienen potencial para complementar el tratamiento presencial en términos de validez, aceptabilidad y utilidad clínica en el manejo del dolor. Sin embargo, barreras como la falta de asociación entre los profesionales de la salud y los pacientes, el contenido limitado basado en evidencia, el apoyo social, la relevancia cultural, el costo, el idioma, la seguridad y la privacidad pueden limitar su uso sostenido. Registro PROSPERO: CRD42022382686.

DESCRIPTORES
Dolor de la Región Lumbar; Aplicaciones Móviles; Teléfono Inteligente; Automanejo; Autocuidado

INTRODUÇÃO

A dor é um fenômeno complexo e demanda gestão por profissionais de saúde, e pode ser definida como “experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante à associada, a um dano tecidual real ou potencial”(¹), envolvendo tratamento, controle e prevenção(²).

A dor lombar, ou lombalgia, é uma das principais causas de incapacidade no mundo. Quando crônica, persistindo por mais de três meses, ela representa uma experiência complexa e única para cada indivíduo(³). Para a maioria das pessoas com dor lombar crônica (DLC), não é possível identificar de forma confiável um contribuinte nociceptivo específico, sendo categorizada como “não específica”(⁴,⁵). Além disso, ela resulta em absenteísmo, diminuição da produtividade laboral e impactos socioeconômicos(⁶), e sua prevalência continua a aumentar. A DLC, anteriormente vista como um sintoma de uma condição subjacente, é agora reconhecida na Classificação Internacional de Doenças como uma doença primária com múltiplos fatores interativos, incluindo aspectos biológicos, psicológicos e sociais(⁷).

É recomendado um suporte de autogestão adaptado às necessidades individuais do paciente, incorporando técnicas como autoeficácia, automonitoramento de sintomas e Terapia Cognitiva-Comportamental(⁸). O tratamento inclui educação, aconselhamento e estratégias para melhorar a adesão dos pacientes(⁹).

O crescimento acelerado das tecnologias de informação em saúde possibilitou o uso de aplicativos móveis (apps) para rastreamento e autogerenciamento da dor no âmbito da prevenção, promoção, controle de doenças, vigilância e monitoramento(²). Suas vantagens, como cobertura de áreas geográficas amplas, personalização baseada nas preferências ou características dos usuários e canais de comunicação digital com mensagens direcionadas a grupos ou indivíduos específicos, favorecem o autogerenciamento e a prevenção tanto nos ambientes institucionais de assistência à saúde quanto nos espaços privados(¹⁰). Essas ações são facilitadas pelas propriedades de mobilidade, portabilidade, funcionalidade e conectividade(⁶).

As pesquisas com apps revelam diversos resultados. Estudo que utilizou a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) conclui que a qualidade geral dos apps é baixa e oferece poucas medidas de resultados para monitorar a eficácia no gerenciamento de lombalgia(¹¹). Outra pesquisa evidenciou que nenhum dos apps foi testado em pessoas com dor persistente ou forneceu informações culturalmente adaptadas. Recursos como o estabelecimento de metas individuais e o compartilhamento de informações com os profissionais de saúde são raros(¹²). Revisão sistemática (RS) indicou que soluções móveis podem ter um impacto positivo em pessoas com lombalgia(⁵). No entanto, o engajamento e a informação precisam ser aprimorados na maioria dos apps. Além disso, é fundamental que o uso de ferramentas aplicadas à saúde se baseie em evidências científicas(¹³). Observou-se que os apps apresentam baixa qualidade e limitada funcionalidade, sendo necessário um design centrado nas condições do usuário e a implementação em parceria entre a indústria e os pesquisadores(¹⁴). Há problemas relacionados à interface e segurança, e nenhum app de dor adequado para uso clínico foi identificado(¹⁵).

As intervenções de autogerenciamento são interdisciplinares, fornecendo ferramentas e estratégias que auxiliam na adoção de comportamento mais saudáveis e promovem cuidados colaborativos entre pacientes e clínicos(⁸). No entanto, os pacientes frequentemente demonstram pouca adesão às opções de tratamento. É necessário avaliar a qualidade dessas ferramentas para validar seus benefícios e credibilidade(¹⁴). Apenas a análise de usuários dos apps não é suficiente para obter todas as informações necessárias; é preciso utilizar escalas validadas e compará-las com guias de melhores práticas atuais(¹⁶).

Estudos adicionais são necessários para compreender a tomada de decisões em autogestão por meio de app de saúde, sendo um desafio para profissionais de saúde identificar as melhores aplicações entre as muitas disponíveis. A literatura ainda é limitada quanto aos efeitos dessas ferramentas com foco em autogestão. Além disso, sua aplicabilidade em ambientes clínicos permanece incerta(¹⁷). Os apps disponíveis comercialmente frequentemente carecem de ensaios clínicos, critérios e padrões de qualidade, efetividade e conteúdo baseado em evidências(¹¹). Portanto, é necessário determinar a disponibilidade, a qualidade e os recursos dos apps voltados para o manejo da dor lombar. Nesse contexto, foi conduzida revisão em plataformas digitais com o objetivo de identificar e analisar os recursos e a qualidade do suporte de autogerenciamento dos apps disponíveis no Brasil para DLC em adultos.

MÉTODO

Tipo de Estudo

Trata-se de RS realizada em plataformas digitais, registrada no International Prospective Register of Ongoing Systematic Reviews(PROSPERO), sob o número de registro CRD42022382686 de 19 de dezembro de 2022. O estudo foi conduzido conforme as recomendações do checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses(PRISMA)(¹⁸). As etapas metodológicas seguidas foram: (1) formulação da questão ou objetivo de pesquisa; (2) elaboração do protocolo; (3) definição dos critérios de elegibilidade; (4) condução da busca final e triagem dos aplicativos de saúde; (5) extração de dados; (6) avaliação da qualidade, funcionalidade e outros aspectos relevante; e (7) análise e síntese dos resultados(¹⁹).

Estratégia de Busca

A pergunta norteadora do estudo foi: quais as principais características e a qualidade dos apps disponíveis no Brasil para o autogerenciamento da dor lombar em adultos? Para estruturar a questão de pesquisa, adotou-se o modelo representado pela sigla TECH, desenvolvido por um grupo de pesquisadores que forneceram uma visão geral das considerações metodológicas para análises de apps(¹⁹): Usuário-Alvo (Target Use): adultos; Foco de Avaliação (Evaluation Focus): habilidades de autogerenciamento, características e qualidade dos apps; Conectividade (Connectedness): apps independentes; Domínio de Saúde (Health Domain): dor lombar.

