Resumo
Este trabalho explora a violência de gênero na Internet que afecta a feministas e outras ativistas por Direitos Humanos no Chile, dando uma aproximação inicial a um tipo de violência que tem estado invisibilizada na América Latinha e que recentemente tem demonstrado o quão perigosa pode chegar a ser para a vida de quem a tem sofrido. Para isto, foi realizado um questionário on-line com 163 mulheres cishétero e transgênero, dentro de una metodología de amostra não-probabilística por conveniência, como uma primeira exploração do tema em nível nacional.
Das ativistas consultadas, 73,6% declarou explicitamente ter sido vítima deste tipo de violência. Elas sofreram principalmente ataques verbais (91,7%), assédio (25,8%), ameaças (22%) e publicação de informação falsa (15%). Também, 13,3% declarou que lhes roubaram imagens das redes sociais e 13,3% recebeu imagens e/ou vídeos sexualmente agressivos, evidenciando, além disso, a nula preparação dos policiais e do poder judiciário para enfrentar estes feitos, inclusive no momento da denúncia. Além disso, através de uma aproximação ao discurso dos atacantes, determinou-se que se trata principalmente de homens jovens, com estudos superiores, que utilizam a Internet para infundir terror psicológico e uma sensação de permanente vigilância sobre as vítimas. Se trata de uma problemática urgente, que necessita ser abordada como sociedade, para que no se continue amplificando em meio à impunidade legal e a reticência por parte das autoridades e cidadãos em abordá-la como violencia de gênero digital.
Palavras-chave: Violência de gênero; feminismo; discurso de ódio; violência na Internet; assédio