Resumo
Do ponto de vista jurídico, a naturalização é um modo secundário de se obter a nacionalidade de um Estado, resultante da manifestação de vontade. Mas é possível tratar a questão da naturalização apenas como uma questão jurídica e como uma manifestação de vontade individual? Este artigo procura responder esta indagação dialogando com as contribuições de Abdelmalek Sayad, desenvolvendo dois argumentos: (1) para Sayad a naturalização não deve ser encarada como uma simples operação administrativa, que como num ato de magia transforma, por exemplo, um argelino em um francês, através duma publicação no diário oficial. Para Sayad a naturalização envolve muito mais do que apenas sua dimensão jurídica; (2) a questão da naturalização em Sayad deve ser compreendida dentro de sua crítica ao mundo pós-colonial, hegemonicamente organizado em Estados-nação. Mundo onde migrantes internacionais estão entre aqueles que, por excelência, vivenciam e revelam os paradoxos - as contradições, incoerências do mundo contemporâneo.
Palavras-chave:
naturalização; Abdelmalek Sayad; migrantes internacionais; Estado-nação; pós-colonialismo