A seleção foi realizada nas lojas digitais por meio de buscas simples, usando palavras-chave em português, inglês e espanhol, tais como Lombalgia (Low Back Pain, Dolor Lumbar), Coluna Vertebral (Spine, Columna Vertebral), Dor nas Costas (Back Pain, Dolor de Espalda), Manejo Da Dor (Pain Management, Manejo del Dolor), Autocuidado (Self Care, Autocuidado).

Critérios de Seleção

Apps que incorporem pelo menos uma estratégia de autogerenciamento da dor, tais como educação, exercícios, estratégias psicológicas, como Terapia Cognitiva-Comportamental, monitoramento e terapias complementares, como meditação, além da promoção do bem-estar físico geral, incluindo boa higiene do sono, foram incluídos. Além disso, os apps devem ter interatividade, ou seja, requerer entrada do usuário para inserir dados pessoais ou fazer escolhas. Os apps podem estar disponíveis gratuitamente ou mediante pagamento, nos idiomas português, inglês ou espanhol, nas plataformas do Brasil, destinando-se a usuários maiores de 18 anos.

Apps destinados exclusivamente à descrição de condições patológicas de coluna vertebral, abordando causas, sintomas, diagnóstico, fatores de risco, etc., projetados para uso por profissionais da saúde em suas práticas clínicas diárias, como aqueles voltados para a identificação de fatores de risco usando instrumentos de avaliação dos pacientes ou direcionados para testes diagnósticos de coluna, cujo conteúdo se limite apenas a informações gerais relacionadas à coluna, ou seja, sem qualquer componente interativo com o usuário que ofereça um plano de tratamento específico, apresentando apenas texto e imagens informativas sem atividades para envolver ativamente o usuário, que apresentem apenas listas de serviços de gerenciamento de dor, não tenham sido atualizados há mais de dois anos, não exijam suporte adicional ou suporte técnico contínuo e com má funcionalidade, foram excluídos. Não houve restrição quanto à data de lançamento do app, desde que sejam compatíveis com as atualizações mais recentes do Android e iOS.

Coleta de Dados

A coleta de dados ocorreu entre maio e junho de 2023, por meio do acesso às lojas virtuais da Apple Store^® e Google Play^®, utilizando smartphone individualmente. A seleção dessas plataformas operacionais baseou-se em sua ampla participação no mercado de apps.

Protocolo do Estudo

A seleção dos apps foi realizada em um único momento com base nos títulos e nas descrições das lojas. Os apps elegíveis foram baixados e avaliados de acordo com critérios pré-estabelecidos, sendo analisados por, no mínimo, dez minutos ou até que todos os componentes fossem avaliados. Aqueles disponíveis em ambas as plataformas foram baixados exclusivamente na Google Play^®. Tanto a versão gratuita quanto todos os recursos disponíveis durante o período de teste foram apreciados, incluindo a possibilidade de aquisição de versões pagas. Realizou-se uma busca nas bases de dados PubMed para cada app selecionado, identificando artigos científicos publicados e estruturas teóricas usadas no desenvolvimento e utilizando o nome do app como palavra-chave até maio de 2023. A coleta de dados foi conduzida de maneira independente por dois avaliadores.

Variáveis do Estudo

As variáveis incluídas foram: nome; classe (saúde e fitness, medicina, educativo, entretenimento); desenvolvedor (indivíduo ou organização); loja digital (Apple Store^® e Google Play^®); descrição do app; aquisição (pago/gratuito); características (funcionalidades); avaliação (escala de 0 a 5 pontos); custo e tamanho do arquivo; número de downloads; tipo de dor; finalidade de aplicação; atualização do app; idioma; tamanho do arquivo; informações e avisos de saúde; bases teóricas; e os itens da escala Self-Management Support Assessment Tool (SMS-14) e Institute for Healthcare Informatics (IMS) Functionality Scoring System.

Avaliação de Risco de Viés (Qualidade)

Utilizou-se a SMS-14, que é uma escala de verificação de autogerenciamento personalizado por 14 itens, abrangendo seis habilidades básicas de autogerenciamento (12 itens) e duas funções (dois itens). A SMS-14 foi desenvolvida com base no modelo de apoio à autogestão de Stanford, nas diretrizes para dor persistente e em revisões anteriores sobre autogestão e dor(⁸).

Cada item vale um ponto(⁸). As habilidades compreendem a construção da autoeficácia por meio de estratégias de gestão de dor recomendadas (sete itens: educação, estimulação da atividade, gerenciamento no pensamento e comportamento, exercícios biomecânicos, métodos de relaxamento/respiração, meditação/atenção plena e técnicas de distração), resolução de problemas (um item: ter um plano para lidar com crises), autoajuste (um item: possibilita que os indivíduos incorporem as estratégias de autogestão aprendidas para atender às suas necessidades individuais), monitoramento (um item: diários de pensamento, monitoramento de atividades, diários de dor, mindfulness, gerenciamento de sono) e parceria entre paciente e profissional de saúde (um item: através de habilidades de comunicação para tomada de decisões compartilhadas). As funções incluem fornecer acesso ao apoio social (um item: acesso a uma comunidade de pessoas que vivem com dor persistente) e informações adaptadas culturalmente (um item), que aborda crenças culturais relacionadas à etnia, religião, status socioeconômico, deficiência e orientação sexual(⁸).

A funcionalidade foi avaliada pelo Intercontinental Medical Statistics Institute for Health Informatics Functionality Scoring System, também conhecido como IMS Functionality Score, uma escala validada(²⁰) de classificação de app desenvolvida pelo Institute for Healthcare Informatics functionality(¹⁹). Esse instrumento avalia se cada aplicativo atende ou não a 11 funcionalidades (sete itens e quatro subitens) sugeridas, atribuindo um ponto para cada resposta positiva e zero para cada resposta negativa(¹⁹).

A IMS busca identificar as funções disponíveis nos apps: informar (fornecer informações em vários formatos, como texto, foto e vídeo); instruir (oferecer instruções ao usuário); registrar (capturar dados inseridos pelos usuários); coletar (capaz de inserir e armazenar dados de saúde em um telefone individual); compartilhar dados (transmitir dados de saúde); avaliar (analisar os dados de saúde inseridos pelo usuário); intervir (enviar alertas com base nos dados coletados ou propor intervenções ou mudanças comportamentais); exibir (apresentar graficamente os dados inseridos pelo usuário/dados inseridos pelo usuário de saída); orientar (oferecer orientação e/ou um diagnóstico ou recomendar uma consulta médica ou um curso de tratamento com base nas informações inseridas pelo usuário); lembrar (emitir lembretes ao usuário); e comunicar (estabelecer comunicação com profissionais de saúde/pacientes e/ou fornecer links para redes sociais)(¹⁹).

