Gerencial |
A análise apontou para dificuldades quanto aos encaminhamentos do pré-termo para os serviços especializados e tempo prolongado para realização de exames, além da ineficiência da referência e contrarreferência que indicam necessidades de melhorias na comunicação escrita e verbal entre profissionais dos diferentes pontos da rede de atenção. |
O que dificulta é a falta de ferramentas mesmo. Vaga para fazer os testes da orelhinha e da linguinha. Isso é mais complicado, que demora demais, o teste do pezinho também demora muito (E2A). A gente fica de mãos atadas, porque tem alguns encaminhamentos que demoram para conseguir. Aí são coisas que você não pode resolver. Isso não é da atenção básica em si, é problema do SUS (E2M). O que dificulta é a demora para conseguirmos vagas nos encaminhamentos para certas especialidades. Porque acho que neuropediatra, por exemplo, tem muito pouco em Cuiabá (E4A). Você referencia essa criança ou essa mãe para o serviço de referência no momento do parto e, geralmente, o serviço de referência quando são hospitais de ensino costuma vir um pouco melhor, tudo explicadinho, já outros deixam a desejar. A comunicação existente é a referência e contrarreferência por escrito. Eu acho que ainda poderia melhorar (E1M). |
Desafios para o atendimento do pré-termo na unidade e para o encaminhamento aos serviços especializados |
Gerencial |
Os profissionais sinalizam para dificuldades quanto ao acesso e disponibilidade de insumos, equipamentos e instrumentos de trabalho em suas unidades. |
As dificuldades é a questão da rede, acho que a rede é um pouco enfraquecida num todo, não só em relação ao prematuro e gestão de equipamentos é… infelizmente tem mais de um ano que venho pedindo e acho que está licitando a questão da régua antropométrica que é pra fazer medição. A gente improvisou uma régua, porque a gente não tem (E1E). Falta de material, otoscópio não tem, aí é um valor que eu não consigo comprar para deixar na unidade. A gente já fez pedido, a secretaria é bem morosa para conseguir atender nossos pedidos, então até agora nada (E2M). Uma criança prematura da nossa área precisou fazer a gastrostomia. O procedimento requer materiais e gasta bastante, mas os frascos e os equipos não vem para a atenção primária, então a gente depende de outro nível de atenção. Orientamos a mãe para conseguir os materiais em outros locais (E1E). |
Gerencial Relacional |
A análise dos dados evidenciou dificuldades ou demora no encaminhamento do pré-termo para especialidades ou outros serviços da RAS, em situações de urgência. Identificaram-se ainda situações nas quais o agendamento apenas é viabilizado em função do contato informal que o profissional da ESF realiza para tentar solucionar a demanda. |
Alguns encaminhamentos a gente demora para conseguir a consulta. Às vezes se a gente tem algum conhecido em algum hospital para tentar agilizar, a gente tenta, mas isso é por via do médico, do enfermeiro, se tiver algum conhecido dentro do que a gente precisa, né. Mas via SUS mesmo o problema às vezes é demorado (E2M). O estabelecimento dessa comunicação é via SISREG (Sistema Nacional de Regulação), mas tentam conseguir de outra forma. Um telefonema a alguém conhecido, uma coisa mais informal (E3M). Se precisarmos de um outro serviço, nesse caso a gente entende que como é criança prematura ou mesmo até outros tipos de casos especiais, por exemplo “preciso de um pediatra agora”, não vou lançar na Central de Regulação essa criança e esperar, sabe-se lá quantos dias para conseguir uma consulta. Então a gente telefona para os colegas “olha eu tenho um pediatra no Centro de Saúde X”, então liga, agenda a consulta (E3E). |
Relacional Informacional |
O conteúdo das entrevistas tornou evidente que os profissionais das equipes da ESF não estão suficientemente esclarecidos sobre o seu papel no seguimento das crianças e que pode haver desconhecimento destes sobre qual o papel dos ambulatórios de neonatologia /seguimento |
Essa última criança que tem hidrocefalia veio em novembro e eu fui na casa dela. Aí em dezembro a criança ficou internada a agente de saúde ficou acompanhando, internou de novo, aí agora ela voltou do hospital eu vou na casa, mas a mãe está ficando mais no acompanhamento lá (no ambulatório de Neonatologia) do que aqui. Acontece bastante de eles ficarem mais no ambulatório do que aqui. O primeiro ano, eu até entendo, mas tem muita mãe que vem com criança de quatro anos que nasceu pré-termo que quer continuar acompanhamento no ambulatório. É uma coisa que não tem mais necessidade (E2E). Geralmente eles vêm com cartinha acompanhada para dar seguimento. Quando não é assim, eles já fazem a referência lá para entrar no próprio ambulatório deles de prematuro. E depois que eles recebem alta do ambulatório, eles vêm com a cartinha para a gente dar seguimento na puericultura (E4M). |
