Resumos
O objetivo deste estudo é revisar sistematicamente os estudos primários que abordaram a ginástica na formação inicial em Educação Física. No processo metodológico, foram realizadas buscas em bases de indexação de artigos, teses e dissertações, a partir de descritores em português e inglês. Após o processo de seleção e eliminação automática, ficaram 102 estudos dos quais seis eram duplicados. No processo de seleção e eliminação manual, foram selecionados 10 estudos que atendiam rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão. A implementação da ginástica e suas modalidades como disciplina ou conteúdo específico nos cursos de formação inicial, apesar de apresentar diversos aspectos e fatores que dificultam sua adoção, revelou-se de extrema importância na formação dos futuros profissionais de Educação Física para atuação em diferentes campos de intervenção, haja vista que nenhuma investigação apontou como impossível de ser colocada em prática esta proposta de implementação da ginástica.
Ginástica; Formação inicial; Saberes docentes
The aim of this study is to systematically review the primary studies that addressed gymnastics in Physical Education graduation. In the methodological process, searches were done in databases indexing articles, theses and dissertations from descriptors in Portuguese and English. After the process of selection and automatic deletion, remained 102 studies of which six were duplicates. In the manual selection and elimination process, 10 studies that complied with the strict inclusion and exclusion criteria were selected. The implementation of gymnastics and modalities as discipline or specific content in graduation courses, despite presenting several aspects and factors that hinder their adoption, proved extremely important in the formation of future physical education professionals to work in different areas of activity, given that no investigation pointed as impossible to put into practice this implementation proposal of gymnastics.
Gymnastics; Graduation; Teaching knowledge
INTRODUÇÃO
A ginástica é caracterizada como uma modalidade antiga e tradicional (PÚBLIO, 1998PÚBLIO, N. Evolução histórica da ginástica olímpica. São Paulo: Phorte, 1998.), desenvolvida pelo homem desde a Pré-História e moldada com o transcorrer do tempo e as transformações da sociedade (LANGLADE; LANGLADE, 1986LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R. Teoria general de la gymnasia. Buenos Aires: Stadium, 1986.; SOUZA, 1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.). Esta modalidade teve início, na Pré-História, por meio de exercitação espontânea e ocasional, tendo evoluído e se transformado com o passar do tempo. Na Antiguidade, foi utilizada como objeto de culto e preparação guerreira, na Era Clássica e na Idade Média, como uma mistura de eficiência para a formação de cidadãos e de guerreiros. No Renascimento, foi vivenciada como forma de recuperação e, Idade Moderna, como uma ressignificação dos exercícios (RAMOS, 1982RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA, 1982.; LANGLADE; LANGLADE, 1986LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R. Teoria general de la gymnasia. Buenos Aires: Stadium, 1986.). Seu fortalecimento ocorreu com as escolas do Movimento Ginástico Europeu, no século XVIII, com seus autores e movimentos nacionais próprios e utilitários, que atribuíram à ginástica ênfase tanto pedagógica (escolas sueca e francesa) e de treinamento físico (escola inglesa) quanto desportiva e militar (escola alemã) (SOUZA, 1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.; SOARES, 1998SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Papirus, 1998., 2001SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2001.).
Nesse percurso histórico e com a sistematização da ginástica e de suas modalidades, foram criadas federações e confederações que passaram a regulamentar e organizar a prática competitiva, fornecendo maior significado a definições, conceitos e finalidades (RAMOS, 1982RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA, 1982.). Tal sistematização, no entanto, acarretou a visível esportivização da ginástica, a qual contemplava excessivamente as premissas de disciplina e de instrumentalização dos corpos, visando à manifestação da performance ou do rendimento esportivo (TUBINO, 2001TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 2001.; OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012OLIVEIRA, M.; NUNOMURA, M. A produção histórica em ginástica e a constituição desse campo de conhecimento na atualidade. CONEXÕES, Campinas, v. 10, n. especial, p. 80-97, dez. 2012.). Nesse sentido, cabe esclarecer que anterior ao surgimento das federações e confederações já existiam, no cenário esportivo, as modalidades de ginástica rítmica e de ginástica artística.
Nessa linha evolutiva, observa-se que, na década de 1980, surgiram novas abordagens pedagógicas para o ensino da ginástica, com o intuito de quebrar a hegemonia da concepção esportivista e tecnicista (DARIDO, 2003DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.). Estas novas abordagens revelaram a necessidade das manifestações dessa prática, que ascenderam também ao âmbito educacional, com um olhar que ultrapassasse a competitividade de outras modalidades esportivas e, principalmente, das ginásticas competitivas (RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.).
Essas novas concepções gímnicas induziram a ações positivas, principalmente, na Educação Física escolar, possibilitando aos professores oportunizarem a seus discentes, de forma mais educativa, a vivência de distintas dimensões (competitivas e apresentação) e abordagens (tradicionalista, tecnicista, educativa, lazer, saúde etc.) da ginástica (OLIVEIRA, 2007OLIVEIRA, N. R. C. Ginástica para todos: perspectivas no contexto do lazer. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 27-53, 2007.). Contudo, apesar do enfoque atribuído a estas novas possibilidades de ensino, visualiza-se que muitos conteúdos continuam não sendo ofertados aos educandos, devido à falta de preparação dos professores e à inadequação da infraestrutura escolar, em termos de espaço físico e de equipamentos específicos (BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; GASPARI et al., 2006GASPARI, T. C.; SOUZA JÚNIOR, O.; MACIEL, V.; IMPOLCEFTO, F.; VENANCIO, L.; ROSÁRIO, L. F.; LORIO, L.; DI THORNMAZO, A.; DARIDO, S. C. A realidade dos professores de Educação Física na escola: suas dificuldades e sugestões. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 14, n. 1, p. 109-137, 2006.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.).