Tratamento e Análise de Dados

As variáveis categóricas foram representadas pela frequência absoluta e relativa, enquanto as variáveis quantitativas foram apresentadas pela média e pelo desvio padrão e/ou pela mediana, apresentadas em tabelas. O índice Kappa foi utilizado para verificar a reprodutibilidade inter-examinador (juiz 1 e juiz 2). Essa estatística varia no intervalo de [0; 1], sendo valores mais próximos de 1 indicativos de concordância entre os avaliadores. Quando significativo, a concordância pode ser classificada nas seguintes faixas: pobre (0–0,19); razoável (0,20–0,39); moderada (0,40–0,59); substancial (0,60–0,79); e quase perfeita (0,80–1,00)(²¹). Para avaliar a concordância entre os dois avaliadores na SMS-14 e na IMS, a média das diferenças entre as pontuações (juiz 1 e juiz 2) foi comparada pelo teste t para amostras relacionadas.

Quanto às SMS-14 e IMS, realizaram-se análises descritivas das respostas dos itens para caracterizar os apps, apresentando frequência absoluta, relativa, médias e medianas. Para as variáveis quantitativas, compararam-se as distribuições dos itens da SMS-14 e da IMS entre as categorias das variáveis estudadas usando o teste de Kruskal-Wallis. Quando significativo, a distribuição foi comparada par a par pelo teste post-hoc de Dunn. Empregou-se a correlação de Spearman para verificar o grau de relação entre os itens da SMS-14 e da IMS e as variáveis quantitativas (avaliação, custo mensal e tamanho do arquivo). A intensidade da correlação pode ser classificada como: fraca, de 0 a 0,3; regular, de 0,4 a 0,6; forte, de 0,6 a 0,9; e muito forte, de 0,9 a 1,0(²²). A significância estatística foi estabelecida para p < 0,05. A análise de dados foi realizada utilizando o software IBM Corp. Released 2017. IBM SPSS Statistics for Windows, Version 25.0. Armonk, NY: IBM Corp.

RESULTADOS

Foram identificados 348 apps potencialmente relevantes durante o processo de seleção, dos quais 17 foram considerados elegíveis para inclusão na revisão (Figura 1). Em relação à concordância entre os avaliadores na seleção dos apps, os índices Kappa de 0,828 (p < 0,001) da Google Play^® e de 0,818 (p < 0,001) da Apple Store^® mostraram-se superiores a 0,80, indicando concordância perfeita.

Figura 1
Fluxograma dos aplicativos selecionados – Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2023 (n = 17).

Quanto à área de dor, sete (41,2%) estavam relacionados à dor nas costas (lombar e cervical) (Back Pain Relief Exercises at, Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Perfect Posture, MoovBuddy, Vivify e Health Spine); dois (11,8%) tinham foco exclusivo na dor lombar (Atlas Low Back Pain e Pain Navigator); e oito (47,0%) abordaram dor crônica em várias áreas, incluindo na lombar (Pathways, Manage My Pain, Body Guide, Alívio, Curable, Branch, Pancea e Mavy). Dos 17 apps selecionados, dois (11,7%) foram encontrados exclusivamente na Google Play Store^® (Back Pain Relief Exercises & Yo e Coluna Vertebral Sana-Postura), enquanto três (17,6%) estavam disponíveis apenas na Apple Store^® (Atlas Low Back Pain, Health Spine e Pain Navigator).

Um pouco mais da metade dos apps (52,9%) possuía versões gratuitas, mas com anúncios e oferta de compras para acesso às funções ampliadas. Alguns recursos eram desbloqueados mediante a visualização de anúncios. As versões pagas exigiam assinaturas mensais ou anuais para acesso a níveis avançados de tratamento, feedback e outras funcionalidades, como aumento de dificuldade e personalização dos exercícios, planos ilimitados de exercícios, comunicação com profissionais e ausências de anúncios. Três apps (17,6%) eram gratuitos (Alívio, Branch e Pain Navigator), e cinco apps (29,4%) (Pathways, Manage My Pain, Pancea, Vivify e Atlas Low Back Pain) eram pagos.

Os valores para acesso variavam de R$9,90 a R$61,99 por mês (US$ 2,04 a US$ 12,77). O número de downloads também variou, alcançando de mais de 1.000 a 1 milhão de downloads. O tamanho dos arquivos variou de 5,72 MB a 114 MB, sendo os maiores Branch e Vivify, respectivamente. A classificação média por estrelas pelos usuários foi de 4,4 (±0,5), e estavam disponíveis em 11 (64,7%) apps. Quanto às atualizações, 12 (70,6%) apps apresentaram atualizações em 2023, três (17,6%), em 2022 (Back Pain Relief Exercises at, Pathways e Mavy), e dois (11,8%), no segundo semestre de 2021 (Alívio e Atlas Low Back Pain).

Os objetivos envolviam melhoria da dor, gerenciamento da dor, exercícios mente-corpo para alívio da dor, melhoria da postura, redução do estresse e ansiedade, bem como promoção da saúde e melhora e bem-estar. A classe “Saúde e fitness” estava presente em 11 (64,7%) apps (Back Pain Relief Exercises at, Back Pain Relief Exercise & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Perfect Posture, Pathways, Body Guide, Pancea, Mavy, MoovBuddy, Vivify e Health Spine); a classe “Medicina” estava presente em cinco (29,4%) apps (Manage My pain, Curable, Branch, Atlas Low Back Pain e Pain Navigator); e a classe “Educativa” (Alívio) estava presente em um (5,9%) app. As características gerais dos apps selecionados nessa revisão estão na Tabela 1.

Tabela 1.
Características gerais dos aplicativos móveis – Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2023 (n = 17).

