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Fatores associados à duração do aleitamento materno durante a pandemia da COVID-19: estudo de sobrevida

RESUMO

Objetivo:

Investigar as repercussões da COVID-19 na duração do aleitamento materno e analisar os fatores associados em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Método:

Trata-se de estudo epidemiológico, de coorte prospectiva. Os dados foram coletados em prontuários médicos e por meio de entrevistas telefônicas. As mulheres que apresentaram o desmame foram estimadas por meio da análise de sobrevivência de Kaplan-Meier. O teste log-rank foi utilizado para verificar diferenças entre os grupos, analisando-se o tempo de desmame, segundo as características sociodemográficas e clínicas. Os valores de hazard ratio e intervalos de confiança de 95% foram estimados utilizando-se análise de regressão de Cox.

Resultados:

Participaram da pesquisa 1.729 mulheres. Durante a pandemia de COVID-19, mulheres pardas e mulheres submetidas à cesariana foram mais suscetíveis a interromper a amamentação.

Conclusão:

A via de nascimento e as características étnicas das mães associaram-se ao desmame precoce durante a pandemia de COVID-19. Tais achados são importantes para nortear a assistência da equipe multiprofissional, sobretudo da enfermagem, durante o pós-pandemia e em cenários epidemiológicos futuros.

DESCRITORES
Pandemias; Aleitamento Materno; Desmame; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To investigate the repercussions of COVID-19 on the length of breastfeeding and analyze the associated factors in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.

Method:

This is an epidemiological, prospective cohort study. Data were collected from medical records and through telephone interviews. Women who weaned were estimated using Kaplan-Meier survival analysis. The log-rank test was used to verify differences between groups, analyzing weaning time, according to sociodemographic and clinical characteristics. The values of hazard ratio and 95% confidence intervals were estimated using Cox regression analysis.

Results:

A total of 1,729 women participated in the study. During the COVID-19 pandemic, brown women and women undergoing cesarean section were more likely to stop breastfeeding.

Conclusion:

The birth route and mothers’ ethnic characteristics were associated with early weaning during the COVID-19 pandemic. Such findings are important to guide the assistance of the multidisciplinary team, especially nursing, during the post-pandemic period and in future epidemiological scenarios.

DESCRIPTORS
Pandemics; Breast Feeding; Weaning; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Investigar las repercusiones de la COVID-19 en la duración de la lactancia materna y analizar los factores asociados en Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Método:

Se trata de un estudio de cohorte prospectivo epidemiológico. Los datos se recogieron de historias clínicas y mediante entrevistas telefónicas. Las mujeres que destetaron se estimaron mediante el análisis de supervivencia de Kaplan-Meier. La prueba de Mantel-Cox se utilizó para verificar diferencias entre grupos, analizando el tiempo de destete, según características sociodemográficas y clínicas. Los valores de cociente de riesgo y los intervalos de confianza del 95% se estimaron mediante análisis de regresión de Cox.

Resultados:

Un total de 1.729 mujeres participaron en la investigación. Durante la pandemia de COVID-19, las mujeres pardas y aquellas sometidas a cesárea tenían más probabilidades de dejar de amamantar.

Conclusión:

La ruta de nacimiento y las características étnicas de las madres se asociaron con el destete temprano durante la pandemia de COVID-19. Tales hallazgos son importantes para orientar la asistencia del equipo multidisciplinario, especialmente de enfermería, durante el período pospandemia y en futuros escenarios epidemiológicos.

DESCRIPTORES
Pandemias; Lactancia Materna; Destete; Enfermería

INTRODUÇÃO

O aleitamento materno, para além da redução da mortalidade infantil e do fortalecimento do sistema imunológico, fornece inúmeros outros benefícios à saúde imediata do lactente, tais como: o adequado desenvolvimento do sistema estomatognático e prevenção de infecções respiratórias(11. Braga MS, da Silva Gonçalves M, Augusto CR. Os benefícios do aleitamento materno para o desenvolvimento infantil. Braz. J. Develop. 2020;6(9):70250–61. doi: http://doi.org/10.34117/bjdv6n9-468.
https://doi.org/10.34117/bjdv6n9-468...
,22. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar [Internet]. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf.
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). As vantagens da prática são, também, associadas à diminuição da ocorrência, na fase adulta, da diabetes mellitus, da hipertensão arterial e da obesidade(33. Fialho FA, Dias IMAV, Leal DT, do Nascimento L, Neves PM. Almeida MJGG. Diabetes mellitus: a possível relação com o desmame precoce. Rev Enferm UFPE On Line. 2014 [cited 2024 Mar 12];8(2):372–8. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/9684/9732.
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,44. Victora CG, Horta BL, de Mola CL, Quevedo L, Pinheiro RT, Gigante DP, et al. Association between breastfeeding and intelligence, educational attainment, and income at 30 years of age: a prospective birth cohort study from Brazil. Lancet Glob Health. 2015;3(4):e199–205. doi: http://doi.org/10.1016/S2214-109X(15)70002-1. PubMed PMID: 25794674.
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). O aleitamento materno também pode impactar, de modo indireto, nos níveis de renda e intelectuais de adultos(44. Victora CG, Horta BL, de Mola CL, Quevedo L, Pinheiro RT, Gigante DP, et al. Association between breastfeeding and intelligence, educational attainment, and income at 30 years of age: a prospective birth cohort study from Brazil. Lancet Glob Health. 2015;3(4):e199–205. doi: http://doi.org/10.1016/S2214-109X(15)70002-1. PubMed PMID: 25794674.
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).

