Resumo:
Desde 2011, em Portugal, os dirigentes superiores da Administração Pública são recrutados e selecionados através de procedimentos que visam minimizar a nomeação política. Através da análise de 297 processos de recrutamento, pretendeu-se saber se a introdução de um sistema formal favoreceu o acesso de mais mulheres a cargos de direção superior. Realizaram-se ainda entrevistas a oito mulheres dirigentes para conhecer as suas perceções sobre a igualdade entre homens e mulheres na Administração Pública, o processo de recrutamento, e o seu percurso profissional. Os resultados evidenciam que a proporção de mulheres dirigentes superiores aumentou com o novo sistema de recrutamento, ainda que sobretudo para cargos de 2º grau. Da análise às entrevistas percebe-se subsistirem dúvidas sobre se o atual sistema afasta as nomeações políticas e a existência de obstáculos culturais.
Palavras-chave:
dirigentes superiores; mulheres; segregação vertical; administração pública; Portugal