Aplicativos/versão/país	Descrição	Desenvolvedor	Idioma	Tamanho	Nota
Back Pain Relief Exercise at /1.0.116/Chipre	Exercícios para aliviar dores: costas e região cervical.	Vladimir Apps	Opções de idiomas	40 Mb	4,8
Back Pain Relief Exercises & Yo /8.0/Estados Unidos	Programa de terapia mente-corpo-alma apoiado por pesquisa médica de Yoga Antigo, exercícios e dieta védica.	Dr Zio	Opções de idiomas	21,75 Mb	4,6
Coluna Vertebral Sana-Postura//3.4.8/Rússia	Diferentes programas de exercícios para coluna saudável.	mEL Studio	Opções de idiomas	25 MB	4,8
Perfect Posture /2.7.6/Estados Unidos	Breve programa de exercícios para corrigir a postura e proporcionar uma coluna saudável.	Jet fitness LLC	Opções de idiomas	13,64 Mb	4,7
Pathways /2.20.9 /Inglaterra	Programa de alívio da dor crônica que combina terapias mente-corpo.	Vortex Media Ltda	Inglês	15,58 Mb	4,2
Manage My Pain /4.09.2489/Canadá	Solução digital validada para monitoramento da dor.	ManagingLife, Inc.	Opções de idiomas (exclui português)	22 Mb	4,6
Body Guide Pain Relief Exercise / 2.8.16/Austrália	Programa holístico para alívio da dor dividido em fases: alívio, resolução e resiliência.	Body Made Simple Pty Ltd	Inglês	53 Mb	Sem notas
Alívio/2.2.2 /Uruguai	Jogo educacional sobre a dor e seu gerenciamento.	Blog Dor Crônica de Rosana Faria Pereira	Português	40 Mb	4,4
Curable /5.0.6/Estados Unidos	Programa personalizado com exercícios e educação em ciência da dor.	Curable Inc	Inglês	5,72 Mb	4,3
Branch Health: Pain Management /5.4.2/Estados Unidos	Gerenciamento da dor crônica por monitoramento de dados, suporte social e recompensas.	Upside Health	Inglês	91 Mb	Sem notas
Pancea – Chronic Pain Panacea /2.4.1/Estados Unidos	Programas de saúde integrados para chegar à causa raiz dos sintomas individuais.	Pancea, INC	Inglês	26 Mb	Sem notas
Mayv /1.3.0	Programa mente-corpo para alívio personalizado da dor, estresse e outros sintomas crônicos.	Mayv	Inglês	66 Mb	4,6
MoovBuddy: your health coach /2.9.4/Turquia	Programa de exercícios personalizados por algoritmo de inteligência artificial.	MoovBuddy	Opções de idiomas	26 Mb	2,8
Vivify /1.1.10//Estados Unidos	Programa de 28 dias que inclui educação sobre dor, meditação, exercícios e caminhadas guiadas na forma de vídeo e áudio.	Magnus Solberg	Inglês	114 Mb	Sem notas
Atlas Low Back Pain /1.0.2/Estados Unidos]	Plataforma com exercícios personalizados simples, correções posicionais e estratégias psicológicas.	Atlas Health Group Inc	Inglês	71,5 mb	5,0
Health Spine /1.2.5/Turquia	Programa de exercícios para aliviar dor cervical e lombar.	Nexoft Yazilim Limited Sirketi	Opções de idiomas	55,7 MB	4,7
Pain Navigator /1.5.8/ Estados Unidos	Tratamento baseado em terapia de exercícios, estratégias de bem-estar, ioga, atenção plena e educação.	Pain Navigator	Inglês	27,1 mb	Sem notas

Alguns apps ofereciam exclusivamente programas de exercícios pré-estabelecidos por meio de descrições, vídeos ou imagens animadas, enquanto outros permitiam a personalização dos programas, com escolha de exercícios, séries e número de repetições. Outros incluíam programas educativos, exercícios e orientação nutricional. Nove (52,9%) incluíram profissionais de saúde e equipes multiprofissionais (Back Pain Relief Exercises & Yo, Pathways, Manage My Pain, Body Guide, Curable, Branch, Pancea, Vivify e Pain Navigator). Os desenvolvedores de dois apps (Pathways e Curable) mencionaram estudos em andamento. Dois apps (Pathways e Branch) envolveram usuários com dor em seu processo de desenvolvimento, e apenas dois (11,8%) apps foram testados em pesquisas clínicas (Manage My Pain e Pain Navigator). O Manage My Pain foi considerado aceitável pela maioria dos pacientes em um programa acadêmico de controle da dor durante um ensaio clínico não randomizado de 90 dias. Da mesma forma, o Pain Navigator demonstrou significado clínico no tratamento da DLC em um ensaio clínico piloto prospectivo.

A maioria dos apps (82,3%) foi desenvolvida sem parcerias com instituições acadêmicas e de saúde. Os desenvolvedores do Manage My Pain estabeleceram parceria com a Transitional Pain Service (TPS), uma clínica multidisciplinar do Hospital Geral de Toronto. Pesquisas envolvendo esse aplicativo foram conduzidas em colaboração com a University of Toronto e a University Health Network. O Curable não possui artigos específicos publicados, mas seus desenvolvedores publicaram estudos sobre a Terapia de Reprocessamento da Dor em parceria com o Pain Psychology Center. O Pain Navigator é um programa de dor baseado no grupo Ascension-Illinois – Pain Rehabilitation Ambulatory. Estudo preliminar envolveu pesquisadores da California University of Science and Medicine, Colton, University of California San Diego e California Northstate University.

Quanto às intervenções de apoio à decisão e ao atendimento das necessidades e preferências individuais personalizadas, sete (41,1%) apps permitiam a personalização dos exercícios pelo usuário (Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Perfect Posture, Body Guide, MoovBuddy, Atlas Low Back Pain e Spine Health). Em dois apps (11,8), a personalização era realizada pelo próprio aplicativo, por meio de avaliações objetivas do movimento e estabelecimento de bases para programas de exercícios (Pancea) e pela coleta de marcadores-chave sobre dor (Atlas Low Back Pain). Quatro apps (23,5%) ofereciam diferentes níveis de dificuldade dos exercícios (Perfect Posture, Pathways, Health Spine e Atlas Low Back Pain), enquanto oito (47,0%) permitiam a realização dos exercícios em tempo real (Back Pain Relief Exercises at, Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect, Body Guide, Pancea, MoovBuddy e Spine Health).

Adicionalmente, 11 apps (64,7%) ofereciam estatísticas e históricos de atividades (Back Pain Relief Exercises at, Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect, Pathways, Manage My Pain, Body Guide, Pancea, MoovBuddy, Health Spine e Pain Navigator); nove apps (52,9%) estabeleciam metas (Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect, Pathways, Branch, Pancea, MoovBuddy, Health Spine e Pain Navigator), sendo que o Pain Navigator definia metas no formato Smart (específica, mensurável, atingível, realista e temporal); e oito apps (47,0%) utilizavam sistemas de gamificação com elogios, recompensas e desafios (Back Pain Relief Exercises at, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect, Branch, Mayv, MoovBuddy, Health Spine e Pain Navigator). Em três apps (17,6%), estava presente o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) (Back Pain Relief Exercises & Yo, Posture Perfect e Health Spine); quatro apps (23,5%) incluíam gráfico de peso (Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect e Health Spine); e quatro apps (23,5%) incluíam a contagem de calorias (Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Posture Perfect e Health Spine). O Coluna Vertebral Sana-Postura oferecia a configuração de gráficos e cálculo de medidas de flexibilidade da coluna. O Branch permitia a participação em diversas comunidades. Em relação à interface, os apps eram intuitivos e fáceis de usar, embora não contassem com explicações ou tutoriais.