Ademais, o aleitamento materno é prática que beneficia também a lactante, pois está associado à redução da incidência de cânceres de mama, ovário e endométrio, osteoporose, esclerose múltipla, diabete mellitus, hipertensão arterial, e doenças cardiovasculares, além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho(55. Ribeiro JM, Pereira SE. Benefícios a longo prazo na saúde da mulher promovidos pelo aleitamento materno: uma revisão narrativa [monography]. Goiás: Escola de Ciências Sociais e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Goiás; 2021 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/handle/123456789/1774.
https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspu...
,66. Viana RMS, Cassino L. Aleitamento materno: fortalecedor do vínculo afetivo entre mãe e filho. Rev. Bras. Ci. Vida. 2017 [cited 2024 Mar 12];5(2):1–25. Available from: http://jornalold.faculdadecienciasdavida.com.br/index.php/RBCV/article/view/222.
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).

Por estes motivos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o alimento exclusivo (AME) até os 6 meses de vida e até os 24 meses de vida, pelo menos, como alimento complementar(22. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar [Internet]. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf.
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). Apesar das vantagens, a prevalência de aleitamento materno no Brasil está muito aquém das metas estabelecidas pela OMS para o ano 2030: a OMS preconiza a prevalência de, ao menos, 60% de AME, e o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, realizado em 2019 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indica que apenas 35,5% das crianças brasileiras com idade entre 20 e 23 meses continuam amamentando(77. Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ). Aleitamento materno: prevalência e práticas entre crianças brasileiras menores de 2 anos [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://enani.nutricao.ufrj.br/download/relatorio-4-aleitamento-materno/#:~:text=A%20preval%C3%AAncia%20de%20aleitamento%20materno%20cruzado%20entre%20menores%20de%20dois,Sul%20(12%2C5%25).
https://enani.nutricao.ufrj.br/download/...
).

Isso justifica-se pelo fato de que a amamentação é um processo complexo e envolve não apenas os fatores individuais, mas também razões familiares, culturais, histórico-geográficos e socioeconômicos, dentre outros(88. Silva FMP, Nunes HHM, de Almeida JM, de Menezes LDM, Figueiredo ACB, Cardoso ATS, et al. Aspectos culturais relacionados ao aleitamento materno exclusivo em puérperas atendidas em alojamento conjunto. REAS. 2022;15(2):e9485. doi: http://doi.org/10.25248/reas.e9485.2022.
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). Soma-se que a COVID-19, doença respiratória causada pelo vírus SARS-Cov-2, tornou-se importante fator de influência para a amamentação(99. Holand BL, de Oliveira Agostini C, Pacheco MCM, de Leon DMZ, Drehmer M, Bosa VL. Association between breastfeeding and complementary feeding in pre-pandemic and pandemic COVID-19 times: maternar cohort study. J Pediatr (Rio J). 2022;98(5):496–503. doi: http://doi.org/10.1016/j.jped.2021.12.007. PubMed PMID: 35139343.
https://doi.org/10.1016/j.jped.2021.12.0...
). Algumas pesquisas indicam benefícios da pandemia para a amamentação(1010. Badr H, Alghamdi S. Breastfeeding experience among mothers during the COVID-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2022;9(8):4535. doi: http://doi.org/10.3390/ijerph19084535. PubMed PMID: 35457403.
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,1111. Kwan J, Jia J, Yip KM, So HK, Leung SSF, Ip P, et al. A mixed-methods study on the association of six-month predominant breastfeeding with socioecological factors and COVID-19 among experienced breastfeeding women in Hong Kong. Int Breastfeed J. 2022;17(1):40. doi: http://doi.org/10.1186/s13006-022-00484-7. PubMed PMID: 35597945.
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), conforme demonstrado por um estudo desenvolvido nos Estados Unidos, que destacou os efeitos positivos das medidas de isolamento social e permanência em casa para as práticas de amamentação, especificamente neste país onde não há políticas de remuneração no período da licença maternidade(1212. Palmquist AEL, Tomori C, Tumlinson K, Fox C, Chung S, Quinn EA. Pandemic policies and breastfeeding: a cross-sectional study during the onset of COVID-19 in the United States. Front Sociol. 2022;7:958108. doi: http://doi.org/10.3389/fsoc.2022.958108. PubMed PMID: 36405376.
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). No entanto, de modo geral, a pandemia foi circunstância influenciadora para o desmame precoce(1313. Chertok IA, Artzi-Medvedik R, Arendt M, Sacks E, Otelea MR, Rodrigues C, et al. Factors associated with exclusive breastfeeding at discharge during the COVID-19 pandemic in 17 WHO European Region countries. Int Breastfeed J. 2022;17(1):83. doi: http://doi.org/10.1186/s13006-022-00517-1. PubMed PMID: 36461061.
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), sobretudo quando relacionada à saúde mental materna(1414. Chang YS, Li KMC, Chien LY, Lee EY, Hong SA, Coca KP. Associations between breastfeeding intention, breastfeeding practices and post-natal depression during the COVID-19 pandemic: a multi-country cross-sectional study. Matern Child Nutr. 2023;19(1):e13450. doi: http://doi.org/10.1111/mcn.13450. PubMed PMID: 36349949.
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) e às desigualdades sociais e econômicas(1515. Brown A, Shenker N. Experiences of breastfeeding during COVID-19: lessons for future practical and emotional support. Matern Child Nutr. 2021;17(1):e13088. doi: http://doi.org/10.1111/mcn.13088. PubMed PMID: 32969184.
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). Nesse sentido, uma revisão sistemática identificou os efeitos negativos da pandemia de COVID-19, principalmente para o apoio familiar, com influências na continuidade da amamentação(1616. Lubbe W, Niela-Vilén H, Thomson G, Botha E. Impact of the COVID-19 pandemic on breastfeeding support services and women’s experiences of breastfeeding: a review. Int J Womens Health. 2022;14:1447–57. http://doi.org/10.2147/IJWH.S342754. PubMed PMID: 36225180.
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).

