Resumo
Durante o biênio 2013-2014 refugiados sírios começaram a chegar à Itália, através de rotas migratórias marítimas no Mediterrâneo, desde a Líbia e o Egito. A presença deles contribuiu a modificar parcialmente a configuração dos fluxos imigratórios na Itália, em termos de composição sócio-demográfica e acesso ao sistema europeu de asilo. Os dados mostram que a maioria dos refugiados sírios que desembarcaram na Itália entre 2013 e 2014 decidiu prosseguir a viagem para o Norte da Europa, superando as restrições imposta pelo regulamento de Dublin. O artigo versa sobre o fenômeno do trânsito, como um ponto de vista interessante para observar certos atos de agência e resistência, postos em prática por refugiados a fim de “escolher o país onde viver”: a recusa de fornecer impressões digitais durante a identificação, a organização de greves de fome, a própria mobilidade secundária. Além disso, o artigo tenta lançar luz sobre o contexto relacional e socio-político em que estas práticas têm tomado forma, colocando em foco a construção de relacionamentos com ativistas e voluntários, e os processos (explícitos e implícitos) de negociação que os refugiados realizam com autoridades policiais e outras partes interessadas.
Palavras chave
refugiados sírios; Itália; trânsito; agência; resitência