Em relação às habilidades de autogerenciamento na construção da autoeficácia, o item “educação” estava presente em 11 apps (64,7%) (Pathways, Body Guide, Alívio, Curable, Branch, Pancea, Mayv, MoovBuddy, Vivify, Atlas Low Back Pain e Pain Navigator) e se baseavam em explicações sobre neurofisiologia da dor, a relação da dor com aspectos psicossociais e o convívio com a dor persistente. No Alívio, a educação era fornecida por meio de um jogo. Quanto à origem e à fonte das informações educativas, os apps afirmaram ser baseados em evidências (Pathways, Branch, Mayv, Vivity, Atlas Low Back Pain e Pain Navigator), Terapia de Aceitação e Compromisso (Managy My Pain), mindfulness (Pathways, Curable, Pancea, Branch, Mayv e Vivify), Terapia de Reprocessamento da Dor (Curable), Terapia Cognitiva-Comportamental (Branch), Modelo Transteórico de Mudança (Branch) e atenção plena (Pathways, Mayv e Pain Navigator). As terapias psicológicas foram planejadas por especialistas em controle da dor e envolviam gerenciamento de estresse, resolução de problemas, promoção de enfrentamento, meditação, respiração, mindfulness, atenção plena, yoga e resiliência.

Em relação à saúde e ao bem-estar, seis apps (35,3%) abordaram aspectos nutricionais: o Health Spine ofereceu sugestões de dieta; o Pancea forneceu dicas de nutrição; o Branch apresentou planos de refeições; o Back Pain Relief Exercises & Yo disponibilizou um guia de nutrição; e o Pain Navigator incluiu uma revista sobre alimentos. O Pathways oferecia terapias para o sono e terapia de comer consciente, enquanto o Health Spine contava com um lembrete de água personalizado.

Todos os apps incluíam Termos de Uso e Política de Privacidade. A opção login e senha estava disponível em 12 apps (70,6%) (Posture Perfect, Pathways, Manage My Pain, Body Guide, Curable, Branch, Pancea, Mayv, MoovBuddy, Vivify, Atlas Low Back Pain e Pain Navigator), enquanto o Posture Perfect oferecia a funcionalidade de sincronização em nuvem. O Branch podia ser oferecido como um serviço reembolsável por seguros comerciais. Avisos de saúde sobre os riscos de uso e dos exercícios estavam presentes em oito apps (47,0%) (Back Pain Relief Exercises at, Back Pain Relief Exercises & Yo, Coluna Vertebral Sana-Postura, Curable, Branch, Vivify, Atlas Low Back Pain e Pain Navigator), e em três apps (17,6%) eram apresentados apenas nos Termos de Uso (Coluna Vertebral Sana-Postura, Curable e Branch).

Avaliação De Qualidade

No teste t para amostras pareadas, não se observou diferença estatística entre as diferenças das médias dos dois juízes (p > 0,05). Isso indica que as avaliações dos juízes foram concordantes (SMS-14: IC95%[-0,62; 0,97], p = 0,645 e IMS IC95%[-1,27; 0,68], p = 0,532). Na discussão dos itens discordantes, o consenso entre os avaliadores foi alcançado por meio de discussão.

Os 17 apps apresentaram um escore médio de 6,9 (±2,7) e mediana de 7 na SMS-14, com variação mínima de 3 e máxima de 11. Os apps que atenderam à maioria das habilidades de suporte ao autogerenciamento foram Pathways (n = 11;78,6%), Branch (n = 11; 78,6%), Pancea (n = 11/78,6%), Pain Navigator (n = 10; 71,4%) e Curable (n = 9; 64,3%).

Os Pathways e Branch atenderam a todos os sete itens das estratégias de construção da autoeficácia. O maior diferencial foi a inclusão de componentes de mídia social ou grupos de suporte interativos para os usuários, além de apps que abordavam terapias mente-corpo. As habilidades de autogerenciamento mais prevalentes foram estimulação da atividade, exercícios biomecânicos, relaxamento/respiração, meditação/atenção plena e autoajuste. Por outro lado, as habilidades encontradas com menor frequência incluíam técnicas de distração, parceria entre paciente e médico para compartilhamento de informações, suporte pessoal para se conectar com pessoas com preocupações semelhantes e relevância cultural com informações personalizadas para abordar crenças culturais. Apps em inglês apresentaram maiores pontuações. Dois apps gratuitos alcançaram pontuações altas (Branch e Pain Navigator).

Com base nos critérios da IMS, a média de funcionalidades foi de 7,4 (±2,1), com mediana de 8 e variação mínima de 3 e máxima de 10. Os apps que atingiram os maiores escores foram o Curable, o Branch e o MoovBuddy, cada um com dez funcionalidades. Todos tinham a função de instruir. A maioria dos apps era intuitiva, porém as instruções de uso mostraram-se importantes para a implementação dos exercícios, posturas e para usabilidade. Além disso, ofereciam diferentes níveis de detalhes, e aqueles que incluíam vídeos e animações facilitavam a compreensão.

As funcionalidades menos atendidas foram compartilhar (n = 5; 29,4%), intervir (n = 8; 47,0%) e orientar (n = 5; 29,4%). As três funções mais comuns foram instruir (n = 17; 100%), registrar (n = 16; 94,1%) e avaliar (n = 15; 88,2%). Em relação à função de registro, alguns apps permitiam o registro de dados de automonitoramento como a intensidade da dor, principalmente naqueles com função de diário (Manage My Pain). Outros dados como peso, altura e IMC também eram úteis e foram exibidos graficamente. Os dados eram apresentados com uma codificação de cores atrativa, utilizando formatos de calendário semanal, gráficos, e muitos deles registravam relatórios de atividades e exercícios. As análises descritivas dos itens da SMS-14 e da IMS estão na Tabela 2.

Tabela 2.
Frequências dos itens das escalas SMS-14^* e IMS^† – Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2023 (n = 17).

SMS-14	n	%	IMS	n	%
Educação	10	58,8	Informar	14	82,3
Estimulação da atividade	13	76,4	Instruir	17	100,0
Gerenciamento do pensamento e comportamento	7	41,1	Registrar	16	94,1
Exercícios biomecânicos	13	76,4	Coletar	14	82,3
Respiração/relaxamento	12	70,5	Compartilhar	5	29,4
Meditação/atenção plena	12	70,5	Avaliar	15	88,2
Técnicas de distração	3	17,6	Intervir	8	47,0
Autoajuste	12	70,5	Exibir	11	64,7
Automonitoramento	9	52,9	Orientar	5	29,4
Planejamento de metas	10	58,8	Alertar	13	76,4
Solução de problemas	7	41,1	Comunicar	10	58,8
Parceria entre profissional de saúde e paciente	4	23,5
Suporte social	5	29,4
Relevância cultural	0	0,00

• ^*
  SMS-14 = Self-Management Support Assessment Tool com 14 itens
• ^†
  IMS = Institute for Healthcare Informatics Functionality Score.