No âmbito brasileiro, há poucos estudos relacionados ao tema abordado neste trabalho. Considerando a importância da amamentação para a promoção da saúde materno-infantil e as repercussões da COVID-19 até os dias atuais, que podem ter influenciado na duração e na manutenção do aleitamento materno (exclusivo ou misto), torna-se necessária a identificação da incidência do desmame após a infecção por SARS-COV-2 e os seus fatores associados, visando contribuir com futuras estratégias que permitam a melhor manutenção do aleitamento materno.

A hipótese deste estudo é que a pandemia influenciou na duração e na manutenção do aleitamento materno.

Este estudo objetivou investigar as repercussões da COVID-19 na duração do aleitamento materno e analisar os fatores associados em Belo Horizonte (BH), Minas Gerais (MG), Brasil.

MÉTODO

Desenho do Estudo

Trata-se de estudo epidemiológico, de coorte prospectiva, que teve como cenário três hospitais que atendem exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde – SUS, em Belo Horizonte (BH), Minas Gerais (MG), Brasil, participantes da Pesquisa intitulada “Parto e aleitamento materno em filhos de mães infectadas por SARS-CoV-2”.

Local, População e Critérios de Seleção

Foram incluídas puérperas com parto hospitalar com gestação única, que tiveram como produto seus conceptos recém-nascidos (RN) com 22 semanas ou mais e RN vivos e com mais de 500 gramas de peso ao nascer, admitidas nas três maternidades selecionadas por ocasião do parto e que entraram em trabalho de parto (TP) (induzido ou não), sendo a via de nascimento vaginal ou cesariana.

Definição da Amostra

Para o cálculo amostral, foi considerado o delineamento de estudo de coorte. Considerou-se uma razão de nove gestantes do grupo não exposto (sem COVID-19) para cada gestante do grupo exposto (com COVID-19), dada a taxa de infecção de 10% no período da epidemia(1717. Perlman J, Oxford C, Chang C, Salvatore C, Di Pace J. Delivery room preparedness and early neonatal outcomes during COVID-19 pandemic in New York City. Pediatrics. 2020;146(2):e20201567. doi: http://doi.org/10.1542/peds.2020-1567. PubMed PMID: 32409481.
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). Essa foi a proporção considerada para o evento no grupo não exposto. Além disso, estimou-se uma Odds Ratio de 1,5, para um nível de confiança de 95% e poder de 80%. A distribuição do número de gestantes por maternidades participantes respeitou a proporção do número total de nascimentos de cada maternidade selecionada. A amostra foi selecionada aleatoriamente, por meio de sorteio simples, até atingir o número de puérperas para cada hospital, totalizando ao fim 1.729 puérperas. Por se tratar de um estudo de coorte prospectivo, as puérperas foram contatadas 6 meses após o parto para investigação de AME via telefônica. Nesse processo, foram acessadas 410 puérperas. Ressalta-se que as puérperas não acessadas no contato por via telefônica foram consideradas como perdas de seguimento.

Coleta de Dados

Os dados do estudo foram coletados nos prontuários das instituições hospitalares, utilizando-se um questionário semiestruturado adaptado da pesquisa “Nascer em Belo Horizonte: Inquérito sobre o parto e nascimento”. Foram analisados os prontuários de todas as mulheres que tiveram seus filhos nos respectivos hospitais nos três meses de maior incidência da COVID-19 (maio, junho e julho) no primeiro semestre de 2020, no Brasil.

Posteriormente à coleta do prontuário, as puérperas foram contatadas via ligação telefônica após 2 meses de parto. Também foram contatadas 6 meses após o parto para investigação de AME. Como protocolo de pesquisa, as puérperas foram acessadas em horários diversos e o contato telefônico foi feito por pelo menos 5 tentativas por pesquisadores capacitados. Em caso de negativas ou não sucesso nestas tentativas a puérpera foi excluída.