Os cursos de formação inicial em Educação Física apresentam-se, pois, como cruciais no sentido de minimizar essas alegações em torno da preparação acadêmica e científica para atuação com essa modalidade, proporcionando conhecimentos e habilidades necessárias que garantam a autenticidade dessa formação, a democratização do conhecimento e a autonomia nas produções científicas (ANDRADE FILHO, 2001ANDRADE FILHO, N. F. Formação profissional em Educação Física brasileira: uma súmula da discussão dos anos de 1996 a 2000. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 23-37, 2001.).
As mudanças curriculares decorrentes das reformas ocorridas na legislação brasileira (BRASIL, 2002BRASIL. Ministério da Educação/ Conselho Nacional de Educação. Parecer n. 009/2001, de 18 de janeiro de 2002. Brasília: Diário Oficial da União, 18 jan. 2002., 2004BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior. Resolução n. 07, de 31 de março de 2004. Brasília: Diário Oficial da União, 5 abr. 2004.) foram provocadas por reflexões sobre a qualidade da formação dos professores e dos profissionais de todas as áreas, acarretando discussões e revisão dos conhecimentos para a formação de novos profissionais na área de Educação Física (BORGES, 1997BORGES, C. M. F. Formação e prática pedagógica do professor de Educação Física: a construção do saber docente. In: SOUSA E. S.; VAGO T. M. Trilhas e partilhas: educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Cultura, 1997. p. 143-159.; MOLINA NETO, 1997MOLINA NETO, V. A formação profissional em Educação Física e Esportes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 10., 1997, Goiânia. Anais... Goiânia: [s.n.], 1997. p. 63-71.).
Nunomura (2001)MOLINA NETO, V. A formação profissional em Educação Física e Esportes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 10., 1997, Goiânia. Anais... Goiânia: [s.n.], 1997. p. 63-71. revela que, anteriormente a essas mudanças curriculares, os conteúdos absorvidos pelos estudantes na formação inicial não atendiam às necessidades de intervenção e não davam o suporte necessário para a intervenção nessa modalidade. Figueiredo (2009)FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009. evidencia a alegação dos professores universitários que a carga horária integral dos cursos e a carga horária de cada disciplina não eram suficientes para o desenvolvimento e a apropriação dos conhecimentos de algumas modalidades da ginástica. Após as mudanças curriculares, percebe-se, porém, que os cursos continuam sem conseguir transmitir tais conhecimentos específicos e, consequentemente, sem preparar adequadamente professores e profissionais de Educação Física para o mercado de trabalho dessa modalidade (PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.).
Contudo, na expectativa de contribuir com o avanço da formação profissional e da prática pedagógica de professores e treinadores das mais diferentes modalidades da ginástica, a comunidade científica da área tem buscado desenvolver estudos em diferentes contextos investigativos. Um olhar preliminar em torno desse corpo de conhecimentos revela a constante preocupação dos investigadores em torno de sua evolução histórica (MORENO, 2003MORENO, A. O Rio de Janeiro e o corpo do homem fluminense: o 'não-lugar' da ginástica sueca. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 55-68, 2003.; VIGARELLO, 2003VIGARELLO, G. A história e os modelos do corpo. Pro-posições, Campinas, v. 14, n. 2, p. 21-29, maio/ago. 2003.; SARÔA, 2005SARÔA, G. A história da ginástica rítmica em Campinas. 2005. 140f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008MERIDA, F.; NISTA-PICCOLO, V. L.; MERIDA, M. Redescobrindo a ginástica acrobática. Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 155-180, 2008.; OLIVEIRA; BORTOLETO, 2011OLIVEIRA, M. S.; BORTOLETO, M. A. C. Apontamentos sobre a evolução histórica, material e morfológica dos aparelhos da ginástica artística masculina. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 22, n. 2, p. 283-295, 2011.; PEREIRA; ANDRADE; CESÁRIO, 2012PEREIRA, A. M.; ANDRADE, T. N.; CESÁRIO, M. A produção do conhecimento científico em ginástica. Conexões, Campinas, v. 10, n. especial, p. 56-79, dez. 2012.; LIMA, 2012LIMA, R. R. Para compreender a história da Educação Fisica. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 2, n. 5, p. 149-159, maio/ago. 2012.; OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012OLIVEIRA, M.; NUNOMURA, M. A produção histórica em ginástica e a constituição desse campo de conhecimento na atualidade. CONEXÕES, Campinas, v. 10, n. especial, p. 80-97, dez. 2012.; TOLEDO et al., 2012TOLEDO. E.; SCHIAVON, L. M.; SARÔA, G.; FIORIN-FUGLSANG. C. M. As contribuições das pesquisas em História Oral para o desenvolvimento da ginastica. Conexões, Campinas, v. 10, n. especial, p. 115-131, dez. 2012.; GÓIS JÚNIOR, 2013GÓIS JÚNIOR, E. Ginástica, higiene e eugenia no projeto de nação brasileira: Rio de Janeiro, século XIX e início do século XX. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 139-159, 2013.), bem como de suas possibilidades educativas e de alto rendimento (BEZERRA; FERREIRA FILHO; FELICIANO, 2006BEZERRA, S. P.; FERREIRA FILHO, R. A.; FELICIANO, J. G. A importância da aplicação de conteúdos da ginástica artística nas aulas de Educação Física no ensino fundamental de 1ª a 4ª série. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 5, n. especial, p. 127-134, 2006.; RIBEIRO, 2006RIBEIRO, S. V. A ginástica rítmica como contributo na integração social: esstudo do projeto 'criança na quadra'. 2006. 110f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006.; BRASILEIRO; MARCASSA, 2008BRASILEIRO, L. T.; MARCASSA, L. P. Linguagens do corpo: dimensões expressivas e possibilidades educativas da ginástica e da dança. Pro-Posições, Campinas, v. 19, n. 3, p. 195-207, 2008.; FRANÇA; FREIRE, 2009FRANÇA, J. F. M.; FREIRE, E. S. Educação Física e currículo: os conteúdos selecionados pelos professores para o Ensino Fundamental. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 89-102, 2009.; DOWDELL, 2010DOWDELL, T. Characteristics of effective gymnastics coaching. Science of Gymnastics Journal, Ljubljana, v. 2, n. 1, p. 15-24, 2010.; PEREIRA; CESÁRIO, 2011PEREIRA, A. M.; CESÁRIO, M. A ginástica nas aulas de Educação Física: o 'aquecimento corporal' em questão. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 22, n. 4, p. 637-649, 2011.; RODRÍGUEZ; BEDOYA; SANTANA, 2013RODRÍGUEZ, L. A. G.; BEDOYA, J. L.; SANTANA, M. V. Evaluación de la flexibilidad activa y pasiva en trampolinistas españoles. Revista Internacional de Medicina y Ciencias de la Actividad Física y del Deporte, Madri, v. 13, n. 49, p. 4-13, 2013.; SCHIAVON et al., 2013SCHIAVON, L. M.; PAES, R. R.; TOLEDO, E.; DEUTSCH, S. Panorama da ginástica artística feminina brasileira de alto rendimento esportivo: progressão, realidade e necessidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 423-436, 2013.). No entanto, evidencia-se ainda uma lacuna de conhecimentos em torno do processo formativo de professores e treinadores de ginástica nas suas diferentes manifestações (NUNOMURA; NISTA PICCOLO, 2003NUNOMURA, M.; NISTA PICCOLO, V. L. A Ginástica artística no Brasil: reflexões sobre a formação profissional. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 24, n. 3, p. 175 192, maio 2003.; NUNOMURA, 2004NUNOMURA, M. A Formação dos técnicos de ginástica artística: os modelos internacionais. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 12, n. 3, p. 63-69, 2004.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.; PIZANI, SERON, BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.; EGERLAND et al., 2013EGERLAND, E. M.; SALLES, W. N.; BARROSO, M. L. C., BALDI, M. F.; NASCIMENTO, J. N. Potencialidades e necessidades profissionais na formação de treinadores desportivos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 31-38, 2013.). Nesse sentido, buscando refletir em torno da veiculação do conhecimento referente à ginástica na formação inicial Educação Física, este estudo tem como objetivo revisar sistematicamente os estudos primários que abordaram a ginástica na formação inicial em Educação Física.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A revisão sistemática é uma forma de pesquisa que apresenta metodologia muito exigente, planejada, explícita e sistematizada que serve para buscar, identificar, selecionar e analisar estudos sobre determinado tema em questão, geralmente, provindo de pergunta bastante pontual (DE-LA-TORRE-UGARTE; GUANILO; BERTOLOZZI, 2011DE-LA-TORRE-UGARTE, M. C.; GUANILO, R. F. T.; BERTOLOZZI, M. R. Revisão sistemática: noções gerais. Revista da Escola de Enfermagem, São Paulo, v. 45, n. 5, p. 1260-6, 2011.).
Este estudo de revisão sistemática versa sobre as investigações primárias que abordaram a ginástica na formação inicial em Educação Física, seguindo passos metodológicos previamente planejados e utilizando, como referência, a ficha de pesquisa proposta por Saur-Amaral (2011)SAUR-AMARAL, I. Revisão sistemática da literatura com apoio de Endnote X4 e NVIVO 9. Aveiro: GOVCOPP, 2011..
O âmbito da pesquisa se deu nas bases de indexação LILACS e SCIELO, para abrangência de artigos originais publicados em periódicos da área da Educação Física e Esportes e na NUTESES - base que armazena dissertações e de teses nacionais -, buscando-se evidenciar as produções científicas da pós-graduação brasileira sobre a ginástica e a formação inicial em Educação Física. As bases de indexação EBSCO, SCOPUS e Web of Knowledge foram investigadas, a fim de se evidenciarem publicações no cenário internacional relacionadas à temática em questão. Tais bases de indexação de artigos publicados em periódicos se justifica pelo fato de as bases LILACS, SCIELO e Medline corresponderem aos critérios para classificação dos periódicos da área da Educação Física por grupo epistemológico de extratos superiores no WebQualis. Como a base Medline encontra-se indexada dentro de outra (EBSCO) aproveitou-se por realizar, ao mesmo tempo, a busca em outras bases ali disponíveis (Medline, Academic Search Premier, SocIndex, Academic Search Elite, SportDiscus). Como não foram identificados artigos nestas bases, que atendiam aos critérios de inclusão, optou-se por realizar a busca nas bases SCOPUS e Web of Knowledge. Todavia, como os resultados se repetiram optou-se pelo encerramento da busca.
Para a busca das informações, utilizaram-se as seguintes equações de pesquisa: ginástica e 'formação profissional' (gymnastics and graduation), ginástica e currículo* (gymnastics andcurriculum), ginástica e 'saberes docentes' (gymnastics and teaching knowledge) e ginástica e competência* (gymnastics and skill*). Foi utilizado o operador booleano E ou AND para formar os conjuntos de descritores das equações e os facilitadores de pesquisa * e ¨ ¨ para a obtenção mais objetiva das informações de pesquisa.