As frequências dos itens da SMS-14 e da IMS em cada app estão na Tabela 3.

Tabela 3.
Frequências dos itens das escalas SMS-14^* e IMS^† em cada aplicativo móvel – Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2023 (n = 17).

Aplicativos	SMS-14	IMS
	3 (21,4%)	4 (36,4%)
	6 (42,8%)	7 (63,6%)
	5 (35,7%)	5 (45,4%)
	6 (42,8%)	8 (72,7)
	11 (78,6%)	9 (81,8)
	3 (21,4%)	9 (81,8)
	8 (57,1%)	9 (81,8)
	3 (21,4%)	3 (27,3)
	9 (64,3%)	10 (90,9%)
	11 (78,6%)	10 (90,9%)
	11 (78,5%)	9 (81,8%)
	7 (50,0%)	6 (54,5%)
	7 (50,0%)	10 (90,9%)
	7 (50,0%)	6 (54,5%)
	6 (42,8%)	8 (72,7%)
	5 (35,7%)	6 (54,5%)
	10 (71,4%)	8 (72,7%)
Total (mean, SD‡)	6,9 (±2,7)	7,5 (±2,1)

• ^*
  SMS-14 = Self-Management Support Assessment Tool with 14 items
• ^†
  IMS = Institute for Healthcare Informatics Functionality Score
• ^‡
  SD = standard deviation.

A comparação entre as distribuições dos itens da SMS-14 e da IMS entre as diferentes variáveis categóricas (classe, loja digital, aquisição, número de downloads, tipo de dor e idioma) pelo teste de Kruskal-Wallis mostrou que há diferença significativa na distribuição entre os itens da SMS-14 entre as categorias da variável idiomas (p = 0,016). O idioma inglês (mediana = 9; média = 8,5; DP = 2,22) diferiu, apresentando notas mais altas da distribuição de opções de idiomas (mediana = 6; média = 5; DP = 1,67). Na SMS-14, as notas mais altas foram encontradas nos apps em inglês (p = 0,01). Nas demais comparações, envolvendo as duas escalas, não foram encontradas diferenças. A correlação de Spearman para verificar o grau de relação entre as variáveis quantitativas (avaliação, custo mensal, número de usuários avaliadores e tamanho do arquivo) com os itens da SMS-14 e da IMS não mostrou nenhuma correlação significativa.

DISCUSSÃO

A revisão identificou e avaliou app de autocuidado para dor lombar no Brasil. Esses apps possuíam pelo menos três habilidades e funcionalidades da SMS-14 e da IMS. Dos apps analisados, o Pathways, o Curable, o Branch, o Pancea e o Pain Navigator obtiveram as maiores pontuações na SMS-14 e marcaram pelo menos cinco dos sete itens relacionados à habilidade de construção da autoeficácia. Eles apresentavam interfaces atraentes, mas o idioma em inglês é um complicador para o usuário que não tem domínio desse idioma. Esses apps oferecem habilidades importantes para o autogerenciamento da dor lombar, como terapia mente-corpo, suporte social, distrações e informações baseadas em evidências para o alívio da dor crônica. Também permitem o compartilhamento de dados com profissionais de saúde, perguntas a especialistas e fornecem treinamento virtual para auxiliar os usuários no enfrentamento da dor. Além disso, oferecem histórias de recomeço e acesso a comunidades de pessoas que vivenciam dor crônica.

Alguns apps possuíam habilidades específicas ou tarefas únicas, o que pode ser desejável. Por exemplo, o Manage My Pain obteve uma pontuação baixa, mas oferece a habilidade de automonitoramento (diário da dor) associada a resultados de saúde positivos ao longo do tempo e que pode contribuir para a redução dos aspectos psicológicos relacionados à dor crônica(²³). Apps com funções de diário têm o potencial de aprimorar o controle da dor ao coletar dados em tempo real e evitar o viés de memória(²,¹⁵). O Alívio fornece distração e educação baseada em evidências sobre dor crônica, embora a linguagem científica possa ser uma barreira para alguns usuários. Nesse sentido, pontuações baixas podem não necessariamente refletir a qualidade dos apps, os quais requerem uma avaliação mais criteriosa.

Apps baseados em exercícios biomecânicos, como o Back Pain Relief Exercises at, podem estimular a atividade e ser úteis para subgrupos específicos de pacientes ou como suporte associado a outros apps mais abrangentes. O foco central para o autogerenciamento da DLC é a orientação para permanecer ativo, a educação e os exercícios. O exercício proporciona alívio da dor, melhora funcional e tem impacto positivo no estado psicológico, na redução do medo e da ansiedade e na melhora da qualidade de vida(¹³,²⁴). Esses apps oferecem uma alternativa facilmente acessível a pacientes autodedicados e complacentes com dores nas costas, pois são comparáveis ao tratamento padrão(²⁵). Estudo de coorte prospectivo concluiu que o exercício melhorou a incapacidade e mediou o efeito do aumento da autoeficácia no alívio da dor em pacientes com DLC(²⁶).

No contexto dos exercícios, é essencial considerar a adesão, as preferências dos usuários e a segurança. A inclusão de elementos como programas de exercícios personalizados, instruções em áudio, vídeo e lembretes é fundamental para aumentar o interesse e o envolvimento(⁵). Essas funcionalidades foram identificadas em diversos apps analisados. Além disso, a realização de exercícios em tempo real oferece feedback imediato, auxiliando no monitoramento do progresso e o no engajamento dos usuários(²⁵). Embora alguns apps permitam personalizar a intervenção com base no perfil inicial do usuário, a eficácia dessa abordagem ainda não está completamente esclarecida(¹³).

A segurança é uma preocupação, uma vez que os apps raramente especificam quais exercícios são adequados para prática autônoma ou sob supervisão, indicações e contraindicações, nem alertam sobre restrições relacionadas ao estado de saúde do usuário. Riscos, como quedas, podem surgir sem supervisão adequada(¹³,²⁵,²⁷). Portanto, é crucial investigar a qualidade e eficácia dessas ferramentas para evitar riscos à saúde. Embora os exercícios possam ajudar na redução da dor, eles não devem substituir o cuidado presencial, uma vez que as necessidades individuais variam e outras estratégias podem ser mais eficazes em diferentes casos, fortalecendo a adesão(²⁴,²⁸,²⁹). Contudo, os apps de exercícios podem complementar o cuidado de pessoas com dor lombar, especialmente em ambientes remotos(⁴,³⁰,³¹).

