RESUMO
Esta é uma breve nota sobre as estatísticas do balanço de pagamentos e possíveis causas para o déficit em conta corrente.
PALAVRAS-CHAVE:
Balanço de pagamentos
ABSTRACT
This is a short note about the statistics of balance of payments and possible causes for the deficit in the current account.
KEYWORDS:
Balance of payments
Consultados os Balanços de Pagamentos publicados pelo Fundo Monetário Internacional (IMF, International Financial Statistics Yearbook, 1987), tanto os países industrializados como aqueles em desenvolvimento têm apresentado déficits em Contas Correntes e influxos em Contas de Capital e Reservas (Tabela 1). O Bank for International Settlements - BIS, que inclui países não-membros do FMI,1 1 Taiwan, não-membro do FMI, também não está incluída no relatório do BIS. acusa igualmente déficits totais da mesma ordem.
Conceitualmente as Contas Correntes dos diversos países, assim como os fluxos em Contas de Capital e Reservas, deveriam ter soma zero. Desde que este não tem sido o caso, existem valores não reportados e, portanto, estudos com números equivocados.
Como poderiam ser explicados os recorrentes déficits em Contas Correntes e influxos nas Contas de Capital e Reservas? A hipótese em análise neste “quebra-cabeça” focaliza supostos valores não-registrados em Contas Correntes e uma correspondente fuga de capitais dos países em desenvolvimento.2 2 Consultar também Nawaz, S., “Razões do desacerto da conta corrente mundial” in Finanças e Desenvolvimento (FMI), setembro/87.
Em se tratando de comércio internacional, exportações subfaturadas e importações sobrefaturadas, além dos bens simplesmente contrabandeados para o exterior (contrabando líquido), possibilitam exportadores e importadores dos países em desenvolvimento adquirir moeda estrangeira, efetivamente fuga de capitais.3 3 A Fuga de Capitais em referência relaciona-se a valores que não encontram registro em nenhuma das contas dos Balanços de Pagamentos dos países em desenvolvimento. “Erros e Omissões” (discrepância interna aos balanços de pagamentos) constitui outra forma de fuga de capitais, aqui não analisada e particularmente importante no caso do México. Investimentos externos ilegais, adicionalmente, resultam em receitas de serviços igualmente não registradas pelos países em desenvolvimento.
O hipotético valor dos bens e serviços não-reportados foi somado às Contas Correntes dos países em desenvolvimento (Tabela 2) e a hipotética fuga de capitais às Contas de Capital e Reservas (Tabela 3).4 4 As estimativas apresentadas são evidentemente grosseiras e constituem apenas um exercício de raciocínio.
Se a hipótese sob análise for correta, os países em desenvolvimento, ao contrário de déficits, estariam gerando superávits em Contas Correntes. Ao invés de influxo de capitais, os países em desenvolvimento teriam apresentado saída líquida de Capitais e Reservas de US$ 256 bilhões entre 1980 e 1986.
Existe ainda um problema adicional em relação às Contas Correntes. O desequilíbrio entre países industrializados e em desenvolvimento verifica-se principalmente nas Contas de Serviços (Tabela 4). Contudo, existem evidências de que o pagamento das parcelas não-faturadas das subfaturadas exportações dos países em desenvolvimento esteja inapropriadamente sendo registrado em Contas de Serviços dos países industrializados. Assim, os déficits comerciais dos países industrializados estariam sendo subestimados.
O Balanço de Pagamentos incluindo valores reportados e hipoteticamente não-reportados corrigiriam o inexplicável desequilíbrio nos balanços publicados pelo Fundo Monetário Internacional (Tabela 5). Mas, neste caso, inúmeras análises envolvendo Balanças Comerciais, Contas Correntes, Movimento de Capitais5 5 A fuga de capitais dos países em desenvolvimento certamente não está desvinculada dos “erros e omissões” que figuram nos balanços de pagamentos dos países industrializados (tabela 6). e Reservas deveriam ser revistas.
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1
Taiwan, não-membro do FMI, também não está incluída no relatório do BIS.
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Consultar também Nawaz, S., “Razões do desacerto da conta corrente mundial” in Finanças e Desenvolvimento (FMI), setembro/87.
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A Fuga de Capitais em referência relaciona-se a valores que não encontram registro em nenhuma das contas dos Balanços de Pagamentos dos países em desenvolvimento. “Erros e Omissões” (discrepância interna aos balanços de pagamentos) constitui outra forma de fuga de capitais, aqui não analisada e particularmente importante no caso do México.
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As estimativas apresentadas são evidentemente grosseiras e constituem apenas um exercício de raciocínio.
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A fuga de capitais dos países em desenvolvimento certamente não está desvinculada dos “erros e omissões” que figuram nos balanços de pagamentos dos países industrializados (tabela 6).
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JEL Classification: F30; F32.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
09 Fev 2024 -
Data do Fascículo
Jul-Sep 1988