Os campos da pesquisa utilizados nas bases de indexação foram o abstract e o title na ausência do primeiro. Os critérios de inclusão adotados na seleção automática (seleção realizada nas bases de indexação) e manual (seleção realizada pelos pesquisadores dos estudos) foram: a) artigos originais publicados em periódicos nacionais e internacionais; b) teses e dissertações; c) textos publicados na íntegra; d) estudos com grupos populacionais de professores universitários, estudantes de graduação, gestões universitárias; e) estudos relacionados à formação de profissionais em Educação Física para intervenção profissional no contexto da ginástica; f) estudos relacionados ao currículo das disciplinas de ginástica na formação inicial em Educação Física; g) estudos que abordam os saberes docentes relacionados à ginástica na formação inicial; h) estudos que abordam o processo de formação inicial de técnicos/treinadores.
Os critérios de exclusão elencados para esta revisão e que também passaram pela eliminação automática e manual foram: a) artigos, teses e dissertações sem os textos publicados na íntegra; b) artigos escritos em outra língua que não inglês, português ou espanhol; c) estudos com grupos populacionais de professores escolares, atletas, treinadores, dirigentes esportivos e crianças; d) trabalhos publicados em livros, conferências etc.; e) artigos de opinião de especialistas, resenhas, ensaios teóricos; f) teses e dissertações de cunho teórico (estudos bibliográficos); g) estudos que não abordam a ginástica relacionada à formação profissional (ex.: área escolar, treinamento esportivo, fisiologia, biodinâmica etc.).
Para alcançar qualidade e validade metodológica, a coleta de dados foi realizada concomitantemente por dois investigadores. No que se refere à seleção automática, caso os investigadores encontrassem diferenças em relação ao número de estudos, era realizada nova busca, alinhando-se os critérios de inclusão dos estudos e respeitando-se com rigor os critérios de inclusão e exclusão. No que tange à seleção manual, ela foi realizada a partir da avaliação duplo-cego dos resumos e, posteriormente, dos textos completos.
Mediante a seleção dos estudos, a partir das equações de pesquisa nas bases de dados, foi realizado o print screan para cada critério de inclusão, sendo as informações armazenadas em um documento do Word for Windows. Após a seleção dos estudos em todas as bases de dados, aplicaram-se efetivamente os critérios de inclusão e exclusão dos estudos, restando somente aqueles que foram elencados para a análise, os quais foram transpostos para o programa EndnoteX5. Para melhor sistematização e categorização dos dados, utilizou-se o software Nvivo 9.2, pacote estatístico utilizado na análise de estudos de natureza qualitativa. A partir desta ação, os dados foram analisados, utilizando-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.), a qual permitiu elencar, a posteriori, as seguintes categorias para análise dos estudos selecionados: formação profissional, dificuldades encontradas, relevância da pesquisa para a formação, ginástica para intervenção no âmbito escolar, saberes profissionais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na busca inicial das investigações que contemplaram o objetivo do estudo foram encontrados 627 estudos nas bases de dados (nacionais e internacionais), a partir das combinações entre os descritores, assim organizados:
-
Ginástica e 'formação profissional' (gymnastics and graduation) - foram encontrados três estudos na base SCIELO, cinco na LILACS, 33 na NUTESES, dois na EBSCO e um na SCOPUS
-
Ginástica e currículo* (gymnastics and curriculum) - foram encontrados quatro textos na base de indexação SCIELO, sete na LILACS, sete na NUTESES, três na ISI Web of Knowledge, 37 na EBSCO e 18 na SCOPUS
-
Ginástica e 'saberes docentes' (gymnastics and teaching knowledge) - foram detectados um trabalho indexado na base SCIELO, um na LILACS, oito na NUTESES, um na ISI Web of Knowledge, um na EBSCO e sete na SCOPUS
-
Ginástica e competência* (gymnastics and skill*) - foram levantados três artigos no SCIELO, 93 na LILACS, um na NUTESES, 17 no ISI Web of Knowledge, 224 na EBSCO e 150 na SCOPUS
Após o processo de refinamento dos dados, em que se utilizaram os critérios para seleção e exclusão automática e manual e a leitura dos resumos, restaram apenas 13 estudos (Tabela 1). Após a leitura de cada texto completo, foram eliminados mais três estudos, restando apenas 10 investigações para as análises finais. Dos estudos selecionados, oito são da base NUTESES, sendo cinco dissertações de mestrado e três teses de doutorado, e dois artigos são originais levantados na base LILACS.
Embora inicialmente tenham sido encontrados 627 estudos, após atender rigorosamente os critérios de inclusão e de exclusão, verificou-se certa incipiência na produção de conhecimento referente à formação inicial no campo da ginástica (Quadro 1), bem como à dimensão e à realidade da inserção deste saber no campo acadêmico e científico.
No que se refere ao ano de publicação, a maioria dos estudos foi publicada em anos anteriores a 2009, último ano de publicação encontrado. Quatro estudos foram divulgados na década de 1990 e seis a partir dos anos 2000. Enfatiza-se que todos os estudos selecionados são nacionais, com evidência de regionalidade da temática, haja vista terem sido nove deles realizados nas regiões Sudeste e Sul do país e apenas um ter retratado o Brasil como um todo. Marinho e Barbosa-Rinaldi (2010)MARINHO, A.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Ginástica: reflexões sobre os grupos de pesquisa cadastrados no diretório do CNPq. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 21, n. 4, p. 633-644, 2010. corroboram o encontrado, afirmando a existência de apenas 30 grupos de pesquisa sobre ginástica no Brasil, 18 grupos pertencentes à área da Educação Física e destes somente 10 incluem a palavra ginástica em sua denominação. As regiões Sudeste e Sul são as que detêm a maior concentração destes grupos.
