Resumo:
O modo como Platão articula seu discurso sobre as mulheres no Livro V da República gera uma espécie de contradição. Por um lado, elas recebem direitos e são libertadas do domínio masculino em 453a-457b, mas novamente são colocadas como propriedade masculina em 457d-466c. Essa ambiguidade deu origem a um debate profuso sobre se Platão realmente subscreveu a igualdade das mulheres ou se as considera propriedade dos homens. No presente artigo, tentarei mostrar essa ambiguidade do texto como um efeito retórico que revela o caráter patriarcal da linguagem que circunda a própria instituição do oîkos, além da pergunta sobre as intenções do autor.
Palavras-chave:
politeia; oikos; koinonia; mulheres