A maioria dos apps analisados não possuía informações ou alertas de saúde, o que levanta preocupações sobre a privacidade dos dados, segurança e potenciais riscos para os usuários. Seria importante buscar o aconselhamento de um profissional de saúde antes do uso(¹³). A falta de segurança também torna o desenvolvimento de app mais arriscado e compromete sua qualidade(³²). Quanto à privacidade dos dados, a inclusão de login e senha pode ser um primeiro passo, mas informações específicas sobre a política de privacidade são igualmente necessárias para garantir a segurança dos dados dos usuários(¹³). Além disso, governos devem supervisionar a qualidade dos aplicativos de saúde, promover plataformas baseadas em evidências e aumentar a conscientização pública sobre seus benefícios e riscos(³³).

Um pouco mais da metade dos apps fornecia algum tipo de educação, porém nem sempre de maneira abrangente, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais da condição. No Pain Navigator, a educação aborda etapas para interromper o ciclo vicioso da dor, apresentando módulos sequenciais que requerem conclusão de um para acessar o próximo. O Curable oferece uma educação abrangente sobre a ciência da dor por meio de lições de áudio através de blocos progressivos de aprendizagem. Por sua vez, o Mavy disponibiliza aulas que abordam fatores psicológicos e técnicas de tratamento. Pessoas com lombalgia necessitam de informações acessíveis, estruturadas e atualizadas(³⁴). A RS mostra que a educação sobre manejo ativo, exercício e neurofisiologia da dor é eficaz no tratamento e possivelmente na prevenção da lombalgia(³⁵). Transformar intenções em ações é essencial. A educação e a informação sobre os benefícios de comportamentos saudáveis são estratégias eficazes para influenciar fatores sociocognitivos, como atitudes e crenças de eficácia, levando os indivíduos a adotar comportamentos desejados e promovendo mudanças comportamentais(¹³).

A autogestão demanda motivação e confiança, o que pode ser desafiador para indivíduos com sintomas depressivos ou altos níveis de estresse emocional(³). É importante aumentar a autoeficácia por meio de estratégias, as quais estavam presentes em todos os apps, mesmo que de forma mínima, seja através da estimulação de atividades ou de maneira mais abrangente em apps com pontuações mais altas, incluindo terapias psicológicas. A forma como se percebe e se lida com a dor e crenças de baixa autoeficácia são preditivas de uma recuperação pior na DLC(³⁶). Aumentar a autoeficácia está associada a melhorias na função física, independentemente da intensidade da dor(³⁶). Nesse sentido, terapias como a Terapia Cognitiva-Comportamental podem ser benéficas para reduzir a dor, a incapacidade e os sintomas depressivos e melhorar a avaliação cognitiva da dor(¹²,³⁶). Dessa maneira, a capacidade individual de controlar os sintomas pode ser fortalecida(⁸).

Apps com recursos mais robustos para aumentar a adesão e o engajamento têm maior potencial para melhorar o autogerenciamento dos pacientes e servir como instrumento de apoio^(29–34). No entanto, certas funcionalidades essenciais, como compartilhar, intervir e orientar, são menos comuns nos apps analisados, assim como as funções de parceria entre profissionais de saúde e pacientes e apoio social. Alguns apps tinham a função de compartilhamento com outros usuários exclusivamente para fins promocionais do próprio aplicativo. Comunidades online dedicadas a compartilhar experiências clínicas podem contribuir para um melhor prognóstico em relação à dor, aumentando a autoeficácia e a saúde geral autorrelatada, além de reduzir o isolamento social(³⁷). A confidencialidade e a privacidade devem ser consideradas ao incorporar esses recursos nos apps. Porém, é fundamental ressaltar que os indivíduos com dor persistente valorizam o apoio e a validação de seus pares como habilidades essenciais para o autogerenciamento a longo prazo(⁸).

Perfect Posture, Manage My Pain, Curable, Branch e Health Spine fornecem dados e relatórios aos profissionais de saúde. A representação gráfica dos níveis de dor ao longo do tempo poderia auxiliar os profissionais no cuidado de pacientes com dor crônica, permitindo um uso mais eficiente dessas informações(¹⁵,³⁸). Isso possibilitaria ao usuário estabelecer metas significativas, monitorar seus sintomas e identificar, em conjunto com os profissionais de saúde, estratégias eficazes para melhorar a dor, além de funcionalidade(⁸).

Recursos personalizados, gamificação, feedback e monitoramento em tempo real durante as atividades são essenciais para promover a motivação e o engajamento a subgrupos importantes(¹⁰,³⁸). Para que os pacientes com dor consigam estabelecer com sucesso o ritmo das atividades diárias, é necessário planejar com antecedência, definir metas de atividade individualizadas, organizar as atividades diárias conforme a condição e progredir gradualmente as atividades de acordo com a evolução(⁴).

Nenhum app mostrou relevância cultural com informações adaptadas culturalmente. Indivíduos com diversidade cultural e linguística que sofrem de dor persistente enfrentam desafios adicionais devido à falta de compreensão cultural e à ausência de intervenções adaptadas às suas crenças culturais individuais, o que dificulta o acesso, a aceitação e a adesão aos serviços especializados em dor(⁸). É importante garantir fácil acessibilidade a diversos grupos de pessoas(¹⁰).

A maioria deles era compatível com o sistema Android. Para utilizar um app de gerenciamento de dor, é necessário que seu sistema seja compatível com pelo menos dois dos principais sistemas operacionais móveis, como o iOS e o Android(¹⁵). Os apps gratuitos geralmente continham anúncios e compras, e alguns liberavam apenas certos recursos e funcionalidades mediante o pagamento de taxas. Portanto, o custo do download do app é um dos fatores a serem considerados, já que alguns exigem um pagamento único para serem baixados, enquanto outros adotam um modelo de assinatura(²⁵) e, dessa forma, podem não ser acessíveis a toda a população. São necessários estudos de custo-efetividade para justificar a mudança na estrutura de pagamento dos apps de gerenciamento da dor e para justificar a adoção de app com suporte empírico pelos sistemas de saúde privados e públicos(³⁸).

Observou-se certa limitação na relevância dos conteúdos em relação à eficácia e qualidade dos apps, uma vez que somente dois deles (Manage My Pain e Pain Navigator) foram avaliados em pessoas com dor e poucos indicaram que a fonte de informações era baseada em evidências. Os próprios usuários sugerem que as informações baseadas em evidências e a recomendação médica sejam critérios importantes(³⁷). O estudo de viabilidade concluiu que a plataforma Pain Navigator pode ser utilizada no tratamento da dor lombar, pois apresenta medidas de efeito biopsicossocial, modalidades focadas nas necessidades dos usuários e tem importância clínica. O enfoque não se concentra apenas nos níveis de dor, mas também na funcionalidade(²⁸). O Manage My Pain foi considerado aceitável pela maioria dos pacientes em um programa acadêmico de controle da dor. As taxas de registro e retenção de usuários foram favoráveis em comparação com as de outros apps(³⁹).

