Resumo
Este artigo investiga a remodelação da fronteira militar-humanitária no Mediterrâneo, com enfoque na missão militar-humanitária da Itália, Mare Nostrum, que começou com o intuito de resgatar migrantes no mar após as mortes de centenas de migrantes, em outubro de 2013, perto da costa da ilha de Lampedusa. O argumento principal é que, para entender a ajuda militar-humanitária no mar e os seus impactos, é preciso ir além do espaço marítimo e analisá-la à luz do funcionamento mais abrangente da governamentalidade da mobilidade. A noção de políticas intermitentes de mobilidade é usada para descrever a temporalidade específica da ajuda humanitária na fronteira e a sua política de visibilidade. Mais especificamente, um olhar analítico sobre as operações militares-humanitárias no mar para resgate-e-controle do movimento dos migrantes mostra que o que está em jogo são algumas práticas de mobilidade como exceção. Em seguida, este artigo usa a operação Mare Nostrum para explorar como o militar e o humanitário são rearticulados e como atualmente funcionam juntos.
Palavras-chave
fronteira humanitária; migração; governabilidade; política de visibilidade; biopolítica