Este artigo sublinha o lugar da (obs)cena para onde se desloca persistentemente o desejo feminino. Põe em diálogo a linguagem pictórica e a literária, voltando-se para a economia composicional da tela de Klimt "As três idades da mulher" e do conto clariceano "Ruído de passos". Considera os horizontes de sentidos agregados pela circulação e recepção de ambos os objetos, especialmente no que diz respeito à autonomia do detalhe na tela de Klimt. A discussão sugere ainda efeitos do deslocamento da crítica específica de gênero à luz da crítica cultural contemporânea, voltada para agendas mais diluídas sobre inclusão. Sustenta-se, finalmente, que a perspectiva de gênero ilumina decisivamente o ato interpretativo e se prova crucial no enriquecimento de contribuições filosóficas notórias de teóricos do discurso como Bakhtin.
estudos de gênero; Clarice Lispector; Gustav Klimt; interfaces discursivas; Bakhtin