Foram consideradas variáveis sociodemográficas (idade, escolaridade, renda, estado conjugal, raça/cor da pele), clínicas (doenças atuais/prévias e cirurgias prévias, uso de medicamentos, sinais e sintomas da SARS-COV-2), de estado de saúde (tabagismo, etilismo, hábito intestinal, prática de atividade física, acompanhamento com profissional de saúde e vacinação), obstétricas (número de partos, vias de nascimento, presença de acompanhante, práticas e intervenções durante o parto, desfecho reprodutivo e complicações do último parto, rede de apoio, alterações de atendimentos em virtude da pandemia do COVID-19, informações sobre a ocorrência de infecção/sintomas por SARS-CoV-2 na participante e no seu filho, incluindo separação do binômio), além informações específicas sobre o aleitamento materno (tipo, dificuldades, interferências da pandemia da COVID-19 no aleitamento, doação de leite, aleitamento na 1ª hora de vida). Em relação à dificuldade na amamentação, essa variável foi verificada por meio de relatado da puérpera sobre a ocorrência de algum “trauma mamilar, mama endurecida, vermelha, machucada ou que precisou de usar antibiótico”. Em relação à interferência da pandemia da COVID-19, essa variável foi segundo a percepção da puérpera.

Análise e Tratamento dos Dados

Para analisar a associação entre as características sociodemográficas e clínicas com o AME, utilizou-se o pacote estatístico Statistical Software for Professional (Stata), versão 16.0. Inicialmente, realizou-se a descrição da população, e as estimativas foram apresentadas em proporções (%), com IC 95%. Para as variáveis quantitativas, depois de verificada a assimetria pelo teste Shapiro-Wilk, os dados foram apresentados por meio de mediana e intervalo interquartílico (IQ).

Utilizou-se o método estatístico não paramétrico de curvas de sobrevivência para estimar a fração de mulheres que apresentaram o desmame, por meio das estimativas de Kaplan-Meier.

O teste log-rank foi utilizado para verificar a presença de diferença entre os grupos (desmame não e sim; p<0,05) analisando o tempo de desmame, segundo as características sociodemográficas e clínicas.

Adicionalmente, foram estimados os valores de Hazard Ratio (HR) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) não ajustados, utilizando o modelo de riscos proporcionais de Cox. Ao final, procedeu-se com a análise ajustada, do modelo multivariado, com a inclusão das variáveis que tiveram significância de até 0,2 na análise não ajustada. Utilizou-se o método forward, com entrada das variáveis uma a uma seguindo o nível decrescente de significância.

Aspectos Éticos

O estudo “Parto e aleitamento materno em filhos de mães infectadas por SARS-CoV-2” foi aprovado em 2022 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (Número do Parecer: 5.735.679).

RESULTADOS

Nesse estudo, foram incluídas 1.729 mulheres. Observam-se, na tabela 1, as características sociodemográficas e clínicas da amostra. A mediana de idade das mulheres foi de 28 anos (IQ: 23-33), 88,65% tiveram RN com peso superior a 2499 gramas, 98,27% não apresentaram infecção/suspeita pelo vírus SAR-CoV-2. A maioria das mulheres era multíparas (62,32%) e não apresentou intercorrências clínico/obstétricas (53,77%). Em relação à via de nascimento, a maioria teve o seus filhos por parto via vaginal (72,67%). Por fim, verifiaram-se maiores proporções de mulheres que realizaram mais que 6 consultas de pré-natal (77,50%).

Tabela 1
Perfil demográfico, socioeconômico e obstétrico da amostra de puérperas – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2020/2023 (n = 1729).

Na Figura 1, está representada a curva de Kaplan-Meyer de sobrevida da probabilidade de desmame. No seguimento, foram acessadas 410 mulheres e, destas, 53,66% apresentaram desmame. A função de sobrevida (t) está representada no eixo vertical e o tempo de sobrevida (T), em meses, no eixo horizontal. Ela indica a probabilidade de a mulher apresentar o desmame durante um período específico de tempo. É possível afirmar que quanto maior foi o tempo, menor a probabilidade do desmame, ou seja, o desmame aconteceu, principalmente, nos meses iniciais depois do parto. Em relação à incidência do evento desmame, foi de 99,41 a cada 1000 pessoas-dia (IC95% 86,36 – 114,43).

Figura 1
Curva de Kaplan-Meier relacionando a probabilidade de interrupção da amamentação (eixo vertical) em função do tempo em meses (tempo horizontal).

A Figura 2, por sua vez, demonstra a probabilidade de evento desmame em mulheres que apresentaram ou não sinais ou sintomas para a COVID-19, sem significância estatística para o teste de log-rank (p = 0,348) ao se comparar os grupos.

Figura 2
Probabilidade de interrupção da amamentação sem sintomas típicos de COVID-19 (azul) e com sintoma típico de COVID-19 durante a amamentação (vermelho).

Na tabela 2, encontram-se as taxas de incidência de desmame (eventos/1000 pessoas-dia), segundo variáveis sociodemográficas e clínicas da amostra. Observou-se, por meio do teste de log-rank, diferença estatisticamente significativa para a interrupção da amamentação quando consideradas a cor de pele autorrelatada e a via de nascimento do recém-nascido.