Fragilidades Informacionais na rede de atenção ao pré-termo |
Informacional |
A falta de comunicação com o hospital em que o pré-termo esteve internado é uma realidade do cenário investigado. Apesar de obterem informações sobre o parto e situação de saúde da puérpera, mãe do RNPT, os profissionais afirmam não receberem informações suficientes das condições clinicas do prematuro. |
E outro desafio, outra experiência com criança pré-termo, a gente não recebe nada do hospital, a gente recebe as informações que a mãe traz e os papéis que a mãe traz do hospital. Se for uma família organizada, que tem tudo do hospital, então você sabe tudo (E2E). Do hospital universitário recebo a alta da paciente, da mãe, mas não recebo nada do pré-termo. Recebo o que vem com a família, que na verdade é da família (E2E). |
Informacional |
Apesar de reconhecerem que há especificidades para os diferentes serviços que atendem ao pré-termo ficou evidente que alguns profissionais da ESF não têm conhecimento sobre as diretrizes do MS em relação ao acompanhamento do pré-termo após a alta hospitalar |
Eu acho que aqui (ESF) é uma assistência que complementa a assistência do ambulatório de neonatologia, né, que geralmente essas crianças que são prematuras, elas já são orientadas e até agendadas nos próprios ambulatórios de neonatologia do hospital que ela nasceu. Mas é uma situação que na unidade a gente complementa, a gente vê esse paciente dentro da comunidade (E1M). |
Informacional |
Foi possível identificar que a pandemia de COVID 19 dificultou o gerenciamento de informações entre os profissionais da mesma equipe na ESF em virtude da suspensão das reuniões multiprofissionais semanais. |
Agora com a pandemia mudou um pouco nossa rotina, mas antes tínhamos reuniões frequentes para discutir os casos que surgiam de crianças prematuras e a gente buscava uma solução em equipe, mas agora está suspenso porque o nosso foco é a COVID-19 (E4E). Geralmente, antes da pandemia, na sexta-feira a gente reúne na visita domiciliar, o agente de saúde passa a informação e aí a gente discute o caso e fazemos o encaminhamento seja para realizar a visita ou marcar consulta (E2E). |
Fragilidades Informacionais na rede de atenção ao pré-termo |
Relacional |
Dificuldades para estabelecer vínculo com a família do pré-termo; dentre essas, destaca-se a alta rotatividade dos profissionais da equipe, o que reflete na relação deficiente entre o ACS e a comunidade. |
Geralmente ficamos sabendo que é pré-termo ou não quando a mãe vem para a unidade em busca da primeira vacinação. Não temos ainda, nessa unidade, o vínculo do ACS para passar essa informação para a gente. Então a gente já realiza o cadastro da criança, fazemos a visita domiciliar e o acompanhamento na unidade (E3E). Às vezes é difícil manter toda a agenda de mulheres no pré-natal e também aquelas que estão no puerpério, além de todas as outras situações que a gente também tem que acolher dentro da unidade de saúde da família. Temos dificuldade em manter uma equipe que consiga acolher a paciente desde a recepção até o médico. Temos alta rotatividade nas equipes de saúde da família (E1M). |
Interações frágeis entre família do pré-termo e profissionais |
Relacional |
O grande número de pacientes por área adscrita para atendimento da ESF contribui para o aumento da demanda, fragilizando o vínculo entre a comunidade e a unidade de saúde. |
Pelo número grande de pacientes, muitas vezes a gente não consegue ter esse vínculo. Porque tem unidade que atende áreas descobertas, o fluxo é muito grande em algumas unidades. Aqui está sendo intenso também. Tem criança prematura que eu não consigo dar a devida atenção, eu atendo bastante criança e tem que ter esse vínculo (E3M). |
Relacional |
A busca ativa realizada pelo ACS para que a família realize o acompanhamento na ESF é uma realidade identificada no cenário de pesquisa. Na percepção de profissionais, a família pode não reconhecer a importância do seguimento feito pela ESF. |
O acompanhamento certo teria que ser cem porcento, mas se não é a gente ir atrás e trazer o problema, acaba sendo muito difícil a mãe vir. Porque como ela já tem um acompanhamento com suporte maior que é o hospital e acham que o suporte da atenção primária é muito pouco (E4A). |