Resumo:
No presente estudo, visamos lançar um olhar antropológico sobre o “ser mãe” do outro lado dos muros das prisões, o lado das visitantes, ou seja, das mulheres cujos filhos estão presos. As percepções e reflexões apresentadas são provenientes de uma pesquisa etnográfica sobre mães de jovens envolvidos com a “criminalidade”, realizada na cidade de Porto Velho-RO, entre os anos de 2014 e 2016. O estudo parte da problematização do estigma de “criminoso” atribuído ao filho e que passa a ser associado à identidade materna, evidenciando uma dupla pressão exercida sobre as ideias de cuidado de mãe: culpa e responsabilização tanto pelos atos, como pelo acompanhamento do filho encarcerado. Essa situação, comum com outras mães, favorece a formação de uma rede de cuidados, concomitante à experiência de se submeter aos procedimentos de segurança, marcada por questões de gênero, estigma e violência.
Palavras-chave:
Maternidade; cuidado; culpa; violências