Tabela 2
Taxas de incidência de desmame (eventos/1000 pessoas-dia), segundo variáveis sociodemográficas e clínicas – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2020/2023 (n = 410).

DISCUSSÃO

Os resultados gerais deste estudo demonstraram que as características como cor de pele autorrelatada e a via de nascimento do recém-nascido foram fatores influenciadores nas taxas de desmame durante a pandemia de COVID-19.

Em relação à via de nascimento, mulheres submetidas à cesariana foram mais suscetíveis a interromper a amamentação. Nesse sentido, é reconhecida a forte influência da cesárea nas dificuldades no processo de aleitamento materno ou no desmame precoce, uma vez que nesse tipo de cirurgia os recém-nascidos são menos expostos ao contato pele a pele e o efeito da anestesia restringe a prática da amamentação na primeira hora de vida(1818. Medeiros ACLL, da Silva GSV, Gomes NF, Silva JSLG, Souza AS, da Silva EA. A influência do tipo de parto no desmame precoce. Revista Pró-UniverSUS. 2021;12(2):72–8. doi: http://doi.org/10.21727/rpu.v12i2.2655.
https://doi.org/10.21727/rpu.v12i2.2655...
,1919. Ferrari AP, Almeida MAM, Carvalhaes MABL, Parada CMGL. Effects of elective cesarean sections on perinatal outcomes and care practices. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2020;20(3):879–88. doi: http://doi.org/10.1590/1806-93042020000300012.
https://doi.org/10.1590/1806-93042020000...
). Ademais, estudos epidemiológicos transversais, realizados no Brasil, identificaram significativo aumento nas taxas percentuais de cesarianas, com possível influência da pandemia nas indicações das cesáreas no momento da admissão na maternidade(2020. Oliveira ICDP, Geraldo LMCS, Faria APV, Silva TPRD, Amorim T, Pereira PF, et al. Repercussões da infecção por SARS-CoV-2 e da pandemia nas vias de nascimento: estudo transversal. Rev Gaúcha Enferm. 2023;44:e20220320. doi: http://doi.org/10.1590/1983-1447.2023.20220320.en. PubMed PMID: 37851838.
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2023.2...
,2121. da Silva CEB, Guida JPS, Costa ML. Increased cesarean section rates during the COVID-19 pandemic: looking for reasons through the robson ten group classification system. Rev Bras Ginecol Obstet. 2023;45(7):371–6. doi: http://doi.org/10.1055/s-0043-1772182. PubMed PMID: 37595593.
https://doi.org/10.1055/s-0043-1772182...
).

Para a cor da pele autorrelatada, mulheres pardas apresentaram taxas maiores para desmame precoce. A associação entre os indicadores de processo do cuidado no pré-natal e a raça/cor das mulheres demonstra que as mulheres pretas e pardas estão mais expostas às dificuldades de acesso e a uma assistência inadequada no pré-natal(2222. Lessa MSDA, Nascimento ER, Coelho EDAC, Soares IDJ, Rodrigues QP, Santos CADST, et al. Pré-natal da mulher brasileira: desigualdades raciais e suas implicações para o cuidado. Cien Saude Colet. 2022;27(10):3881–90. doi: http://doi.org/10.1590/1413-812320222710.01282022en. PubMed PMID: 36134794.
https://doi.org/10.1590/1413-81232022271...
,2323. Flores TR, Neves RG, Mielke GI, Bertoldi AD, Nunes BP. Desigualdades na cobertura da assistência pré-natal no Brasil: um estudo de abrangência nacional. Cien Saude Colet. 2021;26(2):593–600. doi: http://doi.org/10.1590/1413-81232021262.26792019. PubMed PMID: 33605336.
https://doi.org/10.1590/1413-81232021262...
). Com relação à orientação sobre aleitamento materno durante a gestação, parto e pós-parto, um estudo transversal de base populacional aponta que gestantes pretas e pardas tiveram chances 33% menores de serem orientadas sobre o assunto(2424. Lessa MSDA, Nascimento ER, Coelho EDAC, Soares IDJ, Rodrigues QP, Santos CADST, et al. Pré-natal da mulher brasileira: desigualdades raciais e suas implicações para o cuidado. Cien Saude Colet. 2022;27(10):3881–90. doi: http://doi.org/10.1590/1413-812320222710.01282022en. PubMed PMID: 36134794.
https://doi.org/10.1590/1413-81232022271...
).

