Carta do Editor
Há pouco, lendo a revista de bordo da TAM (n. 86, 2001), encontrei um artigo interessante do professor João Sayad que falava da queda de um meteorito azul no Brasil.
Numas das passagens da leitura, o autor faz, com muito bom senso, críticas às entidades ligadas ao ensino. Assim ele escreve: "A CAPES, que avalia a produção das universidades, informou, através de circular, que trabalhos sobre meteoritos não seriam considerados na avaliação dos centros de pesquisas, pois não seriam publicados no exterior que desconhecia o evento. Nenhum professor ou pesquisador se interessou pelo assunto".
Mais adiante ele completa: "A Universidade perdeu a curiosidade. Está preocupada em publicar artigos antes, ou melhores do que os artigos de outros professores, em ser classificada, em ganhar o campeonato acadêmico. A Universidade se tornou competitiva como os bancos e as cadeias de fast food".
Essa realidade das universidades brasileiras é o fruto da massificação do ensino, desde o primário até o superior. Tanto isso é verdade que dados de pesquisas realizadas em setembro/98 mostram que a capacidade do trabalhador brasileiro, com idades entre 15 e 55 anos, é baixíssima. Cerca de 69%, e em algumas regiões o índice foi de 81%, dos entrevistados, quando solicitados a analisar textos informativos simples, apenas reconheciam o tema, sem assimilar o sentido do texto. Querendo ou não, essa é a matéria-prima que as universidades recebem para, em alguns anos, liberarem no mercado de trabalho, e muitas delas nem de longe educam para as exigências do atual mercado de trabalho.
Se voltarmos um pouco mais no tempo, lembramos que Henry Gorceix tentou, por volta de 1876, realizar um trabalho junto às escolas primárias e secundárias. Dizia ele: "sem ensino primário não há ensino secundário e, sem ensino secundário, não há o superior e, sem o superior, não terá o Brasil engenheiros nem homens úteis ao país";.
O apagão que o diga...
Editor
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
22 Ago 2003 -
Data do Fascículo
Jun 2001