Com relação ao formato da publicação, os textos selecionados assim se caracterizam: dois artigos originais, cinco dissertações de mestrado, três teses de doutorado. Esta caracterização corrobora os achados de Marinho e Barbosa-Rinaldi (2010)MARINHO, A.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Ginástica: reflexões sobre os grupos de pesquisa cadastrados no diretório do CNPq. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 21, n. 4, p. 633-644, 2010., sobre grupos de pesquisa cadastrados no CNPq e as produções científicas de seus líderes, quando mencionam que os 295 estudos encontrados foram publicados em periódicos, na maioria, com qualis B5 ou sem classificação, além de 103 produções científicas publicadas em livros e capítulos de livro, estando algumas ainda no prelo.
A análise das produções científicas evidenciou a preferência dos investigadores por delineamentos qualitativos (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; SOUZA, 1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.; BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.) em comparação aos quantitativos, sendo apenas um de natureza qualitativa e quantitativa (BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.). Além disso, verificou-se que três estudos tiveram como população investigada apenas docentes de instituições de ensino superior, três pesquisas estudaram docentes e outros colaboradores (discentes, técnicos, egressos, ginastas, dirigentes), dois estudos envolveram a análise de documentos oficiais, uma investigação contou com a colaboração de discentes e técnicos e uma apenas com técnicos.
No que se refere às modalidades da ginástica encontradas nos achados das investigações, estão presentes a ginástica artística (NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.), a ginástica rítmica (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.) e a ginástica geral (SOUZA,1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.), cada uma apresentada em dois estudos. Nos quatro estudos restantes, a ginástica aparece de forma mais ampla, sem nenhuma especificação de modalidade, destacando-se sua interface com a formação profissional (BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.).
As investigações que abordam a formação profissional relacionada à ginástica evidenciam a necessidade de os docentes adquirirem conhecimento adequado sobre ginástica, para que ela possa ser discutida, ampliada e exercitada nos cursos de formação inicial. Ressalte-se que os conhecimentos devem se adequar e respeitar as especificidades de cada curso, tanto para a formação de licenciados como para a de bacharéis (BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.).
O conhecimento dos docentes sobre a ginástica está ligado ao contexto histórico, nomeadamente, ao momento militarista, quando os processos de ensino e de aprendizagem se davam por gestos e movimentos técnicos, mecanizados, com enfoque competitivo e, devido ao sistema de esportivização, geravam algumas dificuldades no processo de fundamentação pedagógica (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.). Tais dificuldades são apontadas no método de ensino e de aprendizagem, principalmente quando a investigação aborda os discentes no ensino superior, como o estudo de Barbosa (1999)BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999., no qual se afirma que os conteúdos são apenas repassados e não ensinados, fato que para os professores inviabiliza a aquisição de saberes para sua futura intervenção profissional.
Nesta perspectiva, vislumbra-se que a formação inicial deve promover a gama de experiências necessárias para a futura intervenção profissional, fazendo com que o estudante disponha dos saberes promovidos pelas práticas como componente curricular e sobre o conhecimento pedagógico do conteúdo (MARCON; GRAÇA; NASCIMENTO, 2012MARCON, D.; GRACA, A. B. S.; NASCIMENTO, J. V. O conhecimento do conteúdo como estruturante da construção do conhecimento pedagógico do conteúdo dos futuros professores de Educação Física. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. especial, n. 1, p. 1397-1408, 2012.) de cada área do conhecimento que se insere nos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física. Estes fatores ressaltam a dificuldade que os estudantes apresentam em visualizar o processo de metamorfose do conhecimento, de transformar os conhecimentos absorvidos antes do ingresso na formação inicial em novos conhecimentos adquiridos no processo formativo, associando o antes, o durante e o após a formação inicial (CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; TARDIF, 2002TARDIF, M. Saberes docentes e formação de professores. Petrópolis: Vozes, 2002.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.).
As evidências mostradas nos estudos analisados (BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.) indicam ainda que as dificuldades enfrentadas e reveladas pelos docentes estão relacionadas com algumas concepções, disputas e com conhecimentos a serem agregados à intervenção profissional. Inicialmente, os docentes retratam a dificuldade de determinar a qual campo científico a ginástica pertence, se às ciências naturais (saúde) ou às ciências humanas (formação humana). Nesse caso, a disputa entre os biologicistas e os humanistas merece destaque, uma vez que a ginástica já passou por diferentes momentos e transformações históricas, sendo vista ora como um elemento físico e biológico para a saúde corporal, ora como elemento filosófico e reflexivo para o desenvolvimento e a formação do indivíduo (BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.).
As produções analisadas (BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; BELÃO, MACHADO, MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.) identificaram também a dificuldade existente na árdua tarefa de transformar os conhecimentos trazidos pelos alunos (conhecimento revelado) em novos conhecimentos (conhecimentos obtidos), devido a outra disputa existente na área da Educação Física, mais especificamente, entre os docentes no que se refere às abordagens práticas e teóricas. Investigação realizada por Belão, Machado, Mori (2009)BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009. mostra a associação positiva entre a teoria e a prática, evidenciando que a produção do conhecimento está diretamente relacionada com os resultados positivos da modalidade e a qualidade profissional. Barbosa (1999)BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999. afirma que existe um contrassenso nesta relação, pois embora teoricamente se queira um profissional mais reflexivo, nos cursos de formação inicial não se atinge, na prática, tal objetivo.