Ressalta-se o aumento das desigualdades sociais na saúde no período pandêmico, principalmente no acesso aos serviços(2525. Dantas-Silva A, Santiago SM, Surita FG. Racism as a social determinant of health in Brazil in the COVID-19 pandemic and beyond. Rev Bras Ginecol Obstet. 2023;45(5):221–4. doi: http://doi.org/10.1055/s-0043-1770135. PubMed PMID: 37339640.
https://doi.org/10.1055/s-0043-1770135...
,2626. Barron GC, Laryea-Adjei G, Vike-Freiberga V, Abubakar I, Dakkak H, Devakumar D, et al. Lancet Commission on COVID-19: task force on humanitarian relief, social protection and vulnerable groups. Safeguarding people living in vulnerable conditions in the COVID-19 era through universal health coverage and social protection. Lancet Public Health. 2022;7(1):e86–92. doi: http://doi.org/10.1016/S2468-2667(21)00235-8. PubMed PMID: 34906331.
https://doi.org/10.1016/S2468-2667(21)00...
). No Brasil, o impacto da pandemia destacou as disparidades raciais existentes na saúde. Nesse contexto, uma revisão integrativa com bases de dados populacionais identificou que, no Brasil, ser negro ou pardo era um fator de risco para o agravo da COVID-19(2727. Cavalcante GS, Santos MC, Andrade MM, Melo RB, Oliveira TS, Santos GG. Revisão Integrativa da Literatura sobre disparidades étnico-raciais da COVID-19 entre gestantes e puérperas negras. Pubsaúde. 2021;8:a248. doi: http://doi.org/10.31533/pubsaude8.a248.
https://doi.org/10.31533/pubsaude8.a248...
).

Ainda assim, faltam pesquisas sobre a cor autodeclarada das mães como fator associado ao desmame precoce durante a pandemia. Pesquisa realizada no Reino Unido identificou que mulheres negras e pardas, quando comparadas às brancas, sentiram negativamente maior impacto das medidas de isolamento social sobre o aleitamento materno. O estudo também reconheceu que mulheres negras e pardas eram menos propensas a sentir que tinham apoio suficiente para continuarem a amamentar(1414. Chang YS, Li KMC, Chien LY, Lee EY, Hong SA, Coca KP. Associations between breastfeeding intention, breastfeeding practices and post-natal depression during the COVID-19 pandemic: a multi-country cross-sectional study. Matern Child Nutr. 2023;19(1):e13450. doi: http://doi.org/10.1111/mcn.13450. PubMed PMID: 36349949.
https://doi.org/10.1111/mcn.13450...
).

Apesar de algumas pesquisas, realizadas em Israel(2828. Magnazi MB, Sartena G, Goldberg M, Zimmerman D, Ophir E, Baruch R, et al. Impact of the COVID-19 pandemic on breastfeeding in Israel: a cross- sectional, observational survey. Int Breastfeed J. 2022;17(1):61. doi: http://doi.org/10.1186/s13006-022-00505-5. PubMed PMID: 36028836.
https://doi.org/10.1186/s13006-022-00505...
), Chile(2929. Navarro-Rosenblatt D, Benmarhnia T, Bedregal P, Lopez-Arana S, Rodriguez-Osiac L, Garmendia ML. Socio-economic inequalities in the effect of public policies and the COVID-19 pandemic on exclusive breastfeeding in Chile. Public Health. 2023;214:61–8. doi: http://doi.org/10.1016/j.puhe.2022.11.001. PubMed PMID: 36521273.
https://doi.org/10.1016/j.puhe.2022.11.0...
), Europa e América do Sul(3030. Ganho-Ávila A, Guiomar R, Sobral M, Pacheco F, Caparros-Gonzalez RA, Diaz-Louzao C, et al. The impact of COVID-19 on breastfeeding rates: an international cross-sectional study. Midwifery. 2023;120:103631. doi: http://doi.org/10.1016/j.midw.2023.103631. PubMed PMID: 36822049.
https://doi.org/10.1016/j.midw.2023.1036...
), concluírem que os índices de aleitamento materno não foram impactados negativamente pela pandemia de COVID-19, a maioria dos estudos sobre a temática concluiu pela influência negativa da pandemia nas taxas de aleitamento materno(99. Holand BL, de Oliveira Agostini C, Pacheco MCM, de Leon DMZ, Drehmer M, Bosa VL. Association between breastfeeding and complementary feeding in pre-pandemic and pandemic COVID-19 times: maternar cohort study. J Pediatr (Rio J). 2022;98(5):496–503. doi: http://doi.org/10.1016/j.jped.2021.12.007. PubMed PMID: 35139343.
https://doi.org/10.1016/j.jped.2021.12.0...
,1414. Chang YS, Li KMC, Chien LY, Lee EY, Hong SA, Coca KP. Associations between breastfeeding intention, breastfeeding practices and post-natal depression during the COVID-19 pandemic: a multi-country cross-sectional study. Matern Child Nutr. 2023;19(1):e13450. doi: http://doi.org/10.1111/mcn.13450. PubMed PMID: 36349949.
https://doi.org/10.1111/mcn.13450...
) e os que identificaram os fatores psicológicos maternos como determinantes para o desmame(1212. Palmquist AEL, Tomori C, Tumlinson K, Fox C, Chung S, Quinn EA. Pandemic policies and breastfeeding: a cross-sectional study during the onset of COVID-19 in the United States. Front Sociol. 2022;7:958108. doi: http://doi.org/10.3389/fsoc.2022.958108. PubMed PMID: 36405376.
https://doi.org/10.3389/fsoc.2022.958108...
,1313. Chertok IA, Artzi-Medvedik R, Arendt M, Sacks E, Otelea MR, Rodrigues C, et al. Factors associated with exclusive breastfeeding at discharge during the COVID-19 pandemic in 17 WHO European Region countries. Int Breastfeed J. 2022;17(1):83. doi: http://doi.org/10.1186/s13006-022-00517-1. PubMed PMID: 36461061.
https://doi.org/10.1186/s13006-022-00517...
).

