Resumo
Devido às consequências econômicas e sociais da emergência Covid-19 de 2020, muitos migrantes venezuelanos vulneráveis espalhados pela América do Sul decidiram retornar por terra ao seu país. Simultaneamente, medidas excepcionais impostas durante a pandemia resultaram no aumento das restrições políticas internas e internacionais à sua mobilidade. Nesse cenário, diferentes estratégias para resistir e superar tais restrições surgiram. Com base no conceito de Multiplicidades Migrantes Temporárias (Tazzioli, 2020TAZZIOLI, Martina. The Making of Migration. London: Sage, 2020.), analiso como o acampar tornou-se uma dessas estratégias coletivas. Apresento os resultados de uma etnografia digital com foco em um assentamento transitório construído (e depois abandonado) por cerca de 500 pessoas que retornam à Venezuela, entre maio e julho de 2020 nos arredores de Bogotá (Colômbia). Assim, exploro como as vulnerabilidades podem se transformar em veículos de resistência em contextos de controle arbitrário sobre a mobilidade humana precarizada, como no caso das políticas de exceção da Covid-19.
Palavras-chave
migrantes venezuelanos; resistência; multiplicidade temporárias de migrantes; estado de exceção; Covid-19; Colômbia; etnografia digital