É refletida, de fato, na literatura, a imposição das situações de mercado, que expressa o que deve ser foco das investigações no contexto acadêmico, o conhecimento sobre a ginástica não deve, porém, estar atrelado a tal situação. Contudo, no âmbito da pesquisa, devido ao fato de o mercado ditar, de certa forma, o que é importante ou não a ser ensinado e praticado na formação inicial (FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.), isso não deve ser considerado no processo de formação e nas investigações sobre ginástica. Todavia, a divulgação pela mídia de determinadas modalidades competitivas parece constituí-las como objeto de investigação, fragilizando a produção do conhecimento, bem como investigações sobre as modalidades não competitivas.
A pesquisa é importante para a formação do indivíduo, em termos de produção de conhecimentos. Além de ser utilizada pelo próprio autor, ela serve também à sociedade em geral. Tal ato investigativo não acontece somente na formação inicial, pois os cursos de formação de técnicos também se preocupam com a qualidade de ensino e de intervenção dos futuros profissionais (NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.). Os estudos investigados indicam que a continuação desta ação, seja nos cursos lato-sensu ou seja nos stricto-sensu, permanece importante por sua evidente e qualificada produção intelectual. Os indivíduos têm assim a oportunidade de estreitar a relação com as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal, tornando-se capazes de contextualizar os conteúdos de forma reflexiva para si e/ou para outros (RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.).
O acesso a informações, conceitos, conhecimentos e saberes apresenta-se indispensável na formação inicial. Alguns estudos, porém, evidenciam lacunas, limitações ou equívocos existentes nas concepções sobre a ginástica e suas modalidades, tanto por parte dos docentes quanto dos discentes, as desfocando como objeto de estudo (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.).
Os investigadores refletem sobre a necessidade de fomentar a ginástica como conteúdo específico ou disciplina da formação inicial no campo da Educação Física. Este fortalecimento da ginástica fica evidenciado, principalmente, nas sugestões e recomendações da maior parte dos estudos analisados, as quais a indicam como elemento norteador e interdisciplinar a ser implementado como uma metodologia inovadora e transformadora que venha a contextualizar a ginástica e suas modalidades e não a fragmentá-las em disciplinas isoladas (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; SOUZA, 1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.; BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; BONETTI, 1999BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.).
Nesta perspectiva, emergem da análise das investigações, questões que interagem como a inserção da ginástica para a intervenção no âmbito escolar. A dimensão da ginástica como componente curricular na escola é destacada a partir de duas vertentes: a administrativa e a relacionada com o processo de ensino e de aprendizagem. Na primeira, se destacam o número de aulas por semana, o número de alunos por turma, a ausência de espaço e de equipamentos adequados (FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.; TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.). Na segunda, as investigações revelam a preocupação com a metodologia utilizada pelos professores, principalmente a adoção do enfoque tecnicista, ainda muito utilizado nesse espaço, devido à esportivização da modalidade.
Os estudos revelaram que a competitividade, a performance e o alto rendimento estão muito enraizados na concepção dos professores, em função da restrição de conhecimento e da ausência de atualização em cursos de formação continuada. Esta falta de pedagogização no repasse dos conteúdos desencadeia no preconceito ou na falta de conceitos quanto ao gênero dos participantes de determinadas modalidades da ginástica, contribuindo para a segregação dos saberes dos professores no âmbito escolar e na formação inicial (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; FIGUEIREDO, 2009FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.).
Esta mediação reflete a necessidade de o futuro profissional de Educação Física ser detentor de alguns princípios e pilares específicos relacionados à ginástica, além de dominar diferentes saberes profissionais. Os princípios e pilares intrínsecos às modalidades da ginástica são a consciência corporal, a socialização, a criatividade, a emocionalidade, as habilidades físicas, a simplicidade, o preestabelecimento ou não de regras. Eles estão ligados à formação humana e à capacitação profissional e contribuem para o processo de desenvolvimento dos indivíduos (TEIXEIRA, 1996TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; SOUZA, 1997TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.). Os saberes profissionais são considerados por Tardif (2000)TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, s/v, n. 13, p. 5-24, jan./abr. 2000., como um conjunto de conhecimentos, habilidades, competências e atitudes que orientam o trabalho do professor, podendo ser adquiridos e transformados ao longo do tempo, mas nunca eliminados.
A análise dos estudos selecionados revelou a predominância dos saberes experienciais, curriculares e culturais, além dos saberes gímnicos específicos da modalidade, muito importantes na formação inicial do profissional de Educação Física, para sua posterior atuação nos diversos campos de intervenção (SOUZA, 1997SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.; BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.; RINALDI, 2005RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.; BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.; PIZANI; SERON; BARBOSA-RINALDI, 2009PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.). Os saberes experienciais foram evidenciados nas investigações pela importância atribuída às vivências anteriores, tal como a socialização antecipatória e a observação de treinadores experientes, o que acaba por influenciar a posterior atuação profissional. Isto ocorre, porém, de formas variadas, por ser um aspecto individual que pode não favorecer o coletivo da modalidade (NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.).
No que tange aos saberes curriculares oriundos das disciplinas, os estudos mostram a insuficiência dos conhecimentos adquiridos, a qual está relacionada com a fragmentação curricular dos conteúdos divididos em etapas, sem contextualização com os outros campos do conhecimento. A dimensão dos saberes culturais, presentes nos textos empíricos, reforça a importância desse bloco de conhecimentos, tanto na formação inicial quanto nas investigações a serem desenvolvidas em torno da temática, respeitando-se as diferenças regionais e os locais de cada instituição de ensino (BARBOSA, 1999BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.; CESÁRIO, 2001CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.; NUNOMURA, 2001NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.; BELÃO; MACHADO; MORI, 2009BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.).