A maioria dos apps de gerenciamento da dor não foi testada e apresenta baixa qualidade e limitada funcionalidade, tornando difícil avaliar sua eficácia em relação a tratamentos convencionais. Existe uma necessidade urgente de parceria entre a indústria e pesquisadores para desenvolver apps mais adaptados às necessidades dos usuários e ao contexto das condições de saúde, incluindo a consideração de informações culturalmente adaptadas(⁸,¹⁴). A ausência de embasamento científico, o envolvimento dos profissionais de saúde e a regulamentação adequada são preocupações críticas(²,¹¹,³⁹,⁴⁰). A colaboração entre profissionais de saúde e desenvolvedores pode aprimorar a qualidade e adoção desses apps, que devem ser projetados com usabilidade e interface adequadas ao público-alvo(¹⁵,²⁵). Destaca-se a necessidade de desenvolvimento por instituições científicas(⁴¹). Embora o conteúdo clínico validado seja essencial, se o aplicativo não for intuitivo e fácil de usar, predispõe a erros e aumenta o tempo para realizar tarefas, levando a uma menor disposição para usá-lo(¹⁵). Contudo, em ferramentas de saúde, a base científica, a segurança e a privacidade devem sempre prevalecer como aspectos prioritários em relação à usabilidade(⁴¹).

Não houve relação entre o tamanho do arquivo, a classificação por estrelas, o número de usuários avaliadores e as pontuações da SMS-14 e da IMS. Isso sugere que somente a avaliação dos usuários não reflete a qualidade dos aplicativos, visto que os apps com as maiores pontuações não foram necessariamente os mais bem avaliados pelos usuários. As avaliações realizadas por usuários podem ser altamente subjetivas e carecer de valor científico, o que pode dificultar a decisão de outros usuários na escolhas de apps(¹¹). Essa subjetividade pode envolver fatores como expectativas individuais, experiências pessoais, fatores emocionais e a própria diversidade entre os usuários.

Um app, se introduzido adequadamente e como complemento ao cuidado, pode ser uma ferramenta capacitadora para o autogerenciamento(²⁷). No entanto, para uma integração efetiva na prática clínica, é crucial desenvolvê-los com foco na implementação clínica. Um desafio é a inconsistência no uso de dados dos apps pelos profissionais de saúde, que raramente os integram aos registros médicos eletrônicos. É vital envolver usuários (profissionais de saúde, pacientes e familiares) no desenvolvimento e na avaliação para atender às necessidades e assegurar a aplicabilidade clínica(³⁸).

Definir as características ideais para um app de saúde representa um desafio significativo. A ferramenta deve incentivar mudanças comportamentais e manter um alto nível de engajamento, levando em conta funcionalidade, usabilidade e design. A qualidade das informações é crucial para a segurança e a eficácia, exigindo testes adequados. Além disso, é fundamental aderir às normas vigentes para assegurar a privacidade do usuário(¹³).

O aplicativo ideal deveria incorporar recursos, como educação para auxiliar os usuários a compreender melhor sua condição, exercícios com tutoriais em vídeo ou áudio acompanhados de alertas de saúde, monitoramento de sintomas para que os usuários possam registrar seus sintomas diários, atividades e níveis de dor e, assim, identificar padrões e gatilhos. Deveria também permitir o estabelecimento de metas, o compartilhamento de informações com profissionais de saúde e outros usuários, incluindo recursos para aumentar o engajamento, como lembretes e notificações. Além disso, técnicas de gamificação, relaxamento e meditação poderiam ser integradas para ajudar a reduzir o estresse e a tensão muscular, que podem agravar a dor lombar. A interface deve ser agradável e o aplicativo deve ser interativo. É essencial que seja baseado em evidências, fácil de usar e personalizável para atender às necessidades dos usuários. Portanto, são necessários mais estudos para avaliar a eficácia das ferramentas existentes e das novas, proporcionando uma análise abrangente que ofereça informações relevantes aos usuários para uma escolha mais adequada(¹³).

Limitações Do Estudo

O estudo avaliou apps disponíveis apenas nas plataformas digitais do Brasil. Nesse sentido, não se tem conhecimento sobre a qualidade de outros apps disponíveis nas plataformas de outros países. Devido à constante atualização do mercado de apps, os resultados apresentados podem não refletir a situação atual com as atualizações mais recentes ou novos apps lançados após o período de avaliação. No entanto, o objetivo era destacar habilidades importantes presentes nos apps para orientar os usuários no autogerenciamento. Alguns apps pagos, que exigem assinaturas mensais ou anuais, limitam o acesso a todas as funcionalidades. Mesmo assim, alguns foram adquiridos ou testados durante o período gratuito de uso com base na descrição, capturas de tela, vídeos e comentários de usuários. Outra limitação é que os instrumentos utilizados na avaliação ainda não foram validados no Brasil. A SMS-14 empregava uma pontuação de “sim” ou “não” sem avaliar a qualidade ou profundidade do tópico abordado. Além disso, pode ter ocorrido a não captura de apps que não utilizavam a palavra “dor” em seu título ou descrição, apesar de pesquisas adicionais terem sido realizadas em bases de dados. Por fim, este estudo não faz recomendações sobre qual aplicativo usar, mas oferece insights sobre a qualidade e as características dos apps avaliados.

CONCLUSÃO

O estudo analisou apps voltados para autogerenciamento da dor lombar e identificou que alguns deles têm potencial para complementar o tratamento presencial em termos de validade, aceitabilidade e utilidade clínica. No entanto, a maioria dos apps não apresenta estratégias robustas e cientificamente comprovadas de autocuidado e deixa de incluir funcionalidades importantes, o que gera incertezas quanto aos seus benefícios. Poucos apps estabelecem parcerias com profissionais de saúde ou oferecem apoio social, e nenhum aborda questões culturais ou de diversidade. Outras barreiras, como custo, idioma, segurança e privacidade, podem limitar o seu uso sustentado. É fundamental considerá-los como um complemento ao cuidado, não como um substituto, e avaliá-los por meio de uma avaliação científica formal. Portanto, sugere-se o desenvolvimento de estudos para avaliar os apps existentes ou aqueles que venham a ser desenvolvidos, bem como a colaboração entre desenvolvedores, profissionais de saúde e usuários com dor, fornecendo informações relevantes para escolha apropriada de um app com utilidade clínica.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

Paulino Artur Ferreira de Sousa

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  14 Jun 2024
• Data do Fascículo
  2024

Histórico

• Recebido
  12 Out 2023
• Aceito
  27 Mar 2024