Com relação à última abordagem, pesquisa realizada na Tailândia concluiu que os fatores psicológicos foram as influências preponderantes para o desmame durante a pandemia(3131. Nuampa S, Patil CL, Prasong S, Kuesakul K, Sudphet M. Exploring the association between socioeconomic and psychological factors and breastfeeding in the first year of life during the COVID-19 pandemic in Thailand. Int J Environ Res Public Health. 2022;20(1):130. doi: http://doi.org/10.3390/ijerph20010130. PubMed PMID: 36612453.
https://doi.org/10.3390/ijerph20010130...
). Assim, depressão(3333. Reagu SM, Abuyaqoub S, Babarinsa I, Kader NA, Farrell T, Lindow S, et al. Impact of the fear of Covid-19 infection on intent to breastfeed; a cross sectional survey of a perinatal population in Qatar. BMC Pregnancy Childbirth. 2022;22(1):104. doi: http://doi.org/10.1186/s12884-022-04446-z. PubMed PMID: 35123438.
https://doi.org/10.1186/s12884-022-04446...
,3434. Samaria D, Marcelina LA, Florensia L. The COVID-19 pandemic’s impact on breastfeeding self-efficacy: a path analysis. Enferm Clin. 2023;33:S17–21. doi: http://doi.org/10.1016/j.enfcli.2023.01.003. PubMed PMID: 36852164.
https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2023.01...
) e ansiedade(3535. Ergün S, Kaynak S, Aydın B. Fear of COVID-19 and related factors affecting mothers’ breastfeeding self-efficacy during the pandemic. Rev Esc Enferm USP. 2022;56:e20220130. doi: http://doi.org/10.1590/1980-220x-reeusp-2022-0130en. PubMed PMID: 36279566.
https://doi.org/10.1590/1980-220x-reeusp...
) foram sentimentos maternos relacionados ao desmame precoce. Tal abordagem, contudo, difere do escopo do presente estudo e impossibilita uma discussão real dos resultados.

No que tange aos aspectos socioeconômicos, os níveis de escolaridade foram os fatores mais relacionados ao desmame durante a pandemia. Pesquisa realizada no Reino Unido concluiu que mulheres com menores níveis de escolaridade eram mais propensas a interromper a amamentação(1414. Chang YS, Li KMC, Chien LY, Lee EY, Hong SA, Coca KP. Associations between breastfeeding intention, breastfeeding practices and post-natal depression during the COVID-19 pandemic: a multi-country cross-sectional study. Matern Child Nutr. 2023;19(1):e13450. doi: http://doi.org/10.1111/mcn.13450. PubMed PMID: 36349949.
https://doi.org/10.1111/mcn.13450...
). Do mesmo modo, pesquisa realizada em 17 países europeus concluiu que mães com níveis de escolaridade maiores eram menos suscetíveis a deixar de amamentar(1212. Palmquist AEL, Tomori C, Tumlinson K, Fox C, Chung S, Quinn EA. Pandemic policies and breastfeeding: a cross-sectional study during the onset of COVID-19 in the United States. Front Sociol. 2022;7:958108. doi: http://doi.org/10.3389/fsoc.2022.958108. PubMed PMID: 36405376.
https://doi.org/10.3389/fsoc.2022.958108...
). Estas conclusões também são compartilhadas por pesquisas realizadas online(3636. Chien LY, Lee EY, Coca KP, Paek SC, Hong SA, Chang YS. Impact of COVID-19 on breastfeeding intention and behaviour among postpartum women in five countries. Women Birth. 2022;35(6):e523–9. doi: http://doi.org/10.1016/j.wombi.2022.06.006. PubMed PMID: 35778334.
https://doi.org/10.1016/j.wombi.2022.06....
) e em 5 países, inclusive no Brasil(3737. Nuampa S, Ratinthorn A, Patil CL, Kuesakul K, Prasong S, Sudphet M. Impact of personal and environmental factors affecting exclusive breastfeeding practices in the first six months during the COVID-19 pandemic in Thailand: a mixed-methods approach. Int Breastfeed J. 2022;17(1):73. doi: http://doi.org/10.1186/s13006-022-00515-3. PubMed PMID: 36253791.
https://doi.org/10.1186/s13006-022-00515...
).

O presente estudo não conseguiu relacionar os níveis educacionais com a interrupção da amamentação. A discrepância com relação aos resultados das pesquisas mencionadas justifica-se, possivelmente, pela realidade socioeconômica diversa das populações estudadas.

Na literatura, também é recorrente a associação da renda à duração do aleitamento no período pandêmico. Estudo realizado na Tailândia relatou que mulheres que consideravam o seu rendimento familiar suficiente também tinham maior probabilidade de amamentar exclusivamente aos seis meses(3838. Freire D, Domingue E, Magalhães A, Simonato T, Cardoso G. “Auxílio Emergencial – Uma política fiscal contracíclica?”: Impactos do auxílio emergencial na economia brasileira em 2020 [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://pesquisas.face.ufmg.br/nemea/wp-content/uploads/sites/20/2021/09/Auxilio_Emergencial.pdf.
https://pesquisas.face.ufmg.br/nemea/wp-...
). Outra pesquisa também concluiu que mulheres com baixa renda eram mais propensas a interromper a amamentação em virtude da maior probabilidade de estarem em estado de insegurança alimentar(3636. Chien LY, Lee EY, Coca KP, Paek SC, Hong SA, Chang YS. Impact of COVID-19 on breastfeeding intention and behaviour among postpartum women in five countries. Women Birth. 2022;35(6):e523–9. doi: http://doi.org/10.1016/j.wombi.2022.06.006. PubMed PMID: 35778334.
https://doi.org/10.1016/j.wombi.2022.06....
).

No entanto, no presente estudo não foi encontrada associação entre os níveis de renda e a duração da amamentação. A diferença nos resultados talvez esteja relacionada, novamente, à realidade socioeconômica diversa das populações estudadas. O Brasil, durante a pandemia, instituiu programa de renda mínima aos mais vulneráveis, o Auxílio Emergencial, como forma de mitigar os impactos econômicos da pandemia. Provavelmente, estes recursos impactaram positivamente minorando os efeitos da insegurança alimentar na população estudada(3838. Freire D, Domingue E, Magalhães A, Simonato T, Cardoso G. “Auxílio Emergencial – Uma política fiscal contracíclica?”: Impactos do auxílio emergencial na economia brasileira em 2020 [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://pesquisas.face.ufmg.br/nemea/wp-content/uploads/sites/20/2021/09/Auxilio_Emergencial.pdf.
https://pesquisas.face.ufmg.br/nemea/wp-...
,3939. Ramos CL. O impacto do auxílio emergencial sobre a pobreza e a desigualdade durante a pandemia do coronavírus [dissertation]. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Economia e Finanças, Fundação Getúlio Vargas; 2021. Available from: https://repositorio.fgv.br/server/api/core/bitstreams/2e4d80e3-986f-4315-8128-246eb08b3d61/content.
https://repositorio.fgv.br/server/api/co...
).

Dentre as limitações da pesquisa, reconhece-se que ela foi realizada a partir de dados obtidos de maternidades situadas em Belo Horizonte. Suas conclusões, portanto, refletem somente uma realidade específica e não devem ser estendidas para outras localidades, sobretudo ao se considerar a extensa diversidade sociocultural brasileira e o fato de essas maternidades serem referências em relação ao modelo obstétrico de parto e nascimento. Outra limitação trata-se do possível viés de memória da variável desfecho desses estudos; sendo assim, os achados aqui encontrados devem ser interpretados com cautela. Entretanto, ressalta-se que os dados estão condizentes com a literatura brasileira que demonstra uma prevalência de somente 61,3% de AME aos 4 meses(77. Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ). Aleitamento materno: prevalência e práticas entre crianças brasileiras menores de 2 anos [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 12]. Available from: https://enani.nutricao.ufrj.br/download/relatorio-4-aleitamento-materno/#:~:text=A%20preval%C3%AAncia%20de%20aleitamento%20materno%20cruzado%20entre%20menores%20de%20dois,Sul%20(12%2C5%25).
https://enani.nutricao.ufrj.br/download/...
). Vale destacar, no cenário brasileiro, devido ao número reduzido de testes para COVID-19, que apenas as parturientes que deram entrada em hospitais com sinais ou sintomas para COVID-19 foram submetidas a testes confirmatórios. Portanto, o cenário brasileiro não adotou testagem universal para todas as parturientes.

A pesquisa teve como cenário apenas maternidades que atendem exclusivamente pelo SUS e a coleta de dados deu-se por meio de chamadas telefônicas. Tais fatos trazem, em si, um prévio recorte social, seja porque exclui as classes mais altas tipicamente usuárias de serviços de saúde privados, seja porque exclui da amostra as mulheres de classe mais baixa que eventualmente não possuam acesso a aparelhos telefônicos.

CONCLUSÃO

Neste estudo, a via de nascimento e as características étnicas das mães associaram-se ao desmame precoce durante a pandemia de COVID-19. Tais achados são importantes para nortear a assistência da equipe multiprofissional, em especial a da equipe de enfermagem, durante o pós-pandemia e em cenários epidemiológicos críticos futuros ou recorrentes.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Grupo de Pesquisa OPESV (Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação da Escola de Enfermagem da UFMG) e aos Hospitais participantes: Sofia Feldman, Júlia Kubitschek, Risoleta Tolentino Neves e Unidade Local de Saúde de Matosinhos (Portugal) pela colaboração apoio na realização deste estudo.

  • Apoio financeiro Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) – Chamada CNPq/MCTI/FNDCT No. 18/2021 – Faixa A – Grupos Emergentes (Processo: 403481/2021-0) e Chamada 01/2021 – Demanda Universal, respectivamente.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

Rebeca Nunes Guedes de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    12 Mar 2024
  • Aceito
    21 Jun 2024
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