Apesar da reflexão em torno das possibilidades de implementação coerente e coesa da ginástica e suas modalidades nos cursos de formação inicial, Cesário (2001)CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001. enfatiza que existem alternativas de mudança, avanços e reestruturação curricular da ginástica, levando-se em consideração fatores como a realidade social, a integralização e os enfoques específicos de modalidades em uma só disciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das informações obtidas nos estudos selecionados evidenciou a incipiência de pesquisas sobre a ginástica no processo de formação inicial em Educação Física, no que diz respeito à quantidade de trabalhos divulgados, principalmente no cenário internacional. Revela-se, além disso, a necessidade de ampliação de publicações em veículos de maior circulação e com maior qualificação acadêmica e científica, não se restringindo sua divulgação apenas a dissertações e teses elaboradas em cursos de pós-graduação. Conclui-se que a produção do conhecimento sobre a ginástica, em cursos lato-sensu e stricto sensu, certamente contribuiria, de maneira significativa, para o avanço da temática, como evidenciado na literatura.
Embora a busca dos estudos não tenha tido como foco os professores escolares, os achados indicam a necessidade de qualificar e de redimensionar a intervenção na escola, de modo a romper com determinados processos de ensino tecnicistas e esportivizados. Embora os saberes experienciais se tornem, de fato, relevantes na formação do profissional que irá atuar com a ginástica, são os saberes curriculares e específicos do conteúdo que se configuram como determinantes. Assim, dificuldades como número de alunos por turma, falta de material e espaço físico deixarão de ser um dos maiores problemas que impedem os profissionais de abordarem a ginástica no âmbito escolar e universitário.
A regionalidade identificada nos locais de realização e desenvolvimento das investigações sobressaiu no estudo, visto estas estarem concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país e em alguns estados, cidades e universidades específicos. Este fato talvez se explique pela existência anterior de cursos de pós-graduação em tais universidades e pelo fato de tais locais apresentarem grupos específicos que têm a ginástica como objeto principal de estudo.
A implementação da ginástica e suas modalidades como disciplina ou conteúdo específico, nos cursos de formação inicial, apesar de diversos aspectos e fatores que dificultam seu processo, revelou-se de extrema importância no processo formativo dos futuros profissionais de Educação Física para intervenção em diferentes campos de atuação. Sublinhe-se que nenhuma investigação sinalizou como impossível de ser colocada em prática esta proposta de implementação e fortificação da ginástica.
As evidências encontradas nos resultados permitem a sugestão de realização de novos estudos referentes à ginástica na formação profissional e, mais especificamente, na formação inicial, para que os futuros profissionais tenham maior embasamento teórico antes de pôr em prática seus conhecimentos. Sugerem-se, pois, estudos que busquem não só identificar a realização da ginástica e suas modalidades no currículo das graduações, mas que também proponham e apresentem metodologicamente formas coesas e adequadas destas modalidades na formação.
Referências
- ANDRADE FILHO, N. F. Formação profissional em Educação Física brasileira: uma súmula da discussão dos anos de 1996 a 2000. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 23-37, 2001.
- BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. 1999. 132f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.
- BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
- BELÃO, M.; MACHADO, L. P.; MORI, P. M. M. A formação profissional das técnicas de ginástica rítmica. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 61-68, jan./mar. 2009.
- BEZERRA, S. P.; FERREIRA FILHO, R. A.; FELICIANO, J. G. A importância da aplicação de conteúdos da ginástica artística nas aulas de Educação Física no ensino fundamental de 1ª a 4ª série. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 5, n. especial, p. 127-134, 2006.
- BONETTI, A. Ginástica: em busca de sua identificação no âmbito escolar. 1999. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.
- BORGES, C. M. F. Formação e prática pedagógica do professor de Educação Física: a construção do saber docente. In: SOUSA E. S.; VAGO T. M. Trilhas e partilhas: educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Cultura, 1997. p. 143-159.
- BRASIL. Ministério da Educação/ Conselho Nacional de Educação. Parecer n. 009/2001, de 18 de janeiro de 2002. Brasília: Diário Oficial da União, 18 jan. 2002.
- BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior. Resolução n. 07, de 31 de março de 2004. Brasília: Diário Oficial da União, 5 abr. 2004.
- BRASILEIRO, L. T.; MARCASSA, L. P. Linguagens do corpo: dimensões expressivas e possibilidades educativas da ginástica e da dança. Pro-Posições, Campinas, v. 19, n. 3, p. 195-207, 2008.
- CESÁRIO, M. A organização do conhecimento da ginástica no currículo de formação inicial do profissional de Educação Física: realidade e possibilidades. 2001. 216f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.
- DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
- DE-LA-TORRE-UGARTE, M. C.; GUANILO, R. F. T.; BERTOLOZZI, M. R. Revisão sistemática: noções gerais. Revista da Escola de Enfermagem, São Paulo, v. 45, n. 5, p. 1260-6, 2011.
- DOWDELL, T. Characteristics of effective gymnastics coaching. Science of Gymnastics Journal, Ljubljana, v. 2, n. 1, p. 15-24, 2010.
- EGERLAND, E. M.; SALLES, W. N.; BARROSO, M. L. C., BALDI, M. F.; NASCIMENTO, J. N. Potencialidades e necessidades profissionais na formação de treinadores desportivos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 31-38, 2013.
- FIGUEIREDO, J. A disciplina ginástica artística na formação do licenciado em Educação Física sob a perspectiva de docentes universitários. 2009. 167f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009.
- FRANÇA, J. F. M.; FREIRE, E. S. Educação Física e currículo: os conteúdos selecionados pelos professores para o Ensino Fundamental. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 89-102, 2009.
- GASPARI, T. C.; SOUZA JÚNIOR, O.; MACIEL, V.; IMPOLCEFTO, F.; VENANCIO, L.; ROSÁRIO, L. F.; LORIO, L.; DI THORNMAZO, A.; DARIDO, S. C. A realidade dos professores de Educação Física na escola: suas dificuldades e sugestões. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 14, n. 1, p. 109-137, 2006.
- GÓIS JÚNIOR, E. Ginástica, higiene e eugenia no projeto de nação brasileira: Rio de Janeiro, século XIX e início do século XX. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 139-159, 2013.
- LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R. Teoria general de la gymnasia. Buenos Aires: Stadium, 1986.
- LIMA, R. R. Para compreender a história da Educação Fisica. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 2, n. 5, p. 149-159, maio/ago. 2012.
- MARCON, D.; GRACA, A. B. S.; NASCIMENTO, J. V. O conhecimento do conteúdo como estruturante da construção do conhecimento pedagógico do conteúdo dos futuros professores de Educação Física. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. especial, n. 1, p. 1397-1408, 2012.
- MARINHO, A.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Ginástica: reflexões sobre os grupos de pesquisa cadastrados no diretório do CNPq. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 21, n. 4, p. 633-644, 2010.
- MERIDA, F.; NISTA-PICCOLO, V. L.; MERIDA, M. Redescobrindo a ginástica acrobática. Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 155-180, 2008.
- MOLINA NETO, V. A formação profissional em Educação Física e Esportes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 10., 1997, Goiânia. Anais... Goiânia: [s.n.], 1997. p. 63-71.
- MORENO, A. O Rio de Janeiro e o corpo do homem fluminense: o 'não-lugar' da ginástica sueca. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 55-68, 2003.
- NUNOMURA, M. Técnico de ginástica artística: quem é esse profissional? 2001. 181f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.
- NUNOMURA, M. A Formação dos técnicos de ginástica artística: os modelos internacionais. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 12, n. 3, p. 63-69, 2004.
- NUNOMURA, M.; NISTA PICCOLO, V. L. A Ginástica artística no Brasil: reflexões sobre a formação profissional. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 24, n. 3, p. 175 192, maio 2003.
- OLIVEIRA, N. R. C. Ginástica para todos: perspectivas no contexto do lazer. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 27-53, 2007.
- OLIVEIRA, M. S.; BORTOLETO, M. A. C. Apontamentos sobre a evolução histórica, material e morfológica dos aparelhos da ginástica artística masculina. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 22, n. 2, p. 283-295, 2011.
- OLIVEIRA, M.; NUNOMURA, M. A produção histórica em ginástica e a constituição desse campo de conhecimento na atualidade. CONEXÕES, Campinas, v. 10, n. especial, p. 80-97, dez. 2012.
- PEREIRA, A. M.; CESÁRIO, M. A ginástica nas aulas de Educação Física: o 'aquecimento corporal' em questão. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 22, n. 4, p. 637-649, 2011.
- PEREIRA, A. M.; ANDRADE, T. N.; CESÁRIO, M. A produção do conhecimento científico em ginástica. Conexões, Campinas, v. 10, n. especial, p. 56-79, dez. 2012.
- PIZANI, J.; SERON, V.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Formação inicial em Educação Física na cidade de Maringá: a ginástica geral em questão. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 900-910, out./dez. 2009.
- PÚBLIO, N. Evolução histórica da ginástica olímpica. São Paulo: Phorte, 1998.
- RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA, 1982.
- RIBEIRO, S. V. A ginástica rítmica como contributo na integração social: esstudo do projeto 'criança na quadra'. 2006. 110f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006.
- RINALDI, I. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
- RODRÍGUEZ, L. A. G.; BEDOYA, J. L.; SANTANA, M. V. Evaluación de la flexibilidad activa y pasiva en trampolinistas españoles. Revista Internacional de Medicina y Ciencias de la Actividad Física y del Deporte, Madri, v. 13, n. 49, p. 4-13, 2013.
- SARÔA, G. A história da ginástica rítmica em Campinas. 2005. 140f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
- SAUR-AMARAL, I. Revisão sistemática da literatura com apoio de Endnote X4 e NVIVO 9. Aveiro: GOVCOPP, 2011.
- SCHIAVON, L. M.; PAES, R. R.; TOLEDO, E.; DEUTSCH, S. Panorama da ginástica artística feminina brasileira de alto rendimento esportivo: progressão, realidade e necessidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 423-436, 2013.
- SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Papirus, 1998.
- SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2001.
- SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163f. Tese (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
- TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, s/v, n. 13, p. 5-24, jan./abr. 2000.
- TARDIF, M. Saberes docentes e formação de professores. Petrópolis: Vozes, 2002.
- TEIXEIRA, R. T. S. A Ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: um estudo de caso. 1996. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1996.
- TOLEDO. E.; SCHIAVON, L. M.; SARÔA, G.; FIORIN-FUGLSANG. C. M. As contribuições das pesquisas em História Oral para o desenvolvimento da ginastica. Conexões, Campinas, v. 10, n. especial, p. 115-131, dez. 2012.
- TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 2001.
- VIGARELLO, G. A história e os modelos do corpo. Pro-posições, Campinas, v. 14, n. 2, p. 21-29, maio/ago. 2003.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Sep-Dec 2014
Histórico
-
Recebido
21 Dez 2013 -
Revisado
21 Fev 2014 -
Aceito